Férias sem fim



Cap. 32_


_Você só pode estar brincando! _Lílian sibilou, puxando o pergaminho em que Sírius escrevia _Você não pode estar pensando em resolver isso por carta!!


Sírius encarou-a como se ela fosse insana. _Eu não posso simplesmente aparecer na mansão dos Black! Eu fui expulso, lembra?


_Mas isso é uma exceção! Não é como se você estivesse implorando para morar lá novamente, ou algo assim.


Sírius puxou o pergaminho das mãos dela. _Eu engravidei minha prima. A protegidinha, queridinha e promissora Bella Black. Como acha que vou ser recebido depois disso? Aliás, acha mesmo que eu sequer vou ser recebido? “Oi, lembram de mim? O renegado? Pois é, eu voltei, e vocês vão ter que me engolir, porque, além de ser um completo inútil na opinião de vocês, eu engravidei a Belatriz”! _ele franziu o nariz _Que amistoso.


_Me parece que você está com medo... _Tiago cantarolou da poltrona onde estava estendido.


_Por que vocês não vão amolar o Remo? Ele está escrevendo cartas também.


_Por que eles fariam isso? Eu não engravidei ninguém.


_Claro que não, a única mulher que corre atrás de você tem onze anos de idade! _Sírius retrucou rabugento _E se alguma outra ousar pensar em fazer o mesmo, Tonks coloca ela para correr.


_Bom, parece que uma mulher driblou sua prima. _Tiago olhou por cima do ombro de Remo _Quem é Ronnie Cassel?


_Aluado! _Sírius fingiu severidade _Você está traindo minha prima?


Remo nem ergueu os olhos do pergaminho.


_Ronnie é filha de um dos repórteres do Profeta Diário. Foi mordida há algumas semanas. Ao invés de se esconder, permitiu que o pai fizesse uma reportagem sobre ela, para alertar outros pais e falar sobre o preconceito que nos cerca.


Lílian ergueu as sobrancelhas. _Garota corajosa. _Ela não estava criticando-o, mas Remo ruborizou mesmo assim. Ele criticava a si mesmo, porque durante todos os anos passados em Hogwarts, ele nunca falara com outros alunos sobre o assunto. A não ser com os Marotos, Lílian e Tonks. E Tonks só entrou no grupo porque, quando ele contou-lhe, pensava que ela era outra pessoa. Uma pessoa mais velha. Mais responsável. E mais ajuizada.


_Tonks não vai gostar disso. _Sírius cantarolou.


_Tonks não tem motivo para não gostar disso. _Remo respondeu, sério, molhando a pena na tinta _Nós somos amigos. Nada mais que isso.


_Ela não foi comunicada. _o amigo retrucou.


_Almofadinhas, que tal se você se preocupasse com os seus próprios problemas, em vez de cuidar da minha vida. Você tem um bem grandinho em mãos.


_Vou resolvê-lo assim que despachar esta carta.


_Você está muito confiante para uma pessoa que até hoje de manhã estava convencida de que tinha sido traída. _Tiago intrometeu-se, intrigado.


_Rodolfo me deixou nervoso. _Almofadinhas resmungou. _ É lógico que eu ia perceber sozinho que ele estava mentindo quando ficasse mais calmo. _Lílian revirou os olhos, mostrando que duvidava muito disso _Mas Bella não pode me enganar. Se ela disser que o bebê não é meu, vou exigir um exame.


_Ok para o caso da paternidade, mas e ela? _Lílian insistiu _Você não quer tentar de novo?


