A Bela Arte de Saber Mentir



           Remo observava Tonks, de olhos fechados, sobre a cama da enfermaria, apertando o travesseiro com uma das mãos. Achou que ela estava tendo pesadelos e seu rosto contraiu-se de preocupação. Queria poder fazer algo por ela.             


             Mas sabia que não podia. Sabia que não devia nem estar ali, ao lado de sua cama. Que devia estar do outro lado da enfermaria, envolto por um biombo, enquanto Tonks e os demais se recuperavam do choque que ele mesmo causara.


             Ele sabia muito bem o que Tonks estava vendo em seus sonhos. Um monstro assustador, com dentes cortantes e compridos. Com pelos negros, densos e eriçados, moldando uma musculatura rígida, meio humana, meio lupina. Um focinho longo, com olhos ameaçadores e pupilas contraídas. Ele sabia que, em seus sonhos, ela ouvia uma sinfonia amedrontadora de rosnados. E sentia o hálito quente do lobo em seu rosto, na curva de seu pescoço, e suas garras afiadas rasgando suas roupas e a pele delicada de seus braços.


             Fechou os olhos com força. Queria arrancar essas imagens dela. Mas não podia fazer isso nem por si mesmo. Teria que conviver com o fato de que fizera Tonks sentir medo. Com o fato de que ele fora o responsável pela expressão de pavor em seu rosto.


             Sim, porque, de alguma forma, ele se lembrava! Por algum motivo, que ele não conseguia entender, ele se lembrava com clareza do que fizera. Lembrava de ter sentido seu cheiro. E, antes daquele dia, tudo que ele conseguira guardar das noites de transformação se resumia a fragmentos desconexos, que ele nem ao menos conseguia situar em um tempo ou espaço.


             Demorou mais do que devia, perdido em seus pensamentos, e não percebeu quando Tonks estremeceu e abriu os olhos. Quis se levantar, antes de que ela pudesse dizer qualquer coisa, mas ela puxou seu pulso, e segurou-o no mesmo lugar.


             Seus olhos se cruzaram, mas nada do que Remo vira em seu rosto adormecido estava ali. Nada de medo, nada de repulsa, nada de pavor. Tonks tinha uma expressão angustiada e, quando falou, sua voz soou preocupada:


             _Está machucado? _ela apertou mais sua mão, com o rosto genuinamente aflito.    


            Remo franziu as sobrancelhas. _Se estou machucado? _ele repetiu exasperado _ Se eu estou machucado? Tonks, eu ia matar você. Como você pode estar preocupada comigo? Você... Você devia ter medo de mim.


               _Não, você não ia. _ela retrucou com calma.


             Remo encarou-a impaciente por alguns segundos. _Eu não ia o quê?


             _Me matar. _ela ergueu as sobrancelhas _Você não ia me matar.


             _Tonks, _ele curvou-se sobre a cama dela, sério _eu estava a isto aqui _e juntou o polegar e indicador, exibindo uma distância quase inexistente _de matar você. Eu realmente podia ter feito isso, e...


             _É. _ela sentou-se na cama em um movimento súbito, quase encostando seu rosto ao dele _Você podia mesmo. Você teve tempo, e teve oportunidade. Olha, _ela ergueu a manga da camisola e exibiu quatro finas cicatrizes _eu estava nas suas mãos. Sírius e Thiago estavam desmaiados. Você teve tempo o bastante para me destroçar, acabar comigo. E você não o fez. Por quê?


             Remo se afastou. Queria ser capaz de responder isso.


             _Algo me distraiu. _ele respondeu sem ter certeza.


             _Não, não distraiu. _ela retrucou, cruzando os braços _Eu estava lá, e nada o distraiu.


             _Eu estava lá, também, caso não tenha percebido. _ele fez uma careta. Ela empinou o queixo.


             _Você não me matou, porque você me ama. _ela empinou o queixo, decidida _Seu lado humano se manifestou, Remo. Por alguns segundos, você venceu o lado lupino, em plena lua cheia. Você estava em plena posse de suas faculdades mentais. Eu vi você no corpo daquele lobo, Remo. Você, humano.


             Remo ficou pensativo por alguns instantes. Então desabou em uma cadeira. _Eu identifiquei seu cheiro. De alguma forma, eu lembrei de quem você era. Isso trouxe meu lado racional a tona.


