Reconhecimento



Capítulo 31 – Reconhecimento


 


Tiago tinha feito uma pesquisa na biblioteca do Departamento de Mistério para entender os sonhos da filha. Ele sabia que sonhos premonitórios existiam, mas ele sabia pouco sobre isso, só o que tinha estudado em Hogwarts, mas como Trelawney não era uma vidente confiável, e não conseguia passar nada para seus alunos.


Teve que despistar alguns colegas, para que nenhum nem ao menos suspeitassem sobre o que ele pesquisava. Ele usou a sala de Lilian para ler.


- Letícia, temos que conversar. - disse ele depois do jantar, hoje ele tinha comido em casa. – Sua mãe me falou do seu sonho.


- Falou? – perguntou espantada.


- Sim, me falou que você teve um sonho e que você acha que pode acontecer. Não me disse qual foi o sonho e nem perguntei. Me interessei por esse poder novo que você apresentou.


- Hum.


- Eu e o Harry podemos visualizar algum tempo no futuro, o que deixa o Aluado e o Almofadinhas muito irritados. Mas você tem um poder especial, A visão dos sonhos.  Você pode ver o futuro a partir de seus sonhos, nem sempre o que sonhar será o futuro, mas você saberá o que é futuro e o que é sonho, pelo menos na maior parte do tempo. Esse poder pode ser bom, mas também pode te fazer muito mal. Pode ajudar ou te deixar louca. Trouxe um livro para você ler, na verdade fui eu quem o escrevi para você. Será melhor que você leia do que eu fique te falando. Mas quero que você fale sobre seus sonhos para mim e para sua mãe. E teremos aulas especiais, eu e você, para uns treinamentos sobre a mente. Não se preocupe, terei cuidado com você e não entrarei nos seus segredos.


- Eu te amo, pai. – disse a menina, dando um beijo nele. – Eu tenho um poder só meu.  Vou contar para o Harry.


Depois que a menina saiu, Lilian se aproximou do marido.


- Ela estava triste por não levarmos ela para treinar com os outros, mas agora ela ficará mais tranqüila, principalmente porque será você quem vai ensiná-la a controlar os poderes.


- Ela controlará os poderes sozinhos, o que farei será mais dar apoio a ela, fortalecer a sua mente para que ela possa suportar o que vai ver, você me disse que até agora ela só viu coisas boas e nem sempre isso acontece. Eu sou prova disso, meus sonhos salvaram seu pai, mas nos meteram em uma grande encrenca, que causou a morte de Sirius.


- Fico feliz de ter você na minha vida, com essa cabeça. – disse a ruiva. – Aliás, sempre gostei de você, mesmo quando era mais impulsivo.


- Eu ainda sou impulsivo. – disse ele puxando-a para seu colo.


- A Letícia está lá em cima. – disse ela rindo.


- Ela está escrevendo para o Harry, vai demorar.


 


 Gina viu seu garanhão prateado sair de sua varinha, era a primeira vez que ela tinha conseguido realizar um feitiço antes de Letícia, ela apenas conseguia uma pequena nevoa.


- Parabéns Gina. – disse Tiago, que estava usando uma abordagem diferente desta vez, como Harry já conseguia conjurar um patrono, ele demonstrou como se fazia, explicou como devia ser feito e esperou, deixando que as duas se concentrassem sozinhas.


Harry era quem incentivava as duas. Lilian não estava presente seu patrono poderia denunciar sua identidade.


- Lilian, se concentre. – disse Harry. – você é capaz disso.


- É difícil. – choramingou ela.


- Eu sei, esse feitiço é muito difícil. Muitos adultos não conseguem nada, nem mesmo uma fumacinha. Só tem que escolher a memória certa. Qual você está usando?


- A do Natal passado.


- Uma boa, mas precisamos de uma melhor.


- Pode deixar.


Ela se concentrou de novo, agora ela se lembrou da primeira vez que voou com o irmão. E lançou o feitiço novamente, agora formou uma figura grande, mas ainda pouco nítida.


- Foi bem melhor, se eu fosse um dementador, eu fugiria de medo. – disse o menino para a irmã, mais para animá-la do que falando a verdade. – tente outra, não necessariamente precisa ser real, papai disse isso para mim quando me ensinou, pode ser um sonho, ou apenas um sentimento.