Ele pensou por alguns momentos, a pena no ar sobre o pergaminho, antes de responder: _Quero. Mas se ela quiser. Se ela achar que vale a pena abrir mão da maldita ambição, dessa utopia de que vai ter poder e sei lá mais o que diabos aquela menina espera da vida. _ele esfregou os olhos cansados _Estou disposto a dar mais uma chance a ela. _Tiago não conseguiu refregar uma careta _Sei que vocês não poderiam entender o porquê, mas eu a conheci antes disso tudo; antes de Voldemort surgir; antes de Rodolfo; antes dessa ideia fixa toda. Eu a conhecia, e ela valia a pena. Ela era viva, audaciosa, engraçada. Ela era boa. Era uma menina boa e sonhadora, e eu quero aquela menina de volta. Mas se ela não quiser mais ser essa menina, não há mais nada que eu possa fazer.


Tiago, Remo e Lílian trocaram olhares constrangidos e não responderam, então Sírius voltou com fúria para sua carta. Tiago achava que Belatriz nunca fora nem remotamente boa, ou não teria entrado na sonserina, que em sua concepção só tinha gente que não prestava. Mas absteve-se de comentar, deixando Sírius ter essa última gotinha de esperança, pelo filho.


_Então, _ele continuou _ vou terminar minha cartinha, visitar Andrômeda e, quando voltarmos a Hogwarts, eu a procuro para saber a resposta dela. Você quer ir comigo, Aluado? Visitar Tonks?


Remo pensou um pouco antes de responder. Seria bom ver Tonks. Conhecer um pouco do mundo dela. Sentia saudade da menina. _Não. _ele concluiu. Precisava dar um fim nisso. Não podia continuar alimentando qualquer sentimento por ela. Não podia continuar gostando de Tonks, porque Tonks tinha ONZE anos de idade!! _Vou me encontrar com Ronnie amanhã.


_Vai se encontrar com Ronnie? _Tiago repetiu _Oh, oh, Tonks não vai gostar nada disso.


_Já disse. _Remo insistiu _Ela não tem que gostar. _Seu tom foi tão sombrio, que o grupo ficou mudo novamente.


_Ainda acho que tentar resolver isso por carta é o cúmulo do absurdo. _Lílian quebrou o silêncio, resmungando para Sírius _Rodolfo está com Bella, e muita coisa pode acontecer até você vê-la novamente em Hogwarts.


Sírius franziu as sobrancelhas com descaso. _Que tipo de coisa? O que você acha que pode acontecer de mais? Eles se casarem? _e riu, com ironia.


 


***


 


_Casar?! _Bella exclamou encostada às almofadas de sua cama _Casar?!! _ela repetiu, indignada demais, e soltou um som que sua mãe não conseguiu identificar o que era; ficou dividia entre uma bufada mal criada e uma risada debochada. Não gostou de nenhuma das opções.


_Sim, o mais rápido possível. O que você esperava? _sua mãe perguntou com dignidade e calma intocadas. Rodolfo fora com ela para casa, mantendo a promessa que fizera, e, diante de seus pais, disse que eles tinham se excedido em seu amor, e que ela estava grávida. Mas que ele a amava, que estava, apesar da imprudência do ato, muito feliz por dar origem a uma vida que ele já amava mais que a si mesmo, e que assumiria ela e o bebê.


Seu discurso lhe dava náuseas e vontade de rir. As duas coisas perigosamente na mesma proporção. Ela temia rir e vomitar nos pais ao mesmo tempo. A coisa toda foi bem brega e piegas, mas serviu para que seu pai aceitasse bem a ideia. Bem demais, aliás. Os Lestrange, afinal, eram uma família muito distinta, e depois da primogênita Black ter se casado com um trouxa, os dois deviam estar louquinhos para que a segunda filha arrumasse um casamento exemplar.


 Mas no futuro, Bella esperava. Não com 17 anos!


 _Não vivemos no século XIX! _Bella retrucou _Eu não vou me casar, às pressas, só porque estou grávida.


Ela viu as narinas de sua mãe dilatarem. Isso era o máximo de controle que ela perdia. _Não sei o que fazer, Belatriz. Em condições normais, isso seria uma festa, claro! A união entre os Black e os Lestrange! Um bebê de sangue puríssimo, de duas das famílias mais tradicionais do mundo bruxo! Um casamento com todo luxo, milhares de convidados. _Sua cabeça se erguia, sonhadora _Mas nestas condições, Bella? Eu queria uma grande festa, mas temo que teremos de fazer uma cerimônia simples e discreta.


