Capítulo 5



Photobucket





Por Thomas Riddle

É interessante observar como as gotas de chuva caem em um ritmo ensaiado e atingem o solo perfeitamente, num espaço de tempo exato. Parece imbecilidade falar sobre o tempo, mas quando se está em uma carruagem, repleta de crianças que travam uma conversa animada sobre suas férias idiotas, não há muita coisa para se reparar.

Estou sentado em uma carruagem, a caminho de Hogwarts e próximo a mim há mais quatro pessoas. Dentre elas, Leslie. As vozes dos quatro invadem minha mente, mas não absorvo nada. No final das contas, todo o som se torna apenas um ruído ao fundo, que eu posso controlar.

No momento minha mente está voltada para algo acima de mim. A chegada à Escola de Magia e Bruxaria mais famosa do mundo significa o início da minha vingança. É necessário que eu comece, desde já, pensar em planos que me torne amigo do Harry Potter e um aluno digno de confiança.

Pelo canto do olho posso ver os alunos lançarem olhares curiosos pra mim. Obviamente sou uma novidade. Uma novidade calada e possivelmente com uma expressão de poucos amigos, mas isso não afasta a curiosidade dos olhos deles. Apenas aumenta.

Tento ignorá-los da melhor forma possível. Finjo estar sozinho e observo cada gota de chuva cair pela rua que nos leva até o destino final, mas nem assim consigo me livrar da sensação de ser um animal enjaulado.

- Stevens? – finalmente alguém toma coragem pra falar comigo. E, como já era de se esperar, a pessoa que me chama é Leslie.

Viro meu rosto lentamente a fim de encará-la. Por algum motivo surreal, ela sorri para mim. Não somos amigos e ainda sim ela insiste em ser simpática. Idiota. Se soubesse as coisas que penso, com certeza correria chorando e esqueceria essa expressão patética de felicidade.

- O que? – respondo sem dar muita atenção a nova chuva de olhares. Provavelmente as crianças ficaram felizes por saber que falo o idioma deles.

- Está calado. Por que não se junta a nós na conversa? Sua seleção será em breve, deve estar ansioso!

“Ansioso estou para te jogar dessa carruagem e fazer você calar a boca!” é claro que não digo o que se passa em minha mente. Mas ainda sim, é legal imaginar as várias formas que poderia me livrar de Leslie sem sujar minhas mãos.

- Sim, estou calado. E minha cara, se quisesse me juntar a conversa de vocês, teria feito assim que me sentei aqui. E não, não se preocupe. Coisas como seleção de casas, não são o suficiente para me assustar. – após meu rápido discurso, inclino a cabeça rapidamente e faço uma debochada reverência.

Os outros alunos arregalam os olhos em espanto.

Leslie me encara com uma expressão de quem comeu algo muito azedo. Não parece satisfeita por eu ser o único diferente dali. Então, ainda bancando a boa amiga, ela me lança um novo sorriso, mas dessa vez posso perceber que a mensagem daquele gesto soa como: “Você não sabe com quem está se metendo”.

O sorriso que dou em resposta traz uma mensagem um pouco mais ameaçadora: “Fique longe de mim ou se arrependa”. Ela se encolhe em seu assento e eu torno a observar a chuva, ficando mais uma vez imerso em meus pensamentos.



.*.*.*.




Hogwarts é ainda maior do que esperava. Enquanto caminhava pelo jardim, em direção à porta de entrada, acompanhado pelo zelador e sua gata, pude observar o número de torres, janelas e aposentos do local. Meus olhos não captaram tudo, mas ainda sim tive uma grande visão do que me espera.

Agora estamos indo em direção à porta dos fundos do Salão Principal. Várias crianças estão por lá a espera de alguém que os levará para seleção de casas.

O tempo não demora a passar, e logo um homem muito baixo aparece e se apresenta como professor Flitwick. Ele chama o grupo de crianças e pede para que eu espere ali, até que a seleção delas acabe. Concordo sem reclamar. Preciso mesmo de silêncio, e um tempo sozinho não me mataria.

Enquanto espero, posso ouvir a seleção se iniciar. Alguma música que fala sobre companheirismo e qualifica as quatro casas é cantada. Como o mestre havia dito, há mesmo um Chapéu Seletor no local, e é provável que a voz que ouço seja dele.

Um nome é chamado. Uma menina de sobrenome Richards é chamada, e poucos minutos depois, uma salva de palmas invade o local. Imagino que seja algum tipo de comemoração de sua nova Casa.

O mesmo processo de chamada se repete inúmeras vezes, até que uma voz feminina e autoritária chama atenção de todos para um novo recado. Ela faz um breve discurso a respeito de um novo aluno, e pede para que Flitwick vá buscá-lo.

