Loucura e Importância

Loucura e Importância





Aquela foi a maior loucura da minha vida. Mas mesmo assim não abri mão de parar o beijo que, com a mente oscilando na loucura e no gosto da adrenalina, comecei. Os lábios de Rose se moviam fracamente contra os meus, que sugeriam ficar ali fixados nos dela para sempre. Achei que se parasse ou abrisse os olhos, alguma coisa ruim acontecesse. Mas eu estava preparado, perdido no gosto sufocante de Rose.

Continuei com os olhos fechados enquanto me separava de seus lábios quentes.

– Meu Deus – a voz de Rose não saiu direito. Eu finalmente olhei para ela, ainda com as mãos segurando seu rosto, e os dedos afogados em seus cachos. Tão perto que não havia nem dois centímetros que nos separássemos. Ela mal conseguia respirar. Uma surpresa visível em sua expressão, ela me olhava sem acreditar na minha capacidade, e na minha loucura.

Naquele momento meu coração estava disparando como se soubesse que daqui a pouco eu estava preste a ser assassinado. Nenhum de nós estava disposto a olhar para os lados. Mas, para a minha indignação, eu não estava tão preocupado com isso como deveria estar. Só queria ficar perto de Rose, ela me fazia esquecer que eu tinha problemas para enfrentar. O que era ironia, já que quase todos os meus problemas tinham a ver com ela.

Quando a beijei daquele jeito, estava ciente do que enfrentaria com apresto. Então o som de um aplauso ecoou o salão. Alguém decidiu nos separar, criando uma ferida invisível no meu peito de modo que me separei de Rose e olhei para a direção onde ouvia o aplauso inesperado.

Eu nunca imaginara que aquele cara me causaria transtorno como naquela noite. Ele era tão insignificante, mas simplesmente acabou com todas as minhas esperanças de continuar vivo por desejar Rose como sendo minha.

Gregory estava de pé ao lado de sua mesa. Garanto que fora o único que não ficara chocado com a cena. Eu observei, temeroso, as pessoas. Por uma sorte que constara naquele momento, meu pai não estava na mesa. Somente a minha mãe, segurando uma taça de vinho com os olhos arregalados na minha direção. Mas não dei atenção a ela, pois o que Gregory fizera ofuscou toda a minha mente.

– Ela fez parte da aposta mesmo, Malfoy? – ele praticamente gritou, rindo com os colegas.

Senti Rose ao meu lado soltar minha mão ao ouvir aquilo.

– Aposta? – sua voz estremeceu.

Eu olhei para ela, tentando manter a calma. Não, eu não ia deixar ela acreditar naquilo.

– Não acredite nele, Rose – eu implorei quase que com medo de olhar para ela e ver naquele brilho de seu olhar uma sombra de decepção, mágoa e raiva. – Não acredite nisso, é mentira.

– Apenas... só diga que você não teria coragem de quebrar meu coração assim – Rose me olhava, aparentemente nervosa.

– Pare – eu ordenei, incapaz de conter a indignação por perceber que Rose acreditaria no que Gregory dissera. – Pare, você não pode acreditar no que ele disse, não depois de tudo o que passamos. Eles são idiotas. Você sabe o que eu sinto por você... e é o suficiente para me preocupar com os seus sentimentos.

Alguém me empurrou no momento em que disse aquilo. E a força foi suficientemente alta para me derrubar na mesa próxima com estrondo. Ouvi os tilintares dos talheres e dos pratos caírem sobre minha cabeça e despedaçar-se pelo chão em pequenos cacos de vidro e porcelana.

Rose segurou Alvo antes que ele pudesse começar a me agredir, o que eu não duvidava que acontecesse.

– Nunca mais encoste as mãos nelas, seu miserável! – ele gritou.

Os olhos de Alvo ardiam em chamas. Mas nada comparado ao do pai de Rose, quando ele ultrapassou os metros que nos distanciavam e se aproximou de mim. Logo atrás, estava Hugo correndo apressadamente e tentando segurar o pai para que não se aproximasse da maneira como estava.