_Eu não. Vou. Casar.


_Você está errada, Bellinha. Vai se casar. Rodolfo pediu sua mão a seu pai, e ele concordou. Claro. O noivado oficial será amanhã à noite. _Bella estava escandalizada, a boca aberta e a testa franzida de fúria. A mãe ignorou-a e saiu do quarto.


Ficou paralisada por alguns segundos mesmo depois de a porta ter se fechado. Então gritou e atirou o travesseiro com fúria contra a parede. Ainda respirava descompassadamente quando ouviu um barulho na janela e viu uma coruja bicando calmamente o vidro.


Bella conhecia aquela coruja e, embora soubesse que ela não tinha culpa de estar ali, fechou a cara para ela. Mesmo assim, emburrada e zangada, levantou-se da cama e abriu a janela. A coruja entrou, soltou um envelope em cima da cama e voou para fora novamente, sem esperar uma resposta.


Coruja mal-educada. De quem será que ela tinha aprendido esses maus modos?


Foi até a cama, pegou o envelope e ficou longos segundos encarando-o, paralisada. Não precisava abrir para saber de quem era. Conhecia a letra que escrevera seu nome no pergaminho.


Não sabia por que ele estava lhe escrevendo. Achava que as coisas tinham ficado bem claras entre os dois. Não havia mais motivos para conversar. Ela compreendera: ele não a queria, não importava quando ela implorasse, não importava quanto ela precisasse no momento.


E ela precisava muito. Precisava de tudo. Precisava de apoio, de carinho, de amor. Precisava que alguém batesse à sua porta e a levasse para longe dessa família de loucos. Precisava que alguém prometesse cuidar dela. Mas, acima de tudo, precisava que alguém ficasse feliz pelo bebê que ela estava carregando na barriga. Precisava que o pai da criança sorrisse quando falasse sobre ela, não que, como Rodolfo, ficasse com aquela expressão grave de... sacrifício. Como se ele estivesse fazendo um sacrifício por ela.


Sentiu vontade de chorar, e suas mãos, que ainda seguravam o envelope, começaram a tremer.


Ela devia compreender. Ninguém viria salvá-la. Sírius não viria salvá-la. O que tinha, e devia contentar-se com isso, era a expressão grave de sacrifício. Sabia que Rodolfo a salvara naquele trem, que ele lhe dera uma saída, e ela precisava ficar feliz por isso, porque ele não tinha obrigação de dar-lhe nada.


Subitamente, explodiu em uma fúria cega e começou a rasgar o envelope em pedaços cada vez menores, cada vez com mais violência, chorando com cada vez mais força. Quando terminou, atirou-os no chão e caiu sentada sobre eles.


_Eu o odeio tanto, Sírius _ela murmurou com a cabeça apoiada nas mãos, ainda chorando. _Tanto, por ter me abandonado.


 Em um dos pedaços, ela podia distinguir a palavra nunca, que por acaso ficara inteira.


Nunca.


Nunca mais me procure.


Nunca mais quero vê-la.


Nunca daremos certo juntos.


Ela daria seu nunca a ele. Ficaria noiva de Rodolfo no dia seguinte, como a família queria. Casaria quando terminasse o ano letivo, como a família queria. E teria um lindo bebê que nunca saberia que Sírius Black é seu pai. Do mesmo modo, nunca deixaria Sírius Black saber que tinha tido um filho com ela.


E ela? Ela nunca saberia que a frase original dizia: “Se você aceitar ficar comigo, juro nunca deixá-la novamente”.


