Jingle Bells,acabou o hidromel



Cap. 23_


             Quando Lílian disse que não estava se sentindo suficientemente disposta para voltar ao convívio escolar, ainda, ninguém duvidou. Simplesmente porque Lílian Evans jamais teria inventado uma mentira para matar aula. Nunca fizera isso, certamente nunca faria.


             Mas não passou pela cabeça de ninguém que ela não queria matar aulas. Queria matar Potters. Portanto era mais seguro ela ficar ali, longe de Thiago Potter, mantendo sua fúria assassina bem calminha e guardada debaixo dos cobertores térmicos.


             Quando ela saiu da ala hospitalar, o castelo todo já se encontrava em polvorosa. As férias já haviam se iniciado e todos estavam empenhados nos preparativos para o baile de Natal.


             Os professores cuidavam da decoração. Os elfos cuidavam da comida. E as alunas... Bem, as alunas se ocupavam em caçar um par para o baile e a dar risadinhas idiotas todas as vezes que uma vítima, digo, um candidato, passava.


             Sírius, que a princípio achara tudo isso muito engraçado e que era, disparadamente, o alvo mais alvejado de toda a ala feminina da escola, já estava começando a se irritar com a palhaçada. Ele não podia nem sair das aulas para ir ao banheiro em paz, sem que duas ou três (se ele não fosse rápido seriam quatro) dessas garotas malucas surgissem a sua frente tão repentinamente que pareciam recém saídas das paredes.


             Ele já estava tão aborrecido com isso que divulgou pela escola que ia ao baile sozinho. O que não era uma mentira, porque Sírius já decidira que se não levasse Belatriz, não levaria ninguém.


             O problema era enfiar naquela cabeça vazia e teimosa que ela tinha que dar, de presente de natal para Rodolfo, um belo chute no traseiro. Bella insistia que não era justo terminar com ele nessa época do ano. E mesmo que ele estivesse usando todas as suas melhores técnicas de persuasão (que envolviam, na maior parte das vezes, cama e um bom vinho) não estava recebendo resultados positivos.


             Ainda, claro.


            Remo cogitara a possibilidade de voltar para a casa durante o Natal. Mas foi desencorajado por Dumbledore. O diretor o alertara de que, por mais que ele soubesse que Natal é uma festa familiar, Remo precisava lembrar que seus pais estavam escondidos, porque Voldemort queria pega-los. Não era seguro, portanto não era sensato, tentar ir até eles. Voldemort era astuto, trabalhava nas sombras, e ninguém podia determinar exatamente o que ele estava fazendo ou tramando lá fora. Portanto era mais seguro que Remo ficasse.


             Ele teve que concordar com isso.


             Ir para a casa, por outro lado, foi algo que sequer passou pela cabeça de Tonks. Sendo os Marotos os pares mais cobiçados de Hogwarts, todos já estavam sabendo da novidade que fizera metade das garotas da escola dormir com o rosto enfiado no travesseiro, chorando. Fora Pedro Pettigrew, todos os demais Marotos já haviam deixado bem claro que iriam sozinhos ao baile. Sírius, Thiago e Remo não levariam par algum.


            E isso, certamente, acabou com os sonhos de uma grande quantidade de garotas. E a questão que martelava na cabeça de todas elas era: Por quê?


             Quer dizer, todas eram capazes de dizer por que Thiago Potter não queria um par. Todos sabiam de seu envolvimento com a monitora chefe, Lílian Evans, e sabiam, também, de seu fim trágico na última partida de quadribol.


             Algumas também achavam saber o que Sírius estava fazendo. Manha. Pura manha. Ele tinha plena consciência de que podia escolher a dedo e levar ao baile qualquer garota da escola inteira. E qual é a graça disso, afinal? Então, ele resolvera que não ia levar nenhuma e ia fazer todas elas passarem vontade.


             Mal sabiam elas que na verdade ele não podia levar qualquer uma. E que ele queria justamente a que ele não podia.


             Agora, quanto a Remo Lupin, isso ninguém podia explicar. Remo não tinha o ego nas estrelas como Sírius, não tinha acabado de terminar um namoro avassalador e turbulento como Thiago e tinha tantas pretendentes que, se as colocasse em fila indiana, atravessaria o corredor principal do sétimo andar do castelo inteirinho, da torre Leste até a Oeste.


             Então, qual era o problema dele? Ninguém sabia. Ninguém, a não ser Tonks. E ela fora, sem sombra de dúvidas, a única garota da escola que ficara feliz com essa novidade. E era óbvio que ela ficar na escola para comprovar isso.


             Com a proximidade do baile, Lílian viu suas tarefas de monitora chefe aumentar dramaticamente. Os professores confiscavam quatro ou cinco poções do amor por dia (ainda que ela não tivesse visto nenhuma que fosse realmente fazer efeito), brigas por causa de pares para o baile eclodiam por todos os cantos diversas vezes por dia e, além disso, ainda tinha os Marotos, que pareciam estar abastecidos de todos os gêneros de idéias deturpadas e sem graça.


             Logo que voltara ao cargo, fora recebida por Aubrey por uma lista de lamentações que parecia não ter fim. Aparentemente, Sírius e Thiago haviam lhe lançado um feitiço que fizera sua cabeça inchar até dobrar de tamanho e ele fora obrigado a andar equilibrando-a durante quase dois dias, tempo que os professores levaram para descobrir o contra feitiço. Durante esse tempo, ele fora seguido para cima e para baixo por Thiago e Sírius, que andavam atrás dele em linhas curvas, como se estivesse equilibrando uma pilha de pratos no nariz, e morrendo de rir.


             “Não que eu tenha medo deles”. _Aubrey ficava dizendo no final de cada frase “Mas incomoda, Lily, sabe-se lá Merlin qual é o limite deles? E se um dia eles resolvem... Sei lá, me matar?” _Lílian revirava os olhos, entediada “Você vai ter que ir lá falar com eles, querida, vai sim, vai mesmo”.


             O que, obviamente, ela não tinha pretensão nenhuma de fazer, já que eles já haviam recebido as merecidas detenções e ela não tinha obrigação nenhuma de fazer isso.


             E assim os dias passaram, até a manhã em que eles despertaram com uma pilha de presentes aos pés de suas camas e com Thiago olhando para o próprio relógio e contando.


             _Dez... Nove... Oito... _ele contava baixinho enquanto os demais se levantavam e esfregavam os olhos.


             _É Natal, Pontas... _Sírius resmungou indo até sua pilha de presentes _Não Ano Novo. Olha só, _ele revirou os presentes _nenhum presente dos meus pais, surpresa, surpresa.


             _Três... Dois... Um. _ele fechou o relógio, com um sorriso alegre no rosto _Neste momento, Aubrey está sendo despertado por uma avalanche de bolas de neve, que eu enfeiticei para invadir o quarto dele. _e pulou da cama, avançando para a própria pilha de presentes.