Ela não terminou de escutá-lo, ao ouvir falar de sonho, logo se lembrou daquele que seria seu casamento, ela estava feliz.


Um enorme tigre saiu da varinha dela, deu um rugido.


- Você é bem filha do seu pai. – disse Gina.


- Por quê? – perguntou a menina.


- Ele usou uma vez essa forma para mim.


- Muito bom, minha rainha. – disse Tiago pegando a filha e rondando no ar. – Bom, esse foi o primeiro passo. Na próxima reunião tentaremos isso sem varinha. Se vocês conseguirem deste jeito não haverá como não conseguir com a varinha.


- Poderemos destruir os dementadores assim? – perguntou Gina. – Como o Harry fez no trem?


- No começo só se for um ou dois. Se forem muitos vocês conseguiram afastá-los perfeitamente. Com o tempo e com o aumento dos seus poderes, tudo mudará. Ai sim, eles sempre serão destruídos.


- Que máximo! – disse Letícia contente.


- E mesmo. – disse Gina também feliz.


- Harry, você acompanha a Gina para a torre. – disse Tiago e virando para Gina e falando só para ela ouvir. – Tenha certeza que ele não vai direto para lá e permaneça lá. Peça ajuda para Mione se for preciso.


- Tchau, pai, Lele. – disse o menino oferecendo o braço para Ruiva. – Vamos?


- Vamos. – disse ela aceitando o gesto. – Tchau.


-Tchau, vocês dois. – disse Letícia.


Depois que os dois saíram Tiago vira para a filha.


- Agora que estamos sozinhos, vamos começar com seu treinamento da mente.


 


Tiago aparatou em frente ao Grigontes. Ele estava ali em uma missão de Reconhecimento. Estava atrás da horcruxe que Bellatrix guardava. Tentaria primeiro que os duendes permitissem que ele entrasse no cofre e pegar o que queria. Não tinha nenhuma expectativa de sair ali com a alma de Voldemort.


Se adiantou e informou para o duende que o recebeu que tinha horário marcado com o Gerente.


- Bom Dia, Senhor Potter, me chamo Berdo, sou o Gerente do Grigontes. – disse o duende.


- Bom dia, Senhor Berdo. – disse Tiago, oferecendo a mão em um gesto que demonstraria que ele trataria o duende como um humano, sem preconceitos, que foi aceito. – Infelizmente não vim aqui para tratar de meus negócios pessoais, que mantenho com o Banco. Estou aqui como representante do Quartel General dos Aurores.


- Os aurores novamente estão investigando meus funcionários após denúncias de algum puro sangue rico. E você veio aqui para pedir minha permissão? Permissão negada.


- Não estou preocupado com bruxos esnobes, que querem ficar ricos à custa de antigas rivalidades. Acredito que essas denúncias deveriam ser investigadas pelo banco, já que é a honra dos duendes que esta em jogo. Meu assunto diz respeito a um cliente, ou melhor, um casal. Acredito eu que dentro de um de seus cofres exista um objeto que permitiria a volta de Voldemort ao poder.


- Segundo minhas fontes, o ministério nega a possibilidade disso, afirmando que ele está morto.


-Sim, para o ministério é melhor e mais fácil acreditar na morte de Voldemort, mesmo existindo provas contrárias. Eu sei que ele não morreu quando atacou Harry Potter, seu corpo foi destruído, mas sua alma ainda vaga pelo mundo. E já o vi.


- Infelizmente não podemos quebrar a confiança de nossos clientes permitindo a sua entrada em qualquer que seja o cofre que você queira ir, se não tiver a chave. Mesmo que isso signifique a paz.


- Pense nisso, o casal em questão, esta trancafiado em Azkaban, de onde supostamente nunca sairão, não possuem herdeiros, logo tudo que existir lá dentro passará para o ministério, o que seria um pena para os duendes. Eles foram responsáveis pela tortura e morte de duas famílias de duendes na época da ascensão de Voldemort. Eu só quero impedir mais mortes, pegando um único objeto. Voldemort já conseguiu entrar no Banco um vez, pode conseguir de novo.


- Como você sabe disso? – perguntou o gerente espantado.


