Aos milagres

Cap. 16_

            Mas onde é que ela estava com a cabeça?

             Ela era monitora chefe, pelo amor dos filhinhos de Merlin. Como podia ser tão irresponsável para estar de madrugada fora da cama com Thiago Potter? Aliás, não só fora da cama, fora do chão!

             Mas no momento, não conseguia se concentrar nisso. Não enquanto o vento batia com tanta força contra ela, agitando seus cabelos e a fazendo apertar os olhos.

             Thiago sorria, deslumbrado. Amava voar. Sempre se sentia extremamente bem quando estava no ar. Mas ele podia afirmar, com toda a certeza que seus dezessete anos de idade lhe garantiam, que ele nunca se sentira tão feliz quanto naquele momento. Ele tinha certeza que, ainda que lhe acontecesse qualquer coisa, o simples fato de sentir Lily entre seus braços o manteria feliz. Plenamente feliz.

            Thiago deu a volta no castelo, passando velozmente por suas centenas de janelas escuras e sacadas desertas. Lily tentava situar em qual lugar do castelo estava contando as janelas e torres que passavam, mas elas passavam em uma velocidade vertiginosa e ela não conseguia contar.

             Com uma guinada brusca, Thiago saiu do perímetro do castelo e cruzou o campo de quadribol. Lily gritou novamente e apertou sua blusa, quando ele fez um mergulho sobre as arquibancadas e voltou a subir repentinamente. Thiago baixou os olhos, preocupado, tentando adivinhar se ela estava com medo. Mas ela ria. Ria, com uma expressão leve, divertida, como ele nunca vira antes.

             _Eu queria que você soubesse como eu me sinto voando. _ele sorriu, como se fosse uma justificativa.

             _Estou sentindo. _ela murmurou de volta, encarando-o nos olhos. Thiago sorriu mais uma vez para ela, e então fez uma nova curva fechada, cruzando os aros de gols de um dos lados do campo e cruzando a extensão do gramado na direção do lago da Lula Gigante.

            Quando chegou à borda, ele desacelerou e baixou a vassoura até que suas mãos pudessem roçar na água. Lily dobrou os joelhos e enroscou as pernas sobre a vassoura, garantindo que suas meias se mantivessem secas.

             A água estava cristalina e refletia um céu estrelado e uma lua ainda estreita. Lily encostou a cabeça no ombro de Thiago, enquanto a vassoura deslizava bem lentamente e bem próximo à superfície.

             _E então, gostou do passeio?

             _Bom, acho que eu preferia um tapete voador. _ela respondeu rindo.

             _Um tapete voador? _ele arqueou as sobrancelhas, surpreso _Sabe que isso é ilegal, não é mesmo? Mas, tudo bem, se você quer um tapete voador, acho que eu posso...

             _Estou brincando, Thiago... _ela riu mais ainda, e, se afastando um pouco, deu um tapinha de brincadeira em seu peito _É só um desenho trouxa infantil... O mocinho do desenho leva a princesa para passear de tapete voador. Igualzinho você fez. No final do passeio eles ficam deslizando assim sobre a água... _ela esticou o braço, passando os dedos pela água gelada _Achei até que você já tinha assistido...

             _Não, nunca vi... _ele respondeu, estreitando o abraço _Posso lhe mostrar uma coisa? _ele perguntou, curvando-se para mais perto de seu pescoço.

            _Qualquer coisa. _ela sussurrou de volta.

             Thiago curvou-se sobre ela, fazendo a vassoura avançar rapidamente. Lily ficou vendo as águas do lado ficando para trás e, quando chegaram à margem, ele puxou a vassoura para cima e ela subiu, obliquamente. No lugar do espelho cristalino que ela deixara para trás, Lily via metros e metros de copas de árvores muito juntas, seguidas de um grande descampado que, ela supunha, nenhum outro aluno devia conhecer.

            Depois dele, um grande morro terminava em um cume coberto de relva. Thiago desacelerou e planou com a vassoura perto do chão. Lily pulou, fazendo a grama ressequida estalar sob suas meias, cambaleou alguns passos, devido ao vôo vertiginoso e desmontou sentada no chão. Thiago desceu, deixou a vassoura no chão, traçou uma linha reta até ela e sentou-se ao seu lado.