             Tonks sorriu, ternamente, e estendeu o braço. Mas, antes de tocá-lo, a porta se abriu e Slughorn entrou. Tonks puxou a mão novamente.


             _Desculpe, _ele sorriu de modo afetado _Lílian Evans está aqui?


             _Não. _Remo respondeu _Estava, mas ela já foi...


             _Hmmm... _ele tentou olhar por trás do biombo de Thiago, como se ele fosse esconder a garota ali _Tudo bem, então. Vou dar uma olhada na biblioteca.


             E saiu. Mas, do lado de fora, parou e coçou o queixo pensativo. Não pôde deixar de ouvir o que Remo e Tonks estavam conversando, e, apesar de ter ouvido coisas que deixariam qualquer um do castelo de cabelo em pé (como um aluno maior de idade podia amar uma aluna de onze anos?!), somente uma coisa lhe chamava atenção naquele momento.


             Remo identificou o cheiro de alguém que ele amava, e isso restaurou suas faculdades mentais, momentaneamente?


             Mas, oras! A poção do amor faz isso! Reproduz o cheiro de quem você ama!


             Será que ele conseguiria isolar alguns ingredientes que produziam isso e introduzi-los no organismo de lobisomens, para que a sensação fosse constante? Será que se ele conseguisse misturar alguns outros elementos calmantes, eles ficariam racionais? Mas, o mais importante, será que esse efeito se repetiria em todos os lobisomens, ou somente em Remo?


             Slughorn esfregou as mãos uma na outra, animado. Ele tinha chances de descobrir uma poção que acalmaria lobisomens! Merlin, ele ia ficar rico!! Rico!!


             E saiu pelo corredor, rindo.


 ***


            Bella não foi almoçar e voltou para a enfermaria. Sírius dormia, e ela ocupava uma cadeira ao seu lado, com os pés apoiados ao estrado da cama. Ergueu os olhos quando ouviu a porta da enfermaria ranger e abrir e, quando viu quem era, seu rosto fechou-se em uma expressão zangada. Isso, no entanto, não impediu que Rabicho entrasse.


             _Ah... _ele murmurou, olhando ao redor _Estão todos dormindo.


             _Sim... _ela estreitou os olhos, tentando ver algo que não estava na superfície. Algo como culpa, por ter causado tudo aquilo _Estão todos dormindo.


             _Ah... Eu ia avisar que estava indo para Hogsmeade.


             Ela ergueu uma sobrancelha. _Eles são seus pais?


             _Não, _e tossiu alto, desconfortável, _mas é assim que agimos quando nos importamos uns com os outros.


             _Está indo sozinho?


             Pedro começou a trocar o peso de um pé para o outro, nervoso. _Sim... Bom... Não, eu... Eu vou...


             Mas Bella não descobriu quanto mais Pedro era capaz de gaguejar. A porta se abriu novamente e, para sua mais imensa surpresa, Rodolfo e Lucius passaram por ela. Bella pulou imediatamente da cadeira, e, sem saber explicar o porquê, mergulhou a mão no bolso das vestes, apertando a própria varinha. Eles sequer se viraram para a fileira de camas ocupadas.


             _Vamos? Já estão todos no Cabeça de Javali, e Ele não gosta de esperar. _Por alguns segundos, ela achou que talvez ele estivesse falando com ela, apesar de estar olhando diretamente para... Rabicho.


             _Vamos. _Pedro respondeu, finalmente, dando as costas para todos seus amigos, adormecidos, e seguindo os sonserinos para fora.


             Bella ficou petrificada, enquanto a porta se fechava. Não estava entendo. Aquilo não fazia sentido nenhum. Bom, na verdade, fazia! Fazia todo o sentido do mundo para ela! Ela sempre soubera que Pedro estava envolvido com eles. Ela tinha certeza. Absoluta. E ali estava a prova que ela precisava, que ela sempre quisera.


             E todo mundo ao redor dormindo.


             Tinha que ser muito azarada, mesmo.


             Mas que sentido fazia ir até ali com eles? Correndo o risco de que eles estivessem acordados?


             Aí eles teriam visto. Teriam visto que ela tinha razão, que ela não era a culpada por todas aquelas coisas horríveis que aconteceram com os marotos.


             Era Pedro.


             E eles tinham que ter visto isso. Tinham!


             Bella chegou a conclusão de que se Lucius e Rodolfo correram o risco de que Pedro fosse descoberto, indo até ali chama-lo, então devia ser algo muito importante.


