Where did it all go wrong.



But I hope you know, that it won't let go.
It sticks around with you until the day you die

Mas eu espero que você saiba, que não vai embora.
Isso te segue até o dia de sua morte.

• Where did it all go wrong? - Oasis


Era uma vez... Eu: Uma garota bruxa de quinze anos que morava com sua mãe em um apartamento minúsculo em Londres e diferente de todas as garotas bruxas de 15 anos, ela não ia para Hogwarts.
Eu não estudava em Hogwarts porque minha mãe era muito medrosa. Segundo ela, o passado dela e de meu pai poderia colocar minha vida em risco. Eu tive de concordar, afinal, eu era uma criança de 10 anos e discutir com a minha mãe seria inútil. Então eu fingia ser uma menina normal, ia para a escola do meu bairro e aprendia as coisas que todas as outras crianças trouxas aprendiam. Daí, quando chegava em casa, minha mãe me ensinava Poções, Oclumência, Transfiguração, História da Magia e, meu preferido: Defesa Contra Artes das Trevas.
Eu vivia feliz assim. A vida de trouxa era legal e poder usar magia de vez em quando também me divertia e facilitava a vida. Eu tinha até minha própria moto! Não era comum uma menina de 15 anos ter sua própria moto, mesmo porque todos dizem que dirigir uma moto (principalmente na velocidade que eu dirijo) é perigoso. Mas como eu não podia ter uma vassoura e voar, como a maioria das bruxas, mamãe me permitiu ter uma moto. Era engraçado como minha mãe era tão despreocupada com certas coisas e tão paranóica com outras. Um dia ela viu um cachorro preto na rua e surtou. Enfiamos-nos dentro de um táxi e fomos correndo para a casa de minha avó. Só voltamos no outro dia.
Eu sinto falta dela. Ás vezes eu acho que ela vai abrir a porta trazendo comida chinesa e nós vamos comer assistindo a reprise de F.R.I.E.N.D.S. e rir, juntas. Minha mãe era minha melhor amiga. Nós conversávamos de tudo. Tudo bem, quase tudo. A única coisa que permanecia em segredo era quem era meu pai. Ela só havia me dito que ele era um cara que era odiado por várias pessoas e que deveríamos ficar longe dele para que não acontecesse nada comigo.
Mas aconteceu com ela. Aparentemente tentar me proteger do passado dela era fácil, mas protegê-la de Voldemort e seus Comensais não.
Eu tive um pesadelo com eles entrando em casa e matando-a. Eu a avisei. Ela me levou para a casa de um amigo dela, chamado Lupin.
Lupin foi bem legal comigo, me perguntou do que eu gostava. Eu respondi instantaneamente:
- Da minha moto. De correr com ela pela cidade. De correr com ela quando eu e minha mãe vamos para a casa de campo da minha avó. E de livros. – Eu disse. Eu precisava conversar, era horrível para eu ficar calada por muito tempo. – Eu acho que ia gostar muito de voar, jogar quadribol, sei lá. Mas como isso nunca pode acontecer eu me contentei em correr com a minha moto e com meus livros.
- Sua mãe te disse para dizer isso? – ele perguntou sorrindo e deslumbrado, mas com uma ponta de suspeita.
- Minha mãe não me diz para dizer nada, ela sabe que é bem pouco provável que eu vá obedecer. E se ela me dissesse para te dizer algo provavelmente seria “Eu gosto de coelhos fofinhos e cor de rosa”. – Respondi.
- É verdade. – Ele respondeu sorrindo. – Diga-me Louise... O que você sabe sobre seu pai?
- Que ele era um cara com muitos inimigos e que é melhor para minha mãe e eu ficarmos longe dele. – Eu disse sem hesitar. – E algumas coisas que minha avó dizia, creio que sem importância para você.
- Certo. Ela está certa, em partes... – Ele disse. – Você sabe por que sua mãe te trouxe aqui?
- Eu tenho uma vaga idéia. – Eu disse.
- Qual?
- Ela me trouxe aqui para que eu não corresse perigo. Eles não sabem que eu existo, eles estão atrás dela. Se eu estivesse lá eu iria morrer. Por isso ela me trouxe aqui. – Eu disse séria.
Ele se assustou com o fato de eu estar calma. Muito calma. Calma o suficiente para parecer absurdo o fato de eu estar lidando bem com a situação.