             Ficaram alguns segundos em silêncio. Lily tinha os olhos fechados, um sorriso leve e o rosto ligeiramente inclinado para cima, sentindo o vento bater em suas bochechas. Thiago ficou encarando o perfil de seu rosto, inclinado para trás, apoiado nas duas mãos abertas às suas costas.

             _Vê? _ele perguntou, de repente, erguendo uma das mãos e fazendo um gesto abrangente a sua frente. Lily abriu os olhos. A sua frente, o descampado e as árvores pareciam minúsculos, terminando em uma imensa superfície azul escuro. Ao fundo, ela podia ver o castelo todo, uma versão bem menor do que ele realmente era, com uma quantidade bem pequena de luzes ainda acesas.

             _É lindo. _ela murmurou, ainda com o rosto levantado, com um sorriso deliciado. E então franziu o nariz. _Onde estamos?

             _Ainda estamos dentro da propriedade, se é isso que você quer saber. _ele respondeu, deitando-se de costas e de braços abertos. Lily virou-se para trás, sorriu e deitou-se sobre seu peito, uma mão repousando tranquilamente em sua barriga _Eu sabia que você não estava falando sério.

             _Quando? _ela perguntou, encarando o céu.

            _Quando disse para eu não voltar. _Lily ergueu-se sobre um cotovelo para olhá-lo. Ergueu a mão, colocando uma mecha de cabelo atrás da orelha e baixou os olhos.

             _Não, não estava. Se você não voltasse, eu ia me sentir muito mal.

             _Então, por que você falou? _ele franziu a testa curioso.

             _Seu mundinho é muito simples, não é não? _ela perguntou, com um toque de ironia _Às vezes, sabe, as pessoas têm problemas...

             _Eu nunca disse que eu não tenho problemas. Mas eles não parecem tão grandes, porque eu os divido com meus amigos.

             _Todos? _ela perguntou _Mesmo se você achar que pode magoá-los?

             _Você confia em mim para sair do seu quarto, de madrugada, e voar comigo em uma vassoura de corrida por cima do lago. Mas não confia para contar um problema?

             Lily sentou-se reta e abraçou os joelhos, voltando os olhos para a paisagem a sua frente. _Severo me contou mais coisas além dos planos dos comensais.

             Thiago revirou os olhos. Claro. Tinha alguma coisa a ver com o Seboso. _E o que foi? _ele sentou-se também, descansando os braços sobre os joelhos dobrados.

             Lily virou-se o rosto para ele. _Ele não ia me matar. _Thiago franziu os olhos _No dia em que você me salvou em Hogsmeade, ele disse que não ia me matar.

              _Lily, _ele arqueou as sobrancelhas _ele tinha varinha apontada diretamente para você.

             _Era um truque. _ela argumentou, com um toque de desespero _Era um truque, Thiago. Ele disse que era só para se aproximar de mim, que na verdade ele ia... Ia aparatar comigo. Ia me tirar dali. _ele sacudiu a cabeça descrente _Ele estava sob o efeito do soro da verdade, Thiago. O soro que você colocou no pudim, que ele comeu!

             Ele ficou com a boca entreaberta. _Você o viu comer o pudim? _ele perguntou com uma sobrancelha erguida e um olhar desconfiado.

             _Ora, Thiago, tenha dó. Se ele não tivesse comido, acha que ele ia sair me contando todas aquelas coisas sobre o que os comensais queriam?

             Thiago deu um suspiro cansado e olhou para o céu. _Ok, e aonde isso nos leva?

             _Eu fui má com ele. _ela se virou novamente para a paisagem _Eu gritei com ele, como se ele tivesse feito algo muito errado, mas ele só queria salvar minha vida.

             _Lílian! _ele exclamou exasperado _Ele fez algo muito errado. Ele estava lá, em companhia de comensais. Depois de tudo o que ele fez...

             _Viu? É isso que estou tentando dizer. _ela virou-se novamente para ele _Eu não quero perder você. Mas eu não quero ser injusta com ele, Thiago. Se ele ia fazer isso, se ele ia abrir mão dos comensais por mim, acho que há alguma esperança. Acho que eu devia lhe dar mais uma chance. Acho que eu devia tentar tira-lo disso mais uma vez. Mas se eu fizer isso, _ ela completou muito tímida e baixou os olhos _eu vou ficar sem você.