             E ela ia descobrir o que era.


             Levantou-se e contornou a cama, marchando decidida para a porta. Ela só precisava de uma câmera fotográfica. E de sua própria varinha. Ia para o Cabeça de Javali atrás deles, sozinha.


 ***


             Lily não via sentido em ir para Hogsmeade com Thiago em uma cama na enfermaria. Viu que ele estava adormecido, antes do almoço, e achou que seria mais do que útil aproveitar esse tempo, que todos os demais alunos estavam usando para se divertir, para treinar alguns feitiços.


             Tinha todo o vasto gramado do castelo a sua disposição. O espaço amplo e aberto podia muito bem ser utilizado para treinar feitiços que não são muito apreciados dentro de salas de aulas.


             Lily pensou em algum que não utilizava há um bom tempo, e que era bem difícil de ser executado.


             Limpou a mente e fechou os olhos. Ergueu a varinha lentamente e se forçou a lembrar de quando tirara seu primeiro dez em Hogwarts.


             Franziu o nariz. Não, isso não era o bastante. Não sentia uma alegria efusiva quando pensava nisso. Não mais. Essa não era a lembrança mais feliz de sua vida.


            Então lembrou. Um mínimo sorrisinho brotou em seus lábios, quando ela evocou a sensação das mãos de Thiago deslizando por sua pele. Da sua respiração quente em seu rosto, da primeira vez em que eles dormiram juntos.


             _Expecto Patronum. _ela pronunciou com clareza.


             Uma luz prateada surgiu de sua varinha e tomou forma, espalhando-se pelo gramado. Pronto, ela sabia. Estava em sua melhor forma, mesmo.


             Colocou uma das mãos na cintura e sorriu, enquanto seu patrono contornava algumas árvores. Mas, quando ele voltou para ela, seu sorriso se transformou em um olhar de incredulidade e surpresa.


             Seu patrono sempre fora uma borboleta.


             E aquilo que caminhava rápido em sua direção... Era uma corsa!


             Mas... Como... Como isso era possível?!


             A corsa alcançou-a e Lily ergueu a mão, encantada. Seu patrono se transformara em uma corsa! Uma corsa! A fêmea do veado, o patrono, o animago de Thiago.


             Começou a rir. Até nisso Thiago tinha que tê-la? Tinha que roubá-la, dominá-la por inteiro? Agora era um fato do qual ela não podia escapar. Ela era dele, por mais machista que isso lhe soasse. Ela era dele, de corpo, de coração, tudo pertencia a ele.


             _Acha isso engraçado?


             Lily virou-se surpresa, e a corsa desvaneceu-se no ar. Severo, que atravessava o gramado apressado, a caminho do Cabeça de Javali, para onde fora convocado, parou para ver a cena que fazia seu estômago revirar.


             Sabia muito bem qual era o patrono de Lily. Era uma borboleta. Ele estava presente no primeiro dia que a ruiva conseguiu fazê-lo. Ela ficara deliciada, enquanto uma enorme borboleta prateada, com asas pontudas e delicadas, sobrevoava sua cabeça.


             Aquela borboleta representava o espírito livre de Lílian. Severo sempre acreditara naquilo. No entanto, ali estava a maior prova de que agora aquele espírito estava aprisionado, dominado.


             Uma corsa. A fêmea do veado.


             _É isso que você quer ser? A mera fêmea de um veadinho qualquer?


             Lily fechou o rosto. Deu dois passos em sua direção e colocou as duas mãos na cintura.


             _Sabe o que é um patrono, Severo? _ela perguntou raivosa, mas não lhe deu tempo de responder _Um patrono é a forma física do que há de mais positivo, mais feliz, dentro de uma pessoa. Isso, Severo, _ela apontou para o espaço vazio, onde estivera a corsa _não é nenhuma indicação de submissão. É uma prova de amor, totalmente espontânea e sincera. Thiago me deu vitalidade, energia e me trouxe uma felicidade imensa. Ele é algo positivo dentro de mim, e eu não me envergonho por isso estar vindo à tona através do meu patrono.


             E passou por ele, esbarrando propositalmente em seu ombro.


             Severo ficou pregado no chão, esquecendo-se momentaneamente do que estava fazendo antes de encontra-la.


