I'm (not) alone.



You gotta keep on keeping on.
Você tem que continuar seguindo em frente
I'm outta Time - Oasis.

Eu acordei no dia seguinte do pior dia da minha vida sem entender como eu havia ido dormir. Estava em um quarto com decoração toda verde, e com um emblema de serpente. Havia alguém deitado no chão, ao lado da cama onde eu estava dormindo.
Eu estava meio dopada, demorei a cair na real que devia ser porque eles me deram uma poção do sono para eu conseguir dormir. Eu não queria dormir com medo de sonhar com minha mãe. Ou minha avó. Ou Comensais matando-as. Por isso eles me deram a poção, afinal eu precisava dormir, eu estava cansada.
Resolvi não me levantar e começar a pensar em como seria minha vida. Minha nova vida.
Fato era que minha antiga vida era boa demais para eu querer que fosse substituída. Como se eu tivesse escolha...
Se eu fosse morar naquela casa, com meu pai, talvez devesse ocorrer algumas mudanças. Antes de tudo, aquele quarto horrível não ia ser meu de jeito nenhum. E ninguém ia ter o direito de mandar em mim. Já que eu estava sozinha, sozinha iria ficar. Será que eles iriam me forçar a ir para Hogwarts? Eu havia insistido tanto parar ir para lá, agora que isso é provável de acontecer eu me pergunto se quero deixar minha vida trouxa de lado. Eu tinha amigos, e ia a uma escola legal, tirava boas notas e ainda... Eu, finalmente, estava quase namorando.
Certo isso é mentira. Nós nos beijamos uma vez, mas mesmo assim, agora eu realmente nunca ia saber o que nós poderíamos ser.
Eu sempre tive a mania de quando tudo estivesse indo errado, eu reclamava da menor coisinha possível. Eu nunca entendi o por que...
O corpo deitado no chão se moveu, acordando. Eu não sei por que, mas fechei meus olhos instantaneamente. Eu fazia isso quando era mais nova, e eu já estava acordada quando minha mãe vinha me chamar. Talvez fizesse isso para não estragar a graça da pessoa me acordar...
- Louise? – A voz da pessoa me chamou e eu logo a reconheci: Era a voz de Sirius. – Acorde...
Eu abri meus olhos calmamente.
- Bom dia. – eu disse com a minha voz mais rouca que o normal.
- Eu te disse que você podia dormir, que nada ia acontecer com você. Agora você confia em mim? – ele perguntou.
Eu balancei a cabeça afirmativamente.
- Agora vamos, você precisa conhecer formalmente as pessoas dessa casa. –Ele me disse.
- Eu posso... Trocar de roupa, escovar meus dentes... Fazer essas coisas que eu faço quando acordo? – Eu perguntei, afinal meu pijama de estrelinhas, meu cabelo bagunçado e meu provável hálito matinal não iam ser receptivos.
- Claro, eu vou te mostrar o banheiro. – Ele disse se levantando.
Eu peguei minha mochila e ele me levou até o banheiro.
- Quando terminar, eu vou estar lá embaixo ok? – Ele me disse sorrindo.
- Sim. – Eu tentei até sorrir, mas parecia errado.
Entrei no banheiro, joguei uma água no rosto, penteei meus cabelos, escovei os dentes e troquei meu pijama por uma calça jeans, uma camiseta branca e meu all star preto.
Coloquei minha mochila no quarto que eu havia dormido e resolvi descer as escadas ao encontro de Sirius e de todas as pessoas que eu “precisava” conhecer.
Ao avistar a sala, vi seis pessoas, que deviam ter mais ou menos a minha idade. Eram quatro ruivos, três meninos e uma menina, Harry e uma menina de cabelos enrolados. Eles estavam conversando algo que eu não pude entender.
Eu descia as escadas silenciosamente, para não interromper o assunto deles, mas quando uma criatura pequena passou por mim correndo e gritando insultos todos pararam de falar e se viraram para mim, todos assustados. Aquela criaturinha quase havia me derrubado escada a baixo. Eu estava segurando no corrimão, para que não acontecesse o óbvio: eu caísse escadas a baixo. Eu continuei quieta e estática, parada no terceiro degrau da escada. Eu estava esperando algo que não sabia o que era. Todos eles ainda me olhavam, como se esperassem que eu falasse algo. Após me colocar em uma posição respeitável (eu estava ridícula apoiada no corrimão para que não rolasse pelos degraus) e levantei minha mão, como se estivesse acenando para alguém.
