Pequenos furtos



Cap. 06_

             Mas Lílian devia achar que ele era mesmo muito idiota. Tinha acabado de ver como funcionava a porcaria do mapa, e tinha ido atrás do Seboso do Snape, achando de verdade que ele não ia descobrir. 


            Mas era mesmo muito cabeça oca.


             Thiago estava tão irritado, que nem se dera conta de que estava com as roupas da enfermaria. Quando percebeu isso, já estava na metade do castelo e não tinha a mínima vontade de voltar e se trocar. Paciência. Se alguém não quisesse ver as partes do corpo que ficavam descobertas com aquela roupinha ridícula, então que não olhasse. E se olhasse, também, ele achava que teriam bons sonhos durante a noite.


             Saiu do castelo batendo as portas. Olhou para o mapa do maroto novamente, enquanto atravessava o gramado. Lílian acabara de entrar na floresta proibida, sozinha. Mas que ruivinha mais estúpida. Ela nunca estivera lá antes. O que esperava encontrar? Rosas silvestres e crisântemos? Centauros educados e receptivos? 


            Thiago bufou de frustração e apertou o passo. 


            E ela dizia que era inteligente. 


***
            Voldemort parecia estar, ao contrário do habitual, com pressa. Parecia considerar um grande feito ter marcado um encontro com seus primeiros comensais da morte tão perto de Hogwarts. Não queria abusar da oportunidade e correr o risco de seus pupilos serem expulsos do castelo.


             Tinha ainda muitos alunos ali que ele queria. 


            Snape. Black. Lupin. Crouch. Rockwood. Esses eram apenas alguns nomes que figuravam em sua seleta lista de jovens promissores. Alguns tinham uma audácia que ele valorizava mais do que tudo. Outros a fidelidade que lhe garantiria o topo. Alguns uma inteligência que ele necessitaria no futuro. 


            Ah, sim, ele ainda tinha muitos planos para seus pequenos comensais. Não podia tirá-los da escola agora.


            _Você parece ser uma pessoa muito inteligente, Belatriz. _ele murmurou de um modo propositalmente suave, enquanto a circundava e a media com os olhos _Uma garota que sabe ver oportunidades. E as pega. _ele completou com ímpeto _As pega, quando tem a chance, e não as deixa escapar, porque sabe que é isso que vai levá-la até o topo. 


            Bella encarava o chão. _Sou. Senhor. _ela murmurou, timidamente. 


            _É por isso que eu escolhi você, Belatriz. Por isso eu a trouxe aqui hoje. Porque eu tenho uma oportunidade. Uma tarefa para você. _ele coçou o queixo e finalmente parou de andar _Se cumpri-la, você será uma das poucas pessoas que têm a honra de dizer que fazem parte da minha equipe. Da elite bruxa. 


            Bella ergueu os olhos. _Cumprirei. _ela respondeu ansiosa _Me empenharei ao máximo para cumprir. 


            _Eu quero sua sobrinha. _Voldemort completou com os olhos brilhando de excitação. 


            _Como? _ela perguntou, confusa.


             Voldemort recomeçou a andar. _Recebi no começo do ano informações de que este ano Hogwarts tem uma aluna metamorfamaga. _ele dizia de um modo pensativo e sonhador _Fiquei, como você deve imaginar, muito interessado nisso, é claro. Uma aliada metamorfamaga é muito útil. Muito conveniente mesmo. Imagine, uma pessoa que pode mudar de forma quantas vezes quiser. Assumir a forma de... Qualquer pessoa. Por tempo indeterminado. Sem precisar de uma poção para isso. _ele virou-se novamente para ela _Eu precisava daquela garota. Então, Lestrange descobriu que ela é sua sobrinha. Sobrinha de uma das nossas mais brilhantes recrutadas. Não é conveniente? _ele sorriu, mas não deixou que ela respondesse _A princípio, achamos que você teria dificuldades em se aproximar dela. Ela está na Grifinória. Sua mãe fugiu para casar-se com um trouxa e ela perdeu contato com a família Black, não é assim? _ele voltou a caminhar _Mas você provou que não tem problemas em se relacionar com desertores da família Black, não é mesmo? _Bella enrubesceu, entendendo o que ele queria dizer _Mesmo sendo da Grifinória. _Parou e encarou-a novamente _É só isso que você precisa fazer. Aproximar-se da sua sobrinha e traze-la para nós. _seus olhos brilharam novamente.


