Um mundo ideal



Cap. 16_ 


            O café da manhã do dia seguinte foi um evento com muitas pessoas sonolentas, confusas e preocupadas.


             Para começar com a mesa da sonserina, Narcisa Black recebera um berrador. Um berrador! Justo ela, que nunca tinha recebido nem uma bronquinha em toda a vida, estava recebendo um berrador no meio do café da manhã, dos próprios pais, dizendo que se ela ficasse bêbada novamente em alguma festa de Hogwarts, eles iam garantir pessoalmente que fosse proibida até de visitar Hogsmeade.


             Bêbada! Ela? Justo ela, que não gostava nem de bombons com recheio de licor.


             Rubra de vergonha, ela tentou descobrir o que estava acontecendo, verificando com Bella o que ela fizera na festa do dia anterior, já que ela, pessoalmente, não se lembrava de nada estranho.


            Opa, espera. Ela realmente não lembrava de nada.


             Bella não ajudou, respondendo que tinha mais o que fazer, além de cuidar da vida dela. O fato de Lúcius ficar seguindo-a para cima e para baixo, sem acrescentar nada além de “para mim, você estava perfeita, Cissy”, também não estava ajudando.


             E Cissy? Pronto, ainda mais essa.


             Só conseguiu obter alguma indicação de seu comportamento, através do primo, Régulos Black.


             E, sinceramente, preferia não ter obtido.


             Além de evitar insistentemente qualquer contato visual com a menina, ele se esforçou ao máximo para não sorrir/comer/beber leite. Coisas que, ele acabou contando por fim, ela supostamente amava nele e que se empenhara muito em tornar público no dia anterior.


             Ciça ficou congelada por alguns instantes, perdendo toda a cor. Por fim, achou melhor admitir que estava mesmo bêbada. Muito bêbada. Afinal, melhor isso do que admitir que tudo aquilo era verdade.


             Bella estava profundamente irritada. Sírius, do outro lado do salão, a encarava desde o momento em que ela pôs os pés no salão principal com o sorriso mais cretino, mais cínico, mais convencido que ela já vira na vida. E já tentara tudo para apagá-lo. Se enroscara no colo do noivo, dera-lhe comida na boca, beijara-lhe do modo mais doce que pudera... E nada.


             Sírius ainda estava com a mesma cara de idiota.


             Rodolfo não entendia o comportamento extravagante da namorada. Mas nem queria saber. Os quartanistas da corvinal, sentados de frente para eles, estavam quase babando no prato por causa dela.


            Snape estava com um sono danado. Sabia que tinha ido à festa do Slughorn. Sabia que provavelmente tinha acabado tarde. Mas sono assim? Só se ele tivesse passado a semana toda em uma festa. Além disso, tinha uma estranha sensação de que... De que alguma coisa estava diferente. Ele estava mais leve.


             Smith e Preewet receberam, em suas respectivas mesas, avisos idênticos de detenções. Acharam que era engano, amassaram e jogaram fora.


             Sprout e Flitwick quase arrancaram seus rins quando descobriram que eles não tinham ido ao castigo. Mas os dois juravam de pés juntos que não sabiam por que estavam sendo castigados.


             Na mesa da grifinória, todos estranhavam o comportamento alegre e inédito de Sírius Black. Ele disse bom dia aos amigos ao se sentar-se à mesa, levantou-se para pegar mais geléia na outra ponta da mesa para Lily e, em todos os momentos que não tinha nada na boca, lançava um sorriso cordial para a mesa da sonserina.


             Imagine, Sírius Black, sorrindo cordialmente para mesa da sonserina.


             Bom, cordialmente na terra dele. Bella jurava que era um sorriso sarcástico.


             Thiago estava, contrariando a habitualidade, chateado. Normalmente, ele era o mais alegre na mesa da grifinória, o mais cheio de piadas idiotas e o mais apto a fazer os demais rirem. Mas aquela era a primeira manhã em que ele se sentia arrependido por ter feito algo. E ele achando que quando morresse não ia se arrepender de nada na vida...


             Lílian estava aérea. Mirava o céu encantado e nem se deu conta quando Remo cutucou seu braço.


             _Ow, Lily! _ele exclamou, e ela virou-se como se acabasse de se dar conta de que ele estava ali _Tem reunião de monitores hoje à tarde. Estava no quadro, você viu?


             _Não, não vi. _ela respondeu, recompondo-se _Que horas?


             _Três. _ele retrucou, então olhou em volta e trocou olhares curiosos com os outros marotos _Hmm, Lily, tem alguma coisa incomodando você?


             _É. _Sírius acompanhou, pondo mais suco em um copo _Foi o ranhoso de novo? Fala o que ele fez agora, que a gente vai até lá e pendura ele pelo tornozelo em alguma árvore na nevasca.


            _É só que... _ela olhou em volta. Três pares de olhos a encaravam preocupados. Pedro era o único deles que ainda mirava, obstinado, seu prato de comida. Por alguns instantes, ela pensou em responder que não era nada. Realmente isso passou por sua cabeça. Mas enquanto eles a encaravam, ela sentiu algo que ela nunca tinha sentido, de maneira tão forte, por ninguém. Cumplicidade. De repente, aqueles não eram mais somente os Marotos, a equipe baderneira, o pesadelo de seus dias de ronda noturna. Eles eram seus Marotos. Seus amigos. Seus cúmplices, ela sabia, para o que ela precisasse. E bom, ela precisava agora. _Olha, eu descobri uma coisa ontem... _os três chegaram mais perto _No dia em que Thiago me resgatou em Hogsmeade... _Sírius e Remo fizeram cara de desentendidos _Ora, vão enganar a avó! _ela protestou, impaciente _Até parece que ele não contou isso para vocês.


             _Tem razão. _Sírius riu _Mas achamos educado fingir que não.


