A Ordem da Fênix



Cap. 4 – A Ordem da Fênix

Parecia que os dois Malfoy estavam petrificados. Não piscavam. Respiravam rapidamente. Como, aparentemente, podiam ficar o dia todo olhando para a casa, Harry falou:
- Bom, vamos entrar?
- Mas... e se não nos receberem bem? – Draco perguntou.
- Sinceramente, duvido que vão, se Rony e Mione estiverem, poderei conversar com eles e explicar, já com Olho-Tonto será difícil. Uma dica: não usem oclumência, senão eles nunca confiarão, me sigam e, por favor, parem de tremer! Vai ser difícil convence-los, mas tudo vai dar certo.
Sabendo que não os havia convencido, encostou a varinha na porta, ouviram-se cliques, como os de trancas se abrindo. Harry abriu a porta e entrou, seguido pelos outros dois. Então, uma voz conhecida soou:
- Quem é?
- Sou eu, Harry, professor.
- Harry! Que bom vê-lo – a figura de Lupin apareceu e continuou –, mas, o que está fazendo aqui? Você sabe que deve ficar com seus tios até completar 17 anos, a não ser para ir ao casamento...
Lupin parou, acabara de perceber quem estava atrás de Harry.
- O que fazem aqui? – seu tom era curioso, mesclava raiva, surpresa e indignação.
- Já explico, tem mais alguém aqui? – Harry perguntou.
- Rony, Gina e Hermione vieram pra cá, Arthur e Molly estão aqui para a reunião e não queriam deixar os filhos em casa, como Mione estava junto, veio também. Olho-tonto, Tonks – Lupin corou – Quim, Fred e Jorge já estão lá em baixo.
- Ótimo, que sorte hoje ter uma reunião – disse, se dirigindo aos Malfoy – escute, primeiro preciso falar com Rony e Mione, depois eu explico.
Lupin pareceu não querer aceitar, mas acabou concordando. Apenas acrescentou:
- Harry... tome cuidado – e, com um aceno de cabeça de Harry, Lupin desceu as escadas em direção à cozinha.
- Vamos, eles devem estar lá em cima. Não nos deixam assistir às reuniões até terminarmos Hogwarts, só façam silêncio.
Eles começaram a subir as escadas, Harry atento a qualquer sinal de seus amigos.
- E - eu n-não acredito! A sede da Ordem da Fênix é a casa dos Black! E - eu nunca poderia imaginar... – sussurrava Narcisa.
- Eu queria perguntar uma coisa – começou Harry – vocês estariam dispostos a ajudar a Ordem?
Depois de um tempo responderam, juntos.
- Sim.
- Ótimo, sei que serão uma grande ajuda.
Harry começou a ouvir conversas dentro de um quarto, o quarto que ele dividira com Rony, há quase dois anos. Silenciosamente, abriu a porta, lá estavam seus três melhores amigos. Ainda não haviam notado sua presença, sendo assim, ele chegou e falou:
- Entrega especial para Rony Weasley, Hermione Granger e Gina Weasley.
A partir de então, Harry não pode ver mais nada. Tudo que via eram sorrisos e braços o abraçando, se sentiu extremamente feliz, estava com os amigos, a coisa que ele mais queria no mundo. Foi aí que percebeu que eles começavam a soltá-lo.
- Harry, como você está? – perguntou Gina.
- Por que veio tão cedo, cara, achamos que só íamos te ver no casamento! – indagou Rony.
- O que eles estão fazendo aqui? – se surpreendeu Hermione, a única que havia notado os Malfoy e agora apontava a varinha para estes. Rony e Gina a imitaram, Harry se apressou.
- Abaixem as varinhas. Está tudo bem.
- Como podemos saber que é você mesmo? – disse Hermione – se fosse você, nunca defenderia Draco Malfoy. Diga uma coisa que só Harry saiba.
