Capítulo 6



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Salão Comunal da Grifinória
02 de setembro de 1998
05h30min


Ainda era muito cedo para os alunos se prepararem para o café da manhã, mas Thomas Riddle já estava de pé e devidamente vestido.

O sol despontava no horizonte, e o rapaz estava sentado no parapeito da janela, apenas observando o céu, completamente alheio ao que acontecia a sua volta. Deixava que sua mente vagasse para situações menos complexas que teria que enfrentar dali por diante.

Thomas, enquanto observava o céu, permitia-se ter saudade de algo que nunca viveu. Algo que só existia na imaginação dele, e que mesmo assim era capaz de fazê-lo sentir-se bem. Imaginava sua infância na Bulgária, acompanhado de sua mãe – que em seus devaneios tinha longos e lisos cabelos negros – que lhe sorria... Mas, infelizmente, para o rapaz isso não passava de uma ilusão. O mais próximo que estivera de sua mãe, foi quando viu uma foto sua em um jornal inglês, apontando-a como fugitiva de Azkaban. E, definitivamente, aquela mulher ensandecida da foto não era a mesma de sua falsa lembrança.

O rapaz fechou os olhos e tentou relaxar. Queria aproveitar aquele momento em silêncio, sem ninguém para incomodá-lo, dizendo que precisava matar alguém se quisesse vingança ou então pessoas gritando e comemorando algo que ele não via nenhuma graça, ou melhor que isso, sem ouvir a voz de...

- Stevens? – Leslie também havia acordado cedo àquela manhã, como costumava fazer todas as manhãs do primeiro dia de aula. A jovem ficava inquieta e mal conseguia dormir quando sabia que no dia seguinte teria a primeira aula do semestre. Surpreendeu-se bastante ao ver que não era a única acordada àquela hora e já vestido para o café.

- Não é possível! Menina, responda-me, você tá me perseguindo ou faz isso só pra se sentir feliz com minhas respostas nada educadas?

- Uau, é impressionante como você consegue ser ainda mais chato de manhã! – ela revirou os olhos e sentou-se ao lado dele, na grande janela – A propósito, Bom dia!

- Bom dia pra você! – ele retrucou mal-humorado, sem nem olhar pra menina a sua frente.

Naquele momento, diversas coisas nada gentis passaram pela cabeça de Leslie. Aquele novato pensava ter o rei na barriga ou ser o centro do universo. Sentiu-se tentada a lhe dizer que o Sol não girava ao seu redor, e que ele não era o astro-rei! Mas, ao invés disso, a loira apenas revirou os olhos e decidiu encarar o horizonte. Começar o seu primeiro dia na escola com uma discussão não era uma coisa agradável.

Os minutos se passaram, e agora o sol já havia nascido por completo. Alguns raios entravam pela janela em que a dupla de quase inimigos estava sentada, iluminando parte do Salão Comunal.

Thomas, que até então evitava olhar pra menina, teve sua atenção completamente atraída para ela naquele momento. Os cabelos de Leslie, que já eram loiros e brilhantes por natureza, agora pareciam adquirir um aspecto ainda mais dourado, conforme o sol os atingia. Seu rosto estava ainda mais branco, e seus olhos ainda mais azuis. Ou ele estava tendo alucinações ou a beleza natural da jovem era influenciada pela natureza.

- Algum problema, Stevens? – perguntou Leslie, que obviamente sentia o olhar do jovem sobre si.

- Sim, você! – respondeu ele, sem se preocupar com o tom que utilizava em suas palavras.

Leslie desviou o olhar da paisagem e encarou o rapaz. Estava séria, como nunca estivera antes, e seus olhos refletiam algo que ia além da indignação. Devia sentir-se culpada por ter pensado que aquele novato precisava de ajuda para se socializar, ou talvez estivesse apenas magoada com a forma rude que a tratou.

Ela era um enigma a ser desvendado.

