Capítulo 1



Férias! Nem acreditava que depois de cinco anos trabalhando tanto, teria as suas merecidas férias. Dentro do elevador olhando pela última vez aquilo que só veria depois de seis meses, - quando enfim acabassem as suas férias, - sorriu. Quis gritar e dançar, mas se controlou, pois sabia que o elevador tinha câmeras, e não iria pagar esse vexame e ainda correr o risco de ir parar no youtube.

A ansiedade a consumia. Seu corpo estava cansado, e se não fosse por ele ainda continuaria a trabalhar. Mas até mesmo ela precisava de um tempo longe do trabalho. Afinal, sua vida social quase não existia. Saiu do elevador, e caminhou até a recepção.

- Não acredito que você vai nos deixar por seis meses! - choramingou Luna. - Como eu vou sobreviver nessa selva?
- Como sempre fez... Pense pelo lado positivo, meu substituto pode ser um deus grego. – comentou Hermione, sorridente. – Ninguém o viu ainda?
- Pois você sabe muito bem que eu estou de olho no doutor Malfoy. - sussurrou para a amiga. - Você já deu uma olhada no braço dele? Só de olhar eu fico louca.
- Sim, você fica maluca... – zombou a morena. – Enfim, eu tenho que dar alta a alguns pacientes antes de finalmente ir para meu retiro. – acrescentou no mesmo tom.
- Sabe quem procurou por você? O moreno boa pinta, saradão!
- Já o rotulou assim, é? – indagou, ostentando um sorriso no canto dos lábios rosados.
- Claro ele é o: boa pinta saradão e você a: doutora lindas pernas!
- Que belo casal não? – brincou, e gargalhou em seguida.
- Sim, eu estou torcendo por eles e não perco o final da novela de jeito nenhum. Estou doida pra ver se ela vai se declarar, mas o final é só mais tarde, ande mulher, quero logo ver a novela. Doutora lindas pernas...
- Pare de me chamar assim, Luna... – pediu Hermione, erguendo a sobrancelha. – Eu vou indo, me acompanha?
- Não, odeio o status de segura vela! Prefiro babar pelo doutor Malfoy, sabe como é daqui a pouco ele volta da cirurgia.
- Está bem, então depois te dou o resumo compacto da novela. – falou e riu.
- Oh! O que seria de mim se não houvesse você Hermione?!
- Eu não sei... – disse. – Até mais, passo aqui antes de ir, e tente não babar muito pelo Dr. Malfoy, podem internar você com suspeita de uma doença neurológica grave. – acrescentou e Luna lhe mostrou a língua.

Entrou no quarto da senhora, e encontrou Harry e a filha, que ao vê-la se escondeu dessa vez atrás da avó. Hermione encarou-os e sorriu. Ainda não havia se acostumado com suas reações ao ver o neto da paciente. Seu coração batia descompassado, e julgava estar com as bochechas extremamente vermelhas. Tentou focalizar então na menininha. Queria tanto receber um sorriso dela, e toda vez renovava sua vontade. Sempre foi muito apegada a crianças, e algo lhe dizia que a pequena havia sofrido muito em seus poucos anos de vida.

Podia sentir isso, e ver nos gestos dela. Quem sabe um dia, ela não mais fugisse de todos.

- Bom dia! – cumprimentou Hermione, fechando os botões de seu jaleco branquíssimo.
- Bom dia, é realmente um bom dia! Um ótimo dia, pois vou sair daqui e poder enfim ficar no meu rancho! - exclamou Matilde, feliz.
- Finalmente, um dia feliz para todos. – disse a morena, e um sorriso doce sugou-lhe seus lábios. – Enfim, vai se ver livre desse hospital, e da comida “péssima”... E também de mim. – acrescentou, assinando os formulários em sua prancheta.
- Oh! Essa é a única parte ruim. - assegurou a senhora.

Hermione sorriu, abaixando os olhos para o papel em suas mãos. Madeleine saiu do lado da outra, e parou ao lado de Harry.