 ***


             Bella segurava uma máquina fotográfica, enquanto se esgueirava pela parede descascada do exterior do Cabeça de Javali. A rua estava deserta, e ela não conseguia ouvir um som sequer, vindo do interior do bar. Mas não se sentia nervosa, não tremia. Pelo contrário. Sentia uma excitação crescente, e suas mãos estavam firmes, prontas para fotografar, ou para soltar a máquina e pegar a varinha, o que fosse necessário primeiro.


             Estava alerta e respirava em curtos arquejos silenciosos. Ultrapassou duas lixeiras e ergueu um pouco o corpo, tentando ver algo através das janelas empoeiradas. Não conseguia. Só podia ver vultos difusos, sem distingui-los. Vários deles estavam de costas, mas Bella tentava adivinhar pela altura qual deles seria Rabicho. Estava alerta, atenta a qualquer movimento que revelasse qualquer um deles.


             Estava disposta a detonar. A acabar com toda aquela palhaçada. A tirar de Hogwarts todos aqueles encrenqueiros, baderneiros, que...


             _Mas vejam só. _ela ouviu uma voz deliciada atrás de si. Uma voz que ela conhecia muitíssimo bem.


             Ela virou-se com cuidado, e encontrou três varinhas apontadas diretamente para ela. Rodolfo e Lúcius estavam acompanhados por um homem que ela não conhecia ainda. Lucius e o estranho pareciam bem satisfeitos. Mas Rodolfo tinha uma expressão que ela não conseguia decifrar. Agora, prestando atenção, há muito tempo não conseguia identificar como Rodolfo se sentia. Sempre que ela o via, ele apresentava uma face neutra. Ela não conseguia saber se ele estava triste, com raiva, se sentia sua falta.


             Mas não era adequado perguntar, ela supunha.


             _Vamos, andando. _Lucius cutucou-a com a varinha, apontando o bar com a cabeça _Mas, antes, _e avançou para o bolso onde ela guardava a varinha. Então, parou e virou-se para Rodolfo, com um sorrisinho cretino _Posso? Ou quer ter a honra?


             _Vá para o inferno, Lucius. _ele respondeu, ainda impassível. Lucius mergulhou a mão no bolso de sua calça e pegou sua varinha. Então, tirou a câmera de suas mãos e empurrou-a novamente.


             Bella entrou com um olhar altivo. Ainda não se sentia nervosa.


             Todas as cabeças se viraram para olhá-la, enquanto ela parava, seguida de seus três captores. Viu diversos rostos conhecidos encarando-a. Ela correu os olhos pela mesa toda, e então se deu conta de algo que fez seu estômago revirar.


             Rabicho não estava ali.


 ***


             _Sírius! _Pedro segurou os dois ombros do amigo e o sacudiu com força, fazendo-o quicar na cama _Sírius, acorde!


             _O quê? _ele abriu os olhos, assustado _O que houve?


             Pedro deu um passo para trás, dando espaço para que Sírius se sentasse na cama.


             _Bella foi para Hogsmeade, se encontrar com Voldemort.


             Os braços de Sírius ficaram rígidos ao lado do corpo. _Você está errado. _ele respondeu tentando controlar a voz. Ele não ia, não queria acreditar naquilo _Você... Deve estar enganado. Ela pode ter ido a qualquer lugar.


             _Não. _ele respondeu enfático _Ela foi para o Cabeça de Javali, com eles. Eu a vi combinando com Lucius e Rodolfo.


 ***


             Bella não fazia a mínima ideia do que estava acontecendo. Ao invés de estarem discutindo, como ela esperava que fizessem após terem sido pegos por ela, todos no lugar estavam calmos e exibiam idênticos sorrisos de vitória e escárnio.


             Voldemort estava sentado na outra ponta da mesa, do lado diretamente oposto ao dela. Tamborilava os dedos tranquilo sobre o tampo de madeira, e a encarava quase de uma forma contente. Como se estivesse deliciado com um desfile, que ocorria bem diante de seus olhos, e que só ele podia ver.


             Sua varinha estava estendida no meio da mesa. Bella sabia que a alcançaria se desse um pulo rápido. Mas não via como sairia dali, de qualquer forma, estando cercada. Não entendia. Não sabia o que estava acontecendo. Rabicho devia estar ali. Ela devia flagrá-lo ali. E agora? O que eles iam fazer com ela? Será que a sequestrariam, como pretendiam fazer com Tonks? Se esses eram os planos, por que eles estavam meramente sentados, encarando-a?


