Receio



N/A: Não dá pra dizer nada agora, embora eu precisasse. Na nota lá embaixo vou explicar melhor. Por enquanto, boa leitura e obrigada a quem chegou até aqui *-* Beijos!


"Devemos caminhar na direção do nosso maior temor, ali está nossa única esperança." Herman Hesse



William... John... Jack... Jane... McBride... Corner… e mais outros tantos nomes e sobrenomes que apareceram na minha vida durante aqueles meses, naquela viagem. Nomes de bruxos que trabalhavam para diversos departamentos mágicos, que conheci durante festas e conventos que havia nas cidades. Algum desses bruxos, os quais eu e Rose conhecemos pessoalmente, deram dicas, opiniões, desejando-nos boa sorte. Conhecemos vários bruxos, de cada país, tanto da Alemanha, quanto da França, Estados Unidos, e Irlanda, e Escócia.

Estávamos indo bem, Rose era sociável, eu sabia conversar. Descobrimos nomes importantes, conhecemos bruxos profissionais.

Só que eles simplesmente desapareceram da minha memória quando Rose mostrou que poderia estar grávida.

Exatamente.

Quando isso aconteceu, já havia passado nove semanas desde a última vez que estivemos na Estação King’s Cross, nós dois já tínhamos completado dezoito anos. Passamos pela Escócia, duas cidades na Irlanda e uma na Alemanha, estávamos em New York, nos Estados Unidos, depois que passamos pela Dinamarca, Bulgária e Portugal. Chegamos a conhecer pessoalmente o novo Ministro da Magia, que passava as férias nos Estados Unidos. Ele assegurara a Rose que, sem dúvidas, ela se daria bem no departamento internacional de cooperação mágica, e dissera que eu poderia acompanhá-la, as propostas que faziam naquele departamento conseguiram prender minha atenção e interesse. Ficamos hospedados em vários diferentes hotéis em cada um desses países, passeamos por todas as belezas das cidades – Rose comprara uma máquina fotográfica trouxa e insistia tirar foto de tudo –, e mesmo que houvesse uma mistura de trouxas e bruxos, de alguma forma sempre sabíamos quem era bruxo e quem era trouxa.

Não perdemos nada, tudo valera a pena, mesmo que, algumas vezes, discutíamos por coisas bobas, como ciúmes e outras bobagens semelhantes, tudo porque Rose achou que eu estava secando uma mulher na praia. No final das contas, é claro, acabávamos nos beijando, e o que realmente nos preocupava eram as roupas do nosso corpo, que no final das contas, caíam pelo chão do quarto que, no dia, estávamos hospedados.

Então todas as vezes que abria os olhos para acordar, ao meu lado lá estava Rose, seu dorso nu virado para mim, colado em mim. Em outras manhãs depois de noites como aquela, eram seus olhos que sorriam na minha direção quando eu acordava para me certificar se Rose ainda estava ali ao meu lado. Ela apenas sorria, sem dizer nada. Lembrava do que acontecera na madrugada, lembrava de cada sensação. E se sorria, significava que havia sido perfeito. Eu não precisava perguntar nada.

Não diria conseqüentemente, mas de alguma forma, todas as noites em que dormimos juntos resultou naquilo. Rose estava grávida.

Confesso que, quando soube, não foi de uma forma rápida e ligeira, nem mesmo dramática. E sim, assustadora. Rose não apareceu ao meu lado, nem colocou as mãos nos meus ombros simplesmente contando: “Ei, estou grávida."

Na realidade, ela não disse nada que tinha a ver com aquilo. Ela mostrou.

Há algum tempo ela estava agindo estranhamente, só que nada comentara. Eu observava apenas. Fomos a um restaurante onde jantamos com um grupo de bruxos que já estudara em Hogwarts, e que pareciam interessados em nos conhecer. No momento que chegou o prato de Rose, ela quis ir embora, anunciando que não se sentia bem. Eu insisti em voltar com ela, insisti mesmo. No entanto, ela insistiu mais para que eu não me preocupasse, e achava aquele jantar mais importante para mim do que para ela.

Quando voltei para o quarto do hotel, lá pelas dez horas da noite, encontrei Rose deitada na cama. Parecia ter dormido. Eu não sabia, pois ela estava de costas. Joguei meu casaco perto do sofá que havia ali perto, e fui até a cama.

– Você melhorou? – eu perguntei, ficando ao lado dela. Ela não respondeu, então eu beijei seu rosto. – E agora? – Rocei meus lábios com os delas ainda esperando alguma resposta. Ela correspondeu o beijo, mas por pouco tempo. Delicadamente, levou sua palma da mão no meu peito, fazendo-me parar de tentar tirar sua blusa.

Com a testa franzida, Rose olhou para mim, murmurando um “não” incompreensível. Eu não tinha nem idéia do que estava acontecendo. E odiava aquela sensação de ignorância.

Perguntei, zangado:

– Será que dá pra você me dizer o que está acontecendo então?

Ela não sabia como dizer, esse era o problema. Dava para perceber em sua expressão. Tudo o que ela fez foi pegar minha mão, sem tirar os olhos de mim. E a pousar em sua própria barriga.

Foi assim que eu descobri o que estava acontecendo.

Eu me congelei por dentro, entendendo aquele gesto. Decifrei todas as vezes que ela saiu para ir a uma farmácia. Se juntar às vezes em que passou mal no dia anterior, e naquela noite, poderia resolver o mistério do que estava acontecendo com Rose.

Não foi preciso dizer nada para saber do que se tratava. Só precisei olhar aos olhos dela, que já diziam muita coisa.

De alguma forma, eu soube. Porque foi a primeira vez em que pensei naquilo.

Na idéia de ter um filho.

E eu nunca ficara tão assustado na minha vida.

– Você está...

Ela afirmou com a cabeça.