             _Aposto que, neste momento, ele está desejando nunca ter posto os olhos em Lílian. _Rabicho comentou rasgando o papel de um embrulho _Olha, Thiago, seus pais me mandaram um estojo de varinhas de couro, olha que chique. _ele ergueu uma caixa preta para Thiago ver.


            _Mandaram um para mim, também. _Sírius abriu o dele _Rá, que é muito mais bonito, olha só, é vermelho, da grifinória!


             _Que gay. _Rabicho resmungou _Até parece que eu ia querer ficar andando com um estojo de varinhas vermelho.


             _Thiago, agradeça seus pais por mim. _Remo foi o primeiro a se lembrar de ser educado, enquanto abria seu estojo dourado.


             _Tudo bem. _Thiago respondeu, distraído, olhando a pilha de presentes _Puxa, que triste, eu não ganhei nada da Lílian de Natal.


             _Thiago... _Todos se encararam mudos e Remo respondeu com a voz calma _Lílian nunca mandou um presente para você.


             _Mas esse foi o único ano em que eu pensei que ia ganhar, não é triste?


             _Não. _Sírius retrucou _É patético.


             _E você, mandou alguma coisa para ela? _Remo perguntou.


             Thiago fez que sim com a cabeça. _Mandei um macaco de pelúcia. O nome dele é Abu. Comprei pelo correio trouxa. Mas não assinei.


             _Que sentido faz mandar um presente para alguém e não assinar? _Pedro perguntou indignado.


             _Caramba, Rabicho, _Thiago fez uma careta para ele _por isso que é você solteiro. Eu mandei o presente para ela se sentir feliz. O que, obviamente, não aconteceria se ela soubesse que o presente era meu.


             _Parabéns! _Sírius exclamou, abrindo outro presente _Agora você conseguiu ser mais patético ainda. _e desembrulhou uma caixa de lingerie. _Mas o que é isso?! _ele perguntou indignado e todos se viraram para olhar. Ele abriu a caixa e virou-a na cama, mas ela estava vazia. Procurou no papel de embrulho jogado no chão e encontrou um bilhete com uma letra que ele reconhecia.


             “Desculpe, mas eu tive que usar isso para embrulhar seu presente de verdade. Você pode pegar, depois do baile de Natal, quando desembrulhar seu presente. _Bells”.


             Sírius riu, enquanto Remo terminava de ler por cima de seu ombro. _O que você mandou para ela? _ele perguntou, curioso.


             _Por quê? Era para mandar alguma coisa? _ele perguntou de forma inocente, mas foi fulminado por três pares de olhos _Brincadeira, brincadeira, _ele acrescentou rapidamente _Mandei um vale de cem galeões para usar na Trapo Belo.


             _Sírius, um vale! _Thiago exclamou exasperado _Que falta de romantismo!


             _Falta de romantismo nada. _Sírius retrucou _Que mulher no mundo não gosta de gastar cem galeões em roupa?


            Thiago e Remo se encararam com expressões entediadas. _Sírius. _Remo quebrou o silêncio indignado _Bella é uma Black. Ela não precisa ganhar cem galeões de Natal. Se ela quiser cem galeões ela vai ao banco e tira.


            Sírius virou os olhos para o teto. _Tem razão... _ele murmurou pensativo, lentamente _Mas então, o que é que eu vou dar para ela? _ele perguntou virando-se novamente para eles _Ela pode comprar qualquer coisa que eu dê.


             _Sírius, tem que ser algo com sentimento. _Remo respondeu, impaciente. Não acreditava que estava tendo que dar aulas de romantismo para Sírius Black _O macaco que o Thiago comprou, por exemplo. Acha que Lílian não pode comprar um macaco de pelúcia, ou que o macaco tem alguma utilidade, no fim das contas? Não. A graça do macaco está no que ele representa, no sentimento.


             _Ah, pára! _Sírius franziu o nariz _Ela nem sabe quem mandou a porcaria do macaco, como ela vai saber que tem sentimento?


             _Porque tem significado. _Thiago revirou os olhos _É de um desenho trouxa que... Ah, esquece, você não vai entender. _e saiu do quarto, em direção a escadaria.


             _É, vamos perder o café da manhã de Natal. _Pedro foi pelo mesmo caminho, seguido de Remo.


             _Ei, espera aí! _Sírius protestou, pulando da cama atrás deles _Vocês têm que me ajudar a pensar em alguma coisa!


 ***


             Flocos de neves se acumulavam nos caixilhos da janela, quando Bella despertou e esfregou os olhos, sonolenta. Apoiou-se sobre um cotovelo e ergueu metade do corpo, olhando para a pilha de presentes acumulados aos pés de sua cama durante o sono. Deslizou para fora dos cobertores, ajoelhou-se ao lado dos presentes e começou a remexê-los, espalhando os embrulhos para os lados.


            No fim da pilha, encontrou um envelope branco com o nome de Rodolfo. Imaginou que presente sem sal e sem graça ele tinha arrumado agora. Rodolfo não era muito do tipo criativo. Não estavam muito tempo juntos, mas ele gostava de marcar bem que era namorado dela, presenteando-a em todos os seus aniversários.


             Aniversário de um mês de namoro. Dois. Três. Aniversário dela de 17 anos. E assim por diante.


             Mas nada muito animador. Normalmente, ele comprava vales, para que ela mesma fosse até a loja e comprasse o próprio presente.


             Veja só, que idéia absurda. Parecia quase uma indenização por ser namorada dele!


             Abriu o envelope e virou-o de ponta cabeça. Um cupom vermelho caiu em sua mão e ela o abriu. Um vale de cem galeões da Trapo Belo.


            Bella revirou os olhos. Por acaso ele estava insinuando que ela precisava de uma reforma no guarda roupas?


             Mais empolgada agora, avançou para o envelope logo abaixo, que tinha o nome de Sírius Black. Que fofo, ela não imaginava que ele ia lhe mandar alguma coisa.


             Mas em um envelope? O que podia caber em um envelope? Uma aliança, que ele não quis mandar na caixinha para ser surpresa? Será?


             Abriu o envelope com o coração batendo mais forte. Seja lá o que fosse, seria melhor que o de Rodolfo. Sírius era tão infinitamente mais criativo.


             Afinal, ele lhe dera o caderno comunicador, não dera? Aquilo tinha sido tão genial, tão útil e ao mesmo tempo tão significativo.


             Quer dizer, era um elo, que os ligava para sempre. O caderno tinha feito com que eles voltassem, não é? E, além disso...


            Mas, quando o mesmo cupom vermelho da Trapo Belo caiu novamente em sua mão, seu fluxo de pensamentos foi interrompido ela ficou em choque, com o envelope vazio nas mãos.


             Um vale. Sírius Black lhe comprara um vale. Sírius Black lhe comprara a mesma porcaria de vale sem graça que a porcaria de seu namorado sem graça também comprara!