- A bisa vai embora com a gente? – perguntou baixinho.
- Sim, ela vai sair com a gente, princesinha. - o moreno falou em um tom totalmente paterno e amoroso.
- Ah! – exclamou ela. – Eu acho que ela gosta mesmo de mim, ela vai morar com a gente na nossa casa?
- Nós vamos morar com ela - explicou o pai a menina.
- Naquela casa bonita, e com o jardim bem grande? – perguntou e o pai assentiu. Ela sorriu imensamente, e correu para junto da matriarca. – Agente vai morar com você, bisa!
- Sim, querida, e você vai me ajudar a cuidar da Tom, aquela cadela me dá um trabalho, mas você irá me auxiliar, não é?
- Vou! – exclamou ela.
- Bem, eu acabei de assinar a papelada da sua alta. – se manifestou Hermione, aproximando-se da cama, onde Matilde estava sentada com a bisneta.
- Enfim a liberdade! – exclamou, abraçando a criança.

A médica então passou a explicar tudo que Matilde e Harry precisariam saber para que não houvesse nenhuma mudança no estado de saúde dela, que era controlado. Nunca tivera tanta dificuldade em falar. Sentia os olhos do homem presos em si, dificultando a voz a sair de sua garganta seca.

- Então só nos veremos quando eu vier buscar outra vez a medicação feita pela farmácia de manipulação, não é? - perguntou Matilde.
- Infelizmente, só será depois... Hoje eu saio de férias! Minhas lindas e merecidas férias... – falou, e riu brevemente.
- Férias? - exclamou Harry mais alto do que deveria ter dito.
- Sim, mas fique despreocupado, o meu substituto cuidará muito bem dos meus pacientes. Inclusive da sua avó. – respondeu ela, olhando-o.
- Não, eu não estou preocupado. - explicou feliz. - Eu estou muito feliz por isso!
- Pelo meu substituto? – indagou, divertida.
- Não por isso, mas porque você é a minha salvação!
- Sou? – perguntou, confusa.
- Sim, é! Eu preciso de uma enfermeira, e quem melhor do que você? Você conhece o quadro da vovó, sabe melhor do que qualquer pessoa o que ela necessita, além de gostar dela!
- Er... Eu não sou enfermeira! – exclamou ela, um pouco frustrada. – Conheço algumas e posso recomendar.
- Não, não e não! – falou firme. - Você é perfeita, olhe eu pago bem e você vai poder descansar bastante o ar puro do rancho, e a vovó não vai se sentir solitária, é só enquanto eu trabalho no escritório durante o dia, depois disso você poderia ir embora.
- Desculpe, mas não! – negou, calmamente.
- Por favor! – pediu.
- Sinto muito...

O moreno cochichou no ouvido da filha algo, a garota ficou com receio, mas ao ver o olhar confiante do pai, pediu com olhinhos tristes.

- Por favor! – disse, juntando as duas mãozinhas.
- Isso é injusto... – sussurrou ela a esmo. – Chega a ser desumano!
- Pois ela não vai parar enquanto você não aceitar - falou o moreno sentindo a vitória próxima.
- Você é mal, Sr. Potter! – exclamou. – Eu vou pensar no assunto...
- Por favor? - insistiu Matilde, com um sorriso maroto nos lábios.
- Você também? – perguntou Hermione, tentando reprimir um riso.
- Claro, afinal eu gosto de você - disse sorridente.

A doutora olhou para ambos, e suspirou derrotada.

- Certo, eu aceito a proposta. – concordou.
- ISSO! - exclamou Harry, feliz - Que tal agradecer a doutora, Madeleine?
- Mas papai... – começou a garotinha com a voz rouca. – Ela não pode gostar de mim...
- Você é uma princesa - falou olhando a filha com ternura - Quem não gostaria de uma princesa? Não é senhorita Granger?
- É claro! – afirmou Hermione.
- Mas se ela gostar de mim, ela pode ir embora como a mamãe... – falou tristemente.
- Querida, ela não vai embora, eu prometo!

