Capítulo 2;



Hermione! Hermione!

Quando ouviram a voz alegre de Madeleine se aproximar cada vez mais, e depressa. Harry e Hermione separaram-se subitamente, tão velozes quando como começaram aquele beijo.

A coragem que fora determinante ali, já não mais existia, e ambos não ousavam se olhar. Hermione estava corada, e ofegante; já o moreno também se mantinha atordoado e calado.

A mulher virou-se para a menina, que estava de olhos arregalados parada na porta. Pigarreou, e tentou sorrir, mas estava nervosa demais para isso. Apertou os nós dos dedos, num gesto impulsivo. Parecia ela a criança a ser pega em flagrante numa marotice.

- Madeleine...
- Como era mesmo o nome da menina que vai pra Terra do Nunca? - perguntou, “normalmente”.
- Er... - balbuciou, mas nada conseguira pronunciar.
- Princesa, que tal deixar a Hermione descansar e talvez mais tarde ela queira nos contar outra história. - sugeriu para a filha.
- É... Wendy! Wendy é a garota... – respondeu, estremecendo.
- É claro, como eu pude esquecer! – exclamou, batendo a mão na testa, e voltou para dentro de casa.
- Percebe o quanto ela esconde os sentimentos? Talvez ela esteja preocupada com o que viu, mas nem pensa em falar sobre isso... Essa mudança maldita é obra da Gina! – murmurou, com raiva.

Hermione o encarou, talvez não fosse uma boa idéia ficar ali. Cogitou momentaneamente fugir o mais depressa possível, mas não tinha forças para nada, muito menos sair correndo.

- Eu vou ajudar a Made com a história... – murmurou, sem olhar para ele.
- Hum... Claro! - o moreno olhou uma última vez para a médica e sorriu, tentando compreender o que havia se passado com ele.

Hermione entrou, e caminhou guiada pela voz da menina. Nunca afinal havia estado ali, mas o desejo de se ver livre do constrangimento a fizera sair da presença impactante de Harry. Olhou a casa, a qual era muito bem organizada; Os móveis antigos eram tão lustrosos, e apesar de simples, eram encantadores.

Seguiu em frente, passando por um corredor que dava até a cozinha. Entrou e encontrou Matilde sentada e Madeleine de pé, contando a ela, a parte da fada Sininho.

- Desculpem, eu... fui entrando. – falou, sem jeito. Madeleine sorriu, e a puxou pelo braço.
- Senta aqui. - falou a menina, e Hermione a obedeceu.
- Bem... Eu vou deixar vocês por um instante, me conte o resto da história mais tarde Made, se não teremos frango queimado para o jantar. - a senhora, que deixou as duas e fora fazer suas obrigações.

Hermione não sabia o que dizer, talvez nem fosse preciso. Mas precisava falar alguma coisa, encarou a menininha, não queria magoá-la mais, sendo muito enxerida e se metendo na vida deles, ali. Se bem que fora apenas um beijo. Mas não um beijo qualquer, concluíra amargamente. Madeleine chegou perto da mulher, alheia em seus pensamentos.

- Você não gosta mais de mim... – afirmou, com pesar.
- Como? – indagou, confusa.
- Você beijou o meu papai, que nem a Gina fazia e agora você não vai mais gostar de mim... - a garota se ajoelhou pegando o livrinho e folheando - Mas eu não vou contar pra ele, pode deixar.
- Sim, eu o beijei, mas não significa que deixarei de gostar de você. Isso seria impossível! – falou, sentindo um nó formar-se em sua garganta.
- Mas você fez a mesma coisa que a Gina fazia...
- Eu não sou a Gina, querida. – falou, carinhosamente. - Eu que pensei que não gostaria mais de mim...
- Mas é claro que eu gosto!... Isso se você também gostar de mim. Sabe, eu posso te chamar de mamãe? Porque se você gosta de mim, e beijou o meu papai, você pode ser a minha mamãe!
- Vamos com calma, Made. - pediu Hermione, acariciando o rosto da menina. - Eu gostaria de ser sua mãe, mas isso não cabe só a mim. As coisas são tão complicadas!
- Não é nada complicado, você gosta de mim, eu gosto de você, e o papai também gosta. Senão não teria te beijado! - a garota explicou, sorrindo sapeca. – Então, ele não vai ligar se você for minha mamãe... Espera! Vou ver o que ele acha, me espera aqui no quarto. Eu já volto! - a garota correu a procura do pai e voltou com o homem ao seu lado.