- Não fique achando que eu estou bem com esse fato. Eu disse para minha avó cuidar da minha mãe e ela me prometeu que ela não voltaria para casa até convencer minha mãe de ir com ela. – Eu disse.
- Oh, explicado o porquê de você não estar surtando. – Lupin disse.
- Nós só temos que esperar até que minha avó ou minha mãe venham me buscar. Quando estiver a salvo elas virão. – Eu disse. – Eu vou para o meu quarto agora. Eu estou um pouco cansada, hoje eu tive Educação física na escola. Boa noite.
- Boa noite Louise. – Lupin disse.
Eu me levantei e caminhei até o quarto em que eu iria dormir. Vesti meu pijama azul marinho com estrelas brancas e me deitei na cama.

Eu acordei gritando. Ela estava morta, eu sabia, eu vi. Ela e minha avó.
Remus veio correndo até meu quarto, provavelmente havia acordado com o meu grito.
- Alguma coisa aconteceu? – Ele disse entrando no quarto já com a varinha na mão.
- Elas... Elas estão mortas. – eu disse deixando as lágrimas caírem. – Eles estão vindo.
- Eles? Os Comensais? – Remus me perguntou.
- É. – Eu disse. – Eles sabem onde eu estou, eles retiraram isso da memória de minha mãe. Nós não temos muito tempo.
- Então vamos. – ele me disse.
- De pijamas? – Eu perguntei.
- E temos escolha? – Ele disse pegando minha mochila.
Eu calcei meu all star preto e peguei minha jaqueta de couro, vestindo-a por cima do meu pijama (ridículo) de estrelinhas.
Íamos saindo do apartamento de Remus ele foi logo chamando um táxi.
- Hey! – Chamei por ele que segurava minha mochila. – Nós vamos de moto.
Eu montei na minha moto.
Remus montou logo em seguida, colocando o capacete que eu lhe havia entregado.
- Tem certeza que isso é seguro? – Ele me perguntou.
- É seguramente rápido para tirar a gente daqui antes que comensais da morte cheguem para me matar e te matem também. – Eu disse acelerando a moto. – Para onde nós estamos indo?!-Eu tive de gritar para que ele me ouvisse.
- Pode continuar nessa rua, eu te falo quando for para virar. – Ele gritou.
“Sim senhor”, eu pensei.
- Vire aqui! – Ele ordenou.
Eu virei.
- Á direita! – Ele disse novamente e eu o obedeci. – Agora pare.
Eu freei. Remus desceu da moto mais branco do que já era. Eu, tirei o capacete com facilidade, bem diferente do meu mais novo protetor. Eu tentei rir, mas quando estamos tentando salvar a própria vida após de sonhar com a morte da própria mãe e avó, é difícil sorrir.
- Onde estamos? – Eu perguntei.
- Bem, Louise... – Ele disse sério. – Estamos na casa de um amigo meu. Na verdade na porta da casa dele.
- Certo, cadê a porta e vamos entrar. – Eu disse. – Eu estou com um pijama ridículo na rua. Eu tenho amigos que moram por perto e é suicídio social fazer o que eu estou fazendo.
- Vamos entrar então. – Ele disse.
De repente surgiu uma casa entre as duas que eu havia suposto que era do amigo de Remus.
- Uou. – Eu disse deslumbrada. – Isso é mágica. Eu achava que... Uau!
Remus sorriu.
- Você não viu nem metade. – Remus disse me fazendo entrar na casa.
Era uma casa velha, muito velha. Estava até um pouco suja e bem escura. Fui procurar onde ascender às luzes quando algo pulou em cima de mim e eu gritei.
As luzes se ascenderam e um garoto de olhos verdes e cabelo preto bagunçado estava me segurando no chão.
- Ei, maluco, o que é que você pensa que está fazendo? – Eu perguntei tentando tira-lo de cima de mim. – Eu sou visita.
- Harry, saia de cima da Louise. – Remus disse me ajudando a levantar.
- Eu estava na cozinha e ouvi a porta se abrindo, quando vi que não era ninguém que eu conhecia e que estava sem varinha... – O tal Harry tentava se explicar. – Desculpe.
- Só não faz isso de novo. – Eu disse nervosa. – Ele é seu amigo? O dono da casa?