             _Posso fazer uma pergunta? _ela quebrou o silêncio repentinamente. Voldemort mexeu os lábios minimamente, ampliando de forma quase imperceptível seu sorriso.


             _Seja minha convidada.


             _Dumbledore sabe que você está rondando a escola, certo? Por que ele não... Está garantindo a segurança de seus estudantes? Quero dizer, como você consegue estar aqui?


             _Dumbledore não acha que eu seria tão audaz a ponto de vir até o Cabeça de Javali. E, além disso, não acho que alguém aqui me denunciaria. Não ainda. Eles não sabem o que eu represento, por enquanto. _e deu de ombros, displicente _Mas um dia saberão.


             _Mas...


             _Isso não é importante. _ele cortou, repentinamente _Sabe o que é importante, Bella? _ela fez que não com a cabeça _O que está prestes a acontecer, exatamente agora. _e ergueu o rosto, olhando por cima do ombro da morena.


             Bella sentiu o vento gelado passando pela porta aberta e batendo em suas costas. Viu todos os rostos que ocupavam a mesa virando-se para olhar quem acabara de entrar, com sorrisos mais ampliados ainda.


             Alguém bateu em sua varinha, fazendo-a girar para suas mãos. Ela se deu conta do que estava acontecendo antes mesmo de se virar.


             Caíra em uma armadilha.


             Virou-se, já pálida, os olhos já alarmados e espantados.


             Sírius estava parado, emoldurado pela soleira da porta, olhando diretamente para ela. Seus olhos estavam gelados, sua expressão endurecida. Bella segurou-se no espaldar da cadeira, para não cair. Isso não podia estar acontecendo. Não podia. Ele simplesmente não podia acreditar nisso.


             Atrás dele, encoberto por toda a fúria que Sírius emanava, Pedro mirava a cena com seus olhinhos de conta. Seus olhos se pregaram em Bella, e, quando seus olhares se cruzaram, ele sorriu, vitorioso, saboreando o fato de que conseguira o queria. Conseguira tirar Sírius dela. Naquele momento, ela já sabia. Ele conseguira.


             _Sírius... _ela murmurou fraca. Não sabia o que dizer, o que fazer.


             Seu rosto mesclava fúria e asco. Ele meneou levemente a cabeça, então virou-se e saiu.


             Bella pulou da cadeira, levando sua varinha consigo, e lançou-se desesperada em direção à porta. Atropelou Rabicho no caminho, e saiu correndo pela calçada. Viu Sírius marchando a sua frente, perto o bastante para alcança-lo.


             _Sírius! _ele não se virou. Ela correu mais rápido pela calçada _Sírius! _ele não deu bola. Ela alcançou-o e puxou a manga de sua blusa, fazendo-o se virar.


             _Tira. As mãos. De mim. _ele fulminou-a com o olhar, puxando o braço que ela ainda segurava. Seco e brutal. Bella deu um passo para trás, assustada com a frieza de seus olhos. _Eu tenho nojo de você, Belatriz. Você endeu sua prima! Você nos vendeu! Teve coragem de me vender para eles. Eu! Eu, que não fiz nada, além de amar você incondicionalmente! _ele berrou, enquanto seu rosto ficava gradualmente mais vermelho e seus olhos faiscavam _De amar você apesar de todas as drogas que você já tinha feito com sua própria vida! Eu podia estar MORTO agora! Morto!! E você estaria COMEMORANDO!


             Duas lágrimas silenciosas liberaram-se e escorreram por suas bochechas, enquanto ele se virava para ir embora.


             _Não! Sírius! _ela lançou-se com desespero contra ele, puxando-o novamente _Você precisa me ouvir! Era uma armadilha! Era Pedro! Era Pedro quem tinha combinado de encontra-los!


             _E VOCÊ AINDA TEM CORAGEM DE DIZER ALGO ASSIM?! _ele virou-se novamente, ainda mais furioso, e agarrou-a pelo braço, empurrando-a contra o muro que circundava a calçada _TEM CORAGEM DE ACUSAR UM DOS MEUS MELHORES AMIGOS NO SEU LUGAR?! Eu peguei você em flagrante, Belatriz!