             Thiago inclinou o rosto. Agora entendera.

             _Não vai me perder, Lílian. _ele murmurou. Lily ergueu os olhos aguados para ele. Ele deu um sorriso terno _Você foi amiga dele durante seis anos, e eu não saia da sua cola. Não sei de onde você tirou essa idéia idiota agora. _os olhos dela tremeram e, sem aviso prévio, ela pulou em seus braços, abraçando-o pela cintura _Você pode tentar de novo se quiser, isso não vai me afastar de você.

             _Acho que isso diminui um pouco do problema, mas não o elimina. _ela ergueu o rosto, para encará-lo, sem solta-lo _Severo não vai querer se aproximar de mim, se eu estiver com você.

             Thiago suspirou. _Isso é um problema. Se for assim, talvez você tenha mesmo que escolher.

             Ela enterrou o rosto em seu pescoço. _O que eu faço?

             Thiago a afastou e segurou seu rosto com as duas mãos, fazendo-a encará-lo. _Lily, eu posso pedir para você me escolher, e eu realmente peço. _e soltou seu rosto, comprimindo os lábios _Mas eu não posso escolher por você.

             Lily apertou os lábios e ficou estática por alguns instantes. Então o abraçou novamente. _Alguns meses atrás eu não teria problemas em fazer essa escolha.

             Thiago deu um sorriso torto. _Vou ficar feliz por ter mudado.

             E, durante o resto da noite, não disseram mais nada, dando-se o direito de, simplesmente, curtirem a companhia um do outro. Como se não soubessem quando teriam esse direito novamente.

 ***

             Bella estava esticada no sofá do salão comunal da sonserina, com as pernas passadas por cima do braço do sofá e a cabeça afundada em algumas almofadas. Era hora do café da manhã, mas ela não estava com vontade nenhuma de ir para o salão principal e encarar mais algumas rodadas de sorrisos cretinos de Sírius Black.

             Rodolfo e Severo entraram naquele momento, batendo a porta do salão comunal e discutindo acaloradamente. Ela ergueu a cabeça, minimamente, e depois a deixou cair novamente. Os dois caminharam até onde ela estava. Severo sentou-se na poltrona a sua frente e Rodolfo levantou suas pernas, sentou-se no sofá e pousou-as sobre seu colo. Severo apoiava os cotovelos sobre os joelhos e ambos tinham um olhar aflito.

            _Você não vai acreditar no que aconteceu... _Rodolfo quebrou o silêncio.

             Bella ergueu a cabeça e apoio-se sobre os cotovelos. _O quê? O que houve?

             _Severo contou para Lílian o que o Lord quer dentro de Hogwarts.

            Bella pulou do sofá, em um ataque de fúria. _COMO É QUE É?! _ela berrou, sem se importar com o fato de que várias pessoas se viraram para encará-la com ar de reprovação _VOCÊ FEZ O QUÊ?!

             _Conta a história completa, já que você começou. _Severo sibilou entre dentes para Rodolfo.

            Rodolfo puxou Bella, que ainda bufava, de volta para o sofá e sentou-a ao seu lado. _Bella, não foi de propósito. Aqueles cretinos, idiotas, dos Marotos, puseram soro da verdade no pudim, na reunião do Slughorn.

             _Eu comi o pudim. _Severo resmungou, com uma voz de além túmulo. Estava com ódio. Muito ódio. Mais uma vez os Marotos cruzavam seu caminho, fazendo o favor de estragar sua vida _Lílian me procurou e eu disse tudo que sabíamos a ela. E ainda disse mais, porque eu li na mente do Avery o objeto que o Lord queria aqui. O chapéu seletor.

             Lera na mente do Avery? Os olhos de Bella estavam arregalados e sua cabeça girava com tantas informações. Como assim, ele lera a mente de Avery?

             _Como pode ser tão idiota e comer um pudim com soro da verdade? _ela perguntou, estreitando os olhos, decidindo começar por aí.

             _Bella... _Rodolfo ergueu as sobrancelhas para ela _Nós também comemos.

            Bella girou o rosto lentamente para ele. Então, isso lhe surgiu como se tivesse sido óbvio, o tempo todo, e ela fosse idiota demais para ver.