- Harry é filho de dois grandes amigos meus. – Remus disse.
- Então a casa é dos pais dele? – Eu perguntei.
- Não. – Harry respondeu. – Essa é a casa do meu padrinho. Meus pais estão mortos.
- Oh, - Eu disse. – Nós deveríamos montar um clube.
Então um cara com cabelos maiores e tão escuros quantos os meus desceu as escadas. Berrando.
- O que é que está acontecendo aqui? – Ele gritou nervoso.
- Oi! Eu sou a visita! Não pule em cima de mim por favor! – Eu disse com medo de que ele pulasse em cima de mim como o Harry fez. Ele era grande o bastante para me machucar.
- Quem é ela Remus? – O cara perguntou.
- Harry, faça companhia para ela ok? Preciso falar com o Sirius. – Lupin disse.
- Sirius? – Eu perguntei. Aquele nome trazia muitas lembranças, embora minha avó estivesse falado muito pouco sobre ele, e de forma nada concreta. – Você é Sirius Black?
- Quem é ela Remus? – Sirius perguntou assustado.
Remus ficou em silêncio e me olhou.
- Você sabe sobre ele? – Remus perguntou. – Sua mãe te contou?
- Eu ouvi minha avó brigando com minha mãe uma vez. “Sirius Black tem que saber que a Louise existe, ele pode cuidar dela, ela é responsabilidade dele também” – Eu disse deixando todos assustados. – É isso? É verdade? Eu sou sua responsabilidade?
- Sua mãe? – Sirius perguntou. – Você é minha filha?
- Bem, foi o que me falaram... – Respondi. – Mas elas não me contavam muita coisa.
- Você sabia sobre isso? – Sirius perguntou a Remus. – Quem é a mãe dela?
- Fiquei sabendo hoje quando Camilla Holmes apareceu na minha casa e deixou Louise lá. – Remus disse. – Ela me fez jurar que não falaria com você antes que nós tivéssemos certeza que ela estava morta.
- Camilla? Ela está morta? – Sirius se sentou na escada. – Quando?
- Agora. Agorinha... – Eu disse. Eu pude sentir que ele ia chorar. – Não chore.
Caminhei para perto dele e me ajoelhei em sua frente. Eu devia estar chorando e eu estava consolando o cara. Me deu uma pontinha de raiva, mas logo passou. Fato é que ele precisava de alguém e aparentemente eu era a única pessoa da família dele.
- É verdade? – Eu perguntei fingindo que era forte. – Eu sou sua filha?
- Há uma grande probabilidade de ser. – Ele me disse com os olhos baixos. – Sua mãe me disse que havia perdido o bebê.
- Bem, ela não perdeu. Eu estou aqui. – Respondi.
Sirius então segurou minha corrente de ouro com um pingente de pássaro.
- O que é isso? – Ele perguntou.
- Minha mãe me deu. – eu disse.
- Eu dei para ela. – Ele respondeu. – Você é minha. Eu sei. Ela está morta.
Sirius olhou nos meus olhos. Não conhecia ninguém que tinha os olhos pretos como os meus. Castanho escuro era comum, mas era impossível diferenciar minha pupila dentro da minha íris.
Eu me levantei e olhei para Lupin. Caminhei na direção dele.
- Ele é seu amigo, ele precisa de você. – Eu disse. – E eu não o conheço...
Lupin se sentou do lado de Sirius... Meu pai. Nunca imaginei conhece-lo assim, nessa situação. Havia fantasiado várias vezes conhecer meu pai, mas essa situação era... Eram muitos acontecimentos para muito pouco tempo.
Eu me sentei no sofá sujo. O tal Harry me olhava.
- Eu vou dar uma volta na minha moto. – Eu disse. Estava incomodada.
- Não é uma boa idéia Louise. – Lupin disse. – Você não sabe como voltar.
- Eu acabei de ver no meu sonho a morte da minha mãe e da minha avó e conhecer meu provável pai. Eu preciso da minha moto, eu preciso da rapidez eu... Eu não gritei ou chorei até agora. – Tentei me justificar.
- Eu vou com ela para ela não se perder. – Harry disse pegando seu casaco que estava no sofá.
- Esperem. – Sirius disse. – Peguem minha moto. Talvez faça bem para ela.
Harry pegou a chave que estava em cima de uma mesinha e me guiou até o quintal da casa.