O coração de Hermione se acelerou de maneira violenta dentro do peito. As coisas estavam fugindo de seu controle, e indo rápido demais.

- Papai, a Hermione aceitou ser a minha mamãe agora só falta você deixar, então... você deixa? – perguntou, com os olhos brilhando.
- Made... Er... É que...! - tentava falar, mas nada vinha a sua mente no momento. Nada de como resolver tamanha confusão.
- Querida... - murmurou Hermione. - Eu disse que as coisas não funcionam assim, dessa maneira.
- Mas o papai gosta de você, pois ele te beijou que nem o príncipe da Branca de Neve fez; então vocês vão ser felizes e eu vou ter a minha mamãe!

A morena olhou para Harry em busca de auxílio. Como iriam explicar uma coisa dessas a uma menina de quatro anos? Coisas de adultos não deveriam ser esperanças nem problemas das crianças.

- Sim, seu pai e eu nos beijamos, mas não significa que vamos ser felizes para sempre.

Ele nem me ama - completou em pensamento.

- Então você é que nem a Gina, você não quer ser minha mamãe, lá na creche todo mundo tem uma menos eu... – choramingou, a pequena fazendo biquinho.
- Made... – falou, e aproximou-se da menina que virou o rosto. - Eu gosto muito de você. Muito mesmo! Mas você tem uma mamãe, que embora não a trate como merece, continua sendo sua mãe. E... Está bem! Eu gostaria de ser sua mãe, sim... Se ainda quiser...
- Jura? - perguntou feliz, e Hermione assentiu. - É claro que eu quero uma mamãe! Eeeeeeeeeeba! Agora eu tenho uma mamãe, tenho que contar pra bisa, volto já! - a garota correu novamente pelo caminho da porta.

- Desculpe, eu... Eu não sabia o que dizer. - falou para Harry.
- Eu quem te peço perdão, não deveria aceitar que a Made te influenciasse, tudo bem se você não quiser que ela te chame de mãe. - o moreno se desculpou.
- Não me importo. Se for fazê-la feliz... Tudo bem. – disse, olhando para a janela. - É uma coisa pequena para mim, no entanto é uma demonstração gigantesca para Made...
- Muito obrigado, eu não sei se agüentaria ver o rostinho dela ficar daquela maneira de novo, por não ter uma mãe. - o homem confessou, sorrindo.
- Certo... - sussurrou ela, corada.
- É... eu tenho que “esfregar os cubos de gelo”! – falou, sem entender o que havia dito, já que o olhar da morena o enfeitiçava. - Então eu já vou... Tchau!

O moreno saiu do quarto e se escondeu na solidão do escritório de seu avô. Sempre o ouvira falar que aquele cômodo servia para fugir da agitação da casa, e agora ele desfrutava de tal privilégio. Mas não era da agitação da casa que queria se livrar, e sim da que sentia quando estava perto de Hermione.

Sentou-se na poltrona ante a mesa, e viu o telefone piscar, mostrando que alguém havia deixado uma mensagem. Mas quem conhecia o número do telefone do Rancho? Sua avó nunca ligou para coisas como telefone e fazia questão de deixá-lo bem guardado. Fora ele mesmo quem instalara o utilitário ali.

Chegou próximo ao aparelho e reconheceu de cara o número que deixou a mensagem...
Era Gina!

A contragosto sentou-se na poltrona novamente e deixou-se ouvir a mensagem. A voz da mulher o irritava e trazia recordações amargas.

“ Adivinhe quem é? Ok... Chega de brincadeiras, é claro que você sabe muito bem quem eu sou! Só estou te mandando essa mensagem para relembrar a promessa que eu fiz no dia do nosso "triste" fim. Se eu souber de você agarrado no pescoço de uma qualquer, é o fim da série amor sem fim estrelada por você e pela Madeleine. Eu sei muito bem que a charmosa doutora não gostaria nada de saber sobre os seus segredinhos... pois eu e você, sabemos muito bem que essa pose de pai perfeito, é uma mera fachada! É meu último aviso, Harry, se eu souber que você e a doutora certinha estão trocando muito além do que apertos de mão cordiais, eu vou acabar com a sua vida e com a vida da menina... E quem sabe a doutora também não tenha problemas, mas você não quer que isso aconteça, ou quer? Não se esqueça de mim querido, tudo bem... eu sei que você nunca vai me esquecer.”




