Por Tonks



Por Tonks

Já estava tarde. Muito tarde. O tic tac do relógio na parede da sala a irritava demais. Era como se repetisse: ele não vai voltar, ele não vai voltar, ele não vai voltar... Ela pegou a varinha e mirou no relógio, em segundos não havia mais tic tac do relógio. Nem relógio.

- Ele vai voltar... Ele vai voltar...

Ela fechou as cortinas da janela e se jogou no sofá. Seus olhos estavam vermelhos de tanto chorar. Deu um longo suspiro, se abraçou a almofada.

- Remo! Por que é tão difícil... – Ainda abraçada na almofada, se deitou no sofá, sentiu as lágrimas rolarem sob o seu rosto.

“- Ninfadora, minha filha que comportamento é esse!? Por favor, deixe seu cabelo de uma cor decente... O que o moço, amigo de Sirius, vai pensar?”

Ouviu ao longe a voz da mãe. Foi a primeira vez que viu Remo. Ele havia ido à casa de seus pais com Sirius, ela devia ter uns seis ou sete anos. Lembra das palavras dele, do tom da sua voz como se fosse hoje.

“- Esta lindo com essa cor... Rosa chiclete é a minha cor preferida...” Ele sorriu para ela e passou as mãos nos seus cabelos rosa chiclete. Ela deu um sorriso tímido e adotou essa cor para os cabelos a partir de então.

- Remo! – Ainda encolhida no sofá... Outra cena se formou na sua cabeça.

“- Remo, lembra da minha prima, Ninfadora Tonks? Agora ela é auror!” Sirius a apresentou a Remo quando a Ordem da Fênix voltou a se reunir.

“- Tonks, por Favor! – lamuriou - Esse nome é terrível!” O sorriso discreto de Remo era o mais lindo que já viu. Sentiu um frio na barriga e ficou realmente embaraçada quando percebeu que ele estava olhando-a.

Ela sentou-se no sofá, teve a nítida sensação que ouviu algum barulho na porta. Esperou alguns segundos. Nada. Ele não voltou.

Não havia mais o tic tac do relógio – nem o próprio - mas agora ela não sabia que horas eram. Foi até a cozinha, pegou uma maçã e voltou para a sala, para o sofá, ficaria ali até ele voltar. E quando ele voltasse, ah....

- Remo John Lupin... Você vai ouvir! Onde já se viu me deixar sozinha nesse estado? – Ela mordeu com vontade a maçã, como se fosse o rabo de seu lobo.

“-Tonks...”

“- Ham... Lupin...”

“- Er... sozinha? Onde esta o Sirius?”

“- Não sei... acho que deu uma escapada. Sabe é difícil para ele ficar escondido aqui...”

“- Sei... Deve ser difícil para você também... Ficar de babá do Sirius não é fácil!”

Ele sorriu, foi a primeira vez que o viu mais relaxado, seus olhos se encontraram, ele tocou de leve a sua mão, ela incentivou a manter o contato e acariciou seu rosto.

Foram se aproximando, sentia a respiração dele próxima a seu rosto. Os lábios dele estavam a milímetros dos dela... Ele se afastou de repente... Sirius estava parado olhando divertido para os dois.

“- Desculpe!” Remo se levantou e saiu rápido da sala.

Um sorriso bobo brota no rosto dela. Ela morde novamente a maçã. Caminha até a porta, a abre, da uma olhada rápida na rua. Ninguém, nenhum vulto... Dá mais uma olhada e volta para dentro da casa.

- Remo... Você não vai me deixar sozinha né!? – Foi até o portarretrato e ficou olhando a foto dos dois no dia do casamento deles.

“- Isso não tá certo! Eu e você, não é certo!”

“- Porque você é tão certinho? Vamos aproveitar o momento...”. Ela sentou no seu colo, passou as mãos calmamente pelos seus cabelos. “Remo, eu amo você e eu sei que você me ama... Porque a gente não pode ficar juntos?”

“- Eu... eu te amo, nunca me senti assim com ninguém. Mas eu... Eu... eu sou mais velho que você...” Ele acariciava seu rosto delicado, tinha vontade de beijá-la, de nunca mais deixá-la sair de perto dele. Mas isso não era certo. Ela tinha que entender.

“- Isso não é importante... Você não é tão mais velho que eu, esse não é um bom argumento...”

Ela se acomodou melhor no colo dele e beijou a sua testa, depois os olhos, a pontinha do nariz, o queixo e, finalmente, os lábios macios dele. Ele retribuiu o beijo com intensidade. A puxou para mais perto do corpo dele, podia sentir seu coração bater. Ousou um contato maior. Deixou que suas mãos levantassem um pouco a blusa dela e pode sentir que ela ficou toda arrepiada ao sentir seu toque.

Ela se separou de seus lábios e pegou a sua mão. O guiou até a escada. Ele parou ao entender suas intenções.

“- Não! Não podemos.”

“- Podemos sim... Ninguém vai sentir a nossa ausência por algumas horas. E, eu sei que você quer, não negue!” Ele não teve argumentos contra ela. Suas pernas não obedeciam a sua cabeça, a seguiu até o quarto que estava ocupando no andar de cima do Largo Grimmauld...

As cenas se dissolvem como fumaça... Ela se deitou no sofá, conjurou uma manta. A noite estava fria. Olhou a lareira. Pensou em acender o fogo. Não. Ele poderia usar a lareira para voltar... De repente o rosto tenso dele se formou novamente a sua frente...

“- Eu sou um lobisomem... Você não entende!”