- Escute Stevens, eu desisto! É sério, desisto. Eu tentei ser simpática, te receber bem na escola, porque sei como os novatos podem ser rejeitados às vezes, tentei ser amiga e gentil, e o que recebi em troca? Grosserias! Eu não sou obrigada a escutar essas coisas de alguém que nem me conhece! – Leslie se colocou de pé – E quer saber do que mais? Não precisa se preocupar. Seu problema não vai mais lhe incomodar, então pode ficar tranquilo!

Encerrando o discurso, Leslie se virou e caminhou rapidamente em direção à saída do Salão Comunal.

Thomas nada fez para impedir que a menina partisse, embora sentisse certo remorso naquele momento. De fato, Leslie em todos os momentos tentou ser simpática e gentil com ele, enquanto os outros apenas o observavam como se fosse algum tipo de aberração exposta em algum evento bruxo.

Colocando-se de pé, ele suspirou. Talvez fosse pedir desculpas mais tarde, mas ele não poderia dar certeza de tal fato, já que ser extremamente educado ainda não ser seu ponto forte.



.*.*.*.



O café da manhã foi uma tarefa um pouco difícil para Thomas. Estava acostumado a fazer suas refeições no silêncio de sua grande sala de jantar na mansão da Bulgária, e ter que dividir um Salão com vários alunos era algo bastante incômodo. Se pudesse, provavelmente lançaria um feitiço em todos para que permanecessem calados. Era muito chato ouvir uma risadinha ou um grito a cada vez que fosse levar a torrada à boca.

Para sua sorte, conseguiu sobreviver a seu primeiro desafio daquele e agora estava parado na escada da Masmorra, junto com os outros alunos, a espera do professor de Poções.

Thomas observava quase todos os alunos de forma indiferente. Sua atenção era sempre atraída para o grupo que cercava Harry Potter e seus amigos fiéis, e para Leslie, que estava parada um pouco mais acima, conversando alegremente com uma amiga.

Pensou em quebrar aquela distância e, quem sabe, pedir desculpas. Mas desistiu ao constatar que havia muitas testemunhas para seu ato de bondade. Ela não iria morrer se esperasse um pouco para ouvir um pedido de desculpas.

- HO-HO! Meus queridos alunos, que maravilha revê-los em mais um ano! – Slughorn apareceu, chamando atenção de todos para si, enquanto subia as escadas – Dê-me licença rapaz, preciso passar!... Você, moçinha, trate de se espremer contra a parede e me dê mais espaço!

Thomas encarava o homem – que pare ele parecia um leão marinho graças ao bigode e sua enorme barriga – com uma expressão que mesclava diversão e aborrecimento. Detestou o fato de ter que esperar, mas, sem dúvida, achou divertida a forma como o professor apareceu.

- Entrem, entrem! Vamos iniciar mais um ano letivo. – Slughorn segurava a porta para que os alunos passassem. Uma atitude nada típica vindo dele, mas eles não questionaram. Apenas seguiram em fila para dentro do local, e rapidamente espalharam-se por seus lugares.

Foi só quando entrou na sala, que Thomas sentiu-se perdido. Todos os alunos sentavam-se em trios ou pares, e obviamente, sendo ele um novato, nenhum dos alunos iria propor dividir uma mesa com ele.

Thomas ficou parado próximo à porta da sala, apenas observando. Deveria ceder e pedir pra dividir a carteira com alguém ou ficar ali e assistir a aula de pé? Sua dúvida não demorou muito, já que Slughorn tratou logo de resolver.

- Você aí atrás, meu jovem! Pretende criar raízes no local que está ou vai sentar-se para que eu comece logo a aula?

Nunca, em seus dezoito anos de vida, Thomas havia se sentido envergonhado em alguma situação. Claro que isso se devia ao fato de que todas as pessoas que o cercavam até o momento, estavam subordinadas as suas ordens, então não havia motivos para se constranger diante delas.

Entretanto, no momento que o professor se dirigiu a ele como um aluno qualquer e fez piada com sua situação embaraçosa, Thomas sentiu vontade de se esconder ou utilizando de uma atitude menos covarde, de azarar o professor por tê-lo deixado com vergonha. Mas, é claro, ele não podia optar por nenhuma de suas alternativas. A única coisa que lhe restava era caminhar até o primeiro local vago, se sentar ali e esperar as instruções do professor.