             Ela tinha comido o pudim. Por isso não lembrava de nada que tinha feito. Por isso aqueles sorrisinhos cretinos, idiotas, desagradáveis de... Sírius.

            _Amor... _ela virou-se para Rodolfo, com uma expressão desesperada, agarrando sua blusa e esquecendo-se totalmente do assunto principal _Você ficou comigo a noite toda, certo? Você não me deixou fazer nada idiota?

             _Bella, eu não sei... _ele puxou gentilmente as mãos que amarrotavam sua camisa _Eu também comi, lembra?

            De repente começou a lhe faltar ar. Alguma coisa muito quente subia de seu estômago e se espalhava por todo o corpo. Vergonha? Isso era vergonha? Merlin o que ela tinha feito? Sequer conseguia prestar atenção enquanto Severo e Rodolfo discutiam que iam ter que contar o fato aos comensais. Teriam que marcar um encontro com eles em Hogsmeade na próxima visita. Teriam que levar alguma coisa para eles, porque ele ficaria muito zangado se eles chegassem apenas com essa história.

             _Bella, você está ouvindo? _Rodolfo perguntou e ela girou o rosto, muito pálido, para ele _A única coisa que podemos conseguir agora é sua sobrinha.

             _Eu... _ela gaguejou, totalmente aérea. Ele atribuiu seu desespero à quantidade de informações vazadas _Eu preciso ir. _levantou-se e cruzou o salão comunal, batendo os pés. Rodolfo não foi atrás dela. Achava que ela estava apenas assustada com o peso que a conclusão de sua missão tinha agora.

             Bella saiu literalmente correndo pelos andares do castelo. Ia matá-lo. Ia matar Sírius Black, tinha certeza disso. Não sabia muito bem como, é claro. Mas tinha certeza que se decidiria quando visse a cara de cafajeste dele. Ele tinha feito isso só para fazê-la de idiota. Tinha certeza. Como podia ser tão tola? Faria uma anotação mental para nunca mais comer/beber/absorver o que quer que fosse quando estivesse perto dele.

             Maldito. Maldito, maldito, maldito.

            Encontrou-o saindo do salão principal, acompanhado de Lupin e Pettigrew. Bella não se intimidou, nem com isso, nem com nenhuma das outras pessoas que saíam nesse momento do salão, após o café da manhã. Sacou a varinha, marchou até ele e, antes que qualquer um pudesse perceber o que ela estava fazendo, ela agarrou-o pela gola da camisa, encostou a varinha em sua garganta e empurrou-o contra a parede mais próxima.

             Os olhas dela flamejavam de fúria, enquanto as meninas ao redor gritavam e Remo e Pedro sacavam, também, suas varinhas. Sírius fez um gesto, indicando que eles as guardassem. Sua expressão era tranqüila e tinha um pequeno sorriso cínico nos lábios.

             _Bella, essa sua pose de má está me dando idéias excitantes.

             _Eu o odeio. _ela sibilou, os olhos apertados de raiva _Eu o odeio com todas as forças.

             _Ah, não foi o que você disse uma noite dessas.

             _Você. _ela rilhou os dentes _Você fez de propósito. Colocou o soro da verdade no pudim de propósito, porque eu gosto desse doce. O que eu falei para você?

            Ele estreitou os olhos. Como é que ela podia saber?

             _Nada mais que a verdade. _ele respondeu, avaliando-a _Qual é a verdade em seu coração, Bella? Ela é assim tão assustadora para você me atacar no meio do saguão de entrada na frente de todo mundo? E olha que eu nem falei nada, qual é a verdade tão grave que você acha que contou? _e sorriu de um modo cínico novamente.

             Bella soltou-o, finalmente entendendo o papel idiota que estava fazendo. Como é que ela não pensara nisso antes? Claro que ela não podia se mostrar preocupada com o que dissera, porque senão, queria dizer que ela imaginava o que dissera. Então isso iria atestar que ela realmente dissera a verdade e sabia que era a verdade. Burra, burra, burra! _Tem razão, se eu disse apenas a verdade, não tenho com o que me preocupar. _ela falou de um modo afetado, muito tardiamente, dando as costas para ele. Somente então reparou na multidão, especialmente de alunos dos primeiros anos, que a encarava assustada.