Tentei agir racionalmente. Foi difícil. Eu engoli em seco. E acho que comecei a suar.

– É brincadeira, não é?

Eu não entendia porque queria tanto que aquilo não passasse de uma brincadeira. De uma mera brincadeira.

Uma outra expressão invadiu o rosto de Rose. Aquela de indignação. Então ela perguntou, a voz rouca:

– Como pode achar que eu brincaria dessa forma?

– Não é possível – eu murmurei. – Estávamos protegidos todas às vezes... – Eu a encarei, o meu sangue fervendo. – Você ainda toma aquela poção?

– Claro que tomo. Eu também achei que não era possível... – ela exclamou, os olhos se enchendo de lágrimas. – Mas eu errei. Esse tipo de poção não se compra totalmente feita. E eu devo ter esquecido alguma coisa para... o efeito não... dar certo...

Eu estava inconformado. E me perguntei, então, se aquelas sensações nada convidativas ficaram instaladas na mente do meu próprio pai na hora que ele soube que minha mãe estava esperando um filho dele.

– Você tem certeza?

– Por que você está assim, me olhando dessa maneira, como se tivesse acabado de descobrir que o mundo vai acabar, que fizemos a maior besteira da nossa vida? – ela ficou sentada, aparentemente começando a chorar quando eu me levantei.

Eu também não sabia porque eu estava querendo fugir.

– Não adianta ficar zangado comigo ou com qualquer outra coisa agora – Rose avisou, tentando parar de chorar. – Você também devia ter se preocupado com a proteção.

– Eu estava confiando em você.

Ela ficou muito pasma ao ouvir aquilo.

– Qual é o seu problema? Não sou a única que devo me preocupar com isso, eu já digo isso todas as vezes! Vai me culpar por uma coisa que nós dois fizemos?

– Eu não estou culpando você!

– Mas parecia que estava sim!

– Olha – eu me controlei para não me alterar –, você me pegou desprevenido com isso... Eu preciso pensar...

– Pensar? Não há nada que ser pensado! É só você olhar nos meus olhos, dizer que “sim, Rose, eu aceito ter esse filho com você, eu amo você mais do que tudo nessa vida, e sim, nós vamos amar a criança que estiver crescendo dentro de você, seremos uma família incrível e feliz” – de repente ela já estava gritando – Só que há um problema nisso tudo: eu esqueci que contos de fadas não existem! E que nada é como a gente espera nessa vida!

Eu nunca ouvi Rose gritar assim. Não mesmo. Aquilo me assustou mais do que com o fato de que eu ia ser pai.

– Rose, eu...

– O quê, Scorpius? – a voz dela abaixou um pouco, mas ainda era perigosa. – Vai se lamentar? Pois lamente. Eu vou voltar para casa.

Não, eu quase gritei. Antes que ela se levantasse – pois fez menção de que ia se levantar – eu praticamente pulei nela, e deitei sobre o seu corpo na cama. Ela ainda exclamava muitas coisas, chegou a tentar me empurrar, mas eu era mais forte que ela, e consegui colocar as mãos no seu rosto. Tirei o cabelo dos seus olhos, tentando acalmá-la e a observei durante muito tempo quando ela ficou imóvel, vencida e derrotada, mas respirando pesadamente.

Eu sabia que ela não conseguia formular palavras para nada, quando eu estava tão perto. O coração dela sempre batia forte contra o peito, e eu fiquei aliviado que ainda estivesse assim. Que, mesmo zangada comigo, com a nossa infantilidade, Rose ainda perdia o fôlego por mim.

Ela sussurrou, cansada:

– Saiba que eu não desejaria outro homem senão você para ser o pai dos meus filhos...

Quando as coisas acalmaram entre a gente, Rose arrumou a cama para dormir mais cedo. No dia seguinte voltaríamos para Londres. E depois nada mais conversamos, nem discutimos. Ela estava com dor de cabeça e enjoada, e eu estava estressado e muito nervoso. Durante a noite fiquei olhando para o teto, era impossível dormir naquelas condições. Lá pelas quatro horas da manhã, Rose se virou para mim ao meu lado. Olhei para ela, através da escuridão, e da pequena luz que refletia da janela, e perguntei:

– Você não está com medo?

Rose negou com a cabeça.

– Meu único medo é que você me abandone. Desculpe ter gritado daquele jeito. A última coisa que eu quero é brigar por causa disso. – Ela fez uma pausa, logo disse novamente: – Somos tão jovens ainda. Mas não foi uma irresponsabilidade nossa... quero dizer, foi. Mas como eu ia saber que aquela poção não estava mais causando efeito? Eu fui ignorante... eu devia ter sido mais inteligente...

– Você está se culpando agora.

Ela parou. E suspirou.

– Às vezes eu fico me culpando, culpando a nós dois... mas, sabe, eu cresci numa família enorme e eu, sinceramente – ela voltou a olhar para mim –, não quero que a vida que estiver crescendo aqui dentro – apontou para a barriga – seja considerada um erro indesejado que nós dois cometemos. Ninguém da minha família foi um erro, e não vai ser o nosso filho que será o primeiro. Não vai ser mesmo.

– E o que nós vamos fazer?

– Amá-lo. É isso o que nós vamos fazer.

– Mas, se vamos ter um filho, o que adiantou conhecer tantos bruxos importantes?

– Você está querendo me dizer que... a viagem não valeu a pena, Scorpius?

Eu dei de ombros, desviando o olhar de Rose, e murmurando:

– Parece que apenas serviu para engravidar você.

Rose ainda não tirou seus olhos de mim. Eu continuei encarando o teto, não estava curioso para ver a expressão estancada em seu rosto. Mas pelo tom de voz, ela estava nervosa:

– Quer parar? Eu já disse que não quero que isso se torne um erro, ou... ou... ou uma infâmia futura!

– É inevitável, como o fato de que estamos juntos.