Logo após instalar Hermione no quarto de hóspedes, Matilde fora para a cozinha terminar de providenciar o jantar. Este fora degustado com muito gosto e alegria por todos, exceto por Harry que se mantinha calado em algumas vezes. Hermione como boa hóspede, elogiou muito a comida, não que precisasse. Sua face satisfeita era como um elogio visível.

A morena, logo que o jantar terminou, se propôs a ajudar na arrumação da cozinha, o que Harry prontamente aceitou fazer. Tudo para não ter que se constranger mais com os olhares envergonhados, tanto dele, quanto dela. E para não demonstrar a Made que estava incomodado com algo, aquela ligação ainda estava repetindo em sua mente cansada e aflita.




No quarto ao lado, Harry tentava por em ordem tudo o que havia feito em um dia só, havia beijado Hermione e se sentido tão diferente e ao mesmo tempo tão bem, que em algum lugar de sua consciência jurou que não desgrudaria seus lábios dos dela. Mas qualquer chance de felicidade foi totalmente abafada pelo telefonema de Gina.

Parecia que ela farejava qualquer vestígio de felicidade, vindos dele. Como pudera se envolver com alguém como ela? Agora a odiava tanto, quanto uma vez a amara.

Saiu de Londres a fim de se ver livre da presença ainda marcante dela em sua casa, e também em sua vida. Mas nesta última de forma quase esquecida. A única coisa boa que Gina lhe dera, fora Madeleine. Sorriu amplamente ao pensar na filha e no quanto ela estava feliz. Assim como ele, com Hermione por perto.

Ouviu então barulhos na cozinha e resolveu descer para ver o que estava acontecendo, talvez fosse Madeleine querendo um copo de água, por via das dúvidas iria averiguar.

Ao chegar à porta da cozinha se deparou com a dona de seus sonhos e da alguns pesadelos, nos quais Madeleine ia para longe de si. Resolveu sair sem fazer algum ruído, mas seus movimentos foram percebidos pela morena que sorriu nervosa ao vê-lo.

- Harry... você me assustou! - exclamou ela, depositando o copo de água em cima do balcão.

O moreno pensou bem antes de responder, para não soltar algo como, - "enxugar cubos de gelo", - de novo. Olhou para o robe que cobria a roupa de dormir e pensou que talvez embaixo da proteção houvesse uma camisola bem sexy e de tecido fino.

- Hmm... Olá Hermione! - engoliu em seco, diante ao outro sorriso que ganhou da morena, e se sentou no balcão da cozinha.
- Perdeu o sono? – perguntou, abaixando os olhos para as mãos pousadas juntas sobre o mármore frio.

Talvez você seja a causa da minha insônia - pensou ele, tentando raciocinar.

- É, eu perdi o sono, e você?
- Muitos anos fazendo plantões à noite, eu meio que não consigo dormir facilmente. - falou, olhando-o de soslaio.
- Não perdeu o hábito? É eu acho que também sofro desse mal, virava noites e noites para resolver os problemas da empresa, talvez seja isso também - mentiu.

Ela sorriu, e ficou em silêncio. Não se atrevia a olhá-lo diretamente. Gabava-se outrora por ser corajosa, mas agora já não poderia dizer que tinha isso de sobra. Também não queria perder-se ao encará-lo naquele pijama tentador.