             Belatriz ficou muda e pensativa durante alguns segundos. Tonks. Então era isso. Era Tonks quem eles queriam. Tonks. Sua jovem sobrinha inocente. E era isso? Eles queriam que ela enganasse uma garotinha? Uma garotinha ingênua e crédula? Uma novata, que se sentia desajustada e isolada? Caramba, eles queriam que ela enganasse sua própria sobrinha! Sua própria sobrinha, jovem e sozinha! 


            Mas que. Fácil! 


***


             Se a floresta não fosse tão extensa, todos os alunos que estavam vagando sem autorização por entre as árvores teriam ficado surpresos. Severo, por exemplo, tinha ficado muitíssimo aborrecido com o fato de que Belatriz fora chamada à presença do Lorde e ele não. Achara tão injusto, que decidira ir ele mesmo a procura deles. Achava que, no mínimo, no mínimo, teria conseguido ouvir algum plano interessante. Com um pouco de sorte, ele poderia até ajudar na conclusão do plano. E seria prestigiado com honras que Bella nem imaginaria. 


            Mas não estava tendo muita sorte com isso. Perdera a dupla de vista logo na entrada da floresta e não conseguira mais encontra-los desde então. No entanto, sequer passava pela sua cabeça que, além dele, Sírius Black tivera a mesma idéia. 


            Bem, não com o mesmo intuito, certamente. Vira quando Bella e Rodolfo se desvencilharam da multidão, mas não imaginou o porquê. Quando Thiago disse o que vira, no entanto, ele associou as duas coisas, e imediatamente fora procurá-la. Ela não podia achar que ia se encontrar com um bruxo das trevas no meio da escola e sair impune. Ah, não ia mesmo. Não sabia o que ela pretendia, mas ia tirá-la dali, rapidinho, rapidinho.


             Não lhe ocorria, também, que a floresta estava infestada de outros alunos, como Pedro Petigrew e Lily Evans, que vagavam em círculos, feito ratos perdidos e Remo Lupin, que procurava desesperadamente por Alvo Dumbledore.


             Somente Thiago Potter tinha consciência da quantidade de gente ali, naquele momento, ainda que não entendesse o que Sírius e Pedro estavam fazendo ali. Não imaginava também, aliás, como todos eles sairiam dali, já que os centauros do castelo não deviam estar nada, nada animados com a súbita invasão. 


            Remo foi o primeiro a atingir seu objetivo. Não sabia se tinha encontrado Dumbledore ou se Dumbledore o tinha encontrado, mas gostava de acreditar na primeira e pensar que era muito, muito inteligente.


             Dumbledore despachou Remo de volta, assim que terminou de ouvir tudo o que ele sabia. Remo nunca o vira daquela forma antes. Uma aura prateada pareceu emanar dele, enquanto ele estalava de fúria. Viu quando ele projetou uma fênix prateada de sua varinha, que desapareceu rapidamente entre as árvores em busca dos outros professores. Em seguida, o professor também sumiu, deixando-o frustrado. Quem disse que ele queria voltar?


             Voldemort pareceu sentir o perigo se aproximando. Era como se pudesse sentir o cheiro de Dumbledore pelo ar. Mas já conseguira o que queria. Belatriz Black era perfeita. Dirigiu-lhe um último sorriso vitorioso, antes de desaparecer no ar com um rodopio de sua capa. Imediatamente, todos ao redor viraram-se para a massa de árvores. Os mais experientes começaram a se movimentar rapidamente. Bella virou-se interrogativa para Rodolfo.


             _Sinto muito, Bella. _ele murmurou erguendo a varinha _Tenho que fazer isso.


             E estuporou-a.


             Severo não teve a mesma sorte de Remo. Não encontrara Bella, tampouco Voldemort. E enquanto se desvencilhava de um arbusto carregado de espinhos, deu de cara com um grupo nada contente de centauros.


             Girou os olhos e cruzou os braços, entendendo imediatamente que aquilo significava encrenca.


             Sírius Black não foi tão azarado, mas podia ter se dado melhor. Não se deparara com um grupo nervoso de arqueiros velozes, mas fora bem próximo disso. Foi encontrado pelo grande e maciço Rúbeo Hagrid. Suspirou aliviado quando se deu conta de que era ele, e cumprimentou-o animado, pensando que poderia continuar sua busca tranquilamente. No entanto, Hagrid levantou-o com um dos braços e carregou-o a força de volta ao castelo, enquanto ele berrava que eles eram amigos, e ele não podia fazer isso com ele, e Hagrid respondia, ainda mais irritado, que era exatamente por ser seu amigo que o levava de volta. Onde já se viu? Entrar sozinho na floresta, com um invasor a solta. Mas era muito imprudente mesmo.