Eu dizia aquelas coisas sem pensar. Alguma parte de mim atrapalhava minhas palavras, e saiam as mais verdadeiras.

– Não leve isso para o outro lado – a voz de Rose ficou trêmula, logo percebi que começou a chorar. – Pelo amor de Deus, Scorpius, não leve isso para o outro lado.

Silêncio, nada mais foi dito. Rose virou-se de costas para mim bruscamente. Depois se virou de novo. Eu não me mexia.

– Parece que você gostaria de ter evitado – disse ela, sentando-se na cama de uma vez para me olhar.

– O quê?

– Me amar.

– Não comece com isso... – eu falei, enjoado.

– Você percebeu o que você acabou de me dizer? “Inevitável como o fato de que estamos juntos!” Você tem noção do que está falando? Não! Não tem, por isso feche os olhos e tente dormir! Você precisa urgentemente de um descanso!

– Olha, Rose, você sabe que eu nunca desejei que nada acontecesse do modo como as coisas aconteceram. Portanto, já estou acostumado a receber notícias inesperadas, então não se preocupe. Eu aceito ter esse filho com você.

– É claro que aceita. Não há outra escolha! – ela exclamou, inconformada, e me bateu com o travesseiro: – Olhe pra mim e pare de pensar só nos seus problemas, Scorpius!

Eu só olhei para ela, que estava chorando.

– Veja só! É por isso que você tem medo, não está mesmo preparado para ser pai!

– É claro que eu não estou! – ouvi minha voz ecoar gravemente pelo quarto. Levantei da cama tão rápido e bruscamente que tropecei nas malas ali do lado, mas nem me dei conta. – Eu só tenho dezoito anos! Eu nunca pensei em ter um filho! Eu não quero ter um filho. Eu não vou ser um bom pai. Mas, como sempre, a situação é irreversível. Eu tenho que aceitar.

– Scorpius – Rose falou com um fio de voz. – Eu vou ser a mãe. A situação é irreversível para mim! Se você quiser ir embora, me abandonar, faça! Fuja do compromisso, da obrigação que tanto você recebeu agora! Aí, eu quero ver quando essa criança nascer, vai crescer sabendo que o pai desistiu da garota que supostamente amou na adolescência por descobrir que ela estava grávida, que ele seria pai. Muita covardia, Scorpius! Muita covardia! Eu garanto, aaaaaaah eu garanto mesmo, que você está sendo pior que o seu pai! Eu garanto que o seu pai não quis abandonar você! Sua mãe com certeza já deve ter lhe contado como ele ficou quando soube da gravidez dela, e não deve ter ficado tão medroso...

– Não fale sobre ele! – eu gritei. – Não diga nada sobre o meu pai! Ele está mor-to, ouviu bem? Você não tem o direito de falar sobre ele dessa maneira... E eu sei o quanto eu sou fraco, que droga! Não precisa me lembrar disso!

– Chega! E você pare de se considerar um fraco, isso é ridículo porque você sabe que você não é! Eu não quero mais qu...

Calou-se. De repente Rose fez uma careta; murmurou um “droga”, colocou as mãos na barriga e fugiu para o banheiro. Rose vomitou naquela noite, provando que estava mesmo grávida.

Quando tudo silenciou, fui até ela, e a ajudei a se levantar, mas logo afastou minhas mãos, e fez isso sozinha. Só não tinha forças para me encarar, então voltou para a cama e se cobriu com o cobertor, sem dizer uma palavra. A briga havia acabado. Não tinha mais nada para se dizer.

Eu não voltei a dormir. Fiquei sentado no sofá, com os olhos bem abertos. Não percebia que o tempo estava passando, então fiquei surpreso quando saí dos meus pensamentos e vi que, lá fora, o sol já nascia. Levantei, e coloquei uma camisa, e ali perto encontrei o embrulho do anel que um dia foi da minha mãe, agora seria de Rose. Fiquei analisando a jóia durante um tempo, e depois me virei para ver se Rose ainda estava dormindo. E estava, eu não ousaria acordá-la e não queria entregar o anel para ela. Não naquele momento, onde não estávamos bem. Mas mesmo assim, guardei o anel no bolso da minha calça.

E eu sinceramente não ia conseguir ficar ali por muito mais tempo. Abri com cuidado a porta do quarto e saí pelo corredor do Hotel. Entrei no elevador, Rose me ensinara a mexer naquilo, e então desci para o primeiro andar.

Eu estava com uma cara terrivelmente cansada e derrotada, pois uma senhora que entrou no elevador logo depois, ao me ver, perguntou:

– Qual é o problema, rapaz?

Ela já havia me conhecido, porque adorava entregar biscoitos para os hospedes e sempre tentava puxar assunto quando eu e Rose a encontrava por ali.

A porta do elevador se abriu, e eu respondi antes de pisar no chão da entrada do hotel:

– Minha namorada está grávida.

– Oh! – suspirou a mulher. – Mas vocês são tão jovens.

– É.

Eu realmente não queria conversar. A mulher, no entanto, insistia.

– E há tantas garotas engravidando por aí no nosso mundo de hoje, que nem mais me surpreendo.

Mesmo que fosse de manhã, o hall de entrada estava cheio de pessoas e havia muita movimentação na rua ali perto do portão. Eu só queria comer alguma coisa no restaurante ali do lado, mas aconteceu algo totalmente diferente.

Um homem, que corria apressadamente, tropeçou em mim. Estava carregando uma criança no colo. Por dois ou três segundos eu encarei os olhos daquele sujeito. Ele estava respirando, e transpirava muito, a criança estava envolvida nos braços dele com um grande casaco. Depois o homem voltou a correr para um lugar vazio, no estacionamento.

A mulher, que ainda estava ao meu lado quando continuamos a andar, disse zangada:

– Essas pessoas apressadas!