             _Era um armadilha, Sírius, eu juro. _ela soluçou e começou a chorar livremente _Eu ouvi Lúcius e Rodolfo combinando com ele e vim atrás, para flagrá-los. Mas eles me prenderam, era uma armadilha, para acontecer exatamente isso e...


             _Prenderam você?! _ele riu com escarnário _PRENDERAM VOCÊ E DEIXARAM A PORCARIA DA SUA VARINHA NA SUA MÃO?! _ele puxou com violência a varinha que ela ainda segurava e atirou-a no chão _Você é ridícula. _ele sibilou, com desprezo, soltou-a e virou-se para ir embora.


             _Eu imploro, Sírius. _ela seguiu-o, chorando cada vez mais alto _Você precisa me dar uma chance de provar, precisa acreditar em mim. Por favor, vamos embora daqui. Só nós dois. _ela pediu. Não queria mais viver em meio a todas essas intrigas. Queria fugir. Para Nevada, novamente, quem sabe. E eles poderiam viver o amor deles em paz _Eu largo tudo. Largo minha família. Minha herança, todo meu dinheiro. Sírius, eu faço o que você quiser. Fala, o que você quer que eu faça.


             Ele virou-se, uma última vez. _Eu quero que você morra. _ele concluiu, com uma voz séria e carregada de ira.


             Bella parou novamente, os olhos exibindo o choque. Encararam-se por intermináveis segundos. Mas aquilo tirara dela qualquer argumento.


             Então, ele virou-se novamente e partiu. Bella não o chamou novamente. Deixou-se cair no chão, e pegou novamente sua varinha, aninhando-a no colo e chorando. Estava tomada pelo pânico. Ela não podia ficar sem Sírius. Ela o amava. Ela não podia perde-lo dessa forma.


             Ficou assim, na calçada, por alguns minutos. Depois virou-se e voltou marchando para o Cabeça de Javali.


             Escutou as risadas antes mesmo de entrar. Chutou a porta, abrindo-a com um estrondo e correu os olhos pelo lugar procurando um único rosto.


             Marchou até Rabicho, os olhos faiscando de fúria, apertando a varinha em uma das mãos. Rabicho se encolheu aterrorizado e os comensais sacaram suas próprias varinhas, mas Voldemort os conteve com um aceno da mão e um sorriso displicente.


             _Eu vou acabar com a sua vida, seu rato imundo. _ela resmungou, segurando-o pela camisa, sacudindo-o e logo após soltando-o. Ele soltou a respiração que mantivera presa, mas, antes que qualquer pessoa pudesse adivinhar o que ela ia fazer, ela fechou o punho e descarregou no rosto de Pedro.


             _Ah!! _ele gritou, caindo no chão e levando as mãos até o nariz ensanguentado.


             Então ela virou-se e foi até a mesa, inclinando-se e encarando Voldemort diretamente nos olhos.


             _Não sei o que vocês pretendiam. Mas eu não vou voltar para vocês. _ela concluiu, antes de virar-se e sair batendo a porta do bar.


 




Nas:

Aaaaahhh leitores, (se ainda tiver algm por aí, depois de td esse tempo sem postar :x )
Mas se algm ler, me fala o q achou, sim? :P

rsrsrs

Lari, agora sim, tah sobrando motivos para dar uma esganada no rabicho :X E funcionou, q rato sem vergonha, hein? rsrs

Jack... Vc vai comentar, msm naum estando td bem? Saudade de você, Jack!!!! Comenta aí!! Oh, o cap veio no semestre :D :D (a cara de pau, né? rsrrs) Me fala o q achou desse :D Bj!!!

Vanessa, acho q eu bati meu próprio recorde desta vez, né? (*autora com vergonha*) Mals :S Mas me fala o q achou, o próximo vem menos devagar :P rsrs

Samira, chata por deixar coment? de jeeeeito nenhum, eu amo coments :) rsrsrsrs Desculpa, eu sei q demorei.... :( Mas largar a fic, eu naum largo, ela vai ter fim, sim :D Me fala o q achou, tah? bj!!


bj pra td mundo q teve paciência para dar uma olhadinha de vez em quando akiii :D  E comentem, siiiim?
rsrsrs
Bj!!!!

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Comentários (1)

  • Lari_sl

    Que triste.... tadinha da Bella e do Sirius!!!! Quase tive um treco lendo!!!! Tão lindo o patrono da Lily mudando *-* O cap tava mtu bom.... bjsssss ate a próxima....

    2011-07-21
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