Foi apenas quando se sentou que pôde reparar que estava ao lado de um rapaz com os cabelos loiros platinados e pele muito branca. Pensou em cumprimentá-lo e se apresentar, apenas para bancar o bom rapaz, mas suas intenções foram perdidas quando Slughorn começou a discursar sobre a volta as aulas, e é claro, sobre a ilustríssima presença do trio de amigos que derrotara Voldemort.

Após 15 longos minutos de discursos e exaltações as maravilhas feitas por Harry Potter, Slughorn resolveu começar o dia com a Poção Wiggenweld, pedindo que além do preparo, eles detalhassem resumidamente cada ingrediente, onde encontrá-los, e obviamente, o efeito que essa poção causava.

Thomas espiou rapidamente o rapaz que estava ao seu lado, e viu que ele começava se preparar para tarefa dada pelo professor. Resolveu fazer o mesmo, embora achasse aquilo uma idiotice. Com apenas dez anos ele costumava fazer poções mais complicadas que aquilo, mas obviamente ninguém ali precisava saber disso.

- Você pode picar a casca de Wiggentree enquanto eu pego o Muco de verme gosmento?

- Claro, sem problemas! – Thomas respondeu e, julgando que aquele era um bom momento para começar interagir com os demais, resolveu se apresentar – Prazer, sou Thomas Stevens.

- Draco Malfoy, e, por favor, cuidado para não derrubar o frasco de Ditamno! – disse Draco, segurando rapidamente o frasco que por muito pouco não foi parar no chão.

- Foi mal! – desculpou-se Thomas.

- Nem esquenta. – Draco deu de ombros – Então, você é o novato da Grifinória...

- Sim, pra todos os efeitos. – respondeu Thomas, de forma simples, enquanto colocava as cascas que havia picado, dentro do caldeirão – Me passe a Flor de Moly, por favor. Devemos colocá-la agora, antes que as cascas comecem a ferver.

O trabalho de Draco e Thomas foi silencioso. Os dois não sentiam necessidade de estabelecer alguma conversa que não tivesse ligada ao preparo da poção, e como ambos eram bons no que faziam pouco falaram.

- Pronto, terminei de descrever as propriedades de cada ingrediente! – disse Draco, pousando o pergaminho e a pena sobre a mesa.

- Ótimo! Também terminei de descrever os efeitos da poção. – disse Thomas, satisfeito com o próprio trabalho.

- E então, de onde você veio? – Draco puxou assunto, tentando manter-se indiferente.

- Bulgária. Morava lá com meus pais e meu avô! – respondeu Thomas, automaticamente. Já havia estudado bastante sobre sua falsa vida, e agora poderia mentir sem que os outros desconfiassem – Lá é um belo país!

- Eu sei. Viajei com meus pais para lá algumas vezes! – Draco concordou – E por que veio pra cá?

- É uma história um pouco complicada, cara! – Thomas estava surpreso por conseguir manter –se tão normal – Meu pai morreu, então me afastei dos estudos por um ano, daí nos mudamos pra Inglaterra e meu avô me aconselhou a retomar os estudos aqui... Hogwarts, segundo ele, é bastante conceituada.

- Segundo ele e a maioria dos bruxos desse país! – o Sonserino revirou os olhos – Gostando da escola?

- Cheguei ontem e o pessoal da minha casa foi bastante receptivo. Acho que fui parar no lugar certo... E você? Por que não tá junto com outro bando de pessoas aglomeradas, trocando risadinhas e comentando sobre a volta de Harry Potter?

Draco riu e balançou a cabeça.

- É uma história complicada, cara! – os dois riram e Draco prosseguiu – Eu não sou o tipo de pessoa que fica agradecendo a vida inteira por um único feito, e além do mais, se não percebeu, não sou eu que me afasto das pessoas. Elas quem se afastam de mim.

Thomas encarou o Sonserino com uma das sobrancelhas erguidas e, involuntariamente, seu olhar percorreu pela sala. Percebeu que as pessoas que não falavam e apontavam para Harry, lançavam olhares a Draco e cochichavam algo.