             _Então, naquele dia, enquanto eu estava escondida, eu ouvi os comensais da morte falando que o Voldemort queria três coisas dentro da escola, e por isso ele recruta alunos daqui... _sem que ninguém percebesse, Pedro ergueu os olhos, mais interessado agora _Eu os ouvi dizendo que eles queriam _e começou a erguer os dedos, enquanto contava _a aluna metamorfomaga, um objeto, e outra pessoa.


             Os três assumiram ar de “Eu tinha certeza”!


             _Tonks! _eles repetiram ao mesmo tempo, e Sírius passou as mãos pelos cabelos, irritado.


             _É... _Lily murmurou, com a testa franzida _Vocês sabiam?


             _Sabíamos. _Thiago foi quem respondeu _Na verdade, nós já imaginávamos que eles iriam querer vir atrás dela.


             _Certo... Mas ontem, graças à brincadeirinha besta de vocês...


             _Não diga besta, Lily... _Sírius retrucou _Parece que nós somos trogloditas.


             _Da brincadeira besta de vocês, _ela repetiu, com um olhar crítico para ele _eu descobri mais uma coisa. Fui conversar com o Severo Snape e ele me disse qual é o objeto.


            Ela fez uma pausa, criando uma expectativa.


             _E é... ? _Remo perguntou impaciente.


             _O chapéu seletor. _ela respondeu com um sorriso triunfante.


             Os três pareceram decepcionados.


            _O chapéu seletor. _Thiago repetiu sem entender _O que eles podem querer com o chapéu seletor?


            _Vai ver, eles vão começar a selecionar os comensais de acordo com ele. Se o chapéu não disser “Sonserina” eles mandam de volta. _Sírius brincou.


             _E a outra pessoa? _Remo perguntou preocupado _Quem é a outra pessoa.


             Lily sacudiu a cabeça, os lábios contraídos. _Ele não sabia.


            Remo afundou na cadeira, apoiando os dois cotovelos na mesa e a cabeça entre as mãos.


            _Você acha que é você. _Thiago constatou, com a mesma expressão que ele. Remo ergueu a cabeça e fez um mínimo sim.


            Por alguns instantes todos ficaram em silêncio, digerindo a informação. Então Sírius explodiu de seu lado:


             _Mas isso é que não! De jeito nenhum! Eles só levam você, Aluado, por cima do meu cadáver!


             _E do meu. _Thiago acrescentou, calmo _Cara, isso não vai acontecer. Não mesmo!


             _Bom, é isso. _Lily completou _Acho que eu devo ir conversar com o profº Dumbledore. Talvez eu deva aproveitar a reunião, para tentar falar com ele.


             _É uma boa. _Sírius respondeu, voltando a comer _Talvez ele resolva que Tonks precisa de mais segurança e coloque um séqüito de trasgos atrás dela. Isso faria com que ela parasse de seguir o Remo. _então ele franziu a testa _Se bem que faz bastante tempo que a gente não tromba com a Tonks nas curvas dos corredores, não é mesmo? Será que ela desencanou de você, Remozinho?


             Mas Remo não respondeu a brincadeira. Ele ainda pensava seriamente no que Lily dissera.


             Thiago também não prestava atenção nisso.


             Talvez fosse só a preocupação que estivesse deixando Lily aérea. Bom, ele acreditaria nisso, se ela não estivesse evitando tão ferreamente olhar para ele.


 ***


             Enquanto caminhava pelo corredor, na direção da sala de Dumbledore, Lily se arrependia enormemente pelo mau humor que apresentara durante a reunião dos monitores.


             Mas, raios, onde é que Dumbledore estava com a cabeça quando nomeou esses monitores novos? Será que eles eram mesmo o melhor que eles tinham?


             Afinal, qual é a dificuldade? Tirar pontos quando fizerem alguma coisa errada. Dá-los quando eles merecerem. Levar aos professores casos muito graves. Responsabilidade. Honestidade. Integridade.


             Fim de papo. Tinha algo mais, além disso, que ela precisaria desenhar para eles?


            Mas talvez ela tenha sido mesmo um tanto rude demais, pensando melhor.


             Deu um suspiro cansado e esfregou a testa com uma das mãos. Estava chateada. Não conseguira dormir durante toda a noite, pensando no que Severo dissera a ela.


             Isso fazia diferença?


             Bom, ela não conseguia decidir.


             Isso, certamente, não mudava e nem apagava o fato de que Snape os escolhera e a desprezara. Quando ela precisara dele, especialmente no começo do ano letivo, com todos aqueles sonserinos ofendendo-a, chamando de sangue ruim, menosprezando o sucesso acadêmico dela só porque ela nascera trouxa, ele simplesmente fingiu que não ouvia. Que não estava acontecendo com a melhor amiga dele. Era com uma estranha, não era com a melhor amiga dele. Uma estranha trouxa.


             Lílian cerrou os punhos, lutando para segurar as lágrimas que aquelas últimas recordações humilhantes ainda traziam. É claro que ela nunca tinha reclamado. É claro que nenhum desses sonserinos ouviram uma ofensa de sua boca, como revanche. É claro que nenhum deles recebeu uma detenção sua como vingança. É claro que nenhum dos professores ouviu uma só reclamação sua.


             Por que ela tinha que ser forte. Ela era monitora-chefe, tinha que dar o exemplo e mostrar para os demais alunos trouxas que eles não deviam se importar com isso. Que tudo o que eles queriam era importuná-los, e eles não iriam conseguir.


             Ela achava que tinha se saído muitíssimo bem, obrigada. Até o limite, quando encontrou com Bella e Snape durante a noite, fora da cama e, por estarem sozinhos, por ter sido pega de surpresa, ela se rendeu. Deixou que eles vissem como aquilo a magoava. Deixou que eles vissem como aquilo a frustrava.


             Lílian parou e olhou pela janela aberta. Um vento congelante atravessava a região das montanhas e agitava seus cabelos ruivos. Lily esfregou as mãos, envoltas em luvas de lã e suspirou novamente. Sua respiração condensou diante de seu rosto.