             Então era isso que ela significava. Cem galeões. E, não somente para Rodolfo, porque ela já sabia como ela era frio e racional.


             Mas Sírius? Para Sírius ela também representava somente cem galeões? Ela não despertava nenhum tipo de emoção, de sentimento exacerbado, que o fizesse pensar em algo mais intenso do que cem galeões?


             Rasgou o vale de Sírius, frustrada e irritada. Se era para ser paga (e a palavra vibrava em sua cabeça, porque era exatamente assim que ela se sentia) para ser namorada de alguém, que fosse de alguém que a pagaria com poder, porque dinheiro ela já tinha aos tubos em Gringotes.


             Era só o que faltava mesmo, trocar seis por meia dúzia. Ainda bem que não tinha feito nada impensado. Já pensou, ela terminava com Rodolfo para ficar com Sírius e ele a descartava, assim que perdesse a graça.


             Porque, obviamente, se ele era capaz de presenteá-la com um vale, ele não a amava. Ela era uma conquista. Um desafio muito divertido.


             Uma... Burra.


             Bella deu um suspiro cansado, e deixou seus olhos se perderem na propriedade. Como ela era ingênua. Acreditar que Sírius a amava...


            Mas ela queria tanto acreditar nisso.


             Tanto.


 ***


             Lílian estava sentada em um sofá sob a janela, alisando distraidamente a orelha de um macaco de pelúcia que repousava em seu colo. Em uma etiqueta presa em sua cauda se lia Abu.


             Abu.


             De Aladim! O que voa em um tapete.


             Como se ela fosse burra para não ter entendido essa.


            Mas o macaquinho era tão fofinho, que ela ficou sem coragem de jogá-lo pela janela.


            Além disso, isso realmente lhe deixava melancólica. O que Thiago queria? Tortura-la? Lembra-la dos bons momentos que eles tiveram juntos, apenas para aborrece-la?


             Ou dizer que a amava e que sentia muito?


             Isso era tão doce. Era tão tocante receber um presente de Natal tão significativo de alguém que, ainda que ela não admitisse, lhe tirava o sono e lhe acelerava o coração.


             Mas o que ele esperava? Que ela esquecesse o que tinha acontecido só por causa de um macaco de pelúcia? Que ela perdoasse a traição, bem debaixo do seu nariz?


             A traição era uma prova incontestável de que ele não se importava com ela. Por que ele beijaria outra garota se importasse?


             Enquanto estava afundada em pensamentos e vigiando um grupo de alunos do segundo ano que brincavam com um baralho de snap explosivo, um grupo barulhento começou a descer as escadas dos dormitórios masculinos. Reconheceria o barulho a milhas de distância, e foi suficientemente rápida para virar o rosto para a janela, antes de Thiago, Sírius, Remo e Pedro chegarem ao salão comunal, rindo alto e cantarolando Feliz Natal para as pessoas que passavam por eles. 


            Thiago emudeceu quando a viu sentada, olhando distraidamente para a neve nos caixilhos da janela. Desacelerou o passo. Mas Pedro franziu o nariz e empurrou-o na direção do quadro. Ele deu um suspiro desanimado e deixou-se levar pelo amigo.


             Remo e Sírius os acompanharam até o quadro, saíram, deixaram que os dois ganhassem vantagem no caminho, deram meia volta e entraram novamente.


             Lílian já observava novamente o grupo de alunos potencialmente envolvidos em encrencas, quando Remo e Sírius sentaram-se um de cada um de seus lados, encarando-a com expressões idênticas de censura.


             Lílian tentou não prestar atenção, mas eles não desviavam o olhar e isso estava começando a aborrecer.


             _Sim? _ela perguntou com expressão irônica, virando-se para Sírius _Posso ajudar?


            _Você _Sírius franziu as sobrancelhas _é a criatura mais orgulhosa que eu já tive o desprazer de conhecer.


             Lílian apertou os olhos. _Se você veio aqui me ofender, Sírius, em plena manhã de Natal, eu...


             _O que ele quer dizer, Lílian, _Remo interferiu rapidamente _é que ele não entende porque você não dá uma chance ao Thiago?


             Lílian arqueou as sobrancelhas, em uma óbvia expressão de descaso. _Por que eu deveria?


             _Porque, Lílian, ele não queria que isso acontecesse! _Sírius exclamou com um tom urgente _Ela o beijou a força!


            _Você estava lá? _ela perguntou com a mesma expressão.


             _Não.


             _Então como é que você pode saber? _ela deu um minúsculo sorrisinho irônico.


             _Porque foi isso que o Thiago disse. _ele retrucou sem se afetar.


            _E você acredita?


            _É lógico que eu acredito! _ele fez uma careta, como se a insinuação de que Thiago poderia mentir para ele fosse uma ofensa pessoal _Thiago nunca mentiu para mim!


             _É? Bom para você. _ela virou-se novamente para os alunos que ela estava vigiando _Porque para mim, sim.


             Sírius bufou, frustrado, e ia acrescentar algum comentário maldoso, mas Remo cortou-o antes que ele pudesse começar. _Espera... _ele parecia pensativo _Então se você visse, você acreditaria.


             Lílian virou-se para ele, com uma leve expressão de suspeita. Remo tinha um sorriso satisfeito. _Logicamente. _ela respondeu devagar, com os olhos franzidos.


             _Então, pronto. _agora Sírius também o encarava sem entender _Aí está a solução para o nosso problema.


            Sírius e Lílian se entreolharam, expressões totalmente surpresas. _Aluado... _Sírius começou com leveza _Ela chegou ao vestiário depois da festa. _Lílian fechou a cara para ele.


             _Não, eu sei disso. _Remo agora parecia altamente entusiasmado _Eu quero dizer, ver na lembrança de Thiago. Ver pelo ponto de vista dele.


             _Remo, você está superestimando minha inteligência, eu não sei ler mentes. _Lílian protestou.


            _Mas que foi que falou em ler mentes? _ele retrucou como se a idéia fosse insana _Nós só precisamos usar uma penseira.


             _Mas é claro! _Sírius deu uma tapa na própria perna _Uma penseira, isso é bem menos absurdo do que ler mentes. Uma penseira é tão comum, não é mesmo? Em qualquer lojinha de Hogsmeade a gente acha uma por uma pechincha. _ele finalizou com uma expressão sarcástica.


             _Dumbledore tem uma penseira. _Remo completou calmamente, com uma expressão sugestiva. A expressão de Sírius se transformou e se abriu rapidamente em um sorriso animado. _Eu o vi usando quando fui lá da última vez.


             _Espera aí! _Lílian exclamou, zangada _Vocês estão pensando em invadir o escritório do diretor, para roubar uma penseira?!


             _Pegar emprestado, Lílian. _Sírius retrucou _Roubar é muito feio.