Madeleine engoliu em seco. Se, acreditava numa pessoa no mundo, era em seu pai. E se ele garantia... Aproximou-se de Hermione e a abraçou, enlaçando os braçinhos nas pernas da morena.

- Obrigada, doutora Hermione.
- Não a de quê, fofinha... – respondeu abaixando-se, ficando a altura dela. Beijou-lhe as faces e sorriu.
- Vou ajudar você com a bisa também, eu posso? – falou, esquecendo-se momentaneamente de sua timidez e receio.
- É claro, quanto mais ajuda melhor... – começou Hermione, que fora interrompida pelo toque de seu bip. A morena o olhou, rapidamente, e se levantou. – Eu tenho que ir...
- Ok, então eu vou passar aqui mais tarde e combinamos o valor do trabalho. Muito obrigado, fico muito agradecido, Madeleine e eu ficamos. - o moreno sorriu e fez o coração da mulher palpitar mais forte do que de costume.
- Está certo, nos vemos em breve. – falou e saiu, olhando para o quarto antes disso.

Minutos mais tarde...

- Então, como acabou a novela? - perguntou Luna, no corredor.
- Ai! Quer me matar de susto, sua doida?! – indagou Hermione.
- Nos encontramos por um acaso do destino, sabe como é? Eu acabo de ver o Doutor Perfeição e acabei te encontrando, nada premeditado, mas me diga como foi o final da novela?
- Ainda não chegamos a um final... Vou cuidar da Matilde!
- O quê?! - parou no meio do corredor derrubando outra enfermeira que seguia com medicações em uma bandeja. - Me desculpe, foi sem querer, mas me explica isso Hermione. O que houve? – perguntou, deixando a garota catando tudo sozinha.
- Fiquei maluca de vez! Vou trabalhar nas minhas férias, mas eu não pude resistir... Madeleine falou comigo, tinha que ver aqueles olhinhos e o sorriso! Ele mal sabia que não precisava de nada daquilo, mas ele foi cruel! – falava sem parar. Luna a olhou curiosa, e confusa. – Harry me convenceu de ajudar a cuidar da avó dele.
- Você realmente está maluca, mas maluca de amores pelo moreno, caidinha, está gamadona! - riu a amiga zoando a médica.
- Não! Não estou apaixonada por ele! – negou Hermione, sem jeito.
- Por enquanto... - a loira lembrou entrando por outra sala do corredor.
- Você é quem está deslumbrada pelo Doutor Perfeição... Ele pelo menos falou com você desta vez? – alfinetou Hermione.
- Eu acidentalmente esbarrei nele, sabe como é: um encontrão nada proposital, e adivinha? Ele sorriu pra mim! - a garota contou radiante.
- É um avanço e tanto, tenta conversar com ele da próxima vez, ou puxa saco do chefe para ele te escalar na equipe do Malfoy. – falou Hermione, rindo.
- Agora sim você me deu uma ótima idéia, vou puxar o saco do patrão. Bem, eu te desejo boas férias, ou melhor, bom trabalho fora do hospital.
- Obrigada, e espero que esteja dando uns amassos no Malfoy, na sessão dos arquivos médicos quando eu voltar... – zombou e Luna riu.
- Que Deus te ouça! - gritou ao fim do corredor mandando um beijo para a amiga. - Te ligo mais tarde, doutora lindas pernas!

Naquele dia, combinou tudo com Harry quando saíra do hospital. No dia seguinte iria começar a ajudá-lo com a avó. Estava ansiosa, na verdade, estava uma pilha de nervos. Olhara-se no espelho uns milhares de vezes, ajeitara o cabelo uma outra porção de vezes.

Olhou-se pela última vez, pegou a bolsa e entrou no carro, antes olhou o visual pelo retrovisor mais uma vez. Nunca havia se importado com esse tipo de coisa.

Mas porque será que hoje não parava de se olhar? Talvez Luna tivesse razão, estava muito apaixonada. Não poderia estar sentindo isso. Não precisava de mais um problema em sua vida. Suspirou, e rumou direto para o rancho de Matilde.