- Sabe, eu peço desculpas pelo... por... - tentou lembrar de alguma palavra que conseguisse explicar o que acontecera a tarde, mas não conseguiu. - Você sabe o beijo... É que eu peço perdão.
- Eu também tive culpa, e não quero que pense que eu sou... sou assim, tão avançadinha! – falou, envergonhada. - Eu não costumo fazer isso sempre, digo... beijar, er... você entendeu!
- Eu não consigo pensar em uma palavra que defina o nosso beijo... - o moreno riu. - Talvez pelo fato de você me deixar sem palavras... - Harry esbugalhou os olhos, e encarou a parede a sua frente. - Eu falei isso alto?
- Falou sim... - afirmou ela, corando.
- Oh! – murmurou, corando mais ainda.
- Você... você também me deixa assim. Atordoada e sem palavras... - disse incrédula, por também estar confessando isso.
- Então isso significa que é uma coisa boa? – perguntou, sem olhar a morena.
- Sim, eu acho que sim! - respondeu, suspirando longamente.
- E o que devemos fazer sobre isso? – indagou, descendo do balcão e chegando perto da morena, esquecendo-se totalmente do telefonema perturbador.
- Eu não sei... Estamos indo depressa demais. E eu nunca me senti assim antes, nunca ninguém mexeu comigo dessa forma... – murmurou, fechando os olhos.
- Eu sinto o mesmo – murmurou, puxando a mulher pela cintura e indo de encontro aos seus lábios entreabertos.



- Papai? - chamou a voz assustada de Madeleine. - Papai...?

Como não recebera nada em resposta, a não ser um estrondo temível de um trovão. Madeleine soltara um grito agudo, agarrando-se ao seu bichinho de pelúcia, ao descer as escadas.

- Madeleine...? - Harry ouviu o grito da menina soltou as mãos de Hermione e correu pronto a socorrer a filha.

A mulher embora atônita, o seguiu. Entraram na sala e encontraram a menina parada no meio do cômodo. Em seus olhinhos brotavam lágrimas, e ela soluçava. Quando viu o pai na penumbra, correu até ele.

- Eu não gosto dessa chuva! – falou, chorosa.
- Calma, meu amor, eu estou aqui, vai ficar tudo bem. - o pai assegurou enquanto acalmava a menina em seus braços.
- Eu tô com muito medo! – exclamou, agarrando-se a ele. Harry então subiu com ela nos braços, até o quarto da menina no fim do corredor.
- Fique tranqüila, eu vou ficar aqui até que você esteja dormindo e sonhando com os ursinhos, como sempre você sonha... Não se preocupe querida, agora se deite... - o pai falou carinhoso, colocando a menina na cama e a cobrindo.

Hermione estava parada à porta e os observava com os olhos ternos. Sorriu, e preparava-se para deixá-los, pois julgara estar sobrando, quando Madeleine falou:

- Fica também?
- Eu... – começou, e ela levantou-se da cama.
- Por favor...
- Está bem, eu fico com você. - respondeu sorrindo, e a menina lhe puxou pela mão até onde Harry estava.
- Isso, agora está bem melhor, papai... Madeleine e... Mamãe! - a menina riu e olhou para os adultos a sua frente. - Muito legal, só falta uma coisa pra ser igual ao filme que eu vi...
- O que falta querida? -perguntou o pai, curioso.

Hermione ficara com medo da resposta da menina. Engoliu em seco, esperando ela se pronunciar.

- Nos filmes, o papai e a mamãe dormem no mesmo quarto que a filha quando ela está com medo. – explicou, e Harry olhou nervoso para Hermione. – Sabe, seria tão legal! Que tal a gente dormir junto? Todo mundo bem abraçadinho, que nem nos filmes?
- Mas na sua cama não dá. - Harry tentou convencer a filha.
- Mas o papai tem a cama mais grandona do mundo, cabe todo mundo nela.
- Madeleine, eu acho que não é uma boa idéia. - falou Hermione, portando um sorrisinho nos lábios, logo depois de olhar para Harry, totalmente sem jeito.
- Claro que é uma boa idéia, todo mundo vai acordar muito feliz! - menina respondeu.

A morena olhou mais uma vez para Harry, e seus olhos se mostravam divertidos, porém, ela estava muito nervosa. Ficaram se encarando, por um tempo. Até que ela resolveu falar.