- Está bem! – Harry já estava começando a ficar bravo – quando vim aqui pela primeira vez, gritei com vocês, tentamos ouvir a reunião por orelhas extensíveis, mas a porta estava imperturbada. Aliás, fiquei surpreso ao ver que não tentaram fazer isso de novo.
- Bem, tentamos – disse Rony, sem-graça por ter desconfiado do amigo – mas mamãe lançou um Feitiço de Imperturbabilidade de novo, mas agora você tem que dar explicações.
- Está bem, vamos sentar? Vocês vão ter que me ajudar – falou para os Malfoy. Assim, eles contaram, Harry com um pouco de dificuldade para convencer os dois que podiam contar. Quando acabaram, Mione e os Weasley estavam de queixo caído.
- Mas, então, vocês estão fugindo de você-sabe-quem? – perguntou Rony.
- Não, Snape mandou eles virem para cá e vieram, sem ele saber, porque não estão fugindo – falou Gina, com sarcasmo, enquanto as orelhas de Rony ficavam vermelhas.
Hermione ficou quieta, percebeu o olhar de Harry. Parecia que ele queria falar: “Preciso conversar com você depois”.
- Harry... – Hermione começou, quando a porta se abriu e uma mulher entrou, esta abraçou fortemente Harry, e falou:
- Harry, querido, que bela surpresa! Mas por que veio hoje aqui? Remo disse que precisava falar conosco, mas não falou mais nada. Venha, vamos descer, assim poderá falar a todos o que quer... – a srª. Weasley perdeu a fala, olhou para as outras duas pessoas no fundo do quarto. Harry percebeu e disse:
- Tudo bem, srª. Weasley, é sobre isso que eu quero falar.
- E - está bem, então, vamos descer.
Os sete desceram a escada, em silêncio. Ao chegarem à cozinha, ninguém pareceu muito surpreso ao ver os Malfoy, aparentemente, Lupin contara a todos.
- Harry, sente-se e nos conte tudo – disse Lupin, sem parar de encarar os “visitantes”.
Harry se sentou, olhou para todos, ali estavam exatamente os que queria ver, parecia até que havia conjurado eles. Mas havia um problema, ele não sabia por onde começar.
- Bem... sei que vão me chamar de maluco, mas peço que prestem atenção, hoje, enquanto estava na casa dos Dursley, eles – fez sinal para os Malfoy, vieram me pedir ajuda, me contaram o que aconteceu e percebi o quanto precisavam, então, voamos até aqui.
- Harry, pode parecer impressão, mas o que você está escondendo? – apesar de tudo, Lupin não parecia achar que era impressão.
- É, você disse que nunca gostou deles, porque agora confia? – questionou Tonks.
- Vocês podem nos dar licença? – perguntou, se dirigindo aos Malfoy. Estes confirmaram e saíram, então, Harry continuou – Tive uma visão, pouco antes de eles chegarem, nela, Voldemort – houve arrepios ao dizer o nome – torturava Lúcio Malfoy, ele queria matá-los, ficou extremamente irritado quando descobriu que os Malfoy não estavam em casa. Vocês não viram o que vi.
- Harry – falou Kingsley -, não houve fuga de Azkaban. Se houvesse, teriam avisado aos aurores, e não falaram nada.
- Achei que não falariam, acho que nem o ministério percebeu, depois de torturar o Malfoy, Voldemort ordenou que Snape o devolvesse para Azkaban. Talvez não tenha matado ele para não levantar suspeitas... – a última frase, Harry falou mais para si mesmo.
- Harry, você não acha que pode ser uma imagem que Voldemort colocou na sua cabeça, igual quando... bem... Sirius morreu? – perguntou um preocupado Lupin
- Pensei nesta possibilidade, mas tenho certeza que não, a raiva de Voldemort foi muito real, no sonho com Sirius estava mais preocupado com o que vi, e não com o que senti. Não, acho que o que vi foi real.
- Mas uma coisa me preocupa – falou Moody – como que eles entraram?
