Repercussão

Capítulo 69 – Repercussão

 

Tiago apareceu no meio da sala adjacente ao seu quarto. Todos ainda esperavam por ele ali, acordados, apesar de ser muito tarde. Bem, quase todos, as gêmeas estavam dormindo a um canto.

Lílian deu um pulo e o abraçou.

- Graças a Merlin, você está bem. Nunca ia perdoa-lo por permitir que você não voltasse pra mim. – disse ela tentando tirar a blusa dele para conferir se estava tudo bem mesmo.

- Eu estou bem. – disse ele evitando ficar sem a blusa. – Ela faz isso desde que salvei seus pais, Neville. Você pode me examinar depois.

A ruiva corou, ao se lembrar que eles não estavam sozinhos ali.

- O que aconteceu?  - perguntou Harry. – Pode falar, já explicamos para Neville e Luna sobre a Ordem.

Tiago se sentou para começar a contar. Letícia sentou no colo do pai e logo adormeceu.

- Ainda bem que vocês são parecidos. – disse Luna. – Se não somente a poção Polissuco poderia fazer vocês ficarem iguais.

- Não é uma mera coincidência, Luna.  – disse Tiago. – O que vou contar para vocês agora não deve ser repassado para ninguém.

- Guardaremos segredo. – disse a Corvinal.

- Isso mesmo. – disse Neville.

Então, mais uma vez a história da viagem no tempo foi contada.

- Nisso nem meu pai acreditaria, se outra pessoa contasse. – disse a loira.

- Muitas pessoas acreditariam. – disse Lílian. – Por isso deve ser mantido em segredo.

- A Historia de que sou um primo do pai do Harry pode ser boa, mas se uma pessoa quiser pesquisar mesmo, vai perceber que é furada e poderia me colocar em uma grande encrenca. – disse Tiago.

- Meus pais sabem? – perguntou Neville.

- Ainda não. – disse Tiago. – Pretendo contar em alguns dias. Contamos para poucas pessoas, não por falta de confiança, mas para não gerar preocupações. Mas agora como a guerra vai ser aberta, devo contar com o apoio do máximo de pessoas que puder, só assim teremos vantagem.

- Seus pais sabem que guardamos segredos, não estão iludidos quanto a isso. – disse Lílian.

- Agora está muito tarde, e qualquer conversa deve ficar pra amanhã. – disse Tiago. – Onde eu contarei para vocês como foi a invasão do ministério da outra vez, que contou com todos vocês. Como está tarde, melhor vocês dormirem aqui mesmo. Boa noite.

Como um aceno de mão, colchonetes apareceram na sala.

- Exibido. – disse Lílian. – Boa noite, crianças.

 

Entretanto, quando Tiago e Lílian saíram do quarto pela manhã, todos ainda dormiam.

Eles se dirigiram para o terceiro andar, onde ficava a entrada para a sala do diretor.

- Estava mesmo para chamar vocês. – disse Dumbledore. – Gostaria de saber o que aconteceu ontem.

Tiago explicou sobre o sonho que ele e Harry compartilharam, e a decisão do garoto de seguir para o ministério para salvar a sua família.

- Sabia que devia ter insistido para que Severo ensinasse Oclumência para Harry. – disse o diretor.

- Harry, assim como Gina, Letícia, Rony e Mione são perfeitamente capazes de evitar qualquer um de invadir a mente deles, Dumbledore. – disse Lílian. – Nós fizemos questão de que eles aprendessem.

- Sem contar que de nada ia adiantar Snape o ensinar. – disse Tiago. – Eu tentei aprender uma vez com ele, mas só tornava as coisas piores. Snape odeia os Potter. Você sabe bem disso. Ele ainda culpa Harry pela morte de nossa mãe. Assim como culpa nosso pai. E não são os pensamentos de Voldemort que invadem a nossas mentes. E nossa mente que invade a mente de Voldemort.

- Ok. Mas precisava daquele show ontem? A profecia era algo que devia ser mantido em segredo. – disse o diretor.

- Sim, precisava. – respondeu Tiago. – Seria a única forma de mostrar para o mundo mágico que Voldemort está de volta. E quais são alguns comensais

- Quanto à profecia, ninguém a ouviu. – disse Lílian. – Qualquer coisa que foi dita e apenas especulação por mais próxima que seja da verdade.

Dumbledore os dispensou. Ainda teria outras coisas para fazer com relação à noite anterior.

- Acabei de me lembrar de uma coisa. – disse Tiago. – Umbrigde resolveu dar um passeio pela floresta, acredito que tenha encontrado com alguns centauros, que gentilmente a convidaram para passar a noite com eles. Você sabe como eles tratam seus visitantes.

- Mais essa. – disse o diretor.

 

Enquanto isso, os meninos acordaram no quarto, e encontraram uma mesa de café posta pelos elfos.

Comeram em silêncio, reflexo do que aconteceu de noite.

- Acredito que vocês devam saber o conteúdo da profecia. – disse Harry. – Papai me levou no começo do ano para retirar do ministério e evitar que Voldemort a pegasse.

Ele então recitou as palavras, mas sem dizer que havia sido a professora de Adivinhação quem a realizara.

- Era isso que você me escondeu nas férias? – perguntou Letícia.

- Sim, rainha. – disse ele. – Eu ainda estava tentando entender tudo. Foi por causa dela que eu não tenho meus pais, e minha vida é assim.