“- E eu sou uma metamorfoga! Posso me transformar no que você quiser! Além do que, eu entendo que eu te amo!” Ela se aproximou dele, passou as mãos em seus cabelos, depois começou a tirar a roupa lentamente. Pode perceber que a respiração dele estava alterada. Mas um barulho no andar de baixo quebrou o encanto... Ele saiu correndo, deixando ela ali parada... Suspirou... E voltou a vestir a sua roupa.

- Ele é o meu menino... Tão carente, tão sensível... - Ela fala se aninhando mais no sofá.

As imagens de uma noite chuvosa, meses atrás vieram a sua mente...

As batidas eram insistentes na porta do apartamento que ela morava... Estava dormindo... Devia estar com uma aparência terrível, seus cabelos na cor natural, castanhos... Mas seu rosto se iluminou quando abriu a porta viu os olhos daquele homem, do seu homem todo molhado de chuva...

“- Remo... entre, rápido, por Merlin, você tá todo molhado!” Ela conjurou uma toalha e deu para ele se secar. Ficou ali parada olhando ele. Remo ainda tinha as feições de menino, sentiu a necessidade de protegê-lo, amá-lo, cuidar dele...

“- Vou preparar um chocolate quente para você!”

Ela foi em direção a cozinha, ele ficou observando-a de longe... Ele pensava que não merecia tanto... Mas o que estava fazendo ali afinal??? A seguiu até a cozinha, parou atrás dela, com delicadeza a fazela encará-lo. Sua mão forte e áspera segurou seu queixo... E a beijou. A beijou com ternura... Encostou sua testa na dela e ficou assim por vários minutos... Não podia fugir, a amava mais que tudo nessa vida, sabia que não era certo, mas a amava... A amava muito... Precisava sentir o seu calor, o seu perfume... Precisa dela para viver!

Lágrimas escorriam sob o rosto dela... Ele beijou as lágrimas... Não disseram uma palavra, não precisava, seus corpos, seus gestos falavam por ambos... Ele a abraçou com tanta força e voltou a beijá-la. O beijo agora era mais urgente, apaixonado...

Ele se perdeu naqueles lábios... Apoderou-se daquela boca.. A beijou com uma fome que nem sabia que sentia... Ela retribui o beijo com a mesma intensidade... O apertou mais contra o seu corpo... Não iria deixá-lo fugir agora.

Cambaleando, ela a encostou na parede fria da cozinha... Só sentia o calor que o corpo dela emanava... Ela estava completamente fora de si, começou a desabotoar a camisa dele, ele não mostrou nenhuma resistência, então começou a beijar aquele peito másculo... Ela gemeu baixo quando sentiu a mão dele por debaixo da blusa do pijama...

Todas as resistências foram quebradas... Foram escorregando até ao chão... Nem se importaram do chão estar frio... Ele se livrou da camisa e ela, prontamente, levantou os braços para que ele tirasse a blusa dela... Depois as outras peças de roupa voaram, jogadas ao esmo... Voltaram a se beijar, se acariciar... Precisavam saciar o desejo que existia ali.

Foi tudo muito rápido, mas foi muito intenso, muito profundo... Único! Foi um momento único, ímpar para ambos... Uma explosão de prazer... Ela sufocou um grito de prazer quando sentiu o peso do corpo dele sob o seu, quando sentiu que nunca havia sentido algo parecido antes... Acariciou seus cabelos molhados e procurou seus olhos...

“- Por Merlin, Ninfadora... o que fizemos...”

“- Nos amamos... só isso, nos amamos... e foi maravilhoso!” Ela procurou novamente os lábios dele e ficaram ali abraçados no chão frio da cozinha...

Voltou para a solidão daquele mesmo apartamento de meses atrás. Aninhou-se mais no sofá.

Ouviu um barulho de chave sendo colocada na fechadura. Agora ela não estava enganada, sentou rapidamente no sofá, e esperou a porta se abrir.

- Oi! - Ele falou sem encará-la. - Você devia estar dormindo!

- Onde você estava? - Ela tentava parecer furiosa, mas na verdade estava aliviada porque ele voltou. - Remo eu fiquei preocupada, fiquei imaginando um monte de bobagens... Quase sai atrás de você...

- Eu não queria que você se preocupasse... - Ele sentou de cabeça baixa ao lado dela no sofá. - Eu só fiquei assustado.

- Você acha que eu não fiquei? Droga! - Ela fez menção de se levantar, mas ele segurou a sua mão e pela primeira vez naquela noite lhe olhou nos olhos. Os cabelos dela passaram para um vermelho intenso.

- Eu te amo! - As palavras saíram sem planejar. - Eu te amo... Eu te amo... Foi por isso que voltei... Porque te amo e vou estar do seu lado!

- Eu te amo, você sabe... - Ela segurou o rosto dele – os cabelos já rosas novamente. - Só não me deixa assim de novo? Você sabe que no meu estado atual não é muito bom ficar nervosa.

Ele riu e a puxou para um beijo doce e a inclinou delicadamente sob as almofadas do sofá.


N/A: Espero que gostem dessa short fic, ela está organizada em três capítulos e trás alguns momentos na vida desse casal maravilhoso que infelizmente teve um fim tão triste... Agradeço a todos que lerem e que comentarem... Também agradeço a Alessandra, que betou a fic para mim ( a N/B vem no último capítulo ok!), Carolz e a Anny que estavam a par desse projeto há um certo tempo e estão sempre me apoiando... Um beijo especial para a Larissa espero que goste. Próximo capítulo daqui há uma semana!!!

Beijos

Daiana

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