             Deu alguns passos, para passar por eles, mas sentiu a mão de Sírius puxando-a pela parte de trás das vestes e empurrando-a contra a parede onde ele estivera há apenas alguns segundos. Sírius segurou seu rosto com as duas mãos, um pouco acima de seu pescoço, apertando-o com um pouco mais de força do que teria usado em qualquer outra garota. Aproximou-se o bastante para sentir sua respiração fula. Seus olhos estavam estreitos e flamejantes. Então, ele curvou-se para mais perto, como se fosse beijá-la. Bella tentou se debater, ele prendeu-a com o corpo e aproximou-se mais. Ela começou a sentir que algo quente se espalhava novamente por seu corpo.

             Mas ele parou a milímetros de sua boca.

             _Eu amo você, também. _ele sussurrou para que só ela ouvisse e soltou-a, virando-se e começando a atravessar o saguão como se não tivesse feito nada de anormal. Os olhos dela se arregalaram, sua pulsação acelerou e ela sentiu-se desfalecer. Apoiou-se à parede, para não cair, enquanto Remo e Pedro a encaravam como se não tivessem entendido nada. Sírius já estava na escada quando os dois resolveram segui-lo.

             Somente então, Bella se recuperou. Respirou fundo e firmou-se novamente sobre os dois pés, o bronzeado de seu rosto disfarçando a cor rubra de vergonha. Olhou em volta, percebendo os alunos muito menores que ela que ainda a olhavam, com as bocas abertas e expressões chocadas.

             _Estão olhando o quê? _ela perguntou, fechando a cara para eles e cruzando o saguão batendo os pés.

             Maldito. Maldito, maldito, maldito, Sírius Black.

 ***          

            Lílian procurara muitas vezes uma oportunidade para falar a sós com Severo. Não estava sendo bem sucedida. Constrangido, sem saber exatamente o que mais tinha dito a ela, ele estava fazendo o máximo possível para se manter longe dela. Além disso, Sírius não fazia esforço nenhum para tentar não afasta-lo. Ainda que Lílian o fulminasse com os olhos todas as vezes que Severo aparecia pelos corredores e ele lançava-lhe ofensas gratuitas e o fazia se afastar ainda mais rapidamente e aparentemente deprimido.

             Thiago girava os olhos e encarava o teto, deixando bem claro que não iria discutir com Sírius por causa do Seboso Snape. Sírius dava de ombros, como se não tivesse feito, absolutamente, nada demais. E Lílian, bufando, saia marchando pelos corredores, proclamando taxativamente que eles eram infantis e imaturos.

             Mas na aula seguinte ela já estava sentada com eles novamente, discutindo sobre transfiguração humana (uma matéria que eles, finalmente, descobriram serem melhores do que ela), poções, ou sobre qualquer outra coisa pertinente (ou não) no momento.

             Foi na sexta-feira, último dia antes da visita a Hogsmeade, que Lílian finalmente entendeu porque Severo a olhava com uma expressão tão ressentida e se afastava todas as vezes que ela tentava se aproximar. E foi absolutamente por acaso. Ela estava ao lado de seu caldeirão, na aula de poções, envolvida por uma névoa prateada, comentando como esse comportamento era excessivamente absurdo. Ela só queria conversar. O fato de ela estar andando com os Marotos agora não era o bastante para mantê-lo arredio dessa maneira. Devia haver alguma coisa a mais.

             Sírius respondeu, desinteressado, que não entendia porque ela se importava, já que eles eram, disparadamente, uma companhia muito melhor do que o Seboso, enquanto uma névoa cinza chumbo o envolvia, saindo de seu próprio caldeirão. Subitamente, o rosto de Thiago contraiu-se, como se ele lembrasse de algo muito desagradável e contraiu os lábios. Lílian viu.

             _Thiago. _ela chamou, estreitando os olhos. Ele baixou o rosto para o próprio caldeirão fumegante, tentando disfarçar _O que foi?

             Thiago riu. _Não, sabe o que é, Lily? É que agora que você comentou, sabe, que você acha que andar conosco não é motivo o bastante para ele se afastar de você...

             _Bom, talvez seja... _ela deu de ombros _Eu nunca entendi essa rixa de vocês...