Ao chegar encontrou a senhora costurando em uma cadeira de balanço e aos seus pés, Madeleine penteava o pêlo de uma cadela de raça pastor alemão. Saiu do carro, e andou até elas, sorrindo.

- Olá! – exclamou, segurando com firmeza a alça de sua bolsa.
- Olá Hermione! - Matilde cumprimentou. - Seja bem vinda ao meu humilde lar.
- Obrigada. – agradeceu.
- Madeleine, largue um pouco a Tomtom, e diga olá, para a Hermione. Ela passará as férias conosco, isso não é legal? –perguntou, a senhora atenciosamente.
- Oi doutora Hermione... – falou baixo.
- Oi Madeleine, olha o que eu trouxe para você. – falou e retirou da bolsa um pequeno livro de capa colorida. – É um livrinho de contos. Acho que ainda não deve saber ler, mas seu pai pode ler para você ou até mesmo sua bisa...

A menina pegou o livrinho, e sentou-se no degrau da escadaria, folheando-o.

- Bem talvez você possa ler para a Made - sugeriu - Que tal fazer isso enquanto eu tiro a minha torta do forno?

Hermione olhou para a garotinha alheia, estava receosa quanto aquilo. Não sabia o que fazer, tanto que ficou parada no mesmo lugar, enquanto a menina tentava decifrar as letras, e a murmurar algumas palavras com base nos desenhos. A médica sorriu, e deu a menina um pouco de confiança, para se postar ao seu lado e sorrir ainda envergonhada, gesto que fez com que Hermione pensasse mais uma vez. O que o passado poderia ter feito a essa criança para que fosse assim tão tímida?

Sentou-se ao lado dela, e a garotinha entregou o livro a ela. A morena colocou-o no colo, e o abriu.

- Tem algum conto preferido? – perguntou, sorrindo. – Eu adorava a Cinderela. Creio que gosto até hoje, mas não conte para ninguém... – acrescentou e piscou a menina.
- Eu não conheço nenhum conto. - a menina disse olhando para baixo e corando mais uma vez.
- Nenhum? – indagou, afagando o rostinho dela, que negou com a cabeça. – Então vou ler a Cinderela para você, se não gostar passamos para o da Branca de neve, ou quem sabe goste de uma aventura, e poderemos ler juntas: João e o pé de feijão...

A garota sorriu e escutou atentamente a história, prestando atenção nas ilustrações do livro e na voz suave de Hermione. Passaram um bom tempo, somente as duas ali. Nem a bisavó voltara. E a morena estava gostando daquele momento com Madeleine. parecia que a timidez dela estava indo embora, fazendo seu coração se enchia de alegria por isso.

- E os sete anões gostavam dela? - perguntou a menina durante a história.
- Sim, gostavam muito... – respondeu Hermione.
- Eu queria que as pessoas gostassem de mim, como os anõezinhos gostavam da Branca de Neve... - a menina falou, deixando transparecer toda a tristeza contida em seu pequeno coração.
- E porque acha que as pessoas não a amam? – perguntou, carinhosa. – Pelo que notei seu pai parece amá-la tanto... E tem também sua bisavó.
- Só o papai e a bisa me amam! – respondeu, mexendo os pés que não alcançavam o piso. - A Gina me disse que ninguém gosta de mim, porque eu sou ruim.
- Gina...? E quem é Gina? – perguntou novamente, com o coração apertado. Quem diria a uma menininha doce como Madeleine que ela era ruim?
- Ela é minha mãe. - a menina levou as mãos à boca, tampando-a como se tivesse falado algo muito errado. - Mas não conta pra ninguém, porque ela falou que eu não posso dizer que ela é minha mãe.

Hermione apenas assentiu, sem olhar para a figura triste ao seu lado. Abraçou Madeleine, em silêncio, e a garotinha atou-se a ela.