             Nem naquele dia Snape fora capaz de defendê-la. Naquele dia ela soube que ele escolhera o lado dos comensais não o dela.


             Então ela devia deixar o fato de que ele ia tirá-la de Hogsmeade apagasse todos seus erros anteriores. Quer dizer, ele ia salvar sua vida, mas essa era a obrigação dele! Obrigação de qualquer pessoa decente, pelo amor de Merlin! Ela mesma salvaria a vida de Belatriz Black, se fosse necessário. Thiago Potter salvara a vida do próprio Snape alguns anos atrás. Isso só provava que era um ato instintivo.


             Isso não podia redimir todas as outras coisas que ele tinha feito. Então, porque ela estava se sentindo tão horrível e tão culpada por... Bom, por ter beijado Thiago Potter.


             Quer dizer, ela tinha hostilizado Snape por achar que ele ia matá-la. E no final, ele não ia. Ele ia sacrificar todas as escolhas que ele tinha feito, pelo bem estar dela.


             E ela? Ela o culpou, gritou com ele, e não contente, beijou Thiago Potter, o pior inimigo dele. Sabe-se lá o que Snape tinha sentindo ao ver seus planos serem frustrados por seu rival, por vê-la, tão ingrata, fazendo um julgamento errado, e gritando com ele. Ela se sentia culpada, muito culpada.


             E então, eis que surge a parte dois do pesadelo. Não conseguia mais nem olhar para Thiago. Quer dizer, gostava dele. Realmente gostava. No ano anterior, achava que ia morrer sem proferir essa frase, mas, no fim das contas, ela gostava. Muito.


             Mas, render-se a isso, era confirmar efetivamente que ela não queria nunca mais saber de Severo Snape, que ela encerrara esse capítulo de sua vida. Simplesmente porque Snape não ia querer falar com ela se soubesse que ela estava com o Maroto.


             Mas ir atrás de Severo significava que ela dava uma chance a ele. Significava que ela não estava tirando-o definitivamente de sua vida. Significava que ela não queria Thiago por perto. Simplesmente porque Thiago não ia querer compartilhar um espaço na vida dela com Severo Snape.


             Suspirou novamente. O que diabos ela ia fazer agora?


             _Srta Evans, receio que vá pegar um resfriado. _uma voz suave soou atrás dela e ela virou-se rapidamente.


             _Profº Dumbledore! _ela exclamou surpresa _Eu estava indo ver o senhor.


             _Eu sei. Professora McGonagal me avisou. Eu a estava esperando, mas você não apareceu, então vim verificar se por acaso você não tinha se perdido no caminho. _e, sorrindo, começou a caminhar. Lily apressou-se a acompanhá-lo.


             _Professor, eu preciso contar uma coisa ao senhor... _ela começou muito sem graça. Não sabia como contar aquela história. Iria incriminar Snape, indicando que ele sabia? Iria contar do soro da verdade no pudim? Optou por contar rapidamente apenas os fatos principais, deixando parecer que ela ouvira dos próprios comensais, mas não tinha entendido direito o que era. Somente no dia anterior descobrira que Tonks era metamorfomaga e entendera, lembrando-se das conversas dos comensais, que o objeto era o chapéu seletor. Mas não fazia idéia de quem era a outra pessoa.


            _Isso é muito interessante, srta Evans... _Dumbledore murmurou, coçando a barba pensativamente.


            _Quer dizer, pode ser que a informação não esteja correta. Afinal, o chapéu seletor... _mas Dumbledore a cortou rapidamente.


             _Ah, não, tenho certeza que está corretíssima. O chapéu seletor é um objeto carregado de muita magia. Ele foi encantado pelos quatro fundadores da Hogwarts, os quatro maiores bruxos que já existiram, em minha opinião, então ele carrega muito em si de seus criadores... _e voltou a coçar a barba, começando a murmurar em voz mais baixa, como se para si mesmo _Só não consigo entender... O quê exatamente... _Mas não concluiu a frase, e seus olhos ficaram distantes e pensativos.


             _Hmm... Professor. E a aluna? Nimphadora Tonks?


             _Acho que não é apropriado falar com ela sobre isso, por enquanto. Mas não se preocupe, Srta Evans, vou garantir que meus professores fiquem de olho nela.


            _Eu... _ela olhou para os próprios pés, constrangida _Gostaria de poder de ajudar em algo.


             _Sua ajuda já foi de grande valia, Srta Evans.


             Ela olhou para cima, decidida. _Ajudar mais efetivamente.


             _Lílian, prefiro que meus alunos não se envolvam nesses assuntos. São muito perigosos. _ele olhou-a de esguelha, eliminando toda a formalidade.


             _Professor, desculpe, _ela começou, mais motivada pelo fato de que ele dirigira a conversa para um diálogo informal _mas o senhor sabe que essa geração de estudantes é muito boa. Muito boa mesmo. Alguns de nós são excelentes. _ela ficou séria _Ele está pegando os que ele quer. Sinceramente, acho que o senhor deveria fazer o mesmo.


             _Lílian Evans. _ele repreendeu, sem, no entanto, parecer aborrecido _Não fale de alunos como se fossem mercadorias.


             _Não estou falando, professor, sinto muito se foi isso que pareceu. Mas, a verdade, é que, sabe, ele vai usar muitos de nós. E não vai se importar com isso. Mas tem outra parte de nós, muito grande também que adoraria ajudar o senhor. _ela lançou-lhe um olhar indicativo _Uma parte de nós extremamente preparada para isso. _Dumbledore não respondeu _Eu posso ir agora, professor?


             Dumbledore olhou-a demoradamente, como se a avaliasse, então fez que sim com a cabeça. Lílian murmurou um “com licença” e saiu caminhando para o lado oposto do corredor, deixando Dumbledore pensativo e em dúvida para trás.