- É... Parando pra observar, as pessoas realmente não te encaram com “bons olhos”. – debochou Thomas – Qual o motivo disso?

- Normalmente não lhe contaria tal história, mas como você provavelmente vai ouvir isso até o almoço, prefiro dizer e depois tire as conclusões que bem entender... – Draco então baixou o tom de voz – Meu pai era um Comensal da Morte. Seguidor de “Você-sabe-Quem”... E depois eu acabei tendo que seguir seu exemplo e me tornei um também... – em uma reação por reflexo, Draco esfregou o antebraço esquerdo e então voltou a se concentrar na conversa – Depois da guerra todos fomos julgados... Obviamente fui absolvido, já que estou aqui, mas as pessoas tendem a falar mal do mesmo jeito.

Thomas não disse nada de imediato. Ainda estava associando a informação de que o rapaz ao seu lado havia não apenas conhecido seu pai, como também servido ele. Precisou de alguns segundos para se conformar com a idéia de que exceto ele, todos naquele local haviam visto seu pai frente a frente.

- Como disse que é mesmo seu sobrenome? – perguntou Thomas, de repente.

- Malfoy, por quê?

- Nada... É que... Tenho a ligeira impressão de que já escutei em algum lugar.

Draco riu e deu uma palmadinha amiga no ombro de Thomas, que não entendeu.

- Cara, minha família tinha até o último fio de cabelo ligado a Você-sabe-Quem. Só pra ter uma idéia, meu pai e minha falecida tia, foram pessoas de confiança dele.

- Quais são os nomes?

- Lucius Malfoy e Belatriz Lestrange.

Merlin possivelmente estava pregando peças aquele dia. Logo cedo, teve sua primeira discussão com uma companheira de casa; depois foi obrigado a tomar café da manhã com inúmeras pessoas; Quando chegou à sala de aula, ficou constrangido pela primeira vez na vida; e agora... Céus, era muito difícil para ele se convencer de que estava sentado ao lado do seu primo.

Provavelmente, seu rosto perdera a cor, já que percebeu Draco mudar sua expressão descontraída para uma preocupada. Respirou fundo algumas vezes, para tentar voltar ao foco da situação e não deixar se abater.

- Uau, você é sobrinho da Belatriz Lestrange...

- Sim. E pelo visto, mesmo depois de morta, minha tia ainda causa pânico! – Draco riu – Você perdeu a cor só de ouvir falar dela. Mas também não te julgo. Minha tia era uma mulher cruel, então não esperava uma reação diferente.

- Conviveu muito com ela? – de repente, Thomas sentiu-se muito interessado na conversa, mas precisava fingir que nada daquilo lhe importava mais do que aos outros.

- Não muito... Minha mãe era mais ligada a ela na adolescência, do que com minha tia Andrômeda, então acredito que...

- Andrômeda?

- Ah, mais uma irmã da minha mãe e minha tia... Enfim, na...

- Posso saber o motivo dessa conversa paralela? – Slughorn apareceu atrás dos meninos, com uma expressão falsamente simpática – Espero que já tenham terminado o trabalho que passei.

Sem pedir licença, Slughorn puxou o trabalho escrito dos dois e aproximou rosto bigodudo do caldeirão, para conferir o estado da poção. Sinceramente, ele esperava ter algo pra reclamar. Draco se tornara um aluno de pouco prestígio para sua casa, graças a seu passado. Mas, obviamente, ele não poderia demonstrar sua insatisfação com o rapaz, então apenas franziu o nariz e encarou Thomas.

- Você é o novato de ontem... Qual seu nome, jovem?

- Thomas Stevens.

- Neto de Gerard Stevens, um dos grandes Inominados do Ministério da Magia?

- Ahn... Não! – Thomas encarou Draco, em busca de alguma ajuda, mas este apenas tentava não rir.

- Ah sim... De qualquer forma seja bem vindo a Hogwarts! – disse Slughorn, se afastando rapidamente dos rapazes, caminhando em direção à mesa onde Harry e Gina estavam sentados.



.*.*.*.




Hogwarts deveria ser um local de vingança e repulsa para Thomas Riddle. O lugar que servira de palco para a morte de seus pais não deveria ser como um lar, e ele não deveria se sentir tão confortável.