- Logo a chuva vai passar, e enquanto isso não acontece, ficamos aqui com você, Made. Não há a necessidade de dormirmos todos juntos.
- Ah... claro que tem necessidade, temos que fazer como no filme, nós três, juntinhos, não é papai? - a menina pediu feliz
- É claro, como nos filmes. – concordou, maroto.
- O que? – indagou, com um meio sorriso.
- Temos que fazer igualzinho ao filme. - o moreno falou, rindo da expressão chocada da morena.
- Não acredito que vai aceitar isso... - sussurrou a ele.
- Eu tenho que fazer a vontade da minha querida filha. - o moreno sorriu, pegando a garotinha no colo.
- É... – falou, suspirando em seguida. "E eu é que me ferro" - completou em pensamento.
- Vamos dormir juntinhos! - gritou a garota. - Mas espera falta mais uma pessoa...!
- Mais uma pessoa?! - indagaram os dois adultos juntos.
- Sim! – afirmou, enquanto tirava os braços do pai de si. - Falta a Clarinha. - mostrou a boneca de cabelos loiros.
- Ah! Claro, a "Clarinha"... - disse Hermione, rindo.
- Pensou que fosse quem Hermione?- indagou, o moreno chegando mais perto da mulher e falando ao pé de seu ouvido. - Não quero que a minha filha aprenda sobre bigamia, no momento uma mulher apenas iria me satisfazer, somente ela.

A morena ficou rubra, e estremeceu. Viu-o passar por si, levando Madeleine nos braços. Suspirou fundo.

- Ah meu Deus! - exclamou. - Eu só me meto em confusão... Não faça nada de errado Hermione, fique calma! - falava a si mesma.

Escutou então a voz da menina a lhe chamar, saiu do quarto e rumou para onde eles haviam ido. O quarto de Harry...

Entrou no quarto e reparou na quantidade de fotos do homem com sua filha. Sorriu ao ver uma foto de Harry, Matilde e Madeleine ainda bebê, e se surpreendeu ao perceber que gostaria muito de partilhar essas lembranças com eles. Que queria estar naquelas fotos segurando a menina. Mas infelizmente, o lugar de mãe já era preenchido, embora a ex-mulher de Harry não aparecesse em nenhuma daquelas fotos.

Harry colocou Madeleine no chão e rapidamente a menina subiu na enorme cama. Antes ela pegara um par de meias de Harry, e se esforçava para calçá-las.

- Vamos acabar com a brincadeira princesa e vamos dormir, papai e mamãe precisam descansar, e você também! - o moreno falou enquanto sorria, e via Hermione sentar-se para ajudá-la na tarefa de calçar as meias.

- Pronto, agora seus pezinhos estarão quentinhos! - falou Hermione.
- Quente igualzinho a torta da bisa... Muito quente! - a menina riu do comentário.
- Sim... - concordou, vendo a menina bocejar. - Acho que seu pai está certo, já está na hora de certas garotinhas irem dormir!

Deitaram-se, tendo Madeleine no meio da cama abraçando aos dois. Por um momento Harry pode sentir uma paz que nunca havia sentido com Gina, um sentimento meio estranho, mas que o deixava feliz e satisfeito. Abraçou mais a filha e murmurou boa noite para a "mãe" dela.

Hermione o respondeu, e aconchegou-se mais no travesseiro macio, que continha o cheiro de Harry. E ele teve a certeza de que verdadeiramente teria uma boa noite.

Logo os três adormeceram. Madeleine com um sorriso no rosto, e Harry e Hermione de mãos unidas.

Ao amanhecer reparou que algumas posições haviam mudado, Madeleine se encontrava a sua direita e Hermione, a sua esquerda, com a perna encostada em um lugar não muito bom para seus pensamentos. Tentou tirar a perna da morena afim de que ela não tivesse uma situação constrangedora pela frente, mas não conseguiu, e o máximo que pôde fazer, foi esperar que a morena acordasse logo e rezar para que ela não balançasse o seu lindo pé.

Pensando em certas coisas, nem notara que ele próprio tinha o braço enlaçado a cintura da médica. Ela dormia tão lindamente, que ele não teve vontade alguma de sair dali.

Ouviu o barulho da porta sendo aberta, e sorriu ao ver a cara de sua avó. Ao olhar para os três entrelaçados na cama. A senhora fechou rapidamente a porta, como se não quisesse que o neto a visse.

Hermione então fizera o que Harry temera durante todo o período em que brincava de "estátua".