 ***


             A semana avançou e o frio também. O próximo jogo da grifinória se aproximava e, por isso, Thiago passava maior parte do tempo livre no campo, treinando. Lily ainda não esquecera o que acontecera no primeiro jogo e imaginava que Thiago estava se empenhando mais ainda para ter um bom desempenho nesse jogo.


             Bobeira dela. Ele estava absolutamente confiante da vitória do time que, como capitão, ele treinara. Eles eram a elite, eram os melhores, eram perfeitos. A não ser que um raio derrubasse cada um dos jogadores da vassoura, eles simplesmente não tinham como perder.


             Remo ficou absolutamente sem ação quando soube, por McGonagal, que seu castigo estava reduzido a apenas uma semana. Insistiu muito para saber o que a fizera mudar de idéia e, ainda que ela dissesse que não era função dela contar, ele acabou conseguindo arrancar a informação.


             E simplesmente não conseguia entender o que tinha feito para merecer um amigo tão excepcional quanto Thiago.


             Ele seria eternamente grato pelo dia em que conhecera os Marotos no trem no primeiro ano. Ainda lembrava-se com riqueza de detalhes dos anos que passara isolado das pessoas, sozinho, sem ter um amigo. Lembrava-se do preconceito, do desprezo. E Thiago, Sírius e Pedro... Bom, eles eram mais do que ele podia desejar, mesmo em seus sonhos. Eles enxergavam a verdadeira pessoa que ele era. Eles eram... Eram os seus marotos.


             Sorriu, imaginando que nunca, em sua vida, ele deixaria de agradecer por aquele dia.


             Acordou muito cedo no sábado, tomando o cuidado de não fazer barulho ao sair da cama, ainda que soubesse que seus amigos tinham um sono muito pesado. Desceu as escadas para o salão e saiu para o corredor, sabendo que teria que encontrar com Hagrid na entrada do castelo.


             Mal reparou em uma pequena aluna que desceu as escadas do dormitório feminino logo depois dele.


             Tonks caminhou até o sofá e ficou de joelhos, olhando pela janela. Levou alguns minutos até Hagrid surgir na base do castelo. Remo caminhava em seu lado, e, ainda que ela não pudesse ver seu rosto de onde estava, achou que seu andar parecia um tanto cansado.


             Viu quando eles caminharam até a cabana de Hagrid e pegaram tesouras de poda, sacos de lixo e pás. Viu quando eles se puseram a caminhar até a orla da floresta proibida.


             Burra, burra! Ela tinha que ter pensado em alguma coisa. Como ela podia ser tão estúpida a ponto de deixá-lo acabar tendo de cumprir detenção por meses? Mais de seis meses! Meses que ele poderia gastar muito melhor estudando para o NIENS.


             Estava com tanta vergonha, que tinha evitado encontra-lo até mesmo como Tonks, apesar de saber que ele não sabia que a culpa era dela.


             E ele culpando a tal da Izzie. Pobre Izzie. Nem existe e Remo a odeia.


             Ficou pensando se deveria adotar outra forma, agora. Mas isso era uma idéia muito besta, claro. Quantas intercambistas ele ia acreditar que cabiam na escola?


             Não, ela tinha que dar um jeito nisso. Tinha que fazê-lo se reconciliar com Izzie.


             Levantou-se, decidida, e saiu batendo os pés pelo tapete vermelho do salão comunal. Atravessou o quadro e saiu marchando pelos corredores do castelo. Durante o caminho, foi deixando gradualmente suas próprias formas para trás e se parecendo cada vez mais com Izzie Swan.


             Ao chegar até a porta, já era uma linda loira de olhos claros e rosto angelical.


             Saiu para o vento forte e abraçou os próprios braços. Céus, estava frio mesmo. Mas o quê? O que ela que ia dizer para ele? Tipo, ah sei lá, eu ia até lá, salvar você, mas escorreguei, bati a cabeça e esqueci o que estava indo fazer.


             ...


             ...


             Ah, claro. Nem ela, que era mais tonta.


             Aproximou-se de onde ele estava trabalhando, ajoelhado em um canteiro de plantas exóticas, arrancando pela raiz ervas daninhas.


             Izzie perdeu o fôlego quando o viu, e quase caiu de costas. Ele estava sujo de terra, com algumas gotas de suor nas têmporas... E sem camisa!


             Mas, mas... Isso era impossível! Estava muito frio! Muito frio mesmo! Ele ia ficar com hipotermia!


             _Remo! _ela exclamou, incapaz de se conter, correndo até ele e pegando sua capa do chão. Ele virou-se surpreso. _Você vai ficar doente, Remo, por favor, vista isso. _ela pediu, em tom de desespero, tentando jogar a capa em seus ombros. Remo riu e levantou-se.


             _Tudo bem, Izzie. Não estou com frio, trabalho braçal esquenta um bocado, sabia? _ele perguntou, passando as costas da mão na testa, livrando-a do suor.


             _Mas... Mas... Mesmo assim, como é que... ?


             Então Remo ergueu uma das mãos e tocou, gentilmente, em sua bochecha. Ela continuava quente. Bem quente, apesar do frio. Ela tinha a mesma temperatura que ela se lembrava, quando a sentira algumas vezes durante os dias em que passaram estudando.


             _Vê? _ele perguntou, com um tom divertido _Meu sangue é quente, normalmente, eu não sinto frio.


             Izzie ergueu os olhos muito lentamente. Ainda estava surpresa demais e entorpecida demais pelo contato. _Mas... Como?


             Remo piscou para ela. _É um segredo. _e, soltou seu rosto, virando-se para voltar ao trabalho.


             Nããão. Tonks fez uma careta. Queria o contado de volta. Queria sentir aquele calor novamente em sua pele. Precisava dele. Sem ele, tudo parecia ainda mais frio a sua volta.


             _Mas, então, o que você está fazendo aqui, em um sábado, a essa hora?