 


***


 


Lílian estava com a cabeça apoiada no ombro de Thiago, enquanto o ônibus trouxa em que estavam sacudia violentamente. Pensava que aquele era o momento de ter sua revanche, de constranger Thiago diante de seus pais. Mas olhando para os modos tranquilos e despojados do namorado, e pensando em como sua família era tipicamente comum, não acreditava que isso seria possível.


Aliás, pensando melhor no assunto, era muito capaz de Thiago constrange-la, em vez do contrário. Petúnia, sua irmã, tendia a ser bem crítica quando o assunto era magia, e esse era, aliás, o principal motivo para ela ter pedido a Thiago para irem de ônibus até lá.


_Amor... _ela chamou baixinho. Ele desviou os olhos da catraca, que mirava quase como que hipnotizado, e fez “hm?”, indicando que estava ouvindo _Não se esqueça de que meus pais são trouxas, hein?


Ele franziu a testa, intrigado. _E qual o problema? Acha que não vou gostar deles por causa disso?


_Não. _ela levantou a cabeça e sentou-se reta no banco, segurando sua mão _É só que... Minha irmã... Ela não está muito acostumada com... Com bruxaria, sabe?


Ele arqueou as sobrancelhas. _Você é uma bruxa há uns quê? Sete anos? E ela não se acostumou com isso?


_Bom... _ela meneou os ombros, constrangia _Ela não gosta...


_Não gosta?


_Ela acha que é esquisitice...


_Esquisitice?!


_Ela acha que sou uma aberração...


A boca de Thiago escancarou-se.


_Lílian, _ele falou ao se recompor _se eu a ouvir chamando você de aberração, serei obrigado a lavar a boca dela com água e sabão. E não vai ser sabão da pia da cozinha, e não vai ser água da torneira. Tudo fruto de bruxaria.


_Não, Thiago, sério... _ela retrucou com urgência _Por favor, vamos ser discretos. A vizinhança é toda trouxa, não devemos chamar atenção... Não é?


Thiago deu um suspiro cansado. _Ok. Que seja então. Nada de bruxaria até voltarmos para minha casa, depois do almoço.


Lílian inclinou-se e deu um beijo estalado em sua bochecha. _Obrigada. Você é o namorado mais compreensivo do mundo.


Thiago sorriu. _Há alguns meses, você dizia que eu era um traste. Até me deu um tapa na cara porque eu fugi da detenção. Lembra?


_Lembro. _ela se aninhou novamente em seus braços _Foi engraçado.


_E aquele dia que eu caí da vassoura e você pensou que eu tinha morrido? Lembra? Aquele dia foi engraçado!


Lílian fechou a cara e beliscou-o. _Não. Esse dia não teve graça.


Ele apertou-a com mais força contra si e beijou o topo de sua cabeça.


_E a Bella? _ela lembrou de repente _Não respondeu?


_Não. Mas a coruja de Sírius nunca espera uma resposta. Quer mais é voltar logo para casa e dormir.


_Ele parecia aflito de manhã? _Sírius levantara muito cedo para ir de moto para a casa de Andrômeda, e Lílian ainda estava dormindo quando ele saiu.


_Um pouco _ele deu de ombros  _Sabe como ele é. Morde o cotovelo antes de admitir que está mal com alguma coisa.


_Eu disse que ele devia ter ido até lá. Ele nunca me escuta. Vocês nunca me escutam.


_Eu escutei dessa vez. Escutei e não me meti de novo nesse assunto, mesmo achando que Sírius não devia ir atrás dela.


_Thiago. _Lílian repreendeu-o _Ela está esperando um filho dele.

_E se não estiver? Ou _ele interrompeu, quando viu que ela estava prestes a responder _ realmente estiver, mas tiver, por livre e espontânea vontade, decidido mentir para ele e para o Rodolfo? Entendeu? Talvez Rodolfo não estivesse mentindo. Talvez ele estivesse dizendo algo que pensava que era verdade.