E então eu descobri que aquele homem não estava com pressa. Ele fugia, porque tinha roubado a criança.

Berros e gritos ecoaram a rua, que pertenciam à mulher que, desesperadamente, anunciava que seu filho foi levado e roubado e raptado e seqüestrado. Pedia e suplicava por ajuda. Seu desespero era tanto que me desesperou. Parecia que tinham levado a vida dela embora, e ela engasgava chorando.

Fiquei imaginando a minha mãe naquele desespero, por isso eu não precisei pensar muito dessa vez para descobrir o que eu tinha que fazer.

Muitos se espalharam para procurar e ajudar. Mas eu tinha visto aquele homem e sabia que ele corria em direção ao estacionamento. E como ninguém parecia ter percebido aquilo, eu fui até o lugar onde o vi. Eu não tinha passado por todas aquelas coisas na minha vida, desde a amizade perdida de Zabini até a morte do meu pai, para continuar sendo covarde e fraco justamente naquele momento, onde tudo começou a mudar.

As vozes e os gritos desesperados dissiparam quando alcancei uma parte distante no estacionamento. O homem ainda corria entre os carros, eu conseguia vê-lo. Entrou numa rua pequena e vazia. Eu o segui, entrando na mesma rua. Havia um paredão de tijolos quebrados. Não havia saída.

– Devolva a criança – eu pedi, debilmente, sabendo que não ia funcionar. Mas o bebê, que não tinha mais que um ano de idade, chorava tão desesperado quanto a própria mãe, nos braços daquele homem.

– Não!

– Por que está fazendo isso? O que vai fazer com um bebê?

– É meu filho também! – ele gritava, chacoalhando o bebê.

– Seu filho? Como pode ser seu filho?

– Não interessa! Saia daqui.

– A mãe dessa criança está completamente desesperada. Você vai fazer uma pessoa sofrer se...

– Mas é meu filho também – berrou. – Eu tenho o direito de tê-lo! Não podem me tirar dele!

Eu corri até ele para tentar tirar a criança, que agora berrava mais alto. Mas o homem sacou uma navalha, e me atingiu no abdômen, gritando para que eu não chegasse perto. A dor foi latejante, mas eu continuei em pé, mesmo arcado, e o sangue manchando minha mão e minha camisa. Então eu ri.

– Deve ser por isso que tiraram de você o seu filho. Você é um marginal.

– Afaste-se – ele apontou novamente a navalha, que tinha a mancha do meu sangue ali na ponta afiada. – Ou vou matar você.

– Devolva a criança.

– Pra quê? – ele soltou uma gargalhada, ainda apontando a navalha na minha direção. – Pra que vai querer salvar essa criança? Pra dormir com a mãe dela, eh?! Olha, rapaz, fique fora disso para não sair mais machucado.

Mas eu não ia sair dali até aquela criança ser entregue a alguém que ela merecia.

– Qualquer coisa, eu troco qualquer coisa para você deixar seu filho em paz, com a mãe dele, que precisa mais dele do que você.

– Você é idiota.

– Não importa. Me dê essa criança.

Ficou olhando para o bebê durante alguns minutos. E gritou de novo:

– Terá que me dar uma coisa que realmente tenha mais valor que isso pra mim!

Ainda segurando a navalha, ele se aproximou e colocou a mão no meu bolso da calça, como se já tivesse experiência com roubos. Ele tirou de lá o anel da minha mãe. Sorriu de forma maléfica para mim ao ver o objeto brilhando diante do sol fraco.

– Quantos dólares têm essa jóia? – perguntou.

– Uma jóia? – eu ofeguei. – Isso tem mais valor do que seu filho? Eu devia saber...

– Posso vendê-la. É, isso realmente tem mais valor do que um bebê que só caga e chora.

Ele guardou a jóia no próprio bolso e entregou a criança para mim. Depois foi embora. Fugiu. Nunca mais o vi.

A criança chorava quando eu a carreguei no colo. Eu sentia o sangue escorrendo pela minha camisa e barriga, mas eu precisava voltar ao hall de entrada, e entregar o bebê àquela mulher. Eu queria ver a expressão dela, ao rever seu filho.

– MEU FILHO! – gritou, correndo até mim e tirando-o bruscamente dos meus braços. Abraçou-o com toda a força que tinha, fazendo o menino parar de chorar. Mas a mulher continuava sufocada, lamentando-se. Dando tapinhas nas costas dele, ela se virou para mim com um olhar de alívio. Um alívio imenso que até eu o senti. – Você viu o sujeito?

– Dizia-se pai do seu filho – eu respondi. Ela voltou a chorar de novo.

De repente eu vi que havia muitas pessoas ali perto, suspirando e agradecendo aos céus. Um policial se aproximou de mim, pediu para que eu descrevesse as características do homem. Eu o fiz. Depois que terminou, a mulher me agradeceu por tudo. O policial sugeriu que eu fosse a farmácia para curar o corte, mas eu assegurei que estava tudo bem. Eu só queria voltar para Rose e contar a ela o que aconteceu.

A senhora que conversou comigo no elevador, disse-me naquele dia: “Você foi muito maluco, mas tão corajoso quanto. O filho que sua namorada estiver esperando, vai se orgulhar do pai, quando ele souber o que você fez hoje. Parabéns.”

Eu admirei aquelas palavras, e sorri por dentro. Uma sensação de que eu realmente não era inútil impregnou na minha mente, e tive forças para voltar ao quarto disposto a dizer a Rose que eu ia cuidar do nosso filho. Eu abri a porta, Rose estava sentada no sofá, as mãos enterradas no rosto. Ela se levantou rapidamente e me fuzilou com os olhos ao me ver entrando.

– Eu achei que você tinha ido embora – disse. – Eu achei que você tinha me... – ela olhou para o sangue em mim. Sua expressão mudou, e havia um tom preocupado na sua voz: – O que aconteceu?