Ora, mas essa é a magia de Hogwarts, não?! Milhares de crianças já cruzaram os corredores desse castelo em busca de aprendizado, e todas encontraram sua segunda casa. Isso não podia ser diferente com o vilão da história. Thomas Riddle não poderia fugir aquela regra! Não quando seu próprio pai costumava associar a escola como seu verdadeiro lar.

Agora o Herdeiro de Voldemort tinha mais coisas para administrar em sua vida. Em seu primeiro dia de aula, descobriu que tinha um primo e uma família. Isso não deveria chamar tanta atenção de Tom, tendo em vista que o rapaz crescera sozinho, mas por algum motivo – que ele ainda não sabia qual – sentiu-se mexido com tal situação.

O jovem não tinha muita certeza do que aconteceria dali para frente, mas sabia que agora Draco Malfoy era seu melhor amigo. É claro que o loiro ainda não tinha conhecimento desse fato, mas Thomas encontraria um jeito de se aproximar do Sonserino e conhecer a irmã de sua mãe.

Thomas mal percebeu o tempo passar enquanto fazia suas constatações na aula de Feitiços. Ficou surpreso quando ouviu Neville Longbotton informar que já era hora do almoço.

Junto com Neville, Dino e Simas, ele seguiu para o Salão Principal, conversando sobre coisas banais com os rapazes, como Quadribol ou sua vida na Bulgária.

Para surpresa de Thomas, todos gostaram dele.

Após o almoço, os alunos seguiram para suas aulas, e aqueles que eram contemplados com horário vago, se espalharam pelo jardim na intenção de aproveitar aquele dia ensolarado.

Thomas ficaria perdido para encontrar o local de sua próxima aula, se a sorte não estivesse ao seu lado. Quando indagou a Simas qual caminho deveria tomar para aula de Runas, Hermione Granger se ofereceu como guia, já que também iria para lá.

Hermione Granger não mudara depois da guerra. Pelo contrário, ela continuou mandona e estudiosa como sempre fora.

Sua nomeação ao cargo de Chefe dos monitores não surpreendeu ninguém, exceto ela mesma. Apesar de ser a melhor aluna e ter um currículo escolar invejável, Hermione não se considerava apta para exercer tal função, embora a fizesse com perfeição.

- Pronto Stevens. Chegamos à aula de Runas! – Hermione sorriu brevemente e foi se sentar ao lado de Luna Lovegood, que para seu primeiro dia de aula, adotara um visual estranho, que consistia basicamente em um torto rabo de cavalo e brincos em forma de nabos.

Dessa vez, Thomas não correria o risco de ser repreendido por um professor, e logo tratou de se sentar em uma carteira vazia. Foi só quando se acomodou melhor que percebeu que e cima da mesa havia um pergaminho bastante antigo, com um texto escrito em rúnico. Observou com atenção o documento à sua frente. Apesar de ser muito bom com tradução de Runas, havia palavras que ele não conhecia.

O rapaz estava tão concentrado observando o pergaminho, que se surpreendeu ao perceber que a sala estava cheia e a professora tomava seu lugar em frente à classe.

- Boa tarde, meus queridos alunos! – a professora exibia um sorriso bondoso, que acentuava suas rugas – Sejam bem vindos a mais um ano. A maioria de vocês já me conhece, mas vejo que temos um novato em classe, então vou me apresentar. – ela lançou um rápido olhar a Thomas, que apenas fez um breve aceno com a cabeça – Sou Bathsheba Babbling, sua professora de Runas. E o senhor, quem é?

- Thomas Stevens! – respondeu o rapaz educadamente.

- Oh sim, Sr. Stevens, seja bem vindo à classe! – disse ela gentilmente e se voltou novamente para a turma – Esse ano nós v...

A professora foi interrompida por leves batidas na porta, seguidas por um tímido pedido de desculpas.

- Srta. Bennet, eu estou curiosa para saber o motivo de tal atraso.

Leslie corou.

- Pirraça atirou tinta verde em mim e precisei parar para me limpar. – explicou a menina.