_Não importa, Thiago. _ela respondeu, cansada. _Ele tem direito de resolver isso agora, como ele bem entender. Não vamos mais nos meter nisso. Olha, _ela apontou, quando o ônibus deu um solavanco _minha casa. Vamos descer no próximo ponto. _ela sorriu, passou a bolsa pelo ombro e levantou-se, puxando-o pela mão e apertando um botão. Thiago ficou encarando encantado a luzinha que se acendeu na frente do ônibus indicando que um passageiro queria descer.


Petúnia estava sentada no quintal, comendo um chocolate, as pernas esticadas na grama. Viu o ônibus parando no meio fio, alguns metros a frente de seu portão. Torceu o nariz. Sabia que lá vinha a aberração. Ao menos daquela vez ela tivera a decência de voltar para casa em um ônibus comum, não naquela tranqueira roxa que gente da laia dela usava.          


Levantou-se a tempo de ver a porta abrir-se e Thiago descer. Ele usava uma bermuda e camiseta largas, parou na porta do ônibus e esticou a mão, para ajudar Lílian a descer. Com a outra mão bagunçou a parte de trás do cabelo.


Então aquele era Thiago, o colega de escola que a perfeitinha Lilly começara a namorar.


Ele era infinitamente mais bonito do que ela.


 


***


 


Quando Sírius chegou de moto à casa de Andrômeda, Tonks o esperava no portão, sentada na calçada. Ela levantou-se quando ele tirou o capacete e caminhou em sua direção.


_Então... Remo não veio mesmo. _ela comentou, à guisa de bom dia.


_Sabia que você tinha me convidado só para ver o Remo no feriado. _ele desceu da moto.


_Não o convidei só por causa disso. _ela revirou os olhos _Mas seria um adicional positivíssimo. _e piscou para ele.


_Tonks. Sou seu primo mais velho. _ele resmungou _Não me obrigue a ter ciúme do Remo.


_Então, onde ele está? _ela perguntou, enquanto pegava seu capacete e fazia sinal com a cabeça para que ele a seguisse.


_Saiu com uma garota. _ele respondeu com indiferença. Tonks derrubou seu capacete.


_Como é?


_Ei! _ele resmungou e pegou o capacete do chão _Isso é caro!


_Como assim saiu com uma garota? _ela puxou o capacete da mão dele _Que garota?


_Eu disse para ele que você não ia gostar nada disso... _ele revirou os olhos.


_Não é questão de gostar ou não gostar... _ela protestou _É questão de... De demonstração de amizade. Ele podia ter vindo me visitar. Seria educado e... E gentil.


_Que eu me lembre, você convidou a mim. Não o convidou em nenhum momento.


Tonks bufou. _Quem se importa?! Quem é ela afinal?


_Não sei muito sobre ela... Parece que os pais dele a conheciam. Entraram em contato com ela recentemente, porque ela também foi mordida, e publicou uma matéria em uma revista a respeito.


 _Os pais dele? _ela perguntou desconfiada _Os pais dele não deviam estar escondidos? Fora de contanto com o mundo?


Sírius bufou. _Quem consegue ficar fora de contanto com o mundo? Totalmente? Ninguém consegue.


 _Estranho. _ela comentou pensativa _Não acha?    


Ele suspirou cansado. _O que é estranho, Tonks? Ele conhecer mulheres da idade dele?


_Ele conhecer uma mulher que foi mordida. E que sai por aí divulgando isso. Que começa a se comunicar com os pais dele, enquanto eles estão escondidos, porque todos os bruxos das trevas o querem do lado deles. Sério mesmo que você não acha estranho?


_Sério mesmo que você acha? Você é perigosamente doente, menina. Ele conheceu uma mulher de vinte e cinco anos, que enfrenta os mesmos problemas que ele, que provavelmente vai compreendê-lo melhor do que qualquer outra, e você quer mesmo achar algum problema nisso tudo?


_VINTE E CINCO ANOS?! _ela berrou, indignada _Como ele pode ser tão hipócrita?!