            _Pensa só, Lils, _Remo falou, com um tom de voz inocente e ao mesmo tempo sugestivo e sedutor _você iria poder tirar todas as suas dúvidas. Você gosta mesmo dele, não é? Acha que ninguém viu como você ficou chateada por tudo isso? Isso não seria uma solução para os seus problemas e para os dele? Qual é a finalidade de vocês dois ficarem sofrendo pelo mesmo motivo? Pensa só, você poderia voltar com ele, com a confiança intacta, com a consciência em paz...


             Lílian ficou muda por alguns instantes, sob os olhares atentos e maliciosos de Sírius e Remo. Não era exatamente isso que ela queria?


             Ela não queria de volta as piadas idiotas, durantes os momentos mais inoportunos? Ela não queria de volta o sorriso cativante, a mania irritante de bagunçar o cabelo, o péssimo costume de não se importar com os estudos? Ela não queria de volta os beijos quentes, os abraços carinhosos, aquela ruguinha preocupada que se formava em sua testa quando ela parecia chateada ou brava?


             Lílian deu um suspiro. Queria.


             _Não sei porque eu ainda deixo vocês se envolverem nisso...


            _Isso! _Remo e Sírius bateram as mãos, por cima dela, e se levantaram animados.


             _Então, vai ser essa noite, vamos aproveitar o baile de Natal. _Remo falou.


             _Encontre a gente, a meia noite, no armário de vassouras, ao lado do saguão de entrada. _Sírius completou, enquanto os dois cruzavam a sala, em direção a saída.


             _E leve o Thiago. _Remo completou, antes de os dois saírem e baterem o quadro.


            Lílian ficou parada no mesmo lugar, por mais alguns segundos, mordendo o lábio.


             Isso. Fim de problemas. Agora ela saberia exatamente o que tinha acontecido.


             Então porque ela se sentia tão mal consigo mesma?


 ***


             Quando Sírius, Remo e Thiago entraram no salão principal, ele já estava completamente decorado, a banda que Dumbledore contratara já estava tocando e a pista já cintilava com as mais sortidas cores dos vestidos femininos.


             Praticamente todas as garotas viraram a cabeça para olhar quando eles passaram. Parte das olhadelas se devia ao fato de que os três pareciam extremamente despojados, tranqüilos e, naturalmente, lindos. A outra se devia ao fato de que todas estavam realmente curiosas para saberem se era verdade a afirmação de que eles não levariam ninguém ao baile, ou se estavam dizendo isso apenas para se livrarem de convites indesejados.


             Para a surpresa geral, sim, eles estavam sozinhos.


             O único dos Marotos que tinha um par, Pedro, entrou logo atrás deles com Berta Jorkins, a garota que o acompanhava, mas não atraiu a atenção de mais ninguém.


             _E aí, querem beber alguma coisa? _Remo perguntou, tranqüilo, minimamente afetado pelos olhares que ainda os acompanhavam.


            _Se quiserem, não peguem cerveja amanteigada. _Sírius corria os olhos pelo salão _Tem mais cerveja do que manteiga, se é que me entendem.


             _Ah, é? _Thiago perguntou distraído. Seus olhos estavam fixos em um ponto, desde que entrara. Lílian estava sentada em uma das mesas mais próximas da pista, torcendo, desanimada, um guardanapo nas mãos. A sua frente, Aubrey tentava chamar sua atenção, passando a mão por seu rosto. Thiago virou a cara, aborrecido, antes de ver Lílian desviando o rosto e livrando-se do toque do monitor chefe _Bom saber. _e saiu marchando por entre as mesas, na direção do bufe de bebidas.


             Remo riu. _Essa já é velha, Sírius, você batiza as bebidas das festas desde que descobriu o que é álcool. Não tem nada de novo para a gente?


             _É que eu estava preocupado com uma outra coisa... _e então, ele localizou Belatriz, cruzando a pista de dança na direção da mesa que ocupava com Rodolfo e seus amigos sonserinos _Até a vista, Aluado. _e saiu caminhando, com o intuito de barrar o caminho dela.


             Bella estava deslumbrante. Usava um frente única de seda, longo e vermelho, preso por uma fina corrente de ouro a seu pescoço. O vestido era leve e marcava delicadamente o contorno de suas curvas, deixando a mostra suas costas bronzeada até o exato começo do quadril.


             Sírius sorriu, deliciado com o fato de que ela era dele. Ela lhe pertencia, não somente de alma e de coração, como ele sempre soubera, mas agora de corpo também. Ninguém poderia tirá-la dele. Era o destino.


             Aproximando-se por trás dela, ele puxou-a pela cintura, envolveu-a com os braços fortes e arrastou-a de volta para a pista.


             _Sírius! _ela exclamou assustada, enquanto ele segurava uma de suas mãos e a conduzia _No que diabos está pensando? As pessoas estão olhando!


             _Bella, que doce. _ele sussurrou em seu ouvido _Vermelho e dourado. Você está usando as cores da grifinória. Aposto que foi uma homenagem do seu subconsciente para mim.


             _Não são as cores da grifinória. São as cores da luxúria e da riqueza. Se a grifinória usa as mesmas, paciência.


             _Recebeu meu presente?


             _Ahan, _Bella fez uma expressão de tédio _ele jaz em paz na minha lata de lixo. _e puxou a mão, soltando-se dele e voltando a fazer o mesmo caminho.


             _Ei! _ele exclamou sem entender, e foi atrás dela _O que foi agora?


             _O que foi? _ela repetiu _O que foi? O que foi é que eu percebi o erro enorme que estava cometendo. Você não é diferente do Rodolfo, Sírius. Você é igualzinho a ele. Sabe o que ele me deu de Natal?


             Sírius deu um suspiro. _Por favor, não diga “um vale da trapobelo”.


             _Um vale da Trapobelo.


             _Eu pedi para não dizer.


            _Então, Sírius, que sentimento existe em uma porcaria de um vale?


             _Bella, pelo amor de Merlin, você sabe dos meus sentimentos. Para que toda essa complicação de sentimentos e presentes e sei lá mais o quê? As coisas costumavam ser tão simples para nós dois. Eu tinha você. Você me tinha. E fim. O que mais a gente precisa?


             Bella parou de andar e virou-se para ele.


             _Eu preciso saber que estou fazendo a coisa certa. Eu preciso não me arrepender, Sírius. Rodolfo foi tudo que eu tive, depois que você me abandonou...


             Sírius revirou os olhos _E lá vamos nós para a história do “abandonou” de novo.


             _... E ele é o passaporte para a única perspectiva de futuro que eu tenho...


             _A única? _ele perguntou exasperado _Bella, você é podre de rica, larga a mão de falar besteira. Você pode ter o futuro que quiser, pagando.


             _... Ele é garantia de segurança. E se, no restante dos requisitos, vocês são iguais, então é melhor eu ficar com ele, que vem com esse adicional. _e virou-se novamente.