Rose se aproximou, urgentemente, segurando meu braço, vendo que eu não conseguiria andar por muito mais tempo. Aquela navalha era muito afiada, mas se alguém realmente percebesse, o corte era simples aparentemente, mas estava doendo e ardendo por dentro. Rose me ajudou a tirar a minha camisa para ver o machucado. Eu pedi para que não olhasse, já que tinha passado mal naquela noite, mas ela me ignorou.

Pegou a varinha do bolso e já apontou para o corte. Eu segurei o pulso dela, impedindo-a daquilo.

– Não... Eu não quero que suma.

– Masoquismo?

– Se você fizer isso, o corte não vai cicatrizar. Eu quero que cicatrize.

– Você não... você não tentou se matar, tentou?

Por acaso, um riso perpassou pela minha garganta. Passava muito longe daquilo.

– Eu acho que eu salvei alguém hoje – respondi. – Não sei. Mas quero ter uma marca que me faça lembrar do que eu fiz.

Então eu mostraria ao meu filho, enquanto contava a história e ele se orgulhava de mim. Eu podia desejar aquilo, não podia?

Rose franziu a testa, mas ficou calada, olhando em minha direção. A varinha da sua mão começou a sugar o sangue da camisa e ao redor do machucado para limpar. Depois ela pediu para que eu contasse o que aconteceu comigo naquela manhã. Deixei-a impressionada depois que terminei o relato. Quando me dei conta, estávamos sentados juntos no sofá e Rose voltava a acariciar meu rosto e o cabelo, distraidamente, enquanto ouvia. Eu sabia que tudo ia ficar bem entre a gente, e aquele gesto era o sinal que demonstrava que já estava acontecendo.

No final, ela me perguntou:

– E tudo porque você sentiu o desespero daquela mulher que queria o filho de volta?

– Como eu já disse, há coisas que nem mesmo eu imagino ser capaz de fazer pelas pessoas.

Rose mordeu os lábios e colocou a mão no rosto.

– Acho... acho que eu estou amando mais você agora do que nunca. Isso realmente é inevitável.

– Compreende então o que eu quis dizer?

Ela afirmou com a cabeça e então começou a se desculpar:

– Eu não devia ter falado aquelas coisas sobre você estar sendo pior que o seu pai... eu não pretendi. Eu estava confusa, e você agindo de uma maneira que eu não imaginei que reagiria. E eu estou nervosa, porque vamos ter que contar aos nossos pais. E eu não quero que eles me odeiem ou me condenem, e fiquei mais nervosa ainda quando não vi você ao meu lado essa manhã... Achei que eu ia ter que enfrentar tudo sozinha, o que seria muito pior. Mas... – ela deu um mínimo sorriso, que fiquei feliz de vê-lo ali no seu rosto – você está aqui de novo.

– Escute, eu não vou abandonar vocês. Eu queria dizer isso no momento que você mostrou que estava grávida, mas foi mais difícil do que eu imaginava. No entanto, apesar de tudo, eu seria capaz de fazer um voto perpétuo, mesmo que a força, para não deixar você sozinha. Pois se quebrasse a promessa, eu morreria. E ir embora, mesmo sem fazer um voto perpétuo, aconteceria o mesmo. Quero dizer, eu abandonaria a minha própria vida, se deixasse você. Ou o bebê que vai nascer aí dentro. E, sinceramente, também não quero ficar sozinho, com o peso na minha consciência de que eu a abandonei. E não quero chegar a não merecer esse filho. Eu disse ao meu avô um dia que eu não seria um fracasso, e que se me dessem chances eu aproveitaria da melhor maneira possível. É por isso que ainda estou aqui. Por tudo o que eu passei na minha, não posso continuar sendo covarde e tentar ou querer fugir.

Depois daquele discurso que provavelmente substituíra um “eu amo você”, Rose fez uma careta que indicava que estava tentando conter as lágrimas. Ela me abraçou, encaixando em meus braços perfeitamente. Ela também sabia que tudo ia ficar bem. Tínhamos um ao outro, e isso parecia ser o mais importante e correto.

Era estranho como em um momento tudo podia mudar. Tempos depois, eu descobri que a vida que crescera dentro de Rose a cada segundo, foi a solução para que isso acontecesse. E o que, no começo, considerei um erro, uma infâmia, foi a melhor coisa que aconteceu para a minha vida.

Mesmo com tudo o que tivemos que passar depois que os pais dela souberam da verdade. Eles ficaram zangados, ah, ficaram mesmo. O pobre sr. Weasley teve que tomar um calmante, Rose ficara desesperada. Estávamos sentados na mesa da cozinha da casa deles, tínhamos voltado naquele dia da viagem, mas resolvemos contar a noite, quando eles já sabia de quase tudo o que acontecera nas viagens.

– Mãe... pai...

– Sr. e sra. Weasley...

Rose anunciou:

– Nós vamos nos casar.

Aquilo o sr. Weasley já suspeitava, então não aconteceu nada demais, ele só ajeitou o colarinho da camisa, afrouxando-o. Rose suspirou, mas foi interrompida a continuar, pois a sra. Weasley fez a pergunta: “Por quê?”.


Rose me dissera, antes de entrarmos na cozinha contar a eles, que não conseguiria esconder o fato de que estava grávida à mãe dela até depois do casamento – nossa idéia era contar depois que nos casássemos. Mas afinal, a sra. Weasley tinha experiência o suficiente com aquilo, para já perceber na hora o real motivo da pressa em nos casarmos.

“Não vai adiantar”, ela ficou falando. “Só dizer que o motivo do casamento com dezoito anos é porque nos amamos, eles não vão acreditar. Minha mãe vai perceber, sei que vai”

“Mas Rose... vamos tentar, eu também não quero que eles enfartem. Então é mais conveniente dizer depois do casamento.”

