Encontros e Reencontros




O Beco Diagonal estava cheio, como sempre esteve, já que as aulas estavam prestes a se iniciar.
Mais um ano em Hogwarts e mais pais desesperados para achar livros, animais, vassouras, caldeirões, vestes, varinhas, penas e tinteiros.
Ginevra se infiltrava entre a multidão de pessoas, apertando forte a mão de sua filha, Lily. Tiago e Alvo haviam ficado em casa, e encarregado a mãe de comprar seus livros, já que o resto de materiais eles já tinham. No entanto, a pequena Lily ainda estava ao rumo de seu primeiro ano em Hogwarts, e não tinha ao menos uma pena, portanto fora obrigada a ir fazer compras com a mãe, o que não a deixou nem um pouco aborrecida, já que a pequena ansiava esse dia.
Gina parou na frente de um a loja de vassouras com Lilian. Ela abaixou-se e olhou profundamente nos olhos da pequena ruiva.
- Querida, pode entrar aí e escolher uma vassoura. – Ela sorriu – Eu vou até Madame Malkins aqui na frente, dar uma olhada em seus novos uniformes escolares.
Lilian concordou timidamente com a cabeça, antes de se desvencilhar de sua mãe e entrar sozinha na loja de vassouras. Ela ouviu o sino na porta quando entrou, e assim que a porta foi fechada todo o barulho lá de fora havia sumido em um segundo. Lá dentro, a loja estava mais silenciosa, com apenas alguns murmúrios e pais e filhos discutindo sobre as melhores vassouras, pomos, balaços e goles.
Lilian prendeu sua atenção a algumas vassouras que estavam à mostra nas prateleiras, lendo sobre elas. Logo começou a se preocupar.
A ruiva não sabia praticamente nada sobre vassouras. O que sabia foram seus irmãos ou seu pai que lhe disseram dentro de casa, e mesmo assim ela mal se lembrava. Passou a ler atentamente a inscrição sobre cada vassoura e, principalmente, checar o preço delas.
Lilian não era pobre. Não mesmo. A família Potter era rica. Não era imensamente rica, mas era rica. Mas Lily sempre fora educada para economizar, afinal, era uma Weasley. Tudo dela era das melhores condições, mas Lily não fazia a mínima questão de ser o mais caro da prateleira, desde que cumprisse bem sua função a ruiva estava satisfeita.
Estava distraída, os olhos vidrados nas pequenas placas metálicas que se prendiam a cada uma das vassouras da loja. A pequena levou um susto ao sentir uma mão sobre si. Ela deslizava pelos seus cabelos e parava em seus ombros. A pequena virou-se rápido para ver quem era e precisou levantar a cabeça para verificar o rosto da pessoa.
A ruiva deu de cara com um bonito homem de cabelos louros muito bem arrumados, mas que ficavam caindo sobre seus olhos. Ele tinha um jeito e um sorriso jovial, apesar de aparentar ter mais de trinta anos.

- Procurando uma vassoura, pequena? – O homem perguntou, e Lily arregalou um pouco os olhos ao ouvir a voz áspera do louro.

- Minha mãe sempre disse que não podemos falar com estranhos. – Draco riu, um sorriso puro e sincero, raro para qualquer pessoa por mais que o conhecesse. O louro se abaixou no chão, em uma posição em que não deixasse que seus joelhos entrassem em contato com a sujeira do assoalho. Ele ficou cara a cara com Lily.

- Não sou um estranho. – Lilian deu a ele um olhar de dúvida – Conheço sua mãe.

Lilian sorriu. Por qualquer motivo estava feliz em saber que agora poderia conversar com o louro, já que ele conhecia sua mãe. Porém, Draco, ao ver que a menina nada lhe respondera, continuou seu diálogo.

- Você é filha de Ginevra Weasley Potter. – Draco disse, tentando disfarçar o modo como ele cuspiu o último sobrenome da moça. Lily pareceu nem perceber no tom de voz dele e sorriu mais abertamente.

- Sim, sou! – Finalmente respondeu – Como se chama o senhor? – Perguntou, fazendo Draco rir.

- Não me chame de senhor, pequena. Meu nome é Draco Malfoy, mas pode usar o primeiro nome. – Eles sorriram – E você, como se chama?