_Isso foi tudo que você ouviu do que eu disse? Eu nem sei se ela tem exatos vinte e cinco anos, estou arredondando, certamente um pouco menos...


_Ele diz que nós não podemos ter nada, por causa da diferença de idade, e sai para se encontrar com uma mulher com tipo... a mesma diferença de idade! Maldito hipócrita.


_Ah, Merlin _ele pousou as mãos em seus ombros e empurrou-a para dentro da casa _Este vai ser um longo feriado.


           


***


 


Thiago fora absurdamente encantador durante o almoço todo. Não fizera piadas, brincadeiras ou mágicas; elogiara a comida da senhora Evans, conversara com o senhor Evans sobre beisebol (beisebol!! Lílian ficava estarrecida com as coisas sobre as quais Thiago sabia falar) e até ouvira pacientemente Petúnia falar mal de absolutamente todas as suas “melhores amigas”. Seus pais estavam apaixonados por ele!


No fim do almoço, ofereceu-se para ajudar com a louça, mas a senhora Evans sugeriu que Lilian fosse mostrar a casa e o bairro para o garoto. Lílian saiu de mãos dadas com o namorado, risonha e acariciando seu braço.


_Obrigada, Thiago. _ela murmurou para ele, no quintal.


Thiago deu um sorriso fraco. _Você sabe que eu não fui eu mesmo, não é? Eu teria conjurado flores para sua mãe, explicado para seu pai como se joga quadribol... Não é estranho você me agradecer por não ter sido eu mesmo?


O sorriso de Lílian morreu. Ela parecia triste e perturbada. _Eu sinto muito, Thiago. É só que... Essa transição é difícil, sabe? De trouxa para bruxa. Eu continuo sendo uma trouxa aqui. A vizinhança é trouxa. Minha família é trouxa. Nem todos aceitam tão bem a bruxaria.


Thiago suspirou. _Sua irmã não aceita bem a bruxaria.


Lílian fez que sim. _Nós costumávamos ser muito próximas. Ela gostava de mim.


Thiago viu, por cima dos ombros de Lílian, Petúnia observando-os por trás de uma sebe.


_Lilly, você poderia pegar um pouco de suco para mim? Está quente aqui...


_Ok... _ela soltou a mão dele e virou-se.


_Pode ser de laranja? Feito na hora? Coado? Eu o odeio gominhos.


Lílian virou-se novamente para ele com uma olhar intrigado.


_Ok... Seu folgado. Agora você está sendo bem você mesmo.


Thiago sorriu para ela e, quando a ruiva sumiu pela porta, virou-se para Petúnia.


_Por que você faz isso? O que diabos ela fez para você? Não percebe como ela sente sua falta?


_Eu não sinto falta dela. Fico imensamente feliz porque não sou obrigada a aturá-la durante o ano inteiro. Queria que ela ficasse para sempre naquela escola.


_Por quê? _ele exclamou, sem entender _Ela é tão doce, tão generosa...


_Não é não. _ela fez uma careta _Você está tão enganado. Ela deve ter feito uma dessas feitiçarias dela para enganar você desse jeito.


 _Escute aqui, eu sou bruxo também. Não fale de uma coisa que você não entende, não é assim que os feitiços funcionam. _   Petúnia fez outra careta quando ele falou que era bruxo. _E não faça essa cara, você sabe que eu sou bruxo. Posso ter me comportado como um trouxa até agora, mas só porque ela pediu. Eu sou tão bruxo quanto ela.


_Poderia não ser. Se... Se achasse uma boa garota, uma garota direita, que pudesse... sei lá, sufocar isso... _ela falou, enquanto se aproximava dele.


_O quê?! Isso não é algo que se sufoca!! Ei, espera, você está pensando que você poderia ser essa garota?