- Hermione, por favor, pare com isso. – pediu, tentando acordar a morena. - Eu não sou o homem de ferro.

Ela, porém não despertara, e sorriu ainda de olhos fechados. Sonolenta, suspirou. Harry inclinou-se sobre ela, e a chamou mais uma vez. Bem pertinho dela, sem efeito algum.

O moreno então partiu para o plano B, se não podia acordar a morena então iria aproveitar. Beijou o pescoço dela, até ver a mulher acordar com um sorriso mais do que satisfeito nos lábios.

Ela arrepiou-se com o toque, abriu os olhos lentamente. Entretanto, assustou-se completamente, levantando-se de repente, batendo com a cabeça na dele.

- Ai! Bela maneira de acordar o pai da sua filha... – falou, sorrindo.
- Desculpe... – murmurou, envergonhada, e rindo. - Mas... Não é todo dia que sou acordada dessa maneira.
- Bem... Eu garanto que outros homens dariam fortunas para estar na minha pele nesse momento.
- Acho que não... - falou ela, sentando-se, acanhada.
- Muitas vezes o que você acha, não é o que os outros pensam, e eu me incluo nisso....

Ela sorriu, e desviou os olhos para Madeleine, ainda adormecida.

- Madeleine é uma criança muito especial, você fez um bom trabalho com ela. - falou a esmo, mudando de assunto.
- E ela gosta muito da mãe dela. - sorriu para a morena, enquanto olhava dentro dos olhos dela.
- Eu não sou a mãe dela... – falou, com tristeza.
- Não no sentido literal da palavra, mas no coração dela você é sim, a melhor mãe de todas.
- Eu vou tentar ser... - disse sorrindo a ele.
- Você será! - beijou o nariz da morena, e por fim sorriu se direcionando ao banheiro.

Hermione ficou o olhando caminhar até o banheiro, sorrindo boba. Suspirou. Não podia mais controlar o que sentia. E uma verdade era que estava começando a se apaixonar por pai e filha. Olhou para a menina a seu lado, e esta abriu os olhinhos.

A pequena sorriu, mostrando o sorriso radiante de quem tinha tido uma linda noite de sono e abraçou a nova mãe, dando beijos molhados em seu rosto.

- Bom dia, pequenina... – falou Hermione.
- Bom dia, mamãe! – respondeu, entre beijos.
- Dormiu bem, apesar da chuva? – perguntou a morena, vendo a criança sentar-se em seu colo. Hermione passou então a retirar os cabelos revoltos e lisos que encobriam a face da menina.
- Sim, muito bem, e tive um sonho muito lindo! – falou, enquanto se aquietava nos braços da mãe.
- É mesmo? – indagou, sorrindo.
- Uhum, eu sonhei que eu, você e o papai estávamos brincando no parque! E você nem vai adivinhar quem mais estava lá! - a menina falou, misteriosa.
- Sou péssima em adivinhações, então pode ir me contando... – comentou, fazendo cócegas na menina, que riu.
- Bem... O meu irmãozinho estava conosco, não é legal? – perguntou, olhando o rosto da mãe.

A mulher se engasgara ouvindo tal coisa. Seu rosto passou de um rosado, para um branco mórbido em alguns poucos segundos.

- Irmãozinho? – indagou a esmo, e totalmente assustada.
- É! Um bebezinho lindo, quando será que a cegonha vai trazer ele? – perguntou, enquanto olhava para a janela e saía da cama. – Sabe, nós temos que fazer um cartaz bem grande para a cegonha saber onde o bebê tem que ficar, o rancho não tem endereço na porta!
- Sim... Quer dizer, não! Não terá nenhum bebê para a cegonha trazer, Madeleine. Foi apenas um sonho. – explicou Hermione, em pânico.
- Não, não foi só um sonho. - a menina falou. - a bisa diz que os sonhos são... Supositórios... Não, não é isso... É uma palavra difícil com o nome de filme, eu vou perguntar pra ela! – falou, ao tempo que saía feliz do quarto.


N/a: autoras sem vontade de notinhas no momento, mas agradecemos todos os comentários! Amamos vocês leitores queridos, comentem mais, o capítulo três já está prontíssimo! Beijos, Jessy. (e beijinhos da Paula também).

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