- Lilian! – Exclamou.

- Tem o nome de sua avó, não é? – O louro sorriu e Lily afirmou com a cabeça. – Onde está sua mãe, Lily?

- Bem, eu não me lembro – Respondeu sincera, tentando se lembrar o nome da loja que ela havia lhe dito – Acho que foi comprar roupas ou algo assim, em uma loja aqui perto. – Draco riu – Ela pediu que eu escolhesse uma vassoura, assim quando ela chegar vai ser mais rápido.

- Ah, entendo. – Draco se levantou, sem tirar os olhos dos verdes dela – Já escolheu a vassoura?

- Ainda não. Na verdade, não entendo muito sobre vassouras.

- Não gosta de quadribol?

- Adoro! – Ela abriu um grande sorriso – Um dia vou ser uma jogadora muito famosa. – Seu sorriso se desfez em um segundo – Só não entendo muito de vassouras.

Draco riu um pouco mais, lembrando-se de algo.
- Você tem que ser apanhadora, pequena. Sua mãe era uma ótima apanhadora. – Ele sorriu – Seu pai também. – Acrescentou, um pouco contrariado.

- é mesmo minha posição favorita.

- Eu também fui apanhador, sabe?

- Foi? – A ruiva sorriu, e Draco pôde ver os olhos dela brilharem.

- Fui... – Respondeu, lembrando se dos tempos de Hogwarts. – Durante seis anos eu fui o apanhador da Sonserina.

- Sonserina? – Ela não pôde evitar perguntar. Para Lily, Draco parecia tão bom, tão genuíno, tão puro, que ela achou muito estranho ele ser da sonserina, julgar pela fama daquela casa.

- Sim, sim. – Draco não pode esconder um sorriso, já que achou tão engraçado ao ver como Lily reagira só porque ele foi da Sonserina – Todo o Malfoy é da Sonserina, além disso, é uma boa casa. As pessoas lá têm grandes virtudes.

- Eu devo ir pra Grifinória. Como meus pais e todos os meus irmãos. – Ela concluiu, esquecendo sua estranheza sobre o louro ter sido da Sonserina.
- É, pequena. – Draco riu – Assim como todo Malfoy é da Sonserina, todo Weasley é da Grifinória.

Lilian aproximou suas sobrancelhas uma da outra, e direcionou um olhar de questionamento para Draco.
- E se um Malfoy se casasse com uma Weasley? De que casa seria o filho deles? – Perguntou com sinceridade.

Draco se surpreendeu com a pergunta, mas riu logo depois. Ela tinha tudo da mãe.
- Não sei. – Concluiu – Nunca aconteceu antes.

Ficaram alguns segundos lado a lado em silêncio. Segundos em que pensavam sobre qualquer coisa sem sentido, ou não.
- Já escolheu a vassoura? – Perguntou Draco, procurando iniciar uma conversa.

- Não...

- Eu acho que você devia levar aquela. – Disse Draco, apontando para a vassoura da vitrine. Era o mais novo modelo de todos, a mais rápida vassoura do mundo. Uma Startale.

- Ah, Draco. Não acho uma boa idéia. – Draco deu de ombros.

- Bem, eu acho.

Draco chamou um atendente da loja.
- Sim, senhor Malfoy? Creio que já escolheu a vassoura do pequeno Scorpius. – Draco riu sarcástico.

- Ele mesmo escolheu. Eu quero duas Startale, por favor.

- Sim, senhor. – Disse o homem, se retirando.

Lilian olhava abismada a cena. Não podia aceitar um presente, ainda mais um tão caro!

- Olha, Draco... Desculpe-me, mas acho que não devo aceitar, e...
-Ora, esqueça isso, pequena – Draco voltou a sorrir abertamente – Diga a sua mãe que foi um presente meu, sim? Só não acho uma boa idéia contar ao seu pai. Promete?

Lilian não entendeu muito bem, mas não tinha outra escolha.
- Prometo. – Sorriu a pequena.

Draco passou as mãos sobre os cabelos dela, e logo o bruxo atendente voltou com as duas vassouras embrulhadas nas mãos. O louro entregou uma a Lily e novamente ajoelhou-se, para ficar no mesmo patamar que ela.