- Você não pode me abraçar! - a garota falou, enquanto tentava sair do abraço. - Você não pode me abraçar porque eu sou um monstro muito feio.
- Não Madeleine, você é a garotinha mais linda que eu já vi... – murmurou Hermione, sentindo a garganta queimar. – Não queria que dissesse coisas assim sobre você...
- Mas você não tem culpa de eu ser assim... - a menina então sorriu. – Sabe, eu vou te contar uma coisa, mas você não pode contar para ninguém, promete?
- Prometo... – sussurrou.
- Eu sou um erro! - a menina confidenciou.
- Como assim, fofinha? – indagou.
- Eu ouvi a Gina dizer pro papai que eu sou um erro, eu não deveria ter nascido! - a garota chegou mais perto da médica, e falou bem próximo a seu ouvido. - Por isso eu sou um monstro, porque eu destruí a vida da Gina.
- Quantas vezes eu tenho que te dizer princesa, que você não é um erro. - comentou Harry, que ouvia tudo da porta. - Você foi um grande presente que veio para trazer a minha alegria.

A morena levara um susto, estremecendo de uma maneira avassaladora. Tanto pelo fator surpresa, quanto pela intensidade com que a voz dele a intimidava, mas de um modo bom. Voltou-se para ele e seus olhos se deleitaram.

O moreno vestia uma regata branca e uma calça jeans que se ajustava a suas curvas, deixando-o ainda mais bonito. Sem o terno e as roupas sociais o moreno ganhou um ar mais maroto, para o total descontrole dos batimentos de Hermione. Totalmente sexy.

Pigarreou, dispersando seus olhos e suas emoções. Respirava até com certa dificuldade. Levantou-se e o encarou.

- Oi...
- Olá, Hermione!
- A Hermione me contou a história da Branca de Neve! – exclamou Made, sorridente.
- É mesmo? - Harry sorriu para a morena, e se sentou junto às duas. - Sabe eu não conheço a história da Branca de Neve, como é essa história princesa?
- Conta pra ele Hermione... – pediu a menina. – Ela conta melhor. – sussurrou a Harry.
- Que tal se ela nos contasse outra história? Uma que nós ainda não ouvimos! – sugeriu, piscando para a filha.
- Eu não conheço outras histórias, todas elas estão aqui no livrinho. – falou Hermione, corando.
- Pois eu não conheço nenhuma e a Made também, que tal contar mais uma história.

Ela então concordou, e sugeriu Peter Pan. Claro que mantinha os olhos no livro, mas a maioria das coisas ela contara com suas próprias palavras. Matilde os observava da janela, estampando um sorriso largo nos lábios. A cada palavra, a menina ficava encantada e se soltava mais, as gargalhadas de Madeleine eram como bálsamo a sua alma, pois a tranqüilizava em meio ao temporal de sentimentos que sentia perto de Harry.

- E... Fim! – exclamou Hermione, que olhou para a garotinha. – Gostou?
- Gostei, é mais legal esse Peter Pan, ele voa e tudo! – falou, entusiasmada. – Vou contar pra bisa essa história, agora! – emendou e saiu, correndo pra dentro de casa.

Um silêncio perturbador pairou sobre os dois, trocaram olhares até que o moreno levantou.

- Muito obrigado!
- Pelo que, exatamente? – perguntou, também de pé.
- Por tudo! Por cuidar da minha avó... De Made, mesmo não tendo nenhuma obrigação e por narrar contos de fada para ela pela primeira vez. - o moreno sorriu e apertou o braço de Hermione, carinhoso. - Eu não tenho palavras para agradecer e todo o dinheiro do mundo não se compara ao que você fez por mim.
- Não precisa agradecer... – murmurou, tímida. – Eu... Faço isso de coração. – continuou num sussurro. Ele estava muito perto de si.

O moreno passou os dedos pelos cabelos rebeldes, em um claro sinal de nervosismo e se sentou mais uma vez.