            _Não, eu acho que não é por isso... _ele contraiu os lábios novamente. Os Marotos, ao redor da mesa que eles compartilhavam com Lily, ergueram os olhos, sem entender. Thiago continuou com os lábios contraídos, como se segurasse ou uma risada ou um segredo. Ou talvez os dois. Por fim, quando viu que Lílian estava começando a perder a paciência, ele deu um suspiro e continuou _Eu... Meio que disse que você era minha namorada. _e sorriu.

             Remo e Sírius explodiram subitamente em gargalhadas. Lílian estreitou os olhos e colocou uma mão na cintura. _Como é?

             _Você me beijou. _ele deu de ombros _Achei que era quase isso.

             _Thiago! _Lily bufou exasperada, com um esgar que mais parecia um misto de uma risada e uma exclamação de surpresa _Você decidiu por mim! Você disse que não podia fazer isso, mas você fez!

             _Não, não foi isso. _ele apressou-se a responder _Foi antes de você me explicar o que estava acontecendo. Foi na festa do Slughorn. Régulos me provocou, dizendo que eu caí da vassoura, _ele revirou os olhos _e eu retruquei que eu não caí, eu pulei, porque minha namorada pediu. E Severo estava do lado. _ele completou com um toma mais baixo e desanimado _Mas, desculpe, Lily, eu não sabia que você ia tentar voltar a ser amiga dele. _seu tom era muito parecido com o de uma criança manhosa e seu rosto fechou-se em uma expressão emburrada _Eu posso falar com ele se você quiser, _ele baixou novamente os olhos para o caldeirão _posso ir até lá e desmentir, para você poder falar com ele.

            Remo e Sírius ergueram o rosto novamente com as bocas abertas. Lily ficou paralisada, momentaneamente, e sua expressão se suavizou. _Você faria isso? _ela perguntou com calma.

             Thiago não ergueu o rosto, apenas fez que sim com a cabeça. Lílian não respondeu. Deu um leve sorriso satisfeito e voltou a mexer em seu caldeirão.

             _Thiago, quer ir a Hogsmeade comigo amanhã? _ela perguntou, como se não fosse nada demais, ainda mexendo no caldeirão. Ele ergueu o rosto, subitamente, uma expressão impassível.

             _Está brincando? _ele perguntou incrédulo. Ela encarou-o como se não soubesse do que ele estava falando _Aí sim o Seboso, quer dizer, Snape, nunca mais vai querer olhar na sua cara.

             _Ele vai ter que aprender a separar algumas coisas, mais cedo ou mais tarde. _ela inclinou o rosto, pensativa.

             _Eu não acredito! _Sírius exclamou, de repente, e jogou-se de joelhos no chão, com as mãos erguidas _Merlin nos louvou com um milagre! _todos na sala viraram-se para olhar e o professor começou a caminhar entre as carteiras até ele _Que Lílian vá para o céu por sua boa ação feita hoje! Se tivéssemos que agüentar mais um dia em Hogsmeade com Thiago se queixando porque ela se recusara a sair com ele, morreríamos!

             _Sr Black, _Slughorn finalmente alcançou-o e segurou-o por um braço, levantando-o do chão. Remo ria e Severo encarava-os mais curioso do que qualquer outro _o que pensa que está fazendo?

             _Agradecendo um milagre, professor. _ele respondeu com se fosse óbvio _O senhor também deveria fazer isso. Lílian Evans vai sair com Thiago Potter, o próximo passo é chover Felix Felicity. _e deu uma leve cotovelada no braço do professor _Nesse dia eu estarei com um baldinho, lá fora, claro.

              Mas Slughorn não prestava atenção nele. Encarava Lílian com a mesma expressão que um pai faria ao ver a filha saindo com o advogado do diabo.

             _Ora, Lily, minha querida, Thiago Potter? _ele perguntou ressentido e Lílian revirou os olhos _Tantos garotos interessantes no castelo, e você vai sair justo com ele?

             _Alô? _Thiago chamou com as sobrancelhas arqueadas _Eu estou ouvindo.

             _É falta de opção, minha querida? _Slughorn prosseguiu, sem dar atenção a ele _Porque, olha, eu não ia contar, porque não sou um professor fofoqueiro _Remo tossiu, fazendo um som muito parecido com “mentira, mentira” _mas eu fiquei sabendo que Bertran Aubrey, o monitor chefe, está muito interessado em você, sabe, e eu acho que vocês fariam um casal encantador...