“Ok. Então vamos entrar lá, e só dizer que vamos nos casar. Eu digo que amo você, e você diz que me ama. Isso não é mentira. Mas... Tá, vamos correr o risco.”

Mas, no momento que eu comecei a responder à pergunta da sra. Weasley com um “Rose é a pessoa mais importante para mim, eu a amo...” Rose me interrompeu:

– Eu estou grávida.

A sra. Weasley pousou a mão no peito, como se quisesse acalmar seu coração. O sr. Weasley piscou.

– Quê? – ele tentou apurar os ouvidos. – Você está ávida para se casar?

– Ronald, você escutou muito bem o que a nossa filha disse – a sra. Weasley parecia em choque.

– Pai, antes que o senhor pense...

– Saia da minha casa – ele murmurou para mim. – Saia, estou mandando.

– Não! – exclamou Rose, se segurando no meu braço. – A culpa não é só dele, pai. Nós dois temos parte disso!

– Você é só uma criança – a voz estava tão fina que desafinou completamente –, aí eu deixo vocês viajarem, passarem DOIS MESES fora da minha vista... e... e você me volta gráv... gráv...

– Eu não sou uma criança! – Rose disse alto demais. – Será que o senhor não entende, não entende que... que eu não sou mais a sua princesinha? Que eu já passei dos meus cinco anos?

– Entendo – falou calmamente, mas parecia muito sarcástico. – Entendo muito bem. Mas não significa que você podia engravidar! Sabe o que isso significa?! Que essa viagem era para ser produtiva, não uma espécie de
lua de mel.

– Eu... – ela abaixou a voz no momento que tornou a aumentá-la – eu não pedi isso, nenhum de nós pediu. Não foi proposital, mas...

– Pior ainda! Vocês foram irresponsáveis, muito irresponsáveis. Uma decepção. E eu mais ainda por acreditar nesse cara, deixar você viajar com ele... Onde eu estava com a cabeça! Culpa sua, Hermione! Culpa sua!

– Minha culpa? Como pode ser minh...

– Você ficou me enchendo a paciência, falando o quanto o namoradinho da Rose era um bom rapaz. Não! Não! O quanto o Malfoy era um bom rapaz. VEJA! Ele engravidou nossa Rosinha...

– Não comecem! – implorou Rose, quando sua mãe se levantou da mesa e olhou inconformada para o marido. – Não vão brigar, vocês dois. Pelo amor de Deus... não façam isso.

– Olha, escute aqui, Ronald, não vamos discutir de quem é a culpa aqui! Você sabe muito bem que fez suas próprias escolhas.

– Parem...

– Ora, então tudo indica que a culpa e do nosso querido Scorpius aqui – ele me encarou, meio fuzilando, bufando.

– Chega...

– Você, Malfoy, me fez confiar em você! Devia saber que todos os Malfoy são iguais!

– CHEGA! – Rose estava muito zangada. – Chega! Pare de falar do Scorpius! Se há culpados nessa história somos apenas nós dois. Não é o senhor, nem você, mãe. Nós dois, eu e Scorpius. Se vocês continuarem descriminando o Scorpius e a família dele, eu vou embora dessa casa com ele. Façam o que quiser, me expulsem pela minha burrice e irresponsabilidade, pela minha humanidade, mas eu não vou negar que nós nos amamos assim como... assim como... vocês dois – aquilo talvez tenha sido a palavra-chave para que eles finalmente entendessem –, como o tio Harry e a tia Gina, como a vovó e o vovô, como... uma família. Nós vamos assumir essa culpa, independente do que vocês acharem, já decidi que não quero que meu filho cresça sabendo que ele foi um erro. Eu não quero, eu já disse ao Scorpius, e eu não pretendo fazer disso a pior coisa da minha vida, nem da de vocês. Porque eu, como filha, não desejaria que tivesse sido algo indesejado, uma lamentação para vocês dois. Agora que há uma vida dentro de mim, eu só... eu só peço que vocês compreendam que eu quero todo o apoio possível de vocês, porque eu não vou negar que eu preciso muito de vocês dois. Se acharem que eu não mereço o apoio da minha família falem de uma vez para eu me conformar agora. Sendo assim, não haverá mais motivos para continuar aqui.

Havia muitas lágrimas nos olhos de Rose, mas ela não deixou sua voz ficar trêmula nem por um minuto enquanto dizia aquilo. As mãos do sr. Weasley estavam tremendo, ele segurou a cabeça, encostando o cotovelo na mesa. A sra. Weasley não dizia nada, e franziu a testa da mesma maneira que Rose fazia.

Um minuto se passou. Eu experimentei dizer alguma coisa. Hesitei. Mas então fui em frente, antes que pudesse ser tarde. Eu precisar dizer aquilo:

– Algumas vezes eu desejei ter uma família grande como a que vocês têm – eles me olharam. – Algumas vezes, observando a maneira como vocês conseguem se amar facilmente, me fez ter inveja. Isso foi há muito tempo, eu tinha uns quinze anos, ou quatorze. Eu observava Rose e Alvo sempre andando juntos, como amigos e primos em vários momentos. Eu observava Rose e Lily todos os dias, e percebia que uma não conseguia ficar sem a outra. Eu não sabia como era isso, nem o que era isso, eu nem dava importância, razão que me fez desprezá-los por muito tempo. Para mim, família era só pai e mãe, e eu achava que os meus não me amavam como pais, apenas cuidavam de mim, e eu me acostumei com isso até descobrir que eles me amaram da maneira deles. Mas eu não quero dizer que não sou grato pela família que tenho. Porque eu vejo, por vocês, o quanto isso parece bom. Se orgulhar da própria família, quero dizer. Independente se ela é pequena ou grande, independente do passado dela.