A professora Babbling aceitou a justificativa da menina e pediu que ela se sentasse.

Para o desespero da menina, o único lugar vago era ao lado de Thomas. Com certo desgosto, caminhou até lá e se sentou ao lado dele, que pela primeira vez não parecia se importar com a proximidade dos dois.

- Agora que todos já estão devidamente acomodados, pararei com enrolações e explicarei nosso método de trabalho desse ano. Como puderam reparar, sobre em cada mesa há um pergaminho com um texto em rúnico. Cada texto é um anexo de um livro muito antigo de contos. Creio que também perceberam que as palavras descritas aí são complexas e algumas fogem do conhecimento de vocês. – ela fez uma pausa em seu discurso e lançou um rápido olhar a todos os alunos, que obviamente estavam curiosos – O trabalho de vocês é trabalhar na tradução desse texto. Tenho conhecimento da complexidade que cada escrito possui então a tarefa será feita em dupla.

- Nós que vamos escolher ou a senhora que vai nos separar em pares, professora? – uma menina da Lufa-Lufa perguntou.

- Oh querida, não! O texto será traduzido com seu parceiro de turma. Sendo mais clara, a pessoa que estiver sentada ao seu lado nesse momento, trabalhará com você até a primeira semana de dezembro, que é quando encerra o prazo para entrega da Tradução.

Ao ouvir a notícia da professora, Leslie e Thomas tiveram o mesmo impulso de se encararem horrorizados. Jamais passou por suas cabeças trabalharem juntos em algo. A pouca experiência que tiveram provara aos dois que a distância era a melhor solução. A menina era uma pessoa muito simpática e feliz, enquanto o rapaz era calado e mais sombrio. Aquela combinação não era boa quando se tratava de amizade... Pelo menos, era o que os dois pensavam.

- Professora Babbling?

- Sim, Srta. Bennet?

- Eu... O Stevens... Nós... Ahn, não podemos, er...

- Quer saber se vocês podem fazer o trabalho separados ou mudarem de parceiro?

- Uhum.

- Não, querida. Receio que serão obrigados a trabalhar em dupla até o término da tradução. Um dos objetivos dessa tarefa é melhorar a relação entre vocês, por isso não posso permitir que troque de parceiro. Alguém tem mais alguma pergunta? – a mulher encarou os alunos. – Ótimo! Aconselho então que peguem os livros Silabário de Spellman e Tradução Avançada de Runas, e comecem a trabalhar. Quaisquer dúvidas levantem as mãos que eu irei até vocês. Algumas palavras são simples, como verão... Entretanto, precisarão frequentar bastante a biblioteca para traduzir a maioria do texto. Alguns dos livros que irão necessitar se encontram na Sessão Reservada, por isso após a aula, façam fila que assinarei a autorização para que retirem livros de lá.


Assim que a professora se sentou, os alunos abriram seus livros e começaram a trabalhar. Alguns como Hermione e Thomas, não precisavam recorrer a nada para traduzir coisas simples.

Enquanto fazia anotações em seu pergaminho, Leslie evitava olhar para o lado. Havia decidido que não trocaria mais nenhuma palavra com Tom, e agora que trabalharia com ele, só iria falar o necessário. Ela não era obrigada a aturar as mudanças de humor de Thomas, e o rapaz, sem dúvida, era uma pessoa com um humor instável... Mas é claro que a jovem nem desconfiava dos motivos dele para isso.

- Er... Bennet, eu...

- Pelo pouco que lhe conheço, posso perceber que não tem dúvidas com a matéria, então Stevens, não se preocupe em me dirigir a palavra.

Thomas se surpreendeu com a frieza de Leslie, mas não se deixou abater. Ele não era o tipo de rapaz que se intimidava com pouca coisa.

- Sinto muito pelo meu comportamento agressivo de manhã. Eu não estava... Muito bem, pode-se assim dizer, e acabei descontando em você. Aliás, não é só por isso que quero me desculpar. Tenho sido rude e grosso, e vo...

- Está tudo bem, eu te perdoo! – Leslie interrompeu o rapaz, e sorriu para ele.

- Sério?