Narrando assim parece ridículo, não é? Pois foi.
- Ahm, essa é Louise. – Harry disse. – Louise, esses são Ron, Fred, George, Gina e Hermione.
- Olá! – Todos eles disseram de forma efusiva.
Eu sorri falsamente: era muito cedo para sorrisos.
- Oi. – Eu tentei ser educada e simpática.
- Sente-se conosco. – Hermione disse.
Eu desci as escadas e me sentei na primeira cadeira que vi. Ela ficava longe dos outros e ela era a única que não tinha espaço para ninguém ao meu lado.
- Então... Quantos anos você tem? – Fred (ou George) me perguntou.
- Fiz quinze há alguns dias. – Eu disse. – Qual é você?
- George. – Ele me respondeu sorrindo.
- Como eu diferencio vocês? – Perguntei.
- Eu sou o mais bonito. – Um dos dois disse.
Eu estava confusa o suficiente para apoiar minha cabeça em minhas mãos e esperar tudo passar.
E começou tudo de novo. Todas as imagens, minha avó implorando para que matasse apenas ela, o olhar fixo das duas após a morte. Depois dos flashes, não me lembro mais de nada.
Tudo ficou escuro e ouvi uma voz me dizendo que eu não poderia fugir. Depois disso, um embaralhado de gritos de piedade e finalmente uma voz conhecida: Sirius Black me pedindo para acordar.
- Louise, acorde meu bem.
Eu abri meus olhos com dificuldade e a luz do lugar me fez piscar diversas vezes até que as manchas se transformassem em faces e as faces em pessoas conhecidas.
- O que aconteceu? – Perguntei.
- Você desmaiou. – Sirius disse.
- Vocês gritaram ou... Algo do gênero? Eu ouvi gritos. – Eu disse me apoiando nele para me levantar.
- Não, nenhum grito. – Remus disse. – Você ouviu algum grito?
- Muitos.- Respondi. – E uma voz ameaçadora me dizendo que eu não posso fugir.
- Eles sabem dela. – Sirius disse. – Não é seguro, ela não vai, ela fica aqui.
- Sirius Black... – Uma voz calma e serena disse. – Ela precisa ir.
Virei-me para ver de onde vinha a voz, e era de um senhor magro e com uma barba longa e branca.
- Não param de aparecer pessoas novas aqui não? - Eu disse sem perceber. Ás vezes eu pensava algo e acabava falando.
- Olá Louise. – O velho falou. – Sou Albus Dumbledore...
- Certo, o cara de Hogwarts. – Eu disse. – Li sobre você.
- Que bom. – O velho continuou.
- Mas ela não vai. – Sirius disse. – Eu não posso ir em público, não posso ficar por perto para protegê-la. Aqui ela está segura.
- Eu não estou segura em lugar nenhum. – Eu disse. – Eles vão me procurar. Enquanto eu não existo no mundo bruxo fica mais fácil para eles. Nenhum registro, nenhuma mudança. Se eu morrer, se eles conseguirem me matar, ninguém dará por minha falta e será mais difícil para vocês provarem. E eles me acharam aqui. Ele consegue ver alguns de meus sonhos. Ele consegue me localizar. E ele vai fazer isso. Não será seguro para você. – Eu apontei para Sirius.
- Mas... Como? – Harry perguntou.
- Muito confuso para você. – Eu disse. – Você não entenderia. É muito complexo para quem não é habituado a sonhar com...
- Voldemort? – Harry me interrompeu.
- Não subestime o rapaz Louise. – Dumbledore me disse.
- Eu não estou. – Respondi.- Você nunca me viu subestimar alguém.
- O que vamos fazer com Louise então? – Remus perguntou.
- Eu já disse, ela fica. – Sirius disse.
- Alguém vai se importar em perguntar a pessoa em questão, no caso eu, o que ela quer? – Eu disse. – Eu vou.
- Não! – Sirius gritou.
- Ei! – Eu disse. – Eu tenho que ir. Ficar perto de você talvez não seja seguro para nenhum de nós. E sinceramente... Não compensa. Elas morreram e agora você é a única pessoa que eu tenho. – Minha voz falhou nessa hora.
- Se eu continuar aqui a chance deles me acharem e de te acharem é bem maior. Muito estrago, muito dano. E eu tenho que entender. Porque eles a tiraram de mim, porque eles querem me matar.
- Nós podemos descobrir isso. – Sirius disse. – Sem você correr qualquer risco.