- Como é que vamos sair com uma moto se ela está no quintal da casa? – Eu perguntei.
- É uma moto especial. – Harry disse. – Você sabe dirigir, certo?
- Desde que tenho quatorze anos. – eu disse.
- Faz quanto tempo isso? – Ele me perguntou.
Havia apenas algumas semanas que eu havia feito quinze anos.
- Uns meses. – Respondi pegando a chave das mãos dele ao avistar a moto.
Era uma moto grande, linda, antiga. Tudo que eu havia pedido.
Montei nela, coloquei o capacete.
- Você vem? – Eu perguntei ao rapaz.
Ele colocou o capacete e se sentou na moto.
- Como eu saio daqui? – Eu perguntei.
- Para cima. – Ele disse.
- Você está brincando comigo?! – Eu perguntei.
Acelerei antes de ele poder responder.
Estávamos voando. Eu não tinha idéia para onde eu queria ir, eu simplesmente fui. Ao avistar o teto do prédio onde eu e minha mãe morávamos, eu desci.
- Onde estamos? – Harry perguntou.
- Eu estou em casa. – Respondi caminhando até a beirada e olhar para a rua.
Foi aí que eu conhecei a chorar. Chorar e soluçar e gritar.
- Mãe! Eu estou aqui! Vem me buscar... – Eu disse gritando. – Não me deixa sozinha, eu não posso ficar sozinha, você não me ensinou a ficar sozinha.
- Louise, acalme-se. – Harry disse tentando me encostar.
- Me solta.- Eu disse tirando a mão dele do meu ombro e fui para a outra extremidade do terraço.
- Você não está sozinha. – Ele me disse.
- Eu estou. Eu não tenho minha mãe nem minha avó.
- Você tem ao seu pai, a Remus, a mim. – Ele me disse.
- Quem são vocês? Vocês não me conhecem, vocês nem sabiam que eu existia até 24 horas atrás! – Eu gritei.
Só então eu percebi que eu estava fora de controle. Na frente de uma pessoa que eu mal conhecia.
- Vamos voltar? – Ele disse tentando ser compreensivo comigo, afinal, eu estava órfã de mãe, avó e acabara de conhecer meu pai.
- Eu quero pegar a varinha da minha mãe. – Eu disse.
- Não acho que seja uma boa idéia, eles podem estar lá esperando você. – Harry me alertou.
- Eu preciso... – Eu disse. – Eu não tenho varinha.
- Como não? – Harry perguntou.
- Eu usava a dela. – Eu disse. – Eu preciso...
Eu fui caminhando sozinha, descendo as escadas e indo a direção do meu antigo lar.
Harry desceu as escadas tentando me convencer que aquela não era uma boa idéia. Frases como “Vamos embora” e “Por favor Louise” foram repetidas várias vezes por ele.
Eu vi que a porta estava aberta e ouvi vozes.
- Ela vai vir. – Uma voz rouca disse. – Eu sei que vai.
- Mas mestre, é perigoso ficarmos aqui, você está muito fraco... – Uma voz feminina disse.
Eu procurei Harry que fez sinal para que nós subirmos de volta para o terraço. Fomos silenciosamente, eu estava estática, não conseguia falar nada, estava com medo. Ele praticamente teve de me colocar na moto e me dizer “Vamos logo!” para que eu fizesse algo. Eu não conseguia dirigir a moto, então parei em outra cobertura.
- O que você está fazendo? – Ele perguntou como se fosse um absurdo eu ter parado.
Eu desci da moto.
- Eu preciso respirar. – Eu disse.
- Você consegue respirar e levar a gente para casa ao mesmo tempo. – Harry disse. – Louise isso não é brincadeira!
Eu não conseguia fazer nada além de ficar sentada no chão olhando para o mesmo ponto.
Até que Harry pegou e me colocou na moto.
- Certo, se você não consegue, eu dirijo. – Ele acelerou e eu me segurei nele rapidamente.
Ou pelo menos tenta dirigir. Eu, que nunca tive medo de velocidade tive de ir de olhos fechados.
Ainda sim, aquela foi a hora do dia que eu me senti mais segura.
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-Nota da autora:
Eu só preciso agradecer a Isabel McCoy pela a capa e pelo apoio á fic!
Por enquanto é só! :/
Beijos e comentem!

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