             Remo acabou encontrando Pedro. Tencionava perguntar o que ele estava fazendo ali, mas foram interrompidos por um ultrajado prof. º Flitwick. Não sabia como eles tinham chegado ali. Mas exigia que eles voltassem já, já para o castelo. Mas era o que faltava. Ele faria questão de entregá-los, pessoalmente ao diretor. Enquanto todos os professores tentavam manter os alunos salvos, eles se punham voluntariamente em perigo. Que audácia.


             Thiago conseguiu encontrar Lily com muita facilidade. Além de ter o mapa do maroto, a garota não dificultava muito, andando sempre ao redor das mesmas cinco árvores. Quando a encontrou, ela estava parada, coçando a cabeça e olhando em dúvida para um carvalho. Não tinha muita certeza, mas desconfiava que já tinha passado por ali.


             _Mas é uma desequilibrada, viu! _Thiago exclamou. Caminhando com passos rápidos até ela.


             _Thiago! _ela exclamou surpresa _O que está fazendo aqui? 


            _Não sabia que tem centauros aqui? Aranhas gigantes? _ele perguntou agarrando-a pelo pulso e começando a puxá-la para saída _Vamos logo embora daqui, antes que...


             _Thiago! _ela exclamou novamente, quando ele ficou de costas para ela e puxou de volta o braço que ele segurava _Você está nu! _a ruiva corou violentamente e cobriu os olhos com uma das mãos.


             _Ora, Lílian! _ele foi novamente até ela e puxou seu braço novamente _São nádegas! Até parece que você nunca viu nádegas antes.


             Lílian ainda estava violentamente vermelha e sem graça quando descobriu os olhos e puxou o braço mais uma vez, se soltando. _Bom, Potter, para seu azar _ela puxou o distintivo da blusa _eu sou monitora chefe. Então, você acaba de perder dez pontos para a Grifinória por atentado ao pudor e...


             _Santo Merlin, como fala abobrinhas. _ele resmungou impaciente, e puxou seu braço mais uma vez _Vamos embora, logo. Você não sabe o tamanho da encrenca em que vamos nos meter se formos pegos. _e olhou o mapa. Instantaneamente, parou de caminhar e Lily parou atrás dele.


             _Que falta de respeito, Potter! Estou dizendo, quando voltarmos, vou fazer questão de que pegue uma detenção e...


             _Shhh! _Thiago fez e apontou o mapa _Slughorn está por aqui.


             _Professor Slughorn? _ela repetiu verificando o mapa _Oh, graças ao Merlin. _ela exclamou, com uma expressão aliviada e se pôs a gritar: _Professor Slughorn! Professor Slughorn, estamos aqui!


              _Mas o que está fazendo? _ele sibilou, lívido, puxando seu braço para baixo.


             _Ah, não, tudo bem. _ela respondeu com um sorriso tranqüilo _Slughorn me adora.


             _Mas a mim não! _ele rosnou para ela, com uma expressão muito aborrecida. No segundo seguinte, Horácio Slughorn surgia atrás deles com sua barriga excessivamente saliente.


             _Quem está aí? _ele perguntou erguendo a varinha e se aproximando. Então viu quem era _Potter! Você está nu! _ele berrou, com os olhos arregalados. Thiago virou-se frustrado para ele, segurando a parte de trás da roupa para mantê-la fechada, e deu um suspiro derrotado. _Mas, Lily, Lily, meu Lírio preferido. O que está fazendo no meio da floresta com... Ele. _e fez uma careta para Thiago, puxando Lily pelo braço e escondendo-a atrás do corpo largo, como se fosse protegê-la do maroto.


             _Snape está na floresta, professor. Eu vim atrás dele. _ela respondeu apressada –Precisamos acha-lo.


             _Vocês vão direto para o castelo, com certeza. _e começou a puxar Lily pelo mesmo caminho que eles estavam fazendo antes. Thiago, desanimado, ia a reboque.


             _Não, professor, espere. O senhor está indo para o lado errado. _ela se debateu, tentando chamar atenção.


             _Com certeza, não. Sei muito bem o caminho do castelo, Lily, querida. Não precisa se preocupar. Você não está mais perdida.