O sr. Weasley estava preparando seu punho para me acertar, mas logo foi interrompido. A voz do meu pai ecoou o salão, ele voltava do banheiro. Fiquei imaginando se teria assistido ao beijo.

– Enfrentando-o dessa maneira não resolverá isso tudo, Weasley – foi o que dissera. Eu não acreditei.

Um segurança entrou no salão no momento que meu pai e o pai de Rose se encararam, próximos um ao outro. A tensão aumentou drasticamente, até Gregory sentou-se para assistir, percebendo que falara besteira. O bruxo foi calmamente até eles.

– Está tudo bem – meu pai garantiu ao homem, antes que ralhassem com ele. – Não acontecerá nenhuma tragédia. Não por enquanto.

Rose pareceu tremendamente aliviada ao meu lado quando me ajudou a levantar. Eu absorvi o “não por enquanto”

– Não é mesmo, Weasley?

O sr. Weasley pestanejou, também inacreditavelmente surpreso.

– O que significa isso? – ele perguntou, disparando. – Nossos filhos se agarram na nossa frente, e você não faz absolutamente nada, Malfoy? O que aconteceu com você nos últimos anos exatamente? Estou perplexo.

– Você está errado – ele abriu um sorriso trocista. – Estou fazendo tudo para ignorar. São apenas adolescentes, Weasley, um beijo não significa nada hoje em dia. Eles não pretendem levar isso a sério, então evitaremos, com misericórdia, qualquer ato esdrúxulo por enquanto de nossas partes. Com licença.

Isso só explicava que ele também não sabia de nada sobre o que Rose significava para mim.

Fiquei olhando meu pai passar, sem esperar que retribuísse o olhar. Ele voltou a se se sentar à mesa com a minha mãe, como se não tivesse acontecido nada. Desse modo, apenas fiquei parado, imóvel, sentindo Rose colar seu braço ao redor do meu como se quisesse mostrar ao pai – que nos fitava com uma expressão muito confusa – que ela não sairia tão cedo perto de mim.

– Pai, faça o que quiser, me expulse de casa e fique decepcionado comigo, mas eu não vou me desculpar pelo que viu.

Além de confuso, o sr. Weasley também estava bravo.

– Nós conversaremos amanhã. – E depois se afastou, sem tirar os olhos de mim. Ele pediu para que Alvo nos deixasse, e, perplexo, mas relutante, Alvo o obedeceu. Rose ficou tensa, mas estava convicta do que dissera. Eu a admirei por isso.

Aquele homem tinha todas as razões para me espancar, mas eu nunca soube porque ele não o fez naquela noite.

Ninguém nos procurou quando saímos de lá. Senti que precisávamos do momento raro, que pouco compartilharíamos depois do que nossos pais viram no salão. Então aproveitamos o tempo que nos restava.

– Sinto muito, Rose – eu disse a ela assim que estávamos num lugar seguro e vazio, exceto pela presença de alguns seguranças distantes. O ambiente era vasto, como um jardim. E o céu escuro e a lua, onde sombras negras por vezes cobriam sua pouquíssima luminosidade, permitiam a contemplação. – Tudo o que menos quero é que brigue com sua família por minha causa, eu não valho a pena...

Ela tocou meus lábios com seu dedo fino para me calar. Conduziu-me até um banco encostado à parede e sentou ao meu lado.

– Estamos juntos, não estamos? – ela disse, sussurrando quando friccionei meus lábios em seu dedo, aproveitando o momento para levá-la a uma loucura diferente. Ela estremeceu.

– Sim... – respondi, observando-a atentamente. – Contra a vontade de nossos pais, mas estamos.

– Então passaremos por isso juntos. O desejo de ficar com você aperta meu peito, e causa uma falta de ar insuportavelmente delirante. Se fracassar na tentativa de ter o que quero, ficarei arrependida pela eternidade.

Rose começou a acariciar meu rosto, passando as mãos no meu cabelo, num toque suportável e perfeito.

Eu não dizia nada. Estava querendo ouvir o que ela tinha para dizer. Naquela noite, o único som que queria escutar era o de sua voz; era o único som que meus ouvidos sentiam falta.