- Ele foi o responsável pela invasão que ocorreu há mais de dois anos, que felizmente não causou nenhum dano.


- Isso é grave. – disse o duende pensativo. – Vamos fazer o seguinte, precisarei conversar com alguns conselheiros do banco, preciso de tempo para uma decisão. Marcaremos uma reunião para o inicio do próximo ano, e você me traga todas as provas que possui, e quem sabe eu possa permitir que você pegue esse objeto.


- Agradeço o seu tempo. Estarei pronto para a nossa reunião. Não te decepcionarei, mesmo que não o convença. – disse Tiago se levantando e cumprimentando o duende antes de se retirar.


Depois que Tiago saiu, Berdo começou a refletir.


- Esse rapaz é diferente, se fosse outro, já entraria aqui exigindo entrar no cofre sem se importar com nada, ameaçaria a tudo e a todos e sairia sem nada. Este veio com argumentos e solicitações, não esperava nada e saiu com uma expectativa. Mesmo que ele poderia simplesmente entrar no cofre e sair sem que ninguém nem mesmo percebesse. Será melhor que este caso seja analisado direito.


 


O dia estava feio, a chuva caia torrencialmente, e ventava muito.


O time da Grifinória estava no vestiário se preparando para o primeiro jogo da temporada, o único ausente era o goleiro e capitão, Olívio Wood. Este chegou correndo furioso.


- Eles conseguiram de novo. – disse ele. – Se preparem, o jogo de hoje não será contra a Sonserina, será contra a Lufa-Lufa. OS idiotas deram uma desculpa de uma gripe, que acometeu todos os jogadores.


- Calma, Olívio. – disse Fred.


- Nós treinamos para enfrentar as cobras, tamos preparados para enfrentar os honestos Lufalufas. – disse George.


- Os sonserinos perceberam que o clima não ia favorecê-los, e mudaram o jogo, agora jogaremos contra um time mais pesado e que conseguirá suportar os ventos melhor. – disse o capitão. – Teremos que ser mais precisos. Eles treinaram muito este ano, e também mantiveram o time do ano passado. Cedrico parece recuperado das dores que teve ano passado e pode ser um problema para você Harry.


- Deixa comigo. – disse ele.


Assim que saíram para o campo foram recebidos pela chuva. Era quase impossível ver algo a mais de cinco metros a frente daquela forma. Instintivamente, Harry passou a mão nos óculos e lançou um feitiço para que a água não o incomodasse, melhorando, assim, a sua visibilidade.


O jogo começou equilibrado, com as duas equipes tendo que se esforçar para conseguir algum resultado. Depois de uma hora de jogo, Harry nem Cedrico tinham conseguido ver o pomo.


- Tempo. – soou no campo.


 Harry estava desinformado sobre o andamento do jogo, pois, não conseguia ouvir a narração por causa do vento.


- E ai como estamos? – perguntou para os gêmeos.


- Mau. – respondeu George.


- Só dez pontos na frente, mas mal conseguimos algo. – disse Fred.


Olívio percebeu que os óculos de Harry não estavam molhados.


- Harry o que você fez nos seus óculos? – perguntou ele.


- Foi um feitiço impermeabilizante, que repele a água.


- Boa idéia, todos lançando isso no rosto, melhorará nosso jogo. – ordenou para o resto da equipe realizando o feitiço de imediato. – Vamos voltar.


Depois de mais algum tempo, Harry pode ver que a Grifinória tinha aberto uma pequena vantagem, mas que não serviria de nada se ele não pegasse o pomo antes. 


Foi quando ele viu um lampejo dourado passando por ele, mas por infelicidade indo na direção do outro apanhador. O pomo mudou de direção e igualou os dois competidores.


Os dois continuaram voando emparelhados por alguns segundos, quando a velocidade de Harry somado a uma vassoura melhor deram-lhe uma vantagem.


Quando ele esticou o braço para pegar o pomo, sentiu que dois feitiços o acertaram, catapultando-o da vassoura, que pelo som havia se quebrado.  Ele foi caindo de uma altura de trinta metros quando sentiu que a queda foi amparada.


Só quando chegou no chão, foi que percebeu que havia agarrado o pomo. Ergueu a mão para mostrar para todos. E seus olhos se direcionaram para a arquibancada onde estariam os professores e visitantes. Não encontrou seu pai, Letícia estava chorando, sua mãe estava revoltada, assim como alguns professores, mas Dumbledore parecia furioso.