             _Adicional? _ele repetiu, chocado _Você tem noção das abobrinhas que está falando?  


            _Sírius, _ela parou e virou-se novamente, um pouco menos nervosa _esta manhã eu pude medir o que cada um de vocês sente por mim. E um vale da trapobelo não é muita demonstração de sentimento. O grau de sentimento que isso demonstra, não é o bastante para eu saber que é verdadeiro e profundo e que um de vocês enfrentaria qualquer coisa por mim. Mas a diferença é que eu sei que o Rodolfo acha que nunca vai achar uma namorada mais linda e mais perfeita para ele do que eu, então ele não vai me abandonar. E você não.


             Sírius abriu a boca para responder, mas não pôde. Rodolfo chegou pelo outro lado de Bella. _Algum problema? _ele perguntou olhando de Bella para Sírius _Vocês estão há um bom tempo conversando.


             _O quê? Você cronometra o tempo máximo que ela tem para conversar com cada homem? _Sírius perguntou com uma expressão cretina. Rodolfo fechou a cara para ele.


             _Tudo bem, já terminamos. _Bella falou, segurando o braço do namorado e virando-se.


             _Não terminamos, não. _Sírius puxou o braço livre dela e virou-a.


             _Cara, _Rodolfo empurrou seu braço _nunca mais encoste a mão na minha namorada desse jeito.


             _Sabe, Lestrange, nós temos um problema aqui. Eu amo sua namorada. E então, como ficamos?


             Bella bateu com a mão na testa. Rodolfo ficou encarando-o sem entender.


             _Está louco, Black?


             _Não, falo sério. E ela precisa escolher um de nós dois, é um senhor problema, não é não?


             _Sírius, você não entendeu? _Bella perguntou, com a voz ligeiramente vacilante _Estou escolhendo ele. _e saiu, puxando Rodolfo pela pista novamente.


             Sírius ficou parado no mesmo lugar, as pessoas ao redor encarando-o sem acreditar que Sírius Black tinha levado um fora.


             Isso seria notícia no dia seguinte.


             Mas no momento ele não estava preocupado com isso.


             Sírius Black se sentia, talvez pela primeira vez, talvez pela última, abatido, derrotado e liquidado.


 ***


             Remo não podia dizer que estava aproveitando o baile. Thiago sumira, Sírius sumira, Aubrey não desgrudava de Lílian e Pedro não desgrudava de Berta. Ele estava sentado sobre uma mesa, no canto do salão, com os braços descansando sobre os joelhos e observava o salão, atento, repetindo para si mesmo que procurava os Marotos.


             Mas tinha mais alguém que deveria estar ali, mas ele não via em lugar nenhum.


             Tonks.


             Ele não ia assumir o fato de que estava efetivamente procurando por ela. Ele só não queria pensar nela passando o Natal sozinha, em seu quarto, só porque não queria vê-lo.


             Ele se preocupava com ela.


             Não a via, aliás, há um bom tempo. Desde que descobrira que Tonks era Izzie, não a vira mais em parte alguma. Era Sírius quem mantinha seu boletim de Tonks News, como o próprio Sírius resolvera chamar, atualizado.


             Pelo que Sírius dissera, Tonks tinha fechado o semestre com notas razoáveis em todas as matérias, não estava se alimentando muito bem, e comprara um vestido pelo correio coruja.


            O que, supunha ele, era indício o bastante de que ela deveria estar ali.


             Queria conversar com ela. Não ia mentir e dizer que não. Sentia falta dela. Mas, desde que descobrira os efeitos colaterais de Tonks ser Izzie (e que se resumiam basicamente pela equação “tudo o que ele sentia por Izzie = tudo o que ele sente por Tonks”), todas as vezes que a imagem da garota surgia em sua cabeça vinha acompanhada por uma série de sentimentos que ele não podia sentir por uma menina de ONZE anos de idade.


             É óbvio que sabia que isso era diferente. Quer dizer, apesar de se tratar do mesmo sentimento, ele não tomava a mesma forma do que ele sentia por Izzie. Ele se sentia livre para amar Izzie. Era um sentimento possível. O que ele sentia por Tonks, ele sabia, era platônico e utópico.


             Ele sabia que não era realizável e não tinha pretensão nenhuma de que isso acontecesse. Só queria saber que ela estava bem. E mais nada.


            Parou de procurar por ela, quando seu relógio começou a marcar onze e meia da noite. Era outro cabeçudo do clã Black que ele precisava achar agora: Sírius.


             Será que ele tinha esquecido que tinham marcado a meia noite com Lílian?


             Mas, quando ele desceu da mesa, algumas pessoas saíram da pista de dança e ele viu um anjo cruzando lentamente o salão em sua direção.


             Um anjo.


             Ele não teria uma palavra melhor para descrever Tonks, com a aparência de Izzie, os cabelos normalmente lisos caindo em ondas douradas sobre os ombros, os olhos azuis cintilantes, em um vestido todo branco, sem alças e longo, que terminava em uma saia balão, como um vestido medieval. 


            Remo ficou sem palavras enquanto ela caminhava até ele. Estava entorpecido. Ela era a personificação da junção de uma menina e uma mulher, da pureza e da paixão, do sonho e do real.


             _Eu achei que tinha direito a uma despedida. _ela murmurou quando chegou perto o bastante para que ele ouvisse.


             Isso fez com que ele despertasse. Balançando a cabeça, triste, ele fez que não, e ia passar por ela.


             Ela puxou seu braço.


             _Uma última dança. Por favor. Eu nem tive a oportunidade de ter uma primeira...


             Remo encarou-a entristecido por um instante, deu um suspiro cansado e, então, estendeu-lhe a mão.


             Tonks sorriu, encaixou sua pequena mão a dele e deixou-se puxar até o meio da pista de dança. Tocava uma música que ela não conhecia. Ele parou, passou um braço em torno de sua cintura e ela encostou a cabeça em seu peito.


             Ele a conduziu em silêncio por alguns segundos, antes de afastá-la devagar. _Por que você faz isso, Tonks? _ele perguntou, com uma expressão condoída _Por que continuar alimentando isso? Por que se torturar?


             Ela olhou para baixo, sem graça _Remo, eu meio que... _ela ergueu o rosto novamente, enfrentando seus olhos _Eu aprecio isso. É tudo o que eu tenho, sabe? Não é o que eu queria, mas entre isso e nada... _ela deu de ombros _Isso é melhor, certo?


             _É uma lógica que não faz sentido. _ele respondeu _É viver de ilusão.


             _É isso para você? _ela perguntou _Talvez seja. Mas eu gosto do que eu tenho. Eu gosto de sentir seu abraço. Seu perfume. Mesmo que eu não possa ter mais que isso, eu não acho que iria gostar de viver sem essas coisas que eu já tive.


             Remo tossiu constrangido. _Estava preocupado com você. _ele mudou de assunto _Não a vi mais em lugar nenhum desde... _ele desviou o olhar _Bem, você sabe.