- Sinceramente, é muito fofo você querer me convencer, mas é inútil. – Eu disse. – Eu tenho que ir.
- Você é teimosa que nem sua mãe. – Ele me disse.
Eu ri.
- Ela me dizia que a teimosia eu havia puxado do meu pai. – Falei.
Todos riram.
- Você seria teimosa o suficiente, independente de quem você puxasse. – Remus disse.
Eu resolvi me sentar por ainda me sentir zonza. Fiquei olhando para as paredes e pensando no que ainda me restava. Ao olhar para o calendário nas mãos da menina ruiva que eu não lembrava o nome eu me recordei.
- Meu padrinho chega hoje de viagem. – Disse em voz alta como se dissesse para minha mãe.
Eu estava ansiosa para sua volta, pois ele traria sua filha, Sabrina, para morar com ele. Sabrina era a coisinha mais fofa que eu podia imaginar. E eu sentia falta dele. Meu padrinho era o melhor (e único) amigo da minha mãe, e ele me dava bons presentes e me ensinava muitas coisas importantes.
- Seu padrinho? – Sirius perguntou.
- É. – Respondi. – Ele foi buscar a filha dele para morar com ele. A mãe dela é um pouco maluca...
- Só por curiosidade, não que eu tenha achado ruim de sua mãe ter recorrido a mim, mas porque ela não falou com o seu padrinho? – Remus perguntou.
- Primeiro que ele não estava aqui, mas nada que pó de flú não resolva, eu sei. Segundo que ele provavelmente não saberia onde encontrar Sirius, eu acho... – Eu disse. – E se soubesse, não o faria.
Nesse exato momento a porta da casa se abriu e, sem mais nem menos, a penúltima pessoa que eu esperava que entrasse por ela fez exatamente isso. Meu padrinho, melhor amigo da minha mãe, Severo Snape entra na casa de meu pai, Sirius Black, seu inimigo declarado, segurando Sabrina nos braços.
- Tio Severo? – Eu disse correndo em direção ao meu padrinho e o abraçando.
- Louise! – Ele me disse me abraçando. – Eu fui até sua casa e...
- Eu sei... – Eu (re-)comecei a chorar. – Ela se foi.
- Como você veio parar aqui? – Ele me perguntou me soltando do abraço.
- Remus me trouxe. – Eu disse. – Minha mãe o procurou e... Eu não achei que ela fosse morrer...
- Ninguém achou isso. – Severo me disse.
Sabrina estendeu os braços para mim.
- Oi Sabrina! – Eu disse a pegando no colo.
- Não chora, tá bem? – Ela me pediu e eu obedeci.
Eu, sempre tão teimosa obedeci a uma criança de dois anos.
- Pronto. Parei de chorar. – Eu disse. – Você quer brincar comigo? Seu papai precisa cuidar de coisas de adultos bem chatas agora.
- Onde a gente tá? – Sabrina me perguntou.
- Nós estamos na casa do meu papai, Sabrina. – Eu disse sorrindo para Sirius.
Ele sorriu de volta, satisfeito com a minha escolha de palavras.
Eu sabia que, embora tivesse Severo, eu tinha todo e qualquer direito de conhecer e ter meu pai por perto. Mesmo porque, meu padrinho não iria responder algumas perguntas que eu insistiria em fazer. Sirius e Remus pareciam mais maleáveis com a minha curiosidade. E sinceramente? Eu estava tão sozinha e perdida que qualquer apoio que eu tivesse ia me ajudar.
Meu maior medo sempre foi estar ou até mesmo me sentir sozinha.
Fiquei brincando com Sabrina enquanto Sirius e Severo conversavam sobre mim.
E claro, com várias pessoas me olhando como se eu fosse algo assustador. Eu entendia que todos eles estavam assustados com o que estava acontecendo comigo, mas eu, obviamente estava mais.
A grande diferença é que eu não demonstrava. Eu odiava demonstrar medo, isso sempre foi sinal de fraqueza.
Quando Sabrina já estava cansada de brincar, ela se ajeitou no meu colo da forma mais confortável que sua cabecinha infantil conseguiu imaginar e fechou os olhos.
Eu resolvi coloca-la no quarto que havia dormido, já que Severo e Sirius ainda conversavam (ou gritavam, use a palavra que preferir).
Sentei e fiquei observando-a. Ela estava segura, eu estava lá. Eu sentia falta de me sentir segura assim.