- Claro! – o sorriso de Leslie aumentou ainda mais.

Passado a fase de desculpas, Leslie e Thomas finalmente começaram a trabalhar juntos. Eles não sabiam, mas aquele simples momento era o início de uma grande história.


.*.*.*.




Após o almoço, Draco Malfoy, que teria um tempo vago para enfrentar, seguiu para biblioteca. Oh, ele sabia que essa atitude era um pouco estranha, a julgar que aquele era o primeiro dia oficial de aula e ainda não tinha recebido nenhum trabalho, mas como o loiro não estava com vontade de voltar ao Salão Comunal de sua Casa e muito menos ficar nos jardins, preferiu ir para algum lugar onde as pessoas não poderiam falar – mesmo que elas quisessem.

Assim que explicou a Madame Pince que não estava atrás de nada específico e só queria encontrar algum livro que o distraísse durante o horário vago, Draco começou a caminhar entre as corredores da biblioteca, cheios de estantes repletas de livros.

Ele nunca foi um rapaz desatento, mas na tranqüilidade que a biblioteca fornecia, acabou se esquecendo do mundo ao seu redor e passou a prestar atenção somente nos inúmeros títulos de livros a sua frente. Seus dedos passavam suavemente pelas capas, uma a uma, enquanto fazia uma análise mental se o assunto interessava ou não a ele.

No mesmo corredor em que Draco caminhava distraído, vinha uma menina com cabelos loiros e olhos claros, e assim como ele, estava completamente alheia a quem estava a sua volta. A garota também corria os dedos pelas capas dos livros, e olhava atentamente, em busca de algo que lhe ajudasse com o trabalho de Herbologia.

Foi então que, durante essa procura interessante de coisas para ler, seus dedos se tocaram. Um encontro de mãos nunca foi tão... Intrigante. Geralmente as pessoas tendem a reagir por reflexo e puxar o braço, em situações como essa, mas não foi isso que aconteceu. Ah não.

A mão de Draco pousou sobre a da menina, que ao invés de se afastar, apenas ergueu a cabeça para encarar o rapaz, que já a observava.

- Você ia pegar esse livro? – perguntou Draco, assim que conseguiu desprender o olhar da íris azul da menina.

- Oh não. Meu trabalho não é sobre Mandrágoras. Procuro algo que fale sobre Plantas Aquáticas. Pra ser mais específica, preciso de algo que fale sobre Guelricho. – respondeu ela, com um sorriso nos lábios – A propósito, sou Astoria Greengrass!

- Draco Malfoy! – o rapaz apresentou-se, embora não soubesse bem o motivo disso.

- Eu sei quem você é.

- Claro que sabe! – a voz de Draco foi um pouco mais áspera do que pretendia – O filho do Comensal, é óbvio. – ele riu e puxou a mão, que ainda estava sobre a de Astoria.

Astoria ergueu uma das sobrancelhas e encarou Draco um tanto intrigada. Buscou em sua mente alguma coisa que tivesse dado a entender que conhecia o rapaz por aquele motivo, mas nada encontrou.

- Desculpe, mas de onde você tirou que te conheço por ser filho de um Comensal? – Astoria não conseguia esconder sua curiosidade.

- É como todos me conhecem, não seria diferente com você!

Como a voz de Draco ainda não havia assumido seu tom normal, a aspereza com que suas palavras foram pronunciadas, fez com que a menina empinasse o nariz e o encarasse de forma superior.

- Não são as pessoas que te enxergam assim, Malfoy, e sim você! Em momento nenhum eu disse que te conhecia por isso. Sei quem você é sim, mas não tem nada a ver com o fato do seu pai ter sido um Comensal ou algo do gênero. Até onde eu me lembro, você foi Monitor da nossa Casa, trabalhou para Umbridge na Brigada Inquisitorial e ainda foi Apanhador do time de Quadribol... Qualquer um, por mais idiota que seja, te conhece mesmo sem ver algum escândalo estampado no Profeta Diário!