- Sabe, esse ano têm sido muito duro para a Madeleine, e às vezes eu me sinto como se o mundo inteiro fosse cair na minha cabeça. - o moreno olhou para a médica, e sorriu sem jeito. - Me desculpe, eu não tenho que contar os meus problemas para você.
- Se quiser desabafar, ajuda muito. Eu não me importo com isso. – respondeu ela, sentando-se novamente ao lado dele.
- A Made te falou sobre a Gina? - perguntou.
- Algumas coisas... – murmurou, lembrando-se de outrora.
- A Gina é a minha ex-mulher, mãe da Made, nós nos casamos há seis anos, e como todo o começo, o nosso casamento era um conto de fadas. Gina era modelo fotográfica, nos conhecemos em uma festa. – o moreno baixou o olhar em busca das lembranças. - O meu erro foi não ver que ela nunca conseguiria largar o mundo de glamour que a profissão oferecia e quando ela engravidou o nosso casamento nunca foi o mesmo.
- Eu sinto muito... Existem mulheres que não nascem para serem mães. – falou Hermione, tentando encontrar as palavras certas.
- No começo até que ela tentou ser uma boa mãe - explicou - Mas quando ela percebeu que o corpo dela iria sofrer mudanças e não voltaria a ser como o de antes da gravidez, ela começou a se afastar e depois de um tempo começou a maltratar a Made.
- Santo Deus, como ela pôde maltratar a própria filha? – indagou, enraivecida.
- Eu não sabia de nada, pra mim a Gina era a melhor mãe do mundo, pois era isso que ela aparentava ser. - o moreno estalou os dedos e olhou a imensidão de verde a sua frente. - E depois eu descobri que ela chamava a Made de monstro, e a ameaçava dizendo que se ela contasse algo sobre isso a mim, ela iria mandá-la para um internato.
- Eu nem a conheço, mas já a desprezo... – falou a esmo. – Madeleine, é tão meiga, agora entendo porque ela é tão desconfiada.
- Eu me sinto um nada quando penso no quanto a minha filha sofreu. - o moreno bateu os pés no chão. - E eu não pude fazer nada... Nada!
- Não diga algo assim, você fez muito por sua filha. Você a amou quando a mãe não o fez. E isso é tão... Tão bonito e digno. – comentou Hermione, sentindo o coração se encher ter ternura. – Não tem culpa se sua... Sua mulher, não é capaz de amar...
- Sabe o que ela disse quando eu descobri que ela estava maltratando a Made? - o moreno se ergueu e olhou a paisagem de verde a sua frente. - Ela disse que a culpa era minha, por só dar carinho para a nossa filha e esquecer dela.
- Que egoísta! – exclamou, nervosa. – É tão fácil colocar a culpa em alguém, ainda mais numa criança.

A morena como que por reflexo abraçou o neto de Matilde. O moreno relaxou os ombros e chorou silenciosamente, coisa que Hermione só percebeu após sentir a blusa molhada por lágrimas. Essa demonstração de “fraqueza” a fizera ter mais vontade de apertá-lo nos braços. Parecia que não era somente Madeleine que precisava de carinho e amor.

O moreno levantou os olhos e encontrou os de Hermione fixados nele, como se um segundo passasse como uma hora, aquele momento parecia uma eternidade, e Harry descobriu que gostaria de passar a eternidade assim.

Somente olhando para ela. Aqueles olhos de longe mostravam algo a não ser meiguice e dedicação. Muito diferentes dos de Gina. Que apenas ostentavam brilho quando estava se exibindo para os holofotes.

Aproximaram-se como se existisse uma força que os atraía, as bocas ficaram secas e os lábios se uniram trazendo sensações novas e maravilhosas. Os olhos se fecharam e as mãos procuraram afagar o outro, e o mundo não valia de nada se comparado ao valor dos lábios encostados, pois esse beijo tirava toda a angústia e sofrimento suportado antes.

Seus corpos se colaram, e ele a abraçou com cuidado. Harry a beijou mais intensa e ansiosamente. Já não se reparava em nada, que não fosse à médica. A morena passou os braços ao redor do pescoço dele, e acariciou os cabelos negros do homem. Seus corações batiam mais rápido, e seus lábios afogueavam-se com a magnitude da carícia.

- Hermione! Hermione!


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