Eu já não me sentia segura, independente de quem me olhasse ou abraçasse. Eu estava me sentindo o completo e total oposto de segura. E eu precisava fazer algo a respeito disso, já que viver dessa forma era inaceitável para mim.
Já que eu não tinha minha mãe para me proteger e me fazer sentir segura, eu iria me fazer sentir segura. Porque eu era forte o suficiente para me proteger.
Pelo menos era isso que minha mãe sempre me dizia e nisso que eu precisava acreditar.
Alguém bateu na porta do quarto e eu fui abri-la. Era Severo.
- Ela está dormindo. – Eu disse.
- Tudo bem. – Ele me respondeu. – Nós precisamos conversar.
Sai do quarto e fechei a porta com delicadeza.
- Diga. – Eu falei.
- Você prefere ficar aqui ou ir comigo? – Ele me perguntou.
- Eu fico.
- Louise, talvez seja melhor você ir comigo... – Severo tentou me convencer.
- Eu preciso ficar. – Respondi. – Não preciso te dizer meus motivos, acho que você já sabe...
- Você quer conhece-lo. – Ele me disse.
- Sim, ele é meu pai no final das contas...
- Ele vai te decepcionar, Louise. – Meu padrinho me disse.
- Ele não vai ser o primeiro cara nem o último. – Eu disse. – Eu lido bem com o fracasso, aprendi com a minha mãe.
Severo sorriu um sorriso triste.
- E, mate minha curiosidade... Porque é que você está aqui? – Eu perguntei.
- É, eu preciso te contar algumas coisas sobre isso também. – Ele me disse. – Nós fazemos parte da Ordem da Fênix, que é uma organização contra Voldemort e seus Comensais.
- “Nós” quem? – Eu perguntei.
- Todos os adultos que estão nessa casa. – Ele me respondeu.
- Eu sou adulta. – Eu disse. – Eu quero participar.
- Não comece Louise... – Severo me disse. – Você não é adulta!
- Eu vou pedir para meu pai. – Eu disse descendo as escadas. – Ele é meu guardião legal mesmo...
- Louise, não invente moda! – Severo disse descendo em seguida. – Pare com isso...
Sirius estava sentado no sofá conversando com um senhor ruivo.
- Ahm, eu posso conversar com você? – Eu perguntei forçando um sorriso.
- Sim, claro. – Ele disse se levantando.
Severo chegou logo em seguida.
- Nem pense em falar para ela que ela vai fazer parte da Ordem. – Ele disse. – Não é possível que você vai ser irresponsável com sua própria filha.
- Você realmente acha que eu vou dizer sim a essa loucura? – Sirius perguntou.
- Eu sou uma adulta e eu tenho muitas responsabilidades e acho que a Ordem da Fênix é uma responsabilidade que vai me acrescentar muito. – Eu disse me posicionando.
- Você falou igual a sua mãe. – Eles disseram em uníssono.
- Conviver com ela me fez aprender a lutar pelos meus direitos desde que eu tenha argumentos bons. – Eu disse. – Esse é um bom argumento.
- De fato que é Louise, mas ele não me convence. Se formos colocar no papel, terá mais contras que prós você na Ordem. Nem sempre saber tudo é a melhor coisa. – Sirius disse.
- Conhecimento é necessário. – Respondi.
- Sim. – Severo disse. – Mas na hora certa querida.
Fiquei em silencia e um pouco emburrada.
- Vou buscar Sabrina. Creio que você já está indo. – Eu disse para Severo.
- Sim, busque-a por favor. – Meu padrinho respondeu.
Subi as escadas e fui para o quarto onde havia deixado Sabrina. Ela ainda dormia, cansada de tanto brincar comigo. Peguei-a no colo com o maior cuidado que tinha para não acorda-la.
Desci as escadas, entreguei-a para Severo. Dei um beijo na testa de Sabrina e Severo me deu um beijo na testa.
- Não adianta fazer bico. É para o seu bem. – Meu padrinho me disse, tentando me convencer.
Claro que isso não ia adiantar e que eu ia dar um jeito, vence-los pelo cansaço ou algo parecido. Eu precisava me vingar da morte da minha mãe e da minha avó e seria bem mais fácil fazer isso tendo acesso aos arquivos dessa tal Ordem.
Senti-me aliviada, pelo menos meu desejo de vingança me faria companhia. Desse jeito não me sentiria tão sozinha.
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Muito obrigada pelos comentários! Espero que continuem gostando da fic, e comentando na fic!
Quantos mais comentários, mais rápido eu posto!
Beijos queridos leitores!

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