             _Eu ouvi falar qual seria o seu castigo. _ela se abaixou ao seu lado, e sentou sobre as próprias pernas _Eu queria dizer que sinto muito, Remo. Eu não imaginava que McGonagal seria tão rigorosa.


             Remo sacudiu a cabeça, duas vezes, com uma expressão de reprovação, parecendo não se conter, soltou a erva daninha que tentava arrancar e virou-se novamente para ela.


             _A questão não é o castigo, Izabela. _ele respondeu com uma expressão séria _A questão é comprometimento. _Izzie se encolheu, com uma expressão triste _Se uma pessoa precisa de você, se ela depende de você, você não pode deixá-la na mão. _e virou-se novamente para a planta _Mas não precisa se preocupar. Graças a Merlin eu tenho amigos. Sabe, amigos de verdade, que me livraram dessa. Vou pagar detenção só esta semana.


             _Eu... Eu... _ela começou a gaguejar, parecendo prestes a cair no choro. As palavras dele, especialmente as últimas, realmente a feriram _Eu sinto muito, Remo. Sinto muito mesmo. Você nem imagina o quanto. Eu quis ir. Eu juro que eu queria muito ter podido ir... _as lágrimas começaram a rolar por sua bochecha rosada _Mas eu... Eu não podia... Eu não podia ir até lá... Você... _ela soluçou _Você não entenderia...


             Remo virou-se lentamente, com a expressão compadecida. Seu coração estava partido, não devia ter falado assim com ela. _Ora, vamos lá, Zie, não chore. _ele inclinou-se para frete e puxou-a pelos ombros. Ela deixou-se cair em seus braços e ele a apertou com força, pousando o queixo no topo de sua cabeça. Merlin, como ele podia ter feito isso com ela. Agora ele entendia. Tudo fazia sentido. _Tudo bem, Zie, a culpa não é sua. Sou eu que tenho que pedir desculpas. Você é intercambista, certamente não pode se envolver com coisas assim. Se você se envolver em encrencas, eles a mandam de volta, não é? Por isso que você não foi. Eu nunca devia ter lhe pedido algo assim...


             Izzie se afastou, subitamente, espalmando as mãos em seu peito, com os olhos arregalados, vermelhos de choro e as faces coradas. _O quê? O que você disse? _ela perguntou, chocada.


             _Que eu sinto muito. _ele respondeu como se fosse óbvio _Agora que você disse que não pode, eu entendi. Entendi que você estaria colocando seu intercâmbio em risco, eu sou idiota de não ter pensado nisso antes.


             Izzie ficou alguns segundos paralisada em seus braços. Como ele podia ser tão... Tão... Tão injustamente perfeito? Merlin, ela o deixava na mão, ia até lá para implorar por perdão, e ele dizia uma coisa dessas. Ela não merecia.


             Repentinamente começou a chorar mais ainda.


             _Ora, Izzie. _ele abraçou-a novamente _Vamos, já foi. Passou, nem aconteceu o pior, deu tudo certo. Eu nem fui expulso. _e ao lembrar dessa possibilidade ela começou a chorar mais _Olha, pronto, o que me diz? Vamos almoçar juntos hoje? _ele a afastou para ver seu rosto.


             Seu coração palpitou, mas ela se forçou ser racional. Almoçar na forma de Izzie na frente de todo mundo? Hmm, que tal... Não.


             _Eu sinto muito. _ela respondeu ainda fungando _Não posso hoje. _Então, lhe ocorreu a idéia mais fantástica que ela já tivera na vida _Mas vai ter uma visita a Hogsmeade antes do natal, não vai? _ela vira, no dia anterior, o aviso no quadro da sala comunal da grifinória _O que acha de almoçarmos juntos lá?


             _Ótima idéia. _ele sorriu e passou um dedo em seu rosto, limpando algumas lágrimas remanescentes _Pronto, não precisa mais chorar. Mas agora eu preciso trabalhar. Não quero dar motivos para a McGonagal aumentar meu castigo de novo.


             _Tá. _ela sorriu de volta e se levantou _A gente se vê... _e saiu caminhando pelo gramado.


             Feliz. Bem mais feliz do que quando acordara.


             Agora só tinha que descobrir um jeito de ir para Hogsmeade, já que não estava no terceiro ano, ainda.


            Oooops.


 ***


             Thiago não tinha treino e, propositalmente, Lily evitou o salão comunal durante o dia. Pensou na possibilidade de ir para a biblioteca, mas isso era muito previsível. Thiago e Snape sabiam exatamente que vivia entrincheirada lá, e seria muito fácil encontra-la.


            Por isso, ela ia pegar uma pilha de livros que queria ler na biblioteca, subir para seu quarto, trancar-se lá, e só sair na hora que seu estômago pedisse “por favor”.


             Em duas línguas.


            Demorou-se pouco procurando os livros que queria, e se deu conta de que devia ter trazido uma mochila porque eles formavam uma pilha bem grandinha.


             Enfeitiçando-os para ficarem leves, ela amontoou-os nos braços e começou a caminhar, cambaleante, pelos corredores. Venceu com dificuldade, sem olhar por onde andava, o primeiro corredor e o primeiro lance de escadas. Alguns alunos do primeiro ano passaram e riram, e não passou pela cabeça de nenhum deles oferecer ajuda.


             Lily respirou fundo, três vezes, contendo o anseio de gritar com eles. Tinha que parar com isso se quisesse chegar ao fim do inverno carregando o distintivo de monitora chefe nas vestes. Hogwarts não podia ter uma doida estressada como monitora chefe, definitivamente.


             No segundo lance de escadas, uma mecha de seu cabelo soltou-se de seu rabo de cavalo já frouxo e ficou balançando na frente de seu rosto.


             Lily parou. Olhou para cima, de onde a mecha vinha. Bufou. Com um olhar frustrado e contrariado, tentou soprar a mecha para cima, para tirá-la dos olhos. Ela voou para cima, levada pelo sobro, e voltou a cair, delicadamente em seu rosto.