             _Alô! _Thiago repetiu com mais ênfase _Eu ainda estou ouvindo!

             _... E Severo Snape, também. _ele continuou _Ele nunca admitiu, mas qualquer um pode ver por...

             _Ok, professor, eu entendi. _Lílian cortou-o, achando que aquilo já estava chegando aonde não devia _Agradeço muito sua preocupação, mas Thiago Potter é muito mais do que só um aluno baderneiro. _ela pegou um frasco e encheu-o com um pouco de poção _Espero que o senhor possa ver isso, um dia. _ela fechou o frasco e estendeu-o para o professor. _Aqui, meu trabalho de hoje. Com licença. _e saiu caminhando pela sala, indo até as pias de pedra para lavar seus utensílios.

             _Puxa, _Thiago sorriu descaradamente para ele _que bom que eu ouvi isso.

             Slughorn fechou a cara para ele e aproximou-se mais. _Escute bem, Potter, eu vou ficar de olho em você, entendeu? _e afastou-se, também.

             Thiago fez uma careta para as costas do professor que se afastava. E não reparou no olhar ressentido de Severo que queimava em suas próprias costas.

 ***

             Bella esperava na curva de um corredor do sétimo andar a um bom tempo. Com a visita a Hogsmeade tão próxima, ela tinha que arrumar um jeito de arrastar Tonks até lá. Estava começando a se cansar, quando reconheceu o cabelo castanho da sobrinha surgindo pela curva oposta de onde estava. Com um sorriso diabólico, Bella levantou-se, arrumou o uniforme e começou a caminhar ao seu encontro, com a expressão mais casual que conhecia.

             _Tonks, olá! _ela exclamou, animada. Tonks deu um pulo, surpresa. Estava distraída. Desde a semana anterior, a única coisa em que conseguia pensar era com sair para Hogsmeade. Não podia sair como Tonks, porque Tonks estava no primeiro ano. Mas também não podia sair como Izzie. Porque Izzie simplesmente não existia.

             _Bella. _ela forçou os batimentos cardíacos a voltarem ao normal _Oi.

             _O que foi? _ela perguntou, aparentando preocupação _Está chateada.

             _Eu... Estava só pensando. _ela baixou o rosto _Como é Hogsmeade? _ela ergueu o rosto, repentinamente _É muito legal lá?

             Bella teve que usar cada grama de ardilosidade para disfarçar sua satisfação. Como podia ser tão sortuda?

             _É... _ela concordou pensativa _Muito legal mesmo. Acho um crime privar os alunos mais novos de visitar o povoado.

             _É... _Tonks concordou chateada _Eu queria poder ir.

             _Tonks, espera. _Bella segurou seu ombro, como se uma idéia brilhante repentinamente lhe surgisse _Você pode ir. Você é metamorfomaga, não é? Pode assumir a forma de um aluno mais velho.

             _Acho que o aluno vai desconfiar quando o Filch tentar barra-lo, alegando que ele saiu. Ele vai dizer que não saiu, e Filch vai achar muito estranho.

             _A não ser que o aluno saiba, e diga que saiu, mas voltou sem ele ver, porque esqueceu alguma coisa. _ela completou com um sorriso astucioso. Tonks ergueu o rosto brilhante para ela, finalmente entendendo.

             _Bella, você faria isso por mim?

             _Só se você prometer me fazer companhia por um tempo. Rodolfo vai estar ocupado antes do almoço, e eu não quero ficar lá sozinha.

             _Só até o almoço, tudo bem? _ela perguntou, corando até a raiz dos cabelos _Porque eu prometi almoçar com outra pessoa.

             Bella arregalou os olhos para ela. _Como é? Um aluno do terceiro ano, algo assim? Mas aí ele vai saber que você está lá sem poder.

             _Não, não. _ela respondeu, olhando ao redor _É uma longa história. Na verdade, eu uso uma imagem diferente da minha. _ela explicou, corando ainda mais.

             Bella afastou-se um passo, genuinamente surpresa. Como é? Ela estava usando seu poder para conquistar um homem? Mentindo sobre a própria aparência, sobre a identidade, sobre a idade, e sabe-se lá mais o quê?

             Mas que ardilosa! Nem Bella teria pensando nisso!