- Snape tinha um papel, escrito por Dumbledore, onde tinha o endereço. Devia estar guardando-o para quando precisasse – Harry disse a contragosto, queria omitir a informação, afinal, ninguém mais confiava em Snape.
- Mas então, como confiar no que dizem? – indagou Tonks.
- No ano passado, Snape fez um Voto Perpétuo, ele devia ajudar os Malfoy, se ele não os ajudasse a fugir, quebraria o juramento.
- Está bem, mas por que ajudaríamos ex-comensais? – questionou Moody – eles com certeza planejam algo.
- Olha – Harry já estava perdendo a paciência -, antes de morrer, Dumbledore ofereceu ajuda a eles. Isto sem contar que poderiam nos fornecer informações preciosas.
Todos ficaram calados, digerindo as informações. Então, Tonks quebrou o silêncio.
- Vamos fazer uma votação. Quem é a favor de ajudá-los? – todos ergueram as mãos, até Olho-tonto, embora resmungasse algo – Todos a favor, está decidido. Harry, pode chamá-los.
Harry fez isso, os Malfoy entraram assustados. Era compreensível, estavam diante das pessoas que sempre lutaram contra, e agora suas vidas dependiam delas. Sem dúvida era uma situação estranha.
- Decidimos que podem ficar – disse Lupin -, mas gostaríamos de pedir algo. Vocês podem ajudar a Ordem?
- C-claro – sussurrou Narcisa – se quiserem, podem pegar nossas lembranças.
- Combinado. Bem, o quarto no primeiro andar estará vago, só alguns ficam aqui. Bem, vocês parecem cansados, Molly, você se importa de ajudá-los?
- Não – mas sua expressão era contrária.
Assim, os três subiram, silenciosamente. Harry ficou imaginando o que a srª. Weasley estaria pensando, afinal, nunca gostou dos dois. Especialmente por sempre insultarem seus filhos, Harry e Mione.
- Bem, tenho que voltar para os Dursley, só quero falar com Rony e Hermione antes.
- O. K. – responderam todos.
- Vamos.
Quando Harry achou um lugar em que ninguém poderia ouvi-los, começou.
- Há algo que não contei, no meu sonho, Voldemort... Ah, Rony pare com isso, tem que se acostumar com o nome! Bem, como estava dizendo, ele queria algo que entregou para Lúcio Malfoy, junto com o diário, e ficou zangado ao saber que não estava mais com ele, mas não tanto, pois deu para Belatrix, e confia mais nela.
- Harry, você não acha que é...
- Sim, Mione, acho que é uma horcrux.
- Mas, Harry, será que Voldemort confiaria em alguém o suficiente para entregar duas horcruxes?
- Não sei, mas vou ter que investigar. Bem, agora eu tenho que ir, os Dursleys já vão me matar por chegar tão tarde. A gente se vê no casamento.
- Está bem, tchau! – responderam em uníssono.
Harry se despediu de todos, pegou sua vassoura e voltou para a Rua dos Alfeneiros. No caminho ficou pensando em tudo o que aconteceu. Sabia o quanto Voldemort era cruel, mas nunca imaginou que poderia matar todos os Malfoy só porque Draco havia falhado numa missão. Tudo bem que era de estrema importância para ele, mas alguma coisa estava errada, havia algo mais...
Ao chegar à casa dos Dursley, percebeu que estes haviam trancado a porta, “tenho que pensar em outro jeito de impedi-los” pensou Harry, mas estava preparado para estas ocasiões, desde que voltara à casa de seus tios, deixava a janela de seu quarto aberta, se eles o trancassem para fora, entraria por ali. Assim fez, como estava com a vassoura, foi mais fácil, só voou até lá. Entrou e trocou de roupa, deitou em sua cama, Edwiges havia saído para caçar. Poucos minutos depois, adormeceu, mas desta vez, não teve pesadelos.

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