– Quando você me beija, eu não sei o que fazer – ela confessou, falando mais baixo como se assim me atraísse para mais perto de sua beleza naquela noite. – Você é o único que consegue me deixar sem respostas e sem palavras. O único que conseguiu afastar meus pensamentos da razão. Você é completamente tudo o que eu nunca desejei, mas sim o que sempre precisei. Então... não diga você não vale a pena.

Rose continuava brincando com uma parte do meu cabelo, parecendo entretida nele.

Um silêncio. Eu escutava sua respiração.

– Alguém já disse... que seu cabelo é perfeito?

A esse ponto eu já tinha esquecido meu nome. Eu realmente tinha esquecido o que acontecera meia hora atrás. Eu só sabia que eu estava apaixonado por ela.

– Já – eu tive que ser sincero. Ela girou os olhos, rindo. – Mas isso não vem ao caso.

Beijei seu rosto demoradamente. Eu estava quase colocando meu peso contra seu corpo, de tão perto que estávamos. Ela não pareceu se incomodar com aquilo. Segurei sua mão, colocando-a em seu próprio peito, para que ouvisse o próprio coração. Ela engoliu em seco.

– Você consegue ouvir? – perguntou. Eu fiz que sim. Depois coloquei sua mão no meu peito.

– Isso definitivamente não é normal.

– Isso definitivamente é amor.

Alguém pigarreou atrás de nós. Nos separamos rapidamente, um segurança estava ali parado e nos deu um recado:

– Sr. Malfoy, seus pais estão lhe esperando para ir embora.

– Diga que eu...

– Senhor, ele não está paciente. Apenas quer ser atendido. Deixarei, em todo o caso, os senhores a sós para se despedirem.

Virei-me novamente para Rose. Ela estava chateada, mas tentou não transparecer essa emoção.

– Nós merecemos – ela riu nervosa. – E não é do meu feitio, você sabe...

– Ficar por aí com um rapaz, agarrando ele, né? Pois bem, pior seria se esse cara fosse um Malfoy – eu disse, ironicamente, levantando-me. – Nos veremos em breve, semana que vem estaremos em Hogwarts novamente.

– Ok – ela respondeu, desvencilhando-se dos meus braços.

Achei que não ia acontecer mais nada, mas de repente Rose puxou minha gravata para me dar o beijo que faltava.

Eu aproveitei bastante aquele momento, pois não sabia o que aconteceria na mansão assim que eu chegasse lá.

***

– O senhor está errado – murmurara sentado ao lado do meu pai no dia seguinte. Pensara durante horas para ter coragem de lhe dizer aquilo, que não parava de atormentar meus pensamentos. E finalmente soltei, depois de um minuto de silêncio incomodo no jantar, a verdade.

– No que estou errado, Scorpius? – ele me perguntou, analisando-me. Fazia isso constantemente depois daquela festa. Poderia estar tentando descobrir se eu estava maluco.

Claro que ele achava que eu não estava na razão completa da minha mente ao beijar a filha do Weasley na frente de todo mundo. Pensou que eu estivesse bêbado, fazendo gracinha, maluco, doido... menos apaixonado.

– Significa tudo.

– Não compreendo. O que significa tudo?

– Weasley e eu. O que o senhor achou que significa nada, significa tudo.

Levantei-me para não ser obrigado a reparar na expressão dele e explicar em detalhes o sentimento, o desejo e a necessidade que estavam cravados como uma flecha afiada na minha pele e no meu sangue. Não achava que, um dia, meus pais entenderiam. Não achava que, mesmo se entendessem, eles aceitariam. Mas independente das circunstancias, eu não ia esconder isso deles. Eu estava disposto a lutar pelo amor de Rose. Eu estava disposto a enfrentar qualquer obstáculo.

Ela preencheu o espaço vazio que existira em mim. Eu precisava daquela parte tanto quanto precisava de fôlego para respirar todos os dias.

Eu precisava de Rose Weasley para viver.