Não me surpreendo ao ver o homem baixinho se dirigir a mim, com tamanha simpatia. Tento sorrir e entrar em sua conversa animada, mas o máximo que consigo é passar por alguém que está fingindo tranqüilidade.

Isso é bom. Talvez dessa forma consiga me parecer mais com um aluno normal. Provavelmente estranhariam se eu dissesse que nada daquilo tem algum significado para mim.

A porta se abre e minha visão fica momentaneamente perdida com a imensidão do Salão. Há quatro mesas dispostas, e cada uma possui uma bandeira que levita acima da cabeça dos alunos, indicando a qual casa pertence. Todos usam vestes negras, como era de se esperar. E todos me encaram como se fosse alguma vassoura recém-lançada, colocada em promoção.

- Sr. Stevens, pode vir aqui, por favor?! – uma mulher, com certa idade, me chama autoritariamente. Ela me encara de forma avaliativa, por trás de seus óculos quadrados. Seu cabelo, preso em um coque apertado, lhe deixa com uma expressão ainda mais séria. Rapidamente lembro-me qual é seu nome. Meu Mestre havia comentado várias vezes sobre ela. Minerva McGonagall, a nova diretora de Hogwarts.

Caminho até ela, sem demonstrar nada além de tranqüilidade. Se eu tentar fazer alguma outra expressão, possivelmente parecerei alguém com dor, então opto por demonstrar calma.

Minerva aponta um banco que está a sua frente. Eu observo e logo me sento.

O que iria acontecer a seguir, eu já sabia. Um chapéu seria colocado em minha cabeça e me diria para onde deveria ir.

Rapidamente penso em coisas que me tornam uma pessoa digna de pertencer a Grifinória. Meu Mestre havia dito que seria mais fácil para nós, se eu pertencesse a essa Casa, e não quero lhe causar um desgosto, informando que não fui selecionado para lá.

Por algum motivo, minha seleção parece mais demorada que as outras. O chapéu que está em minha cabeça, nesse momento, delibera baixinho sobre minhas características.

- Ser da Lufa-Lufa está fora de cogitação... Entretanto, apresenta qualidades para ser da Corvinal. Inteligente, esforçado, em busca de sabedoria, você seria uma ótima aquisição para Casa. – O chapéu diz como se analisasse uma fruta. Aquele tipo de análise que diz se ela está verde, boa pra consumo ou podre.

Mantenho meus pensamentos livres de qualquer coisa que denuncie minhas verdadeiras intenções.

Meus olhos percorrem novamente o Salão Principal. Por motivos óbvios evito encarar a Grifinória, e meus olhos se detêm em uma figura loura e de olhos sonhadores, sentada à mesa da Corvinal. Nunca imaginaria que a menina que esbarrei no trem, cujo nome lembro ser “Luna Love alguma coisa” tivesse uma mente capaz de ingressar em uma casa que busca sabedoria. Para mim, ela deveria ir para um lugar de loucos.

- Sonserina é uma casa que combina com você. Posso ver em seu âmago que é astuto e presunçoso... – pronto. Antes mesmo que possa controlar, meus olhos se fecham em um pedido mudo de mudança. “Sonserina não!”, eu penso repetidas vezes. Obviamente o chapéu não me ouve, mas se for esperto como aparenta, notará que algo em sua análise não me satisfez – Entretanto... É corajoso e fiel. Talvez não fiel aos amigos, mas sim aos seus propósitos...

Ele faz uma pausa. Começo a ficar impaciente. Todos me encaram como um produto em exposição. Sinto que a qualquer momento um aluno levantará a mão e dará alguns galeões em oferta do objeto em questão.

Então, a voz do chapéu soa alta e clara. Assusto-me rapidamente com a sua empolgação repentina.

- Não há mais o que deliberar, já posso dizer o que vou escolher. Inteligente, sagaz, esperto, corajoso e fiel as suas conquistas... É por isso que escolho GRIFINÓRIA!

Uma salva de palmas invade o local. Na mesa da Grifinória, posso ver os alunos se colocarem de pé para me receber.

Minerva retira o chapéu de minha cabeça e me lança algo semelhante a um sorriso.

Tomado por uma coragem súbita, caminho em direção as pessoas que parecem dispostas a me receber. Crianças, adolescentes e alunos da minha idade, sorriem pra mim. Aproveito que estou sob o efeito da nova conquista, e lanço a eles um sorriso animado.

E então, aquilo que mais espero durante os últimos meses se torna real.

Encontro-me frente a frente com Harry Potter, que parece satisfeito por me ter em sua casa.

Ele sorri para mim, assim como seus amigos, que reconheço como Ronald Weasley e sua irmã Gina, e Hermione Granger.