             _Eu pensei muito durante esse tempo. Fiquei tentando entender como você descobriu sobre mim.


             _E entendeu?


             _Não sou idiota, Remo. Bom, talvez eu seja, porque eu levei um tempão para descobrir. _sua expressão tornou-se séria e sombria, de repente _Eles estavam atrás de mim, não estavam? Em Hogsmeade?


             Remo não respondeu. Não soube o que dizer, mas isso foi o bastante para ela.


             _E você sabia. Isso explicaria como você descobriu. Eles foram atrás da Izzie, e você sabia que eles estavam atrás de mim. Portanto, era eu.


             _Tonks, eu sinto muito, nós não queríamos preocupar você.


             _Não, tudo bem, sério. Eu devia ter percebido antes. Era por isso que Bella andava tentando ser minha amiga. E ela sabia que eu era a Izzie. Foi ela quem contou para eles, com certeza. E foi por isso que você se aproximou de mim, para começo de conversa? Para me proteger?


             _Desculpe, Tonks. Eu devia ter contado.


             _De verdade, não tem problema. Eu meio que gostei disso. _ela deu um sorriso de lado _De você me protegendo. Acho que eu vou sentir falta disso agora.


             Remo soltou sua mão e sua cintura e segurou seu rosto com as duas mãos. _Eu não vou deixar você desprotegida. Nunca deixaria nada de ruim acontecer com você, Tonks. Nunca. Só torne minha vida mais fácil agora que você sabe, certo? Fica longe da Bella.


             Tonks sorriu. _Ok.


             Somente então ele viu o ponteiro de seu relógio de pulso se aproximando cada vez mais do doze.


             _Tonks, eu preciso ir. _ele beijou o topo de sua cabeça. Ela apertou sua camisa. _Feliz Natal. _ela soltou, quando sentiu o tecido sendo puxado de seus dedos.


             Ficou parada, na pista de dança, enquanto ele desviava velozmente dos casais que a ainda dançavam.


 ***


             Sírius estava com uma expressão de dar medo, girando entre os dedos uma rosa que ele arrancara de um dos arranjos do salão.


             _Aí está você! _Remo exclamou, aproximando-se de sua mesa _Caramba, não sabe ver horas, não? Você marcou com a Lily, vamos! _ele puxou o braço do amigo, ao ver que ele nem se mexera _Vamos, precisamos ir! A não ser que você queira arrombar o escritório do diretor em menos de cinco minutos. _Sírius ainda não se mexia. Remo deixou os braços caírem ao longo do corpo, frustrado _Mas o que diabos deu em você, agora?


             Sírius ainda ficou alguns segundos em silêncio, encarando a mesa que Bella dividia com Rodolfo e seus amigos. Então, repentinamente, ele se levantou.


             _Só um minuto, _ele falou, enquanto descrevia uma linha reta e determinada até eles _só preciso resolver uma coisinha.


             _O quê? _Remo perguntou, estupefato, mas Sírius largou-o para trás com a cara de surpresa e foi em frente, até chegar onde queria.


             _Sírius, o que... _Bella perguntou alarmada, quando ele chegou perto o bastante para ela perceber sua expressão.


             _Eu não sou como ele. _ele sibilou, com calma, se dirigindo completamente a Bella e ignorando todos os outros que ocupavam a mesa _Talvez... E um talvez bem remoto, Bella, no qual eu não acredito minimamente... Você esteja melhor com ele. Mas não me compare com ele, porque nós não somos iguais. _todos na mesa se encaravam com olhos arregalados de surpresa e sem entender. Rodolfo se levantou, mas Bella, sem desviar os olhos de Sírius, puxou seu braço. Rodolfo encarou-a como se ela fosse insana, mas sentou-se mesmo assim _Se em algum momento pareceu que eu não dou valor para você, ou que o que sinto por você é igual, ou menor, do que ele sente, eu sinto muitíssimo, mas não é essa a verdade. Talvez eu não tenha aprendido a dizer, ou a demonstrar, e a verdade é que eu achei que você gostaria do meu presente. Eu cometi um erro, mas não foi o erro de amar pouco você, porque, cara, Merlin sabe, esse erro eu não cometi. Eu cometi o erro de pensar que você se importava tanto com luxo, que gostaria de ganhar cem galeões de roupas novas. Desculpe, as pessoas cometem erros, sabe como é, eu só pareço perfeito, mas não sou. Então, se você está mais feliz com ele agora, nesse exato momento, e seja sincera com você mesma, porque você não pode mentir para seu próprio coração, do que comigo, durante o tempo que passamos juntos, então tudo bem, eu aceito isso, nunca mais vou importuná-la. Mas não pense que o amor dele é igual ao meu, Bella, porque não é. Eu amo você. De verdade. Não pela sua aparência física, e não só pelas suas qualidades. Eu amo você também por seus defeitos. Eu amo você a ponto de querer que você seja a mãe dos meus filhos. _e deu uma risada curta _E até alguns minutos atrás eu nem sabia que queria ter filhos. Então, esse é meu presente de Natal para você. Minha compreensão, seja qual for a decisão que você for tomar. _e, com um olhar triste, que certamente nenhuma outra mulher de hogwarts já vira, ele jogou a rosa que ainda segurava no centro da mesa _Feliz Natal. _e virou-se, abrindo caminho entre os casais que haviam parado de dançar para ouvir o discurso.


             Bella estava petrificada. Seus olhos estavam levemente arregalados e a boca entreaberta. _Bella? _Rodolfo chamou, mas ela não se mexeu. Todos na mesa ainda estavam mudos e sem saber o que fazer. Então, Rodolfo riu. _Ridículo. _quebrando a tensão, todos na mesa começaram a rir também. _Como pode existir alguém tão pretensioso no mundo, achar que minha Bella teria alguma coisa com ele. _e esticou a mão, para jogar a rosa fora.


             _Essa é minha flor. _Bella exclamou, repentinamente, saindo de seu estado de torpor. Todos pararam de rir, imediatamente.


            _Bella... _Rodolfo começou, mas ela não o deixou terminar. Agarrou a rosa que ainda jazia sobre a toalha de mesa e levantou-se tão rápido que quase jogou sua cadeira para trás. _Bella! _ele gritou, mas ela já abria espaço aos empurrões pelo mesmo caminho que Sírius fizera.


             _Sírius! _ela gritou. A sua frente, ele parou e virou-se. Bella corria, tentando se equilibrar sobre os saltos altíssimos da melhor forma que podia e segurando o vestido para não tropeçar em sua barra.


            Ele sorriu. Não um sorriso convencido e vitorioso. Não o sorriso irônico e cínico, que todos conheciam. Um sorriso terno e contente, que era completamente novo em seu rosto.


             Bella sorriu também. Um sorriso mais aberto, de quem finalmente se permite algo que queria há muito tempo.