- Não fique assim, Harry. – disse Gina. – Nós estaremos sempre ao seu lado.

- Isso mesmo. – disse Rony, sem perceber o clima que tinha se formado entre os dois. Se tivesse percebido teria atrapalhado da mesma forma. – Nada é tão ruim que não possa piorar.

- Ele tem razão. – disse Tiago entrando no quarto. – Você poderia ter que voltar para casa dos seus tios que te odeiam depois disso tudo.

- Você morou com seus tios, como diz a historia do Harry? – perguntou Neville.

- Sim, mas eles não são como diz as historias, eles odeiam magia, e quase não vim para Hogwarts por causa disso.

Tiago aproveitou que Harry e Gina alimentavam Carol e Anny para contar como foi a outra invasão do ministério. Neville se espantou de ter ido junto, e mais receber elogios do auror.

- Pelo menos ninguém se feriu desta vez. – disse Mione em choque por ela ter sido atingida.

- Sim, e Sirius ainda está ai. – disse Lílian que teve que se segurar a historia toda para não colocar nenhum comentário que a denunciasse.

 

Quando a notícia da invasão do ministério e a confirmação do ressurgimento de Voldemort se espalharam pelo castelo, Harry não teve sossego.

A versão oficial foi que o menino, e não seu pai impediu o lorde das trevas. Era uma tentativa do ministro de ficar por cima da situação. O que não desagradou Tiago, já que assim Voldemort temeria o menino.

O moreno acabou tendo que andar sempre acompanhado de alguém para evitar as multidões e as perguntas. Normalmente ele andava com seus pais, Remo, Hagrid e Letícia.

A ruivinha era a pior pessoa que alguém poderia ver ao lado dele, já que menina não se limitava a mandar qualquer um se afastar, principalmente as meninas, ela azarava. Depois da primeira dúzia de pessoas que procurava Madame Pomfrey para se curar de algo que a menina fez, a enfermeira passou a se recusar a atender qualquer um que tivesse envolvido com a menina.

Só assim Harry pode voltar a andar pelo colégio em paz. Pelo menos na paz normal para ele.

- Potter, você está se achando o rei do castelo agora. – Malfoy falou assim que o encontrou com apenas Gina ao seu lado.

- Se você quiser me coroar, não vejo nenhum problema. – disse Harry, fazendo a ruiva rir.

- Você é muito engraçado. – disse o sonserino, que estava ladeado pelos seus capangas. – Você ter mandado meu pai para Azkaban não ficará impune.

- Eu não cometi crime nenhum para ser punido. – disse Harry. – E acabei de enfrentar Voldemort e doze comensais, sozinho. Você acha que eu tenho medo de três crianças que mal sabem segurar as varinhas.

Os três sacaram a varinha. Gesto que ia ser repetido por Gina.

- Não precisa disso, Ruiva. – disse ele para Gina segurando sua mão.

Ela o olhou espantada, será que ele queria mostrar para eles que podiam fazer magia sem varinha?

- O que está acontecendo aqui? – perguntou Minerva se aproximando deles.

- Malfoy e seus amigos querem mostrar para Harry o que eles estão sentindo pela prisão dos seus pais. – disse Gina, percebendo o que o menino estava falando.

- E de me admirar, que mesmo depois do fim do ano, vocês ainda conseguem aprontar. – disse a professora para o trio de verde. – Vou ter uma conversa seria com Snape. Vamos, vocês não se livraram de uma detenção. Potter, Weasley podem seguir o seu caminho.

Os dois não discutiram e saíram rápido dali. E quando estavam longe, começaram a rir.

- Você é impossível. – disse Gina. – Por que falou para ele que você fez aquilo?

 - Todos acreditam nisso. Até Voldemort, por que desmentir. – disse ele dando de ombros. – E também para ver a cara dele. Ainda mais depois que a tia Mimi o pegou.

- Você tem razão. Mas vamos esquecer isso.

- Você quem manda.  – disse ele a puxando para um beijo, sem se importar se alguém ia ver.

 

 A viagem no Expresso Hogwarts começou tranquila. Apesar de todos darem uma espiadinha para dentro da cabine de Harry e seus amigos. Ninguém se atreveu a fazer nada, uma vez que Letícia estava presente.

Harry evitava sair de lá, até mesmo para comprar doces. Tarefa realizada por Rony.

A primeira pessoa que abriu realmente a porta fora os que estavam dentro foi Dino, e mesmo assim, não era com o moreno que ele queria falar.

- Oi pessoal. – disse o garoto. – Han, Gina. Eu poderia falar com você? Você me disse que ia podem em encontrar nas férias. E eu queira muito falar com você. A sós.

Letícia apontou a varinha para ele discretamente, pronta para azarar o rapaz. Mas Harry segurou sua mão, e balançou a cabeça. Rony já tinha as orelhas vermelhas de raiva, mas era contido por Mione.

- Sim, claro. – disse a menina de forma bem educada, mas percebeu que todos se viraram para ela, menos Harry.

Saiu sem ver que os olhos verdes perderam todo o brilho que tinha.

Quando voltou, corada. Viu que Harry estava escondido atrás de uma edição do Pasquim, emprestada por Luna. Letícia se recusava a olhar para ela, apesar de conversar normalmente com os outros. Rony a olhava analiticamente, para tentar entender o que estava acontecendo.

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