Eu continuei, percebendo que estava falando mais do que devia. Mas não me importei, pois eles estavam prestando atenção em mim:

– Mesmo que, por duas ou três vezes, eu desejei não ter sido um Malfoy, hoje eu lamentaria se não o fosse. Porque penso que, se eu fosse um bruxo qualquer e estivesse com uma pessoa que nunca chegou ser proibida para mim, eu não daria tanto valor a Rose. Acho que... não apenas a amo por ser tão incrível e inteligente e que tem medo de aranhas, mas por fazer parte de uma família que só pode ser mais feliz quando está unida. Acho que amo Rose porque eu sempre desejei fazer parte da família dela, acho que sempre quis ser um Malfoy na família Weasley. Eu não vou reclamar por estar aqui, traindo meu sangue. Isso não importa. Mas também não vou implorar para ser aceito, sei que pouco adiantaria. No entanto... se acham que eu vou desistir de fazer vocês enxergarem quem eu sou, estão enganados.

Olhei para o rosto dos pais de Rose. O sr. Weasley saiu da mesa silenciosamente.

– Eu... eu vou conversar com ele – anunciou a sra. Weasley, olhando para mim de uma maneira impetuosa. – Isso não vai ficar assim.

Quando ficamos sozinhos, Rose mordia os lábios para ocultar a vontade de chorar, mas depois não conseguiu e se abraçou em mim, e chorou por muito tempo.

Minha mãe e meus avós ficaram mais chocados, quando souberam. Eu contei a eles, mas eles não me repreenderam. Sabiam que não adiantaria nada se ficassem zangados. Não iam mudar nada. Ao contar a minha mãe a história de como o anel foi roubado, ela não ficou tão zangada como eu imaginava que ficaria. Apenas disse que estava orgulhosa de mim.

E só mesmo com o tempo, que as coisas melhorariam. Era assim que funcionava quando nada se podia fazer a respeito. Antes Rose se preocupava com a reação das pessoas ao receberem a notícia, e com a raiva crescente de seu pai – que depois da conversa que tivera com a sra. Weasley, percebi que sua raiva de mim ou de Rose se dissipava a cada momento. Ele parecia, de alguma forma, entender que não deveria ficar assim para sempre, zangado com algo tão irreversível. E o tempo ia passando, o casamento se aproximando, e outras preocupações surgiam. Tanto que, depois que Rose foi ao médico com sua mãe e descobriu que estava grávida de oito semanas, Lily e Alvo fizeram imediatamente uma aposta, enquanto estávamos na sala d’A Toca.

– Vai ser menina – dizia Lily, sonhadoramente.

– Aposto com você um galeão, que será um garoto! – Alvo falou.

– Ótimo! Apostado.

Antes do casamento, que aconteceria naquela semana seguinte, eu levei Rose para a mansão. Ela e minha mãe se conheceram pessoalmente. Foi uma cena que eu jamais seria capaz de esquecer. Rose estava preocupada, embora não constatasse em voz alta, com a reação que minha mãe teria ao recebê-la. Mas, no momento que entramos lá, ela recebeu um abraço. Minha mãe a abraçou. O que tornou as coisas mais fáceis entre elas. E eu fiquei satisfeito com aquilo. Minha avó a recebeu, não com um abraço, mas com educação e sem nenhuma frieza. No entanto, meu avô ficou parado, e não se aproximou, apenas fez um aceno com a cabeça. Mesmo assim, Rose sorrira para eles.

– Como você está se sentindo? – perguntei, depois que jantamos, e eu apresentava a casa a ela.

– Preparada – respondeu, com um suspiro. – Para me casar com você. Eu já conheço sua família, você conhece a minha...

– E sei que a minha não tem o mesmo entusiasmo que a sua, mas eu acho que eles, meus avós e minha mãe, nunca foram tão receptivos. Principalmente com uma Weasley.

Reparei que Rose não tirava a mão da barriga. Antes eu achava algo proposital, mas percebendo naquele momento que ela ainda a mantinha ali, parecia que já era uma mania.

– Desejaria – ela me falou baixinho – ter conhecido melhor seu pai agora. Conversado com ele, como fiz com sua mãe.

– Eu sei, eu também.

Então entramos no meu quarto, e Rose exclamou, antes que a tensão se estendesse por causa da lembrança da morte do meu pai:

– Típico quarto de um sonserino! Cortinas e lençóis verdes... tudo verde. Até abajur é verde. E livros? Não tem livros aqui?

Esbocei um sorriso.

– No meu quarto não – eu respondi. – Mas na biblioteca sim.

– Vocês têm uma biblioteca? – Rose pareceu fascinada.

– Ah, ora essa, Rose, até parece que, com o tamanho dessa mansão, não vai haver uma biblioteca. Ou esperava que lá pelos fundos tivesse calabouço e um lugar onde hospedamos cobras e derivados?

– Não... não. Mas gostaria muito de conhecer essa biblioteca.

– Qual é a graça de sair do meu quarto e ir a uma biblioteca? – eu me aproximei, abraçando-a pela cintura. Rose espreitou em minha direção durante alguns segundos.

– Esse olhar e essa sua voz sedutora... – suspirou. – Ah, Scorpius Malfoy, foi por essas que... veja o que temos aqui.

Rose apalpou a barriga. Nós dois ficamos olhando para ela, por um bom tempo.

– Embora, toda vez que eu lembro... – Rose voltou a olhar para mim – deixo escapar um sorriso. Quero dizer, eu sei que tenho o homem certo.

E, vendo que ela estava sorrindo naquele momento, encostei sua boca na minha iniciando outro beijo. Eu a levei até a cama com um cuidado que tive certeza que Rose precisaria. Meu corpo já estava sobre o seu. Desencostei dos seus lábios para poder encará-la; ela ainda mantinha os olhos fechados, respirando. Abriu-os urgentemente, no entanto, quando pousei minha mão na sua barriga e arrastei a camisa dela para cima, expondo a sua pele. Como se não quisesse perder aquela cena por nada, ela me observou com atenção quando depositei um beijo fraco no seu abdômen, onde já havia uma pequena elevação na ponta. Eu esperava que aquele tivesse sido um contato com a vida que estaria crescendo ali dentro.