             E por mais que ela gritasse que não queria voltar ao castelo e que não estava perdida, estava procurando Snape, ele arrastou-a de volta até o saguão de entrada.


             Thiago morreu de rir da cara dela.


 ***    


            Dumbledore nunca vira, em todo seu tempo como diretor de Hogwarts, uma turma tão grande de alunos envolvida na mesma encrenca. Thiago, Lílian, Sírius, Remo, Pedro, Severo, Rodolfo, Lucius e Belatriz estavam sentados em duas fileiras diante da mesa do diretor. Dumbledore os fitava por cima de seus óculos meia lua, enquanto tentava compreender o que tinha acontecido.


             Severo Snape fora levado até o castelo por um centauro muito aborrecido e com promessas de que não devolveria mais nenhum aluno que entrasse na floresta sem permissão. Ele próprio tinha encontrado Belatriz Black, Rodolfo Lestrange e Lucius Malfoy na floresta. Bella e Rodolfo estavam estuporados. Lucius parecia recém saído de um feitiço Imperius. O restante foi trazido pelos professores que faziam buscas na floresta.


             E quando perguntava o que cada um estava fazendo ali, não chegava a lugar algum.


             _Eu estava procurando pela Evans. _Thiago respondeu, tranqüilo, quando perguntado.


             _Estava atrás do Snape. _Lílian retrucou olhando, sem graça, para os próprios pés.


             _Estava atrás da Belatriz. _Severo se esquivou rapidamente.


             _Estava atrás do meu noivo. _a morena respondeu desinteressada.


            _Estava atrás do Lucius. _ele respondeu também muito sem interesse.


             _Acho que sofri uma maldição Imperius... _Lucius respondia vagamente.


             Dumbledore deu um suspiro cansado. Não podia provar o contrário.


             _Estava procurando o Sírius... _Pedro respondeu quando Dumbledore virou-se para a segunda parte o grupo.


             _Estava procurando o Remo... _Sírius justificou com a maior cara de pau do mundo. Thiago inclinou-se na cadeira para olhá-lo. Sabia que Sírius tinha entrado na floresta antes de Remo.


             _Bom, eu estava atrás do senhor. _Remo respondeu, confiante. Estava ali a única coisa que, para ele, fazia sentido.


             Com mais um suspiro cansado, Dumbledore dispensou os alunos. Houve um momentâneo tumulto na porta enquanto os alunos tentavam sair ao mesmo tempo, contentes por terem escapado sem punições e apressados, para fugir da possibilidade do professor mudar de idéia.


            Minerva, que aguardara do lado de fora enquanto o diretor conversava com eles, entrou assim que o último tênis cruzou a soleira da porta. Dumbledore ergueu os olhos para ela, mas não disse nada.


             _Chegou a alguma conclusão? _ela perguntou, sentando-se a sua frente.


             _A muitas, e a nenhuma, minha cara. _ele respondeu tranquilamente, tirando os óculos e limpando-o nas vestes _Na verdade, minha única certeza, no momento, é que tem algo muito errado e muito perigoso acontecendo aqui.


             _Acha que algum deles está envolvido no incidente? Ou todos eles? _ela perguntou nervosa.


             _Suponho que sim. _ele respondeu e recolocou os óculos _Talvez apenas Lucius, talvez os três que estavam na cena do crime. Talvez todos eles. _ele deu de ombros _Mas eu não apostaria minhas fichas em Potter, Black e Lupin. Eles não são calculistas assim. Se quisessem se aliar ao lado das trevas, seria impulsivamente. Nem teriam voltado para a escola. Mas, _ele levantou-se e olhou pela janela _Não sou diretor para supor coisas, mas sim para ter certeza. Não posso expulsar nenhum deles, por algo que não posso provar. No entanto, _e virou-se novamente para ela _vamos manter todos eles sob nossa vigilância. Não quero expor meus alunos a nenhum risco.


            Minerva assentiu com a cabeça e saiu, deixando Dumbledore sozinho com suas suposições.


 ***


            _E pensar que essa confusão toda começou só por causa de um pedido para eu perder o jogo... _Thiago bagunçou os cabelos de um modo despreocupado. 


            _Pelo amor de Merlin, Thiago. _Sírius que vinha logo atrás dele, exclamou _Segure a porcaria da camisola, ou então ponha as calças. Eu podia ter vivido muito bem, o resto da vida, sem ter visto certas coisas. _e ultrapassou-o. Remo e Pedro riram. 