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N/A: Só devo dizer que fui MUUUUITO boazinha nesse capítulo. Scorpius teve MUUUUUUUITA sorte. Graças a reza de vocês ele não morreu.... ainda =] (tah, eu não sou tão cruel, fiquei sossegados).

Eu fiquei TÃO surpresa ao ver os comentários do último post que seria grosseria se eu não respondesse aqui mesmo nessa página, exclusivamente. Vou te contar, eu li três vezes todos os comentários e virei pra mim e exclamei:
“Gentchi, to pasma.”

Agora, vocês me deixaram extremamente satisfeita e CONTENTE e quero agradecê-los por isso.

Larissa: Seus comentários me empolgam, de verdade \o/. E só agradeço você primeiramente por que você acompanha a fic desde o comecinho, comentando em cada santo capítulo *-* Brigaaadão, viw? Eu ri com os 832312873187 OMG do seu último comentário. Mas nem eu sabia que a história ia dar no que deu! E, vamos combinar, fui boazinha demais nesse último capítulo aqui. Sua reza ajudou, devo dizerr *-*

Claudiomir José Canan: Não é toda hora que falam que eu tenho o dom para escrever, por isso fez meu dia! E é satisfatório saber que consegui passar a imagem que eu gostaria que os leitores percebessem em Scorpius. Bem... sabe que eu conheço “de longe” a sua fic “Apollyon”, mas não tive ainda tempo de... desfrutá-la (assim que der não vou perder tempo!) Ela é tãoo grande e, nossa... saber que você, o autor dela, comentou na minha fic, fico sem palavras. Muito obrigada pelo seu comentário, e, claro, pelos elogios. Bjooos.

Brenda Moreira : Uma das melhores histórias que você já leu? MERLIN, só faltou isso pra conseguirem me deixar feliz pra estudar álgebra com um sorriso no rosto. E isso, posso garantir, não é fácil \o/ Saber que consegui, através da narração fazer os leitores sentirem como se estivessem na pele do próprio Scorpius me deixa orgulhosa, não vou mentir! Vou confessar que nunca fui A FÃ do DRACO, mas depois que eu li o sétimo livro, nunca mais tive a mesma impressão que tinha dele do primeiro ao penúltimo ano. Sério, eu não consigo detestar os Malfoy, principalmente depois do que a Narcissa fez pelo Harry só para saber se estava tudo bem com o Draco... Mas em fim, MUITO OBRIGADA pelos comentários! =DD BJOOS.

Leeh : hahaa o que é isso sr. Scorpius Malfoy? [2] Esse capítulo, vou te contar, foi o mais difícil de fazer. Eu o escrevi em dois dias mas você não tem IDEEEIA das quantas vezes eu refiz o capítulo e fiquei um tempão sem atualizar a fic só por que não tava ficando satisfeita com o que estava saindo na hora que eu escrevia. E saber que alguém que não costuma comentar acabou comentando por causa desse capítulo me fez pensar que valeu um pouco pena escrever e reescrever umas dez vezes! ASHUASH nossa, curtiram o abraço pai/filho pelo visto *-* EU também fiquei feliz por eles nessa parte, mas aí o Scorpius resolveu beijar a Rose bem no meio da festa... nem falo nada U___U. Então, obrigada pelo seu comentário e pelo elogio! E abro um sorrisão só de ler que A-M-A a minha fic. =] BJOOOS. AHHH, logo logo, assim que eu puder, verei sua fic. Obrigada pela indicação dela ;))

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Comentários (2)

  • Mariana Berlese Rodrigues

    SIMPLISMENTE P-E-R-F-E-I-T-O ESSE CAP. A-M-E-I *.*#MORRI A-M-E-I <3 <3 <3 MUITOOOOOOOOOO LINDAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA *.*CHOREI AQUI :)A-M-O O SCORPIUS <3 DA LHE SCORP kkkkkkkkkkkkkkkkkk'A-M-E-I ESSE CAP. MSM :) 

    2013-02-05
  • Lana Silva

    AHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH que capitulo \O/ poxa cada dia mais essa fic me surpreende. *--------------*

    2012-02-16
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