            Bufou novamente. Tentou subir as escadas assim mesmo. Subiu dois degraus. Um livro começou a se desequilibrar no topo da pilha. Desceu um, tentando não derruba-lo.


            Subiu mais dois.


             Desceu mais um.


             Pronto, agora que só ia mesmo chegar amanhã.


             Enquanto pensava nisso, desceu mais dois, os livros começaram a balançar precariamente em seus braços e ela tentou encostar a pilha na parede para estabilizá-la. Conseguiu. Subiu o restante das escadas, virou a direita no corredor e foi então que viu um grupo de quatro pessoas parado no meio do corredor pelo qual ela seguia.


            Lily se curvou, tentando ver através da parede de livros que ela mesma erguera.


             Pedro Pettigrew estava encostado a uma parede, cercado por Lestrange, Malfoy e McNair. Seus olhos se estreitaram, enquanto todos os seus sentidos ficavam alertas. Inclusive o sexto. Se eles piscassem, ela estava pronta.


             Enquanto ela se aproximava lentamente, Pedro virou a cabeça e viu-a. Murmurou algo para os demais, e, subitamente, eles sacaram as varinhas e apontaram para seu rosto.


             Imediatamente, Lily soltou todos os livros no chão.


             _Ei! _ela gritou, avançando a passos firmes para eles _Ei, vocês, _eles se viraram _Monitora-chefe, _ela puxou o distintivo preso na gola da camisa _podem parar agora mesmo com isso!


             Os três de entreolharam, e, relutantemente, baixaram a varinhas. Lily alcançou-os, finalmente, lívida, e dirigiu-se a Pedro.


             _Você está bem? _Pedro fez que sim com a cabeça, ajeitando as próprias vestes como se tivessem sido amarrotadas pelas varinhas. Então ela se virou para os outros _Cinco pontos a menos para a Sonserina. _ela informou em um tom autoritário _Por cabeça. _eles lançaram-lhe olhares furiosos e intimidadores. Lily era quase duas cabeças mais baixa que o maior deles, mas quando ela pôs as duas mãos na cintura, e empinou o peito, isso parecia nem fazer diferença.


             _Fica esperto, Pettigrew. _Malfoy murmurou, antes dos três começarem a se afastar, lançando olhares malignos para trás.


            _Obrigado, Evans... _Pedro murmurou, com uma voz esganiçada, quando os três sumiram na ponta do corredor _Obrigado mesmo, nem sei o que teria acontecido se você não tivesse aparecido.


             _Tudo bem... _ela avançou até os livros espalhados pelo chão e abaixou-se para pega-los. Pedro apressou-se a ajudá-la. Então, ela ergueu os olhos e sorriu para ele _Pode me chamar de Lily. _Pedro ergueu os olhos também _Os outros Marotos já chamam. _ela deu de ombros.


             _Lily, então. _ele sorriu de volta _Escuta, porque você simplesmente não diminuiu os livros, para ficar mais fácil para carregar sabe? _e demonstrou, batendo com sua varinha em um deles e fazendo-o ficar do tamanho de um chaveirinho.


             _Está louco? _Lily puxou o livro de suas mãos, fazendo-o voltar ao normal _Isso estraga o livro. Deteriora as letras, apaga o conteúdo...


             Pedro revirou os olhos. _Uma vez Lily, sempre Lily...


             _Vamos lá, _ela levantou-se, com alguns livros nos braços _Mecha-se e me ajuda a levar tudo isso lá para cima...


             Pedro se levantou com o restante dos livros nos braços. _Com prazer... _e, dando mais um sorriso, acrescentou _Lily.


             Lílian sorriu novamente. E eles completaram o caminho até a porta do quarto de monitora chefe.


 ***


             Durante o jantar, Pedro contou a história para Thiago, Remo e Sírius, mas nenhum deles pareceu dar muita atenção para o conteúdo principal da história, que era ele sendo ameaçado e mal tratado pelos ogros, horríveis da sonserina.


             Sírius parecia um perdido, olhando toda a hora para a mesa da sonserina.


             Remo interrompia a história, insistentemente, para contar detalhes mais específicos da tal da Izzie. Ele perguntara três vezes se já tinha contado que ele ia sair com ela em Hogsmeade. Os amigos trocavam olhares preocupados. Nenhum deles tinha visto a tal da Izzie ainda.


             _Procura, é só, procurar. _ele respondeu entre as garfadas _Ela deve estar na mesa da corvinal, é uma loira, olhos azuis, bonita...


             E eles realmente procuraram. E nada. Remo dizia que talvez ela estivesse sem fome. Eles acreditavam cada vez mais que era alucinação dele.


             E Thiago também não estava prestando atenção no que Pedro queria dizer. Tudo que ele fazia era perguntar no final de cada frase.


             _Sim, Pedro, mas e a Lily, foi aonde?


             Pedro bufou e desistiu, no final das contas.


             _A Lílian já jantou... _uma voz doce surgiu ao lado deles e Alice e Frank sentaram-se um de frente para o outro, do lado dos marotos _Ela desceu quando o jantar estava começando a ser servido e já subiu de novo. _e curvou-se, para pegar um pouco do assado no centro da mesa.


            _O que é que vocês aprontaram com ela agora? _Frank perguntou, pegando a jarra de suco _Sabe, Thiago, o melhor jeito de conquistar uma mulher não é brigando com ela... _ele deu um sorrisinho irônico.


             _Mas eu não fiz nada... _Thiago resmungou _Pela primeira vez na minha vida, eu posso dizer que eu não fiz nada para ela ficar fugindo de mim desse jeito. Ela não foge do Sírius, foge?


             _Bom, então aí está o problema... _Alice comentou, com um tom divertido.


             _... Talvez você deva fazer. _Frank completou por ela, e piscou para ele.