            _Potter. _uma voz feminina chamou e Thiago virou-se. Lílian veio correndo pelo corredor, Thiago parou para esperá-la e Sírius, Pedro e Remo o deixaram para trás _Eu... _ela parou por alguns segundos escolhendo as palavras. Thiago fez um gesto com as mãos, incitando-a a continuar _Eu sinto muito por ter lhe pedido para perder o jogo. _ela falou de uma vez só _E sinto muito por ter desejado que você caísse da vassoura. _ela riu nervosa _Nunca pensei que você fosse cair mesmo. 


            _Tudo bem. _ele bagunçou o cabelo mais uma vez. Aquilo a irritava. Lílian ficou parada, sorrindo, como se esperasse que ele dissesse alguma coisa. Como não disse, seu sorriso se dissipou e ela fez o mesmo gesto que ele _O quê? _ele perguntou, sem entender o que ela queria. 


            _Você me enganou. Fingiu que estava morto. _ela acusou com um olhar zangado _Não vai dizer que sente muito?


             _Não. _ele retrucou como se a idéia fosse absurda _Eu não sinto. _e sorriu _Eu adorei isso. Acho que vou fazer de novo no próximo jogo.


             Os ombros de Lílian caíram por um segundo, como se ela não acreditasse. _Thiago, as pessoas estão rindo de mim! _ela exclamou, apontando dramaticamente para si mesma _Eu estou sendo apontada pelos corredores como a idiota que acreditou que Thiago Potter tinha pulado da vassoura. Eu chorei na frente de todo mundo, seu retardado! _e deu um tapa em seu braço. Mas, vendo que ele não ia mesmo se desculpar, ela sacudiu a cabeça, decepcionada e saiu batendo os pés pelo corredor.


            _Lily. _ele chamou, correndo atrás dela _Lily, espera. _ela não parou. Thiago alcançou-a puxou-a pelo braço _Caramba, Lily, espera aí. _ela fechou a cara para ele e ele deu um suspiro cansado _Eu posso explicar porque eu fiz isso.


             Lílian ergueu as sobrancelhas. _É convincente? 


            _É melhor. _ele sorriu _É a verdade. 


            Lílian cruzou os braços, indicando que estava ouvindo. 


            _Lily, toda vez que eu aprontava alguma coisa, durante seis anos, _ele encostou-se a parede e escorregou até o chão _você brigava comigo. Você já gritou, me xingou, me tirou pontos, me pôs em detenção. Mas você nunca nem perguntou se eu estava bem. _Lílian franziu os olhos e descruzou os braços _É verdade, Lily, você não gostava de mim, eu sei, mas, quando você veio, desesperada pelo campo, e se jogou do meu lado e _ele encarou a parede a frente _... E começou a cuidar de mim, eu gostei. Gostei disso. Eu quis que a sensação durasse mais _ele concluiu e olhou para cima _Pode me culpar por isso? 


            Lílian tentou sustentar a expressão zangada, mas não conseguiu. Deu um suspiro cansado, abaixou-se ao lado dele e abraçou-o, delicadamente. 


            _Eu mereço isso? _ele perguntou, encarando seus cabelos em dúvida, enquanto ela recostava a cabeça em seu ombro e ele envolvia sua cintura. 


            _Não, mas acho que eu estou devendo. _ela murmurou de volta.


            Severo passou pelo corredor no momento. Seus olhos flamejaram de raiva. 


*** 


            Frisbees dentados. Penas de auto correção. Filibusteiros. Bombas de bosta. Não havia um único item ilegal na torre da Grifinória que Lily já não tivesse confiscado. Exceto, é claro, o Mapa do Maroto, que agora repousava serenamente no fundo do malão de Thiago Potter. 


            Muitos estudantes da escola, se soubessem disso, diriam que era protecionismo, frustrados com o destino de seus próprios objetos proibidos, que agora jaziam esquecidos na sala de Argo Filch, e incentivados pelo fato de que ela, de fato, passava uma boa parte de seu tempo em companhia de Remo Lupin e Thiago Potter.


            Mas, por mais que não se orgulhasse disso, Lílian sabia por que não tinha entregado o mapa diretamente nas mãos de Minerva. Thiago tinha razão quando dissera que ela era uma só, e não podia acompanhar todos os passos de Severo Snape. 


            Mas o mapa podia.