– Daqui alguns dias... – eu disse – seremos uma família.


– Já somos uma – ela sussurrou, recebendo meu beijo no pescoço.


– Eu nunca admirei tanto você, sabia?

– Ah, é? Por quê?

– Com tudo o que vai acontecer, você não quis desistir de nada. Pouco demonstrou seu medo...

– É que você não viu quando eu comecei a suspeitar da gravidez. Não foi o único a se preocupar se seria ou não um bom pai. Quando tive certeza de que estava grávida eu não vou negar que a princípio fiquei com medo, mas o pensamento de que eu passaria por isso com você, me acalmou, entende? É por isso que eu preciso de você, Scorpius, mais do que nunca. Não sei, mas saber que eu estou com você me protege de todos os meus medos.

Não sabia se aquela era uma novidade, alguma parte de mim parecia já ter idéia daquilo, mas Rose nunca me falara. E eu me senti mais seguro em relação ao que ia acontecer, por ter certeza que era com ela que eu ia passar o resto da minha vida. Só bastavam duas palavras: “eu aceito”.






N/A: Oi, gente, de todo o meu coração, agradeço quem leu até aqui e está acompanhando essa minha nota agora. Primeiramente, eu queria confessar que o meu receio de postar foi tanto, que até sonhei com esse comentário: “COMO É QUE VOCÊ ME FAZ ROSE FICAR GRÁVIDA?!”. SONHEI MESMO! Fico pensando aqui, como isso ficou para a fic. Por isso vou dizer o que eu gostaria de comentar sobre esse capítulo. Posso? Então com licença!

Eu queria que os dois, tanto Scorpius quanto Rose, evoluíssem. Tentei mostrar aí que o Scorpius não pensa mais que ele é um fraco, nem mesmo um covarde. E que Rose é como toda Weasley, por não querer que alguém de sua família fosse considerado um erro, por mais que eles não tivessem desejado aquela gravidez. Rose fica disposta a amar e demonstra que foi para a grifinória não apenas porque escolheu, mas mereceu. Eu nunca quis que ela parecesse uma covarde, espero que quem achou que ela fosse isso, entenda que mudou agora. E não escrevi esse capítulo pro Rony enfartar! (Karla Dumbledore, quando li seu comentário eu falei “Putz, já era!” Você me pede pra não fazer Rose voltar grávida justamente quando eu já tinha colocado isso no capítulo! Você foi muito vidente! AHUAHUAHUA) O Rony é um caso que eu poderia dar mais ênfase se a história fosse contada sob o ponto de vista da Rose, mas como é o Scorpius, eu já disse, ele só vê as coisas acontecerem. O que Ron e Hermione conversaram, vai ficar por conta do que vocês imaginarem. Achei que não é mais necessário colocar mais problemas ao redor dessa história, Scorpius sofreu demais pro meu gosto, e eu realmente amo essa cara, não quero mais fazer as coisas piorarem pra ele! ASHUSAHUSAH E eu ia escrever o casamento nesse capítulo, mããs, já estava grande demais! Então no próximo terá o casamento, e ‘alguns meses depois...’. Aí, depois do próximo capítulo, é o epílogo do epílogo, e a fic vai estar completa *-*

Não quero mais enrolar! Comentem, estou pedindo da forma mais humilde que sou capaz, críticas (construtivas de preferência :D) de qualquer um que leu Sangue & Veneno até aqui, mesmo que silenciosamente durante todo esse tempo. Vou responder a todos os comentários. melldeeeels ;x OLHEM PARA O TAMANHO DESSA NOTA! Quem será q lê isso? O.o'

Enfim, um beijo as pessoas que comentaram.

Leeh Malfoy
(ASHSAUSAHUS Capítulos perfeitos? Eu me esforço mtoo pra escrever um capítulo bom, aí eu fico mais feliz ainda quando fala q ficou perfeito! E, olha, nosso trato já ta combinado, é o que eu vou fazer. Queria ter retratado mais coisa sobre a viagem deles, mas acabou saindo outra coisa ASHUASHUASH. Ai, espero que tenha ficado bom o cap, apesar de tudo) Claudiomir José Canan (eu só devo agradecer aos seus comentários, fico muito lisonjeada! E veja só, você e o Scorpius passaram por algumas situações parecidas, isso é interessante eheuheuehueh) Ana Te (AHH agora compreendi o que quis dizer! Siiim, e eu concordo mesmo. Quem com essa idade não gostaria de sair correndo se tudo isso acontecesse!? Por isso chamamos essa história de ficção! KKK) e também a Karla Dumbledore (eu já falei já sobre o seu comentário, mas queria concordar que achei o Tom Felton incrível no sexto filme. Eu lembrava do Scorpius toda vez que ele aparecia, é porque eu vivo escrevendo sobre ele nessa fanfic, só pode ser! AHUAHUAH Eu não entendi porque aquela cena da garçonete entrou pro filme ashusahaushas O_o)

até os últimos caps, prometo que não vou ultrapassar os limites para uma simples n/a de novo!
Belac

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Comentários (2)

  • Mariana Berlese Rodrigues

    SIMPLISMENTE P-E-R-F-E-I-T-O ESSE CAP. A-M-E-I *.* #MORRI  A-M-E-I <3 <3 <3  MUITOOOOOOOOOO LINDAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA *.* CHOREI AQUI :)GRAVIDA?? :) TAVA IMAGINANDO ESSA CONVERSA DELES COM ROMIONE DE VERDADE *.* 

    2013-02-07
  • Lana Silva

    awwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwww *-* não me canso de admirar essa fanfic! Linda!!

    2012-02-17
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