             _Mas... _Thiago ia responder, mas de repente calou-se, uma idéia incrível surgindo em sua mente e um sorriso abrindo-se em seu rosto _Acho que já sei... _e levantou-se da mesa. _Valeu mesmo, casal Longbottom. _ele agradeceu, começando a correr para fora do salão. Era muito habitual os Marotos chamarem Alice e Frank assim, já que eles namoravam desde o terceiro ano da escola.


             Os dois sorriram um para o outro, enquanto Sírius ainda procurava Bella com os olhos e Remo ainda procurava Izzie.


 ***


             Lily estava adormecida, com um travesseiro sobre o rosto e outro embaixo da cabeça. Tinha o sono pesado. Então foi preciso batidas bem fortes em sua janela para fazê-la acordar.


             Ela sentou-se na cama, subitamente reta, achando que estava sonhando. Não podia ter ouvido alguém bater em sua janela. Por que dormia em uma das torres do castelo, que idéia absurda!


             E deitou-se novamente.


             E uma batida mais forte e mais insistente no vidro a fez pular da cama novamente.


             Trôpega de sono, enroscando os pés nos cobertores, ela levantou-se e caminhou pelo quarto até a janela.


             TINHA UM VULTO DIFUSO NA JANELA!!


             Nem passou pela cabeça dela ficar com medo por ser um fantasma. Simplesmente porque ela vivia em Hogwarts há sete anos e estava cheio deles no castelo. Se ela tinha medo de algum, quando entrara lá, já passara dessa faze agora.


             Mas podia ser um comensal!


             Lily, mais desperta agora do que jamais poderia estar, caminhou até o criado mudo e agarrou a varinha. Caminhou de volta a janela, respirou fundo, soltou o trinco e ergueu a varinha, rendendo quem quer que fosse que estivesse do lado de fora.


             _Caramba, Lily!! _Thiago gritou, sentado no parapeito, com uma expressão indignada _Você quer arrancar meu olho?!


             _Thiago?! _ela perguntou chocada, sem acreditar no que via. Ele sorriu, como se fosse absolutamente normal sair por aí, batendo na janela dos outros (Mas era um absurdo se um deles o recebesse com uma varinha no meio da cara). _MAS QUEM É QUE VOCÊ PENSA QUE É?! _ela berrou, se recuperando do susto e dando um tapa em seu braço _O HOMEM ARANHA?!


             _Desculpe, Lily, mas eu não conheço esse cara. _ele falou com uma expressão muito séria, esfregando o braço _Por acaso ele anda visitando seu quarto à noite?


             Lily não respondeu. Apenas encarou-o com uma expressão entediada e esfregou a testa. _Eu posso saber qual é o excelente motivo para você ficar escalando as paredes e me acordando no meio da noite? _ela perguntou, indo até seu guarda roupa e pegando uma capa. Agora que a janela estava aberta, ela estava com bastante frio _Porque é bom que você tenha um motivo, sabe? Se não quiser voltar por onde veio e se espatifar no gramado lá embaixo.


             _Meu motivo é descobrir se você tem um motivo para estar me evitando durante toda a semana. Por que é bom você ter um motivo, sabe. _ele arqueou as sobrancelhas _Se não quiser que eu venha tirar você da cama, todo dia de madrugada.


             Lílian fechou o guarda roupas e virou-se para ele, evitando encontrar seu olhar _Eu tenho um motivo, Thiago, mas não sei se ele é bom. _e, ergueu os olhos.


             Thiago ficou mudo por alguns instantes, esperando que ela tivesse algo mais a dizer. _Bom, então acho que vou ter que voltar amanhã... _ele respondeu, finalmente, erguendo as duas mãos, como se dissesse que não tinha outra opção.


             _Eu... _ela baixou os olhos, novamente _Não, Thiago, não volte. Eu não quero mais que você me procure. _e ergueu os olhos novamente _Não só no meu quarto, em qualquer lugar.


             Thiago ficou mudo, novamente, em choque. Seus olhos estavam inexpressivos e sua face era um misto de desilusão e tristeza. _Entendi o recado, Evans. _ele murmurou, por fim, virando-se para fora e passando as pernas pelo parapeito. Ela arregalou os olhos sem entender o que ele ia fazer _Tudo bem, eu vou embora para sempre, então.


             _Thiago, não pula... _ela chamou alarmada, mas ele não ouviu. Soltando os braços, ele se lançou no vazio abaixo dele _NÃO! _ela gritou, totalmente desesperada, e se lançou novamente pelo quarto em um rompante _VOCÊ NÃO PODIA FAZER ISSO, EU...


             Mas a cabeça dele surgiu novamente, assim que ela alcançou a janela e suas duas mãos seguraram o parapeito, como se ele estivesse se puxando para cima. _O quê? O quê?


             Branca, Lily olhou para baixo, pela janela.


             Ele estava em pé, em sua vassoura de corrida.


             Seu rosto partiu de pálido de susto para rubro de raiva em segundos. _Seu maldito, desgraçado. _ela sibilou, batendo em cada parte de seus braços e ombros que ela conseguia alcançar _Como você pode me assustar desse jeito?


             _Ai, Lily! Pára! _ele reclamou, se encolhendo _Como é que você achou que eu tinha chegado aqui? Pendurado na parede? _então ele fez uma cara de compreensão _Ah, agora eu entendi. Isso que quer dizer homem aranha?


             _Não interessa! _e deu um último tapa _Gastou uma madrugada de sono só para vir até aqui me fazer de palhaça!


             _Claro que não foi só por isso. _ele retrucou, erguendo-se um pouco mais até o parapeito ficar na altura de sua cintura _Eu queria conversar com você, Lily. _ele continuou, em um tom gentil _Eu sei que tem alguma coisa errada, e eu quero ajudar você a resolver, juro que quero. Mas eu só posso ajudar se eu souber o que é.


             _Você não pode. _ela resmungou, ainda ressentida _Acredite, você não pode.


             _O quê? _ele fingiu uma expressão ofendida _Você não confia em mim?