Sorrio para eles enquanto me aproximo.

- Seja bem-vindo! – a menina Granger me recepciona de forma gentil. – Sou a Monitora Chefe.

- Obrigado! – sorrio, ainda utilizando de meu alívio e meu êxtase – Eu sou apenas um aluno.

Todos riem da minha tentativa idiota de fazer piada. Parece que sou o único a não achar graça facilmente.

- Posso me sentar por aqui, ou o local é disputado por outros novatos? – pergunto, ainda tentando ser simpático. Fico impressionado em descobrir que simpatia não tem nada a ver comigo.

O ruivo que atende por Ronald Weasley é quem responde minha pergunta.

- Cara, você já viu quem tá do seu lado? É Harry Potter. Até o Ministro é capaz de sair no tapa pra sentar perto dele, e... Ai, Gina! Não me chuta!

- É claro que te chuto. Você só fala bobagem! – a ruiva revira os olhos e encara o irmão como se ele fosse um completo asno. Na verdade, eu o comparo a um trasgo, mas não irei dizer isso em voz alta.

Harry Potter, que antes encarava os dois rindo, vira-se para me olhar. Com um gesto simples, ele indica o espaço vazio ao seu lado e me convida a sentar.

- Então você é o famoso Harry Potter! – minha falsa animação me surpreende. Começo a ficar bom em atuações.

Ele ri, e passa o braço por cima do ombro de sua namorada, antes de me encarar.

- Eu não gostaria que o famoso estivesse embutido na frase, mas parece inevitável... – a forma como me responde é um tanto constrangida. Rapidamente percebo que Harry não se sente a vontade com a fama e os holofotes.

Idiota. Pensasse isso antes de matar meu pai. Morto, com certeza, não seria alvo dos olhares e fofocas das pessoas, e mesmo que fosse não saberia. Creio que não existe um canal direto entre o além e o mundo real.

- Stevens! – ah não. Não, não, não e NÃO! Será que essa menina tem algum radar pra me encontrar ou passa os minutos de sua inútil vida me rastreando? Seja lá o que for, do outro lado da mesa, sentada ao lado de um garoto, cujo nome não sei, está Leslie. Sua mão sacode fervorosamente para chamar minha atenção, nem se eu quisesse, conseguiria fingir não ter visto.

- Ei, Bennet! – meu falso sorriso se abre em resposta ao cumprimento. Ela parece ter esquecido a nossa curta e desagradável conversa na carruagem.

Ela se levanta. Começo a achar que devo ter cometido um pecado muito grande pra ser castigado dessa forma. Garotinha insuportável. Parece não entender o significado de rejeição.

- Fico feliz que você tenha vindo para nossa Casa! – Leslie diz parada ao meu lado. Nunca vi alguém atravessar um local tão rapidamente e saltitante como ela. Essa criança deve ser de outro planeta.

- Digo o mesmo. É ótimo estar na Grifinória.

- Parece estar mais animado agora. – ela constata, e tenho vontade de lhe dizer o quão animado estou para sacar minha varinha e terminar com todo mundo antes que possam servir o jantar.

Mas há coisas que não devo dizer, então minha única saída é mentir. E eu sou um ótimo mentiroso.

- Sem dúvidas estou mais animado. Estava certa, meu mau-humor era abastecido pela minha ansiedade e preocupação.

- E fome! Homens tendem a ser mal-humorados quando estão famintos. – ela constata novamente. Suas teorias me deixam irritado.

Penso em algo para dizer, mas a Diretora interrompe o que seria um lindo fora meu. Agradeço por ter sido salvo pela palavra dela. Não sei quanto tempo mais agüentaria as palavras de Leslie.



.*.*.*.




“1, 2, 3, 4, 5...”



Uma das coisas que meu Mestre havia dito em uma de suas aulas, era que quando eu estivesse prestes a explodir, começasse a contar.

Estou sentado no Salão Comunal da Grifinória, cercado de pessoas sorridentes, que fazem questão de comemorar o início de mais um semestre e a chegada de novatos, como se isso fosse um grande acontecimento.

Se os números não fossem infinitos, tenho certeza que faltariam para minhas contas.



“125, 126, 127...”



A festa continua. Eu bebo tranquilamente minha Cerveja Amanteigada enquanto observo tudo, fingindo algum tipo de interesse.

Os alunos parecem se divertir como nunca. Alguns deles utilizam utensílios adquiridos na loja de logros “Gemialidades Weasley”, para animar mais o local. Pequenos fogos explodem, espalhando faíscas pelo Salão, e isso incomoda a Monitora Chefe, que se coloca de pé imediatamente e vai chamar a atenção deles.

Nota-se que é uma pessoa um tanto nervosa.



“297, 298, 299, 300...”