O discurso de Astoria pegou Draco de baixa guarda. Em todo esse tempo, não estava acostumado a ver seus colegas de Casa o enfrentar dessa forma. Sentiu-se mal de repente e sua culpa só aumentou quando a menina que conversava com ele se virou e começou a caminhar na direção oposta, visivelmente ofendida.

Foi então que Draco decidiu fazer algo que nunca havia feito antes. Algo que sempre julgou ser desnecessário; algo que ele julgava ser uma atitude de pessoas fracas e submissas.

Draco seguiu Astoria para se desculpar.

- Ei, espere! – Draco segurou a menina pela capa, fazendo-a parar – Er... Eu me precipitei... Bom, na verdade, eu não...

- Está tentando me pedir desculpa Malfoy? – perguntou Astoria.

Draco ergueu uma das mãos e passou pelos cabelos loiros, que lhe caíam pelo rosto, em uma atitude um tanto rebelde.

- Acho que sim... Em uma situação hipotética, você aceitaria minhas desculpas?

- Hipoteticamente?

- Claro!

- Sim, eu aceitaria. Todos têm direito de errar, e tendo em vista que alguns têm conceitos errados sobre certas situações, é normal que tais erros aconteçam. Mas, também hipoteticamente, eu iria pedir uma coisa em troca.

- E o que seria? É claro que é uma pergunta hipotética. Não estou dizendo que farei o que me pedir.

- Bom, você teria apenas que me ajudar a encontrar o livro que eu preciso. Nada tão humilhante assim.

- É... Acho que isso eu posso fazer.

Astoria sorriu, e como se fosse íntima do rapaz há tempos, segurou sua mão e o arrastou pelos corredores.

Uma nova história de amizade começava nascer ali... Ou quem sabe, até mais que isso.






~~





N/A: Boa tarde minha gente!

Como vcs estão?

Finalmente uma N/A um pouco mais animadinha, Merlin tenha piedade!

Essas últimas semanas foram absolutamente corridas e estressantes. Quando a gente pensa que na vida nada pode ficar pior, vem alguém e inventa a bendita semana de provas, contrariando a teoria de que as coisas já estão ruins o suficiente! Isso fez algum sentido? Não? Então vamos ignorar e passar para o próximo assunto do programa [/by Penélope do MTV na Rua]

E aí galerinha, o que acharam do cap.? Bom? Ruim? Mereço um crucio? Certo, exagerei na parte do Crucio, mas vcs entenderam o espírito da coisa.

Como vcs puderam ler, o nosso querido Thomas Riddle tem família! Pessoas, preciso confessar a vcs que quando comecei a escrever, nem tinha me dado conta de tal fato kkkkkkk Foi numa conversa com minha irmã Gica que eu me toquei que o pobre coitado tinha tios e primos HAUAHUA sim, a autora que vos escreve é lerda kkkkkkkkkkkk

Bem, como eu havia dito no capítulo anterior, não subestimem a Leslie. Essa historia dela com o Tom ainda vai dar muito que falar!!!

Ahhhhh agora me digam o que acharam da Astoria e do Draco? Preciso admitir que achei os dois fofos, mas sou suspeita pra falar né kkkkkkkkkkkk

Bom, antes de terminar a nota, que daqui a pouco atinge o tamanho do Hagrid, quero agradecer de coração a todos que tem vindo aqui e dado seus votos. Da última vez que postei tinha 37 e agora tenho 110! Fiquei boquiaberta com a rapidez que isso subiu.
Gostaria muito de pedir a vcs, que também deixassem comentários. Preciso saber da opinião de cada um, se tem alguma dúvida e td mais. É importante pra mim manter uma interação com vcs, pra então saber onde preciso melhorar.

Galerinha, vcs notaram que temos uma capa nova? Sim, a Luxúria fez pra mim e ficou perfeita. Thanks Girl.

Ahhh, gostaria de lembrá-los que essa fic está concorrendo num concurso e seria muito bom se vcs, meus adorados e fieis leitores, dessem seu voto aqui
http://fanfic.potterish.com/visucap.php?identCap=10946&identFic=32493&tCh=15

Bom, agora sim eu vou!

OBRIGADA por todos os votos.

COMENTEM OK?!

Adoro vcs *-*

XoXo

Mily.

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