             Lily quase riu com sua cara. Derrotada, ela fez um mínimo sim com a cabeça, comprimindo os lábios.


             _Então, vem. _ele estendeu a mão para ela, pela janela.


             _O quê? _ela perguntou, com os olhos arregalados novamente, como se aquilo fosse a coisa mais absurda que ela já ouvira na vida. _Você quer que eu vá, no meio da noite, voar com você, nisso aí? _Bom, de fato era a coisa mais absurda que ela já ouvira na vida.


             _Confia em mim? _ele perguntou novamente. Dessa vez sua expressão não era nem fingida, nem ofendida. Era absolutamente carinhosa e carregada de expectativa.


              Lily mordeu o lábio, pensativa. E não respondeu. Sentou-se na janela, passou as pernas para o lado de fora, enquanto Thiago sorria exultante e deixou-se cair em seus braços. A vassoura balançou e Thiago deu mais distância entre os pés, para equilibrá-la.


             Lily ainda estava em seus braços, encarando-o como uma criança que acabara de quebrar um vaso de ouro. Thiago ainda sorria para ela. Então, gentilmente, ele ajudou-a a sentar-se, mantendo a vassoura equilibrada. Então se sentou atrás dela, passando os braços por suas costas e por cima de suas pernas, para segurar o cabo da vassoura a sua frente.


             Com um impulso forte, a vassoura saiu do lugar, rasgando os ares com uma velocidade extasiante.


             A única coisa deixada como pista de onde eles tinham ido, foi um grito fininho que Lily soltou, enquanto a vassoura partia e ela se agarrava com força á blusa de Thiago, a caminho de um mundo inteiramente novo.


 ***



Na:
Rá!
Eu amo Alladin. Se algm naum sabia, tem certeza agora, jah q a cena última parte, do Thiago e da Lily eh totalmente aquela do Alladin no balcão com a Jasmine.
S2 Amo! Eu tinha que por uma dessa em algum lugar, rsrsrsrs.... Mas o crédito eh do cara que criou Alladin, (sejah lah ql for o nome dele :P ) Naum queru ser presa por plágio, eu posso viver sem isso, rsrsrs...

Nas2:
Os agradecimentos vaum paraaaa:
Lari, booom, por enquanto as consequencias foram levinhas neh? Maaaaas, serah q agora o nosso querido (e traidor) Pedrinho, não contou para seus amiguinhos comensais sobre o q ele ouviu a Lily falando? Imagina a cara da Bella se ela descobrir que tomou soro da verdada.... O.o .... hehehe... Vai ter consequencias ainda, rsrsrsrs... Elas surgirão rsrsrs... Espero q vc tenha gostado desse tbm... Acho q ele ficou meio morninho pq o diálogo da Lily consigo msma ficou enooorme. Como pode ser tão tagalera q passa tanto tempo falando sozinha, neh? rsrsrsrs Me fala o q achou, tah? Bjsssss

Lilly, Claaaaro q a Lily ia contar para seus queridos Marotos rsrsrs... Qm melhor para ajudar neh? (Bom, Dumbledore, mas soh talvez rsrsrs) Hehehehehe, essa Bella ainda vai dar umas endoidadas. rsrsrsrs Eu vou colocar bastante coisas ligadas com a Bella real... Criar um caminho pra como a Bella chegou até Belatriz Lestrange, a assassina de Sírius Black, rsrsrsrs, vc viuuuu? Eu sei q na história nunca teve isso, mas coitado do Régulos! Ele merece um romance tbm! Nem q seja com uma priminha mais nova e puxa saco rsrsrsrsrs Opaa, claaaro, a Lily vai dar um jeitinho de grudar na Tonks q nem chiclete rsrsrs... Soh espero q ela seja discreta, neh? rsrsrs... Espero q tenha gostado do caps... Me fala o q achou, tah? Bjsssss

Jack, pq naum me contou o sonhooo?? Eu podia roubá-lo e por na fic! hehehehehe, a plagiadora, neh? rsrsrsrsrsrs Puts, eu sabia q eu tinha tirado de algum lugar, e eu naum lembrava de onde... Achei q tinha sido da Brooke, (One Tree Hill) tbm.. hauhauhauha... Pra vc ver, meu cérebro jah tah taum cheio q eu vou tirando coisas de dentro e nem sei de onde vieram hauhauhauhauha... Mas jah lembrei dessa cena, eh moh bonitinho a Izzie falando q acredita q ela vai se salvar. Eu tbm acredito no mundo O.o rsrsrsrsrsrs Jack, genteeem, como pode, essa Lexie cata todos :O Ela bejou o Karev, beijo o George, beijou o Sloan... Como pode? Não vai sobrar ngm pra miiim!! rsrsrsrs Huahauhauhauha... Verdd, eu tbm acho q ela devia engravidar a Mer... naum tem nd de anormal em uma mulher grávida, ql o problema? O.o rsrs Oooohhh, Jack, vc quer ser famosa tbm? :> rsrsrsrs... Neh, aí oh, qndo pensou q ele tinha pulado pela janela, bem q ela ficou desesperadinha neh? rsrsrs Booom, naum sei se vc vai gostar mais desse, pq a Lily ainda tah dando uma de doida neh? rsrsrs... Complicações para Bella e Sírius, ainda vai ter mais... rsrsrs Espero q naum tenha dormido em nenhuma aula, hein? ^^ Bjsss Teh maissssss

Lori, huahauhuaa, fico feliz por vc ter rido... Eu to tentando fazer uma comediazinha, mas acho que ainda naum achei o caminho... To na estrada certa entaum? rsrsrsrsrs Aaaahh, brigada Lori, de verdd... Pelo elogio e por estar acompanhando a fic tbm ^^ Espero q tenha gostado desse... Deixa sua opinião, tah? Bjssss Teh maissss


Nas3:
Hmmm, acho q foi td, falta alguma coisa?
Ah, sim...
COMENTEM!!!!!!!!!!

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