A festa se arrasta. Não faço idéia do horário, mas parece ser bem tarde. Os mais novos foram dormir, a mando de Hermione, e agora os mais velhos são obrigados a controlar a gritaria.

De longe, posso avistar Harry Potter conversando com alguns amigos. Parece um tanto sem graça. Eles provavelmente o estão exaltando, como se fosse um deus ou algo parecido.

Meus olhos varrem o grande local, e por uma fração de segundo vejo Leslie me observando. Sua expressão é curiosa e intrigada. É a primeira vez que não a vejo sorrir. Algo em seus olhos busca compreensão em mim, e me sinto tentado a levantar-me de meu assento e perguntar qual é o problema. Então, com a mesma rapidez que nossos olhares se encontraram, os olhos dela se desviam e rapidamente sua expressão muda para uma mais feliz.

Definitivamente, ela é a pessoa mais estranha que conheço.


“931, 932, 933...”


Está tarde. Começo a sentir o peso do cansaço se abater sobre mim.

Preciso me levantar e ir até meu quarto, mas ainda sim me sinto instigado a permanecer ali e observar cada um.

Uma nota que fiz a respeito dos alunos: Dino Thomas e Simas Finnigan são ótimos amigos; Neville Longbotton é muito amigo do grupo que cerca Harry Potter; Todos estão loucos para o início das aulas e para o início dos testes de Quadribol; Leslie parece ter adquirido um interesse em descobrir quem ou o que sou... Preciso pará-la antes que se torne um problema.



1.035, 1.036, 1.037...


Finalmente é dado nosso toque de recolher. Hermione alega que precisamos de algumas horas de descanso antes da primeira aula, e ressalta que festas como aquela são exceções, e que não permitirá que se repitam todas as noites.

Todos murmuram algo um pouco sem sentido, mas a obedecem. Parece que Hermione não tem sua autoridade questionada por aqui.

Sigo para meu dormitório. Há uma placa na porta indicando que aquele era o aposento dos alunos do 7º ano “especial”. Não compreendi bem o motivo daquilo, mas não achei que devesse perguntar.

Por sorte, Dino Thomas sentiu a mesma curiosidade que eu, e indagou a respeito do “especial”.

Foi Harry quem respondeu.

- O especial só é uma forma de diferenciar onde nós vamos dormir. McGonagall não quis nos juntar com os outros alunos, para não separar o grupo de anos! – ele ri.

- Na boa? Acho que a Diretora tava mesmo a fim de nos privar da tietagem. Colocar Harry no meio dos outros alunos não nos permitiria dormir. – me sinto obrigado a concordar com a afirmação de Simas. É claro que nossa separação foi para privar Harry de um ataque dos fãs. Seus amigos de anos já estavam acostumados a sua presença, então ele não corria o risco de ser atacado ou importunado para autografar um pergaminho.

Vejo que Harry assume um tom escarlate. Definitivamente não gosta de atenção.

- Espere um pouco. Se o objetivo era deixar Harry com os antigos amigos, eu não deveria estar aqui. – digo e logo os outros meninos fazem uma expressão de quem reflete sobre algo óbvio.

- Bom, você deve estar aqui pela idade. Tem 18 anos também, não? – Ronald diz, tentando quebrar o silêncio.

- Sim, eu tenho.

- Então é isso. Colocaram você aqui para ficar próximo a pessoas com a mesma faixa etária.

Sem ter mais o que dizer, pego meu pijama e vou até o banheiro trocar minha roupa. Pouco tempo depois, volto e percebo que todos ainda travam uma conversa sobre o primeiro dia de aula. Ignorando isso, deito-me em minha cama e antes de fechar a cortina, murmuro um “Boa noite!” aos demais.

O primeiro dia de aula será algo grandioso e preciso estar preparado.





~~




N/A: Hey Pessoas!

Eu tinha prometido não demorar com o capítulo, então tô aqui cumprindo tal promessa.

Como notaram, esse capítulo é narrado sob o ponto de vista do Tom. Nosso vilão e protagonista dará as caras de vez em quando para narrar alguns capítulos.

Não há muita coisa a se falar. A história pra valer começa agora. Alguns segredos ainda serão revelados, mas vocês verão isso mais pra frente.

Um conselho? Não subestimem a Leslie! Ela pode ser mais especial do que imaginam...

Enfim, o capítulo 6 está quase finalizado. Gostariam que comentassem e me dessem suas opiniões ok?!

Agradeço desde já a todos que lêem a fic e de uma forma ou de outra expressam o que acham. Fiquei chocada ao ver meu número de votos subir significativamente! kkkkkkkkkkkkkk

Bom, espero comentários e sugestões!

Até o capítulo 6!

XoXo,

Mily.


Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.