Petúnia empinou o rosto _Ué, podia, sim, por que não? Sou imensamente melhor do que ela. Todos pensam que Lílian é especial demais! Só porque transforma... Xícaras em ratinhos ou... ou... Faz flores surgirem em um vaso vazio ou... ou... Aparece com o namorado perfeito, inteligente, esportista...


_Você tem inveja dela. _Thiago sibilou com nojo. _É esse o problema, não é?


Petúnia empinou o rosto novamente. _Não. Só vejo a realidade. Vejo o que ela é e que ela não merece tudo isso. Todas essas coisas que ela faz não são sinônimo de talento, sabe? E você, bem, você é bom demais para ela, deve saber disso.


_Ela é boa demais para mim!! _ele exclamou furioso _Eu acordo de manhã e agradeço todos os dias por ela estar comigo. Ela é bonita, inteligente, generosa, gentil...


_Ela é uma aberração! _Petúnia retrucou.


Thiago fechou a cara para ela. _Hócus pócus, vógus no falógos! _ele exclamou sacando a varinha e apontando-a para ela.


Petúnia afastou-se dele tropeçando. _O que você fez?!


_Azarei você. Se chamá-la de aberração novamente, sua língua fica roxa e cai.


A garota cobriu a boca com a mão. _Vou contar para meus pais! Eles vão odiar você depois disso. Você nunca mais vai poder colocar os pés aqui.


_Eu é que vou contar para seus pais como você tem tratado sua irmã por todos os anos. Porque eu duvido muito que eles saibam.


E virou-se pisando duro no gramado, para voltar para a casa. Foi quando viu Lílian parada na porta, com um copo de suco de laranja nas mãos.


_Eu... _Thiago gaguejou _Eu não azarei ela de verdade, você sabe, né?


_Posso falar com a minha irmã um minuto, Thiago?


Thiago fez que sim com a cabeça. _Vou esperar na sala.


Petúnia cruzou os braços, com uma expressão furiosa.


_Você tem inveja de mim... _Lílian murmurou lentamente, em voz baixa. Não era uma pergunta. Mas somente naquele momento ela chegara a essa constatação.


_Que pretenciosa.


_Durante todos esses anos, eu fiquei me perguntando o que eu tinha feito para você. Mas eu não fiz nada, não é? _Petúnia não respondeu _Eu nunca pedi nada disso, sabe? Não pedi para ir para Hogwarts, mas não me arrependo por ter ido. Há algum tempo, eu teria dado o que você quisesse para ter você de volta. Teria dado Hogwarts se eu pudesse... Mas Thiago, não. _sua expressão tornou-se severa. _Se eu ver você dando em cima do meu namorado de novo _ela aproximou-se mais e baixou a voz _, juro que quebro sua cara.


E saiu marchando pelo gramado, deixando uma Petúnia estarrecida para trás.


Lílian correu para a sala e pulou nos braços de Thiago, que esperava sentado no sofá.


_Me perdoa? _ela afastou-se e apertou os lábios contra os dele _Eu não tenho vergonha do que você é. Do que nós somos. Juro que não tenho. Eu estava me preocupando demais com alguém que não vale a pena. Entendi isso agora.


Ele deu um leve sorriso. _Não tem problema.


_Vem. _ela abriu um sorriso iluminado e começou a puxá-lo pela mão _Tenho certeza de que minha mãe vai adorar ganhar umas flores agora.


 


***


 


Bella desceu as escadas em um belíssimo vestido branco. Rodolfo estava esperando por ela no último degrau. Quando ela alcançou-o, ele estendeu-lhe o braço e ela entrelaçou sua mão à dele.


_Você está muito linda.


E estava. A única coisa que lhe faltava era aquele brilho especial que somente uma mulher feliz é capaz de ter.


_Obrigada.


_Nossos pais já estão na sala de jantar. _ela fez que sim com a cabeça e virou-se para o corredor, mas ele puxou-a novamente _Bella. _ela virou-se para ele _Eu amo você. Sei que não disse isso muitas vezes, e que você provavelmente nem acredita, mas... Amo de verdade. Eu percebi isso quando a perdi.