            Forçou-se a voltar ao normal, quando viu que Tonks a mirava apreensiva. _Tudo bem, mas eu preciso saber com é essa aparência. _ela respondeu, fingindo que o que acabara de ouvir não era nada demais. _Vamos fazer assim, você sai, com minha aparência e me espera na porta do correio de coruja, já mudada. Eu a encontro lá logo depois.

             _Certo. _ela respondeu, começando a se animar _Eu sou loira, de olhos azuis, um pouco mais baixa do que você.

             Bella fez que sim com a cabeça. Ela ouvia atentamente. Mas sua cabeça vagava longe. Nunca imaginara que seria tão fácil. Como era sortuda.

             Tonks também divagava enquanto falava.

             Nunca imaginara que seria tão fácil. Como era sortuda.

 

Nas:

Lari, verdd, a Lily era soh inteligente, mas esperta q eh bom, necas, rsrsrs. Bella quaaaase matou o Sírius, mas deixou pra mais tarde :P Siiim, Dumbledore jah pensativo... Qm serah q ele iria chamar? rsrs hauhauhauhauhauha Siiim, a Tonks eh uma mah... Por enquanto... hehehe... Booom, por enquanto naum deu em nd, neh? Mas vem mais um passeiozinho aí, qm sabe dessa vez vai :) Realmente, essa minha Lily naum tah rendendo rsrsrsrs... Ela eh mais boba do q o Pedro! Olha q mais boba do que o Pedro, entaum jah eh bastante coisa neh? Rsrsrs Me fala o q achou desse tah? Bjssss teh maissss

Vanessa, sssiiiim, Lily contou tudo. Foi a delatora rsrsrsrs... Ainda vai dar mtaaa vontade de matar a Tonks rsrsrs... Huahuahuha... nd como um soro da verdade pra fazer a Bella abrir o coração, neh? Acho q a Lily precisava comer um pouco d pudim tbm neh? rsrs Me fala o q achou tah? Bjsssss teh maisss

Jack, entaum acho q naaaum adorou esse tbm neh? rsrsrsrs... Nd de Thiago e Lily... Ihh com certeza, vai ficar pior. Tonks como Izzie com a Bella em Hogsmeade e os comensais :O No que vai dar? rsrs huahauhauhauhauha olha issooo, brincando de detetive no meio da aula... Olha isso rsrsrsrs... Bom, mas detetive ainda tah bom, eu jah vi ateh truco no meio da aula. rsrsrsrs... (nd de truco na aula, Jack...) rsrsrs Eu to aki :D Desculpa naum aparecer há muuito tempo, eh q eu comecei a fazer Jornalismo... Entaum ainda to meio perdida... Tipo barata no meio da detetização. (o q eh mto triste, pq eu nunca vi uma ficar viva depois de uma detetização O.o) rsrsrs... Mas me fala o q achou tah? Bjsss teh maisss...

Lilly, neeeehh? eh um absurdo, vira personagem principal do seriado e ainda pega toodos os gatos da série! Ô mundo injusto, viu? rsrsrsrs... huahauhauhauha... Claro neh? Primeiro pensar mal de um sonserino. Depois dos outros. rsrsrsrs... Dumbie jah tah pensando no que a Lily disse... Tipo, de repente, qm sabe... começar a recrutar alunos para a Ordem da Fênix... Quem seriam os convocados? rsrsrs... Bom, acho q ela naum voltou antes do por do sol... Mas sem namorado ¬¬' Como serah q ela vai voltar de Hogsmeade? rsrs Acredita q eu acabei gostando mais da Bella q na verdd eh mah do que da Tonks q na verdd eh boa? Eu criei uma Tonks mt tonta :O rsrsrsrs... Epa, td bem, td bem cancele o resgate, eu to viva! rsrs... Desculpa eu sumir, eh q eu comecei a fazer jornalismo agora e ainda to tentando me situar... (o q eu espero q seja logo) rsrsrsrs... Me fala o q achou, tah? Bjssss

Countness, ai q lindo, leitora nova *autora dando pulinho* êÊê!!! Puxa, brigada msm por comentar, fikei super feliz :D E fikei super feliz por saber q gosta da fic tbm :D :D Espero q tenha gostado desse tbm. Vlw por ler e me fala se gostou tah? :D Bjssss teh maissssss

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