            Lily sentia-se péssima. Cada vez que pensava no que estava prestes a fazer, seu estômago embrulhava. Estava com vergonha de si mesma. Nunca, nunca em toda sua vida, pensara que algum dia iria roubar algo. 


            Roubar, credo. Só a idéia em si já perturbava.


            Mas quando ela pensava que poderia evitar que Snape saísse do castelo. Que se encontrasse com pessoas perigosas. Que andasse com companhias indesejadas. 


            Ela só conseguia pensar que valia a vergonha. 


            Além disso, sua consciência também não esquecia de lhe perturbar com o fato de que ela estava traindo seus próprios amigos. Agora que tinha se dado a oportunidade de conhecer Remo Lupin, não conseguia entender como não tinha se tornado sua amiga antes. 


            Provavelmente, estava cega com o fato de que ele era um Maroto. Marotos, em seu dicionário, significava irresponsabilidade, encrenca e arrogância.


             Mas Remo era uma pessoa muito simples. Ele procurava sempre olhar o lado bom nas pessoas, ao invés de procurar seus defeitos. Estava sempre disposto a oferecer ajuda a quem fosse. E a aceita-la, se precisasse dela. Não tinha medo de admitir que não era perfeito. Além disso, Remo era a pessoa mais responsável que ela já conhecera. Ela ficava admirada, vendo que, mesmo com todos os problemas que tinha, ele não deixava seus deveres de monitor para trás e não negligenciava nenhuma das matérias que estudava. 


            E ele estudava exaustivamente. Quando o assunto era estudo, ele chegava a superar a ruiva, e esse era o fator que mais os unia. Agora que o via como ele realmente era (uma pessoa sincera e esforçada) Lílian parecia achar muito mais divertido estudar em sua companhia do que sozinha. 


            Thiago não se importou. Pelo contrário. Ficou satisfeito com o fato de que agora, sempre que ele estivesse em seus treinos de quadribol, ele ao menos saberia com quem ela estava. E ele confiava cegamente nesse alguém.


            Infelizmente, o mesmo não se podia dizer de Severo Snape e Nimphadora Tonks. Ele estava absolutamente desgostoso. Um lobisomem? Como, exatamente como, ela podia preferir a companhia de um lobisomem a sua? 


            E Tonks estava morta de ciúme. Não se podia dizer que Remo estava negligenciando sua pupila. Ele não se esquecera do intuito de transformar a pequena grifinória em monitora chefe. Não desfizera, ainda, a sensação de que ela era uma criança assustada e solitária que precisava de ajuda para encontrar seu rumo. 


            Não, de jeito nenhum. Ele passava a mesma quantidade de tempo estudando com a garota. Mas ele tivera a precipitada idéia de que Lily poderia ajudá-la. 


            E passou a levá-la com ele. 


            Tonks parecia não entender porque ele precisava passar tanto tempo com ela. E passou a apresentar um humor negro que nenhum dos dois entendia. Os dois podiam não entender o que estava acontecendo com ela, mas para a garota fazia todo o sentido do mundo.


             Merlin, ela estava roubando Remo bem debaixo de seu nariz! 


            E assim os dias corriam, enquanto Lily martirizava-se, ao mesmo tempo em que procurava uma brecha. Uma oportunidade para se apoderar do mapa. 


            Em sua defesa, podia-se dizer que ela pensara em pedi-lo emprestado. Mas imaginou a reação dos donos quando o fizesse. Sírius iria rir da cara dela. Remo faria de conta que não sabia do que ela estava falando. Pedro cairia de joelhos e imploraria para que ela não os denunciasse. E Thiago, bom... Ela podia imaginar a voz de Thiago dizendo: 


            _Para seguir o Seboso? _e ele riria _Rá, jamais!


             O que a faria acertar um tapa bem no meio da expressão prepotente dele e os deixaria sem se falar por uma ou duas semanas. 


            E ela não queria isso. 


            Então, a solução estava ali, bem sob suas vistas: Roubar. 


            Mas ela ia roubar de Marotos. Então ela precisava calcular tudo muito, muito bem. 


            A chance surgiu antes que ela pudesse se preparar para ela. Sírius, Remo e Thiago estavam em detenção pela briga no lado no primeiro jogo de quadribol. Devido aos eventos que se seguira a atenção de McGonagal e dos demais professores acabou se desviando para o problema mais grave.


            Mas para a profunda tristeza dos três marotos, Minerva podia ter retardado o castigo, mas não o esquecido.