             Ele abriu o braço e ela chocou-se contra seu peito, segurando seu rosto com as duas mãos e puxando-o para si.


             _Eu escolho você. _ela murmurou, contra seus lábios. Sírius quase não podia ouvir. Apertou-a com mais força, envolvendo sua cintura _Escolho você. _ela murmurou novamente, entre os beijos desesperados que lhe dava.


             Diversas mulheres suspiraram ao redor, enquanto o beijo se aprofundava. Todos pareciam chocados, as bocas entreabertas e estáticos. Uma garota gritou e saiu correndo do salão, chorando, porque ainda tinha esperanças de que seria ela a dona do coração de pedra de Sírius Black. Uma outra quebrou um copo. Uma terceira desmaiou.


             Rodolfo os seguira. Estava parado na borda do círculo que se formara ao redor deles, com uma expressão impassível. Rapidamente, Lúcius se juntou a ele e pôs a mão em seu ombro. Rodolfo olhou de forma calculista para o casal, empinou o nariz e abandonou o lugar. Lúcius foi atrás dele.


              Mas nenhum deles parecia se dar conta do que acontecia ao redor. Ao menos não até Remo dar um cutucão no ombro de Sírius e enfiar o relógio debaixo de seu nariz.


             _Cara. _ele falou, sério _Precisamos ir.


             Sírius deu um meio sorriso para Bella.


             _Sério? _ela perguntou com uma expressão entediada _No meio da reconciliação?


             Ele fez que sim com a cabeça. _Mas eu juro que durante o resto da noite, eu sou seu.


            _Você está me trocando por eles de novo? _ela choramingou.


             _De jeito nenhum, eu já tinha combinado com eles e me atrasei por causa de você. Isso foi ponto seu, não foi?


             Bella deu um suspiro desanimado. _Espero você na frente da sala precisa, então. _e deu um sorriso malicioso _Mas não demore, porque eu estou vestindo seu presente. _e saiu caminhando para fora do salão.


             Sírius ainda ficou alguns segundos parado, sorrindo. _CARA! _Remo berrou no ouvido dele e ele deu um pulo _Precisamos ir! _e saiu caminhando do salão. Sírius foi atrás dele, ainda extremamente contente.


             Porque Bella era novamente dele.


             E ninguém mais podia pensar o contrário.


 *** 


            Lílian olhou o relógio de pulso. Cinco minutos para a meia noite. Estava na hora. Precisava, urgentemente, encontrar um meio escapar de Aubrey e de encontrar Thiago.


             Que, aliás, ela não vira em lugar nenhum durante toda a noite. Onde, diabos, ele tinha se enfiado agora?


             Enfiando a língua na garganta de outra loira sem vergonha, ela tinha certeza.


             _O que foi, Lily? _Aubrey perguntou, vendo a expressão emburrada que surgira em seu rosto, aparentemente do nada _Não está gostando da festa?


             Seu rosto se iluminou, com a oportunidade. Rapidamente, ela abraçou o próprio estômago.


             _Dor de estômago. Não estou me sentindo bem. _e se levantou.


             _Oh, Lily, querida. Quer que eu a acompanhe até a torre da grifinória?


             _Ah, não, de forma alguma. _ela protestou rapidamente _Imagine, os dois monitores chefes indo embora, o que seria da festa?


             _É... _ele respondeu pensativo _Tem razão... _e sorriu para ela _Bom, melhoras, então, Lily.


             Lílian revirou os olhos e saiu correndo do salão, agradecendo mentalmente o fato de que Aubrey se superestimava tanto assim.


             Como se alguém não pudesse viver sem ele.


             Bocó.


             Saiu do salão principal e entrou no saguão de entrada pensando onde iria encontrar Thiago agora.


            Droga, ela devia ter pensado nisso antes.


             Como, em cinco minutos, ela ia encontrá-lo? Ele podia estar em qualquer lugar do castelo. Qualquer lugar, mesmo.


             Mas, justamente enquanto pensava nisso, com uma mão na cintura e batendo um dos pés no chão, ela ouviu uma voz vindo do alto da escadaria.


           _Jingle Bells, Jingle Bells, acabou o hidromel. Não faz mal, não faz mal... Eu tomo... Hã... Cerveja amanteigada!


            Lílian parou, uma expressão incrédula, e virou-se para cima.


             Thiago estava sentado em um dos últimos degraus, cercado de garrafas de cerveja amanteigada, algumas vazias, algumas cheias.


             Lílian ficou paralisada, alguns segundos, sem acreditar no que via. Então, passou a mão pela testa, deu um suspiro resignado e subiu os degraus até ele.


             _Thiago, _ela chamou com leveza, parando um degrau abaixo do dele e olhando-o de cima _o que está fazendo?


             Thiago olhou para cima, com os olhos apertados e embaçados, e ficou longos segundos tentando focalizar a dona da voz. E somente então reconheceu a dona dos cabelos acaju.


             _Lírio! _ele exclamou, erguendo a garrafa pela metade que tinha nas mãos _Zenta aí! Puxa um banquinho e zenta no chão! Zó não oferezo hidromel pra vozê, porque acabou o hidromel!


             E desatou a rir, descontroladamente.


             _Thiago, _ela respirou, profundamente, tentando manter a calma _por acaso você bebeu, por engano, as bebidas batizadas do Sírius?


             _Maz é claro que não! _ele respondeu franzindo o nariz, como se a idéia fosse ofensiva _Tomei de propózito!


             Lílian bateu com a mão na testa. _Porque, cargas d’água, você faria isso?


             _Como é que vozê acha que ia conzeguir ficar a noite inteira, olhando... Olhando... Olhando... _ele parou de falar e ficou encarando a garrafa de cerveja.


             _Olhando? _ela agitou as mãos, estimulando-o a continuar.


             _Vozê com aquele... Nojentinho... _ele fez uma careta _Monitor... Vozê que eu amo... Com outro... Ze vozê falaze pra mim, Thiago, eu vou com vozê no baile, eu não bebia. Porque eu eztaria feliz. E eu feliz não bebo! Eu zó bebo trizte!


             Lílian cruzou os braços e inclinou a cabeça. O que é que ela ia fazer agora? Se algum professor passasse por ali, naquele momento, eles estariam perdidos. Thiago estaria em graves apuros. E ela também, por não ter denunciado bebidas alcoólicas à Minerva.


             Mas mesmo pensando em tudo isso, não conseguiu conter um sorriso. Sentira tanta falta das idiotices de Thiago. Do jeito desajeitado e tão autêntico de dizer que a amava.


             Autêntico.


             Ela não podia duvidar dessa palavra, era um fato. Ela sentia isso. Sentia o sentimento transbordando por trás de cada uma daquelas palavras regadas à álcool.


             E nesse momento ela percebeu porque se sentira tão mal ao aceitar a proposta de Sírius e Remo de invadir a memória de Thiago.