 


Tiago assim que percebeu os feitiços saiu correndo para pegar os dois responsáveis por isso, eram dois alunos do sétimo ano da Sonserina. Não se preocupou com Harry, ele sabia que Dumbledore impediria a queda. Mas ele estava ali para isso, para evitar que mais alunos ficassem machucados.  Chegou atrás dos dois, no mesmo instante que Harry pousava suavemente no chão. E ainda pode ver a mudança de expressão deles ao ver o apanhador levantar o pomo, passando de felicidade para choque e incredulidade.


- Vocês dois irão me acompanhar. – disse Tiago assustando todos a sua volta, que ainda não tinham percebido a sua presença, fazendo os dois largarem as varinhas, que foram recolhidas pelo auror. – Isso fica comigo.


Seguiram para o castelo, onde já esperavam por eles, o Professor Snape.


- Eu fico responsável por eles agora. – disse o diretor da Sonserina. – Eles são meus alunos, eu os punirei.


- Me desculpe Snape, mas isso esta além da escola. Punições escolares apenas não serão suficientes. – disse Tiago. – Vamos para sua sala, para definirmos isso juntos.


Eles seguiram para lá, já que era mais perto que a sala do auror. Os alunos seguiram cabisbaixos.


- É inaceitável o ataque a um jogador de quabribol durante o jogo. – começou Tiago. – Principalmente de uma forma que poderia ter causado a morte dele. Uma queda daquelas é fatal. Vocês terão que cumprir detenção todos os sábados do ano, até a formatura. Todo sábado, terão que se apresentar a McGonagall, ela direcionará as tarefas. Estão proibidos de ir a Hogsmeade, já que estarão na detenção, assim como aos jogos de quadribol.


- Você não acha isso meio radical? – perguntou Snape, mesmo sabendo que não adiantaria de nada, eles mexeram com o filho do moreno, ficando feliz que aqueles não eram jogadores. – Foi apenas uma brincadeira de mau gosto.


- Sim, uma brincadeira que poderia ter causado mortes, eles acertaram a vassoura que quebrou. – disse Tiago. – Mas eles poderiam ter acertado um dos dois apanhadores e causado a morte de um deles, se eles tivesse se movimentado diferente do que eles previram. Se isso ocorresse em um jogo de quabribol oficial, até mesmo um jogo em um campo nos fundos de uma casa, isso seria considerado tentativa de assassinato e seriam mandados de todo jeito para Azkaban. Eu estou sendo até bonzinho. Na minha opinião pessoal, eles pegariam detenção em todo o tempo livre e seriam taxados em seus exames como assassinos, e não conseguiriam emprego nenhum.  Isso também serve de exemplo para os outros alunos, para que não tentem algo dessa natureza.


- Se for assim acredito que devo tirar cinqüenta pontos de cada um. – disse o professor com um cara aborrecida. – E se reclamarem tirarei mais.


- Agora tenho que ver como está meu filho. – disse o auror, fazendo os meninos perceberem a grande enrascada que eles tinham se metido.


 


Letícia estava vendo os pais, Harry e Gina duelarem, depois de mais uma reunião. Eles tinham novamente tentado o patrono sem varinha, com pouco resultado, mas ela não tinha desanimado, sabia que era mais difícil assim.


O duelo era de duplas, Tiago e Gina contra Lilian e Harry, para que fossem equilibrados. Não usavam varinhas, assim o exercício rendia mais. 


 A menina ficou vendo como Harry fazia os mesmos movimentos que o pai, até mesmo como ele ajeitava o cabelo. Tio Almofadinhas tinha dito que Tiago fazia de uma forma mais calma que o pai dos dois, que geralmente fazia dois movimentos. Para quem sabia eram a mesma pessoa aquilo confirmava.


Por algum motivo, a ruivinha resolveu analisar a mãe e Gina duelando. Foi por um movimento do cabelo de Gina, ela viu algo que a fez pensar.


Se Rowena voltou para ajudar Godrico, isso devia fazer alguém voltar com seu pai, esse alguém era sua mãe, que era Gina.


A menina entrou em choque.

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