             _Merlin, eu estava tentando separar vocês! _Remo protestou, lendo incrédulo o pedaço de pergaminho que Minerva mandara um aluno do terceiro ano entregar a ele no salão comunal. _Algum de vocês lembrou de dizer isso a ela? 


            Sírius deu de ombros, displicente. _Não me pareceu um detalhe importante. _e então se virou para Thiago _E aí, o que acha que vai ser desta vez? Polir troféus? Separar tripas? Tirar gomas de baba-bola de debaixo das carteiras? 


            _Vamos aparar a grama. _Thiago respondeu lendo seu próprio pedaço de papel, deitado em um dos sofás estofados sob a janela _Ouvi Filch dizendo a ela que lhe parecia uma boa idéia. _amassou o papel e atirou-o na lareira _Têm idéia do tamanho do gramado desta escola? Têm idéia no frio que está fazendo lá fora? _ele perguntou revoltado _E eu nem sei usar um aparador. 


            _Bom, devia ter cursado Estudo dos trouxas, então. _Lílian lembrou-lhe, sem desviar os olhos da redação que estava fazendo. Remo bufou frustrado. 


            _Sabem o quanto eu poderia estudar, durante o tempo que vou gastar lá fora? _ele passou as mãos pelo cabelo.


            _Ah, relaxem, todos vocês. _Pedro resmungou, mordendo um bolinho que trouxera do salão principal _É claro que não vão fazer vocês apararem o gramado inteiro, sem magia. É impossível. 


            _Bom, você diz isso porque não vai ser você. _Sírius arqueou as sobrancelhas _E era de se esperar que você fosse ficar um pouco menos neurótico com seus estudos, Remo. 


            _Não sei por quê. _ele retrucou, ainda irritado demais para ser educado. 


            _Bom, por que agora você tem o gênio da magia, Lily Evans, para lhe ajudar a enfrentar seu probleminha peludo. _Thiago respondeu por ele. 


            _Pare de dizer isso. _Remo resmungou, mas sorriu _Vão achar que eu tenho rabo, ou coisa assim.


             _Bom, _Pedro respondeu _você tem.


             _Não na minha forma humana. _ele fez uma careta para o amigo _Além disso, os NIENS estão as nossas portas, eu estaria estudando mesmo que não tivesse um _e fez um sinal de aspas com as mãos _probleminha peludo.


             _Remo tem razão. _Lílian entrou subitamente na conversa _Vocês deviam seguir o exemplo dele. _Por trás dela, Sírius fez uma imitação cruel, mas exata, da garota falando, fazendo Pedro rir, mas ela não viu.


             E foi assim que, no dia seguinte, Sírius, Remo e Thiago saíram cedo do seu dormitório, deixando Pedro dormindo a sono alto em sua cama.


             Lílian estava alojada em uma poltrona, no salão comunal, quando eles saíram. Sabia que não teria outra chance como aquela. Então se levantou, olhando ressabiada para os lados e, quando constatou que estava completamente sozinha, subiu as escadas para o dormitório masculino do sétimo ano.


             Ficou absolutamente espantada com a bagunça que reinava ali. As cinco camas de dossel estavam desarrumadas e os malões abertos aos seus pés revelavam todas as roupas de cada um deles, que Lílian poderia ter muito bem vivido sem ver.


             Caminhou silenciosamente até o meio do quarto e fez um feitiço muito útil que aprendera com Snape, chamado Abaffiato, e que fazia com que as pessoas a quem se destinava o feitiço não pudessem ouvir nada por alguns minutos.


             E esse era todo o tempo que ela precisava.


             Rapidamente localizou a cama de Potter, porque seu uniforme vermelho do time estava jogado sem muito cuidado por cima das demais roupas sujas. Lily torceu para que o Mapa estivesse guardado com ele, já que poderia muito bem estar em qualquer um dos outros malões.


             Curvou-se e começou a jogar para fora todas as roupas que encontrava. Não achou que Thiago perceberia a diferença se ela jogasse tudo de volta depois. Por fim, encontrou-o, enrolado no meio de uma capa de chuva velha e azulada.


             Imediatamente, começou a jogar tudo para dentro de novo, tomando o cuidado de deixar as peças que estavam jogadas para fora nos mesmos lugares. Depois de arrumar tudo, levantou-se, exultante. Não conseguia acreditar na própria sorte. Fora tudo simplesmente fácil demais.