             Como ela podia fazer isso com ele? Como podia submetê-lo a isso? Para provar algo para ela? Para a namorada dele?


             Que raio de namorada era ela, que não acreditava na palavra dele, no que ele sentia?


             Ela queria voltar com Thiago. Queria de volta os beijos despreocupados, o relacionamento tão cálido, a intimidade que eles desenvolveram juntos.


             A confiança.


            Que ele tinha, e ela não.


             Era um relacionamento assim que ela queria? Não. Ela queria um relacionamento baseado na confiança mútua e no respeito.


             Agora ela percebia, ela estava faltando com as duas coisas. E não tinha direito disso.


             Ele a amava, ela sabia. E era recíproco. Ela o amava tanto, que seu coração estava destruído só por ter desconfiado dele durante todo esse tempo.


             Ela fora horrível. Naquele momento, ela soube disso. E o quis de volta. O quis sóbrio. O quis da forma como o tivera durante todo o ano.


             Thiago virava a garrafa que segurava, agora vazia, de cabeça para baixo, para ver se caía mais alguma coisa.


            Lílian deu um suspiro cansado e então ergueu um braço, tomando impulso.


             PAF!


             O tapa ecoou por todo o saguão de entrada, dezenas de vezes ampliado, e deixou uma marca vermelha no rosto de Thiago.


            Subitamente sóbrio, totalmente despertado pelo choque e pela dor, ele ficou encarando-a com uma expressão de incredulidade e susto. _Tá louca, menina? _ele perguntou, apertando a bochecha dolorida com uma das mãos, e franzindo as sobrancelhas.


            _Um beijo por tapa, lembra? _ela perguntou com doçura. Mas não lhe deu tempo para responder. Curvou-se, segurou seu rosto com as duas mãos e puxou-o para si.


             Thiago ainda estava em choque demais, mas não o bastante para não se dar conta do que estava acontecendo e de retribuir. Ele segurou sua cintura e puxou-a, fazendo-a se abaixar no degrau em que estava, a saia levemente rodada do vestido azul se amassando ao seu redor. Ele puxou-a contra si e ela beijou-o mais intensamente, deixando as mãos deslizarem para sua nuca e bagunçando seu cabelo.


             Nesse momento, Sírius e Remo surgiram no alto da escadaria, cada um segurando uma das alças da penseira. Ambos ficaram estancados, no alto da escadaria, surpresos.


             _Ué! _Sírius não entendeu. _Como foi que ela viu a verdade, sem uma penseira?


             Remo tinha um sorriso terno e contente no rosto _Ela não viu. _Sírius fez uma cara de quem entendera menos ainda. Remo revirou os olhos. Às vezes Sírius conseguia ser bem pouco esperto _Ela só constatou o que ela já sabia. Vamos, _ele virou-se novamente para o corredor _vamos levar isso de volta.


             Sírius o seguiu. Mas carregando a mesma expressão confusa que tinha antes.


             Thiago e Lílian sequer perceberam.


 ***



Nas:

Lilly, verdd, o Remo tah mais pra babá do q pra namorado neh, coitado? rsrsrsrs Lílian engoliu tudo que tinha dito, bonitinho rsrsrsrs... Mas coitado do Thiago, preciso encher a cara para ela perceber as coisas :S E o Sírius e o Remo precisaram assaltar o escritório do diretor, essa Lílian soh dah trabalho tsc tsc rsrsrsrs... Olha essa agora do Sírius, o q serah q a Bella vai inventar pra reclamar agora neh? rsrsrs Mulheres mulheres, fazer o q, somos todas um pouco indecisas, vai :P rsrsrs... Espero q tenha gostado do cap ^^ Bjssss Teh maissss

Jack, como foi de carnaval? aaaeeeeeeee... Lílian dobrou a língua agora :P rsrsrsrs... Olhaaaaaaaaa, Sírius romântico iueba!! rsrsrsrsrs... Soh pq vc falou, se naum, naum tinha discurso rsrsrsrsrsrs... poooooooxa, nem um descansinho semanal remunerado? (remunerado lógico, descansar ganhanddo :P :P ) rsrsrsrsrsrs Jack, demorei de novo :( rsrsrsrs... Mas o cap tah maior q o meu normal, vai... rsrsrs Me fala o q acho tah? Bjssss teh maissssss

Lari, ainda não foi dessa vez q a Lílian teve q se humilhar, booom, ainda sobrou tapa pro coitado do Thiago, assim de graça :P rsrsrsrsrs mas ela ainda vai ter a parte dela :P hehehehehe... O Régulos naum queria machucar o Monstro, se naum um barraco vinha a calhar q era uma beleza, adooooro um barraco rsrsrsrsrs... eu achei taum fofa a história dele, do monstro e do medalhão no último livro, eu tive q colocar ele defendendo o elfo rsrsrsrs... o monstro com a frigideira falando "soh mais uma, mestre Harry" eh o melhoooor srsrsrsrsrsrsrsrs.... Boooom, ele ainda não sabe exatamente o que fazer com isso (nem a autora :X ) rsrsrsrs, mas assim q descobrir, ele coloca em prática rsrsrsrs... Mais uma briga, mais uma reconciliação (rápidos eles, neh? rsrsrsrs) Imagina a cara do Lorde qnd souber dessaaaaa rsrsrsrsrs... Aaaaahhh fikei feliz por vc ter gostado :D Espero q goste desse tbm ^^ Bjssss Teh maisssss

Vanessa, hsuasuasuausha... vamos ver qnto tempo mais eles vaum insistir naum burricizinhas deles neh? rsrsrsrs E agora, o q serah q a Bella vai arrumar pra reclamar? rsrsrsrs Serah q depois de uma declaração dessas, ela consegue se contentar? :P Thiago vai lutar no fundo da garrafa de cerveja amanteigada neh? rsrsrsrs Mas, bom, pelo menos funcionou rsrsrsrsrs... Brigada :D Fico super feliz :D Me fala se gostou desse, tah? Bjssss Teh maissss

Lori, Boooom, ele não correu atrás dela, neh? Foi atrás de uma "loira gelada" rsrsrsrsrs Soh falta agora a Bella conseguir mais alguma coisa pra por defeito depois dessa neh? Serah serah? rsrsrsrsrsrs... aaaaaahhhh naum sei bem ainda como vai ser o final, tenho soh uma vaga idéia... Mas eu sempre acabo mundando.... Q nem na primeira fic q eu fiz, q eu ia matar o Harry no final, mas eu fikei com tanta doh dele no decorrer da fic, q eu acabei fazendo uma continuação soh pra deixar ele vivo rsrsrsrsrsrs :P Aaaaaahh brigada, to sim ^^ E vc? Se estiver voltando, bom retorno às aulas tbm ^^ Mas naum eskece de passar aki e me falar o q achou tah :P (autora pidona rsrsrsrs) bjsssss teh maisssss

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