Embora não fosse admitir, Bella sentiu os olhos pinicarem. Não queria chorar novamente, então abaixou o rosto e concentrou-se em seus scarpins.


_Eu quero fazer você feliz. _ele continuou _Eu não vou negar que não me acostumei com essa ideia de ter um filho ainda, e tenho certeza que você percebeu isso, mas eu estou tentando, Bella. Eu quero mesmo que sejamos felizes.


_Ok. _ela ergueu o rosto novamente. Ela sabia disso. Sabia que a ideia de criar um filho de Sirius Black era bastante indigesta, mas ele estava se esforçando. Ficou com vontade de chorar de novo, mas não conseguiu distinguir se era tristeza ou se estava emocionada.


_Todas aquelas coisas que você queria... Que nós queríamos... Antes de tudo isso... Ainda são o que você quer?


Bella pensou durante alguns segundos. Ele queria saber se ela queria o mesmo que queria antes. Que eles queriam antes. Mas o que ela queria? Eles queriam, afinal, as mesmas coisas?


Ela passara boa parte do ano letivo em dúvida, pois tinha a possibilidade de escolher entre o poder e Sírius.


Mas agora não tinha mais Sírius. Não existia mais a possibilidade de escolhê-lo.


_Sim. _ela respondeu _Ainda quero as mesmas coisas.


Rodolfo sorriu. _Lord Voldemort veio ao nosso noivado. Ele fez questão de vir vê-la.


Bella ficou sem reação, sem saber o que dizer, então Rodolfo começou a conduzi-la para a sala de jantar. Os familiares de Bella e Rodolfo estavam espalhados pela sala, conversando enquanto bebiam champagne e degustavam alguns aperitivos. Quando eles entraram, todos que estavam na sala silenciaram. Alguns sorriram e ergueram a taça para eles, saudando-os. Somente uma pessoa veio ao encontro do casal.


_Belatriz Black. _Lord Voldemort cumprimentou-a com uma voz baixa e sibilante, um sorriso leve e satisfeito no rosto.


Aquele sorriso a fez lembrar por alguns momentos que ele a fizera perder Sírius. Mas ela forçou-se rapidamente a lembrar que se Sírius não era capaz de confiar nela. E se ele nunca seria capaz de amá-la mais do que amava seus amigos, então eles não tinham possibilidades de ficar juntos. Nunca dariam certo.


Então lhe restava o poder. E ela queria poder, não queria? Sempre quisera. E ali estava alguém que podia lhe dar isso.


Então ela pensou naquilo que costumavam dizer. Como era mesmo? Está no inferno, abraça o diabo.


_Milord. _ela murmurou, curvando-se numa leve e discreta reverência.





Nas:

Oi Nane! Bom, Sírius aiiiiinda não foi atrás dela. A cabeça dura dele vai custar carinho neh? Olha, a Tonks pensou a mesma coisa, mto hipócrita da parte dele sair com uma mulher mais velha.... Rsrsrs Q bom q vc gostou, eu sempre brinco q um dia vou colocar nomes assim nos meus cachorros... Principalmente "Gato", imagina q linda, minha futura filhinha na escolinha jurando de pés juntos q o "gato" dela faz "au-au" *-* Rs.... Espero q tenha gostado do capítulo... Bj!

Oi, Nina, bem-vinda!! Não repara, eu demoro horrores mas eu volto, viu? Sempre volto. rs Espero q vc tenha gostado desse capítulo, não desiste não, tah? rs Bj!!!

Oi, Isabella! Aaaain, dói em mim tb o destino do casal... Podia ser diferente neh? rs
Vamos ver o q acontece no trem de volta, qnd eles se encontrarem novamente ;) Não desiste da fic não, tah? Eu sei q demoro mto, mas juro que não vou abandonar... Me fala o q achou desse, viu? Bj!!!



 

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