             _Mas o que está fazendo? _uma voz ressoou as suas costas. Lílian congelou, os olhos muito arregalados e pálida. E então se virou lentamente. 


            Frank Longbottom, o companheiro de classe e quinto ocupante do quarto, estava parado, no meio do tapete de roupas jogadas, encarando-a com um ar suspeito e acusador.


             O abaffiato podia fazer com que Pedro e eles não acordassem com o seu barulho. Mas não podia impedir que eles acordassem sozinhos. E também não podia impedir que eles a vissem abaixada, mexendo nas coisas de um de seus colegas de quarto. Mas como ela iria imaginar que algum deles iria acordar por vontade sozinho, em um sábado de manhã?


            _Eu... Eu sinto muito. _ela murmurou, envergonhada e perdida _Eu... Eu realmente preciso muito de algo que ele tem. _ela explicou desconexa, incapaz, como sempre, de contar uma mentira, o que não tinha muita importância, já que Frank não podia entender uma palavra do que ela dizia, graças ao feitiço _Eu só vou pegar emprestado, juro que devolvo quando não precisar mais dele. _ela completou com um tom urgente, que servia também para acalmar a si mesma.


             No entanto, tudo que Frank podia fazer era continuar a encará-la com uma expressão confusa, sem entender porque não estava ouvindo o que ela dizia.


             Com um olhar angustiado e um último “me desculpe”, Lily lançou-se para a porta do quarto e desceu as escadas feito um tufão.


             Pronto. Tudo o que ela precisava na vida:


             O Mapa do Maroto.


             Uma testemunha ocular de que ela o tinha roubado.


             A decepção de Remo, que pensaria que ela só se aproximara dele para ter mais acesso ao mapa.


             E a iminente vingança dos Marotos.


 


***


 


 Nassssss
Lilly, iupiiii, você está aki tbm!!!!! Não sabe como eu me sinto feliz. Eu já tinha chegado a conclusão q a fic tava taum ruim que ngm ia mais aparecer para ler, soh a Jack, pq ela eh mto legal comigo e tava com doh da fic. hauhauauha... Por uns minutos eu ateh achei q a Jack q tinha pedido pra vc vir aki, soh pra tipo me animar (Rá eu sou neurótica, bem Tarso msm rsrsrsrs), mas aí eu t reconheciii!!!! Das quatro faces e face oculta!!!! ÊÊê, pulei um tantaum assim de feliz... rsrsrsrsrs... Sério q tem um filme chamado "O cubo"? Puxa.... Me copiaram O.o rsrsrsrsrs.... Brincadera, mas como o filme eh? Me fala o nome da sua fic, pra eu dar uma passadinha lah... Eu fui no seu usuário mas naum achei....Hmmmm, naum vou contar onde essa aki acaba, mas eu jah pensei no fim tbm hehehehe.... Fico feliz por vc estar gostando, apesar do shipper. Me fala o q achou desse aki tbm :D Bjsssss

Jack, agora q eu sei qm eh Tarso, estou me achando mto parecida com ele rsrsrsrs... Ah, eu vivo no mundo da lua msm. Maaaas, eu to sabendo q o Michael Jackson morreu O.o Bom, se eu naum soubesse disso, aí sim todo mundo podia dizer q eu vivo em uma bolha... Jack, Jack!!! Olha, mais leitoras!! êêêê rsrsrsrs. Bom, naum precisa se preocupar, H/G está fora de cogitação... ... E R/H ou D/H pode? rsrsrsrsrsrs Aaaahh naum... Mas se ele desistir da Lily agora, não tem história :( rsrsrsrs Aaaahh, vc naum eh mais a única lendo, mas tem um lugar super único no meu coração viu? (ai, como eu to poética rsrsrsrs) Bjssssss, teh logooo

Lori, bem vinda, prometo não demorar se vc prometer vir me ver mais vezes :D :D (barganha eh a alma do negócio, gentem) rsrsrsrs... Fico mto feliz por vc ter gostado. Fike a vontade para opinar, sugerir, reclamar, apedrejar, rsrsrsrs. Me fala o q achou do cap, tah? Bjsssss


Bom, gente, vcs viram como eh fácil me deixar de bom humor, neh? Soh comentar.... EEEEEEE! rsrsrsrs
Sugestõs são bem vindas
Opiniões são bem vindas
Pedradas tbm são, apesar de doer >.>
Me digam o q acharam d cap siiiiiim?
Bjsssss
teh a próximaa

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