- Lilian, eu vou me encontrar com meu filho agora. – Sorriu – Preciso mesmo ir.
Draco se levantou, passando as mãos em toda a extensão dos cabelos ruivos dela.

- Tudo bem. – Sorriu a menina, as bochechas corando – Foi um prazer conhecer-te.

- Para mim também, pequena. – Draco se virou e deu alguns passos em direção a porta. Depois olhou para trás, encontrando os olhos verdes de Lily ainda sobre si – Mande lembranças a sua mãe e seu pai. – Sorriu. Lily apenas acenou com a mão.

- Adeus... – Concluiu baixo ao ouvir o sino da porta quando Draco saiu da loja. Ela segurou a vassoura fortemente em suas mãos e sentou-se em uma cadeira qualquer, esperando que sua mãe chegasse.

Após pouco mais de dez minutos, o sino tocara mais uma vez, porém Lilian não fez esforço para ver quem era. A ruiva ouviu os passos firmes da mãe, parando a sua frente.
- Escolheu sua vassoura? – Perguntou Gina, sem ver o embrulho na mão da filha. Ginevra estava ofegante e carregava incontáveis sacolas, olhou para a filha, procurando uma resposta.

Lilian levantou a vassoura em suas mãos, fazendo Gina arregalar os olhos.
- Ganhei. – Disse simplesmente.

Ginevra ajoelhou-se rapidamente em frente a filha, diferentemente de Draco ela não se preocupou nem por um segundo sobre seus joelhos tocando o assoalho sujo da loja.
- Como assim ganhou? – Perguntou Ginevra, num tom um tanto severo – Você sabe que não pode falar com estranhos! Muito menos aceitar presentes deles, agora, quem foi que lhe deu isso?

- Draco. – Respondeu Lily, dando de ombros.

Gina arregalou ainda mais os olhos, se isso era possível. A imagem do louro apareceu rapidamente em sua cabeça e ela tentou apagá-la, convencendo-se de ter ouvido errado.
- Quem? – Ela reforçou a pergunta, esperando um nome parecido com o do louro.

- Draco Malfoy. – A filha repetiu claramente, olhando para o rosto pasmo da mãe – E ele pediu pra lhe mandar lembranças.
Ginevra levantou-se rápido, suando frio. Segurou forte a mão da filha e em menos de um segundo, estavam em casa.

Lilian não entendeu a reação da mãe, mas logo depois estavam as duas ruivas no quarto da pequena, as duas sentadas na cama.
- O que aconteceu? – Perguntou Gina, em um tom ainda um pouco preocupado.

- Esse moço bonito, Draco Malfoy, ele me reconheceu na loja. Nós ficamos conversando e ele disse que te conhecia, então me comprou a melhor vassoura da loja, já que eu não sabia qual escolher.
Ginevra empalideceu, tentando se convencer de que haveria vários Draco Malfoy no mundo. Mas no fundo, ela sabia. Só havia um.

- E... Como ele era?

- Muito louro, sorriso jovial, gentil, foi apanhador da Sonserina, alto...
A mãe levou as mãos à cabeça.

- Não acredito que o conheceu.

- Ele foi muito legal comigo, sabe? – Lilian sorriu – Vou poder ficar com a vassoura?

- Pode. – Gina deu de ombros. – Só não deixe seu pai saber que foi Draco quem lhe deu isso, tudo bem?

- Draco também me pediu para lhe prometer isso. Mas, por quê?

- Ah, Lily. Você é nova demais para entender. – Sorriu Gina, passando as mãos pelos cabelos da filha.

__

O dia com que Lily sonhara por tanto tempo. E lá estava ela, o carrinho nas mãos com suas malas e artefatos de magia, encarando aquela parede, entre as plataformas nove e dez.
Tiago passou, Alvo passou, e ali estava Lily, ao lado de sua mãe.
- Não se preocupe, querida. – Gina sorria tristemente. No fundo, achava-a pequenina demais para ir a Hogwarts, só uma criança.
Lilian andou calmamente em direção aos tijolos, passando facilmente e em menos de um segundo podia ver a fumaça saindo do expresso de Hogwarts, adolescentes sorrindo e abraçando seus pais. Ela já havia visto isso antes, mas era a primeira vez que se sentia realmente parte de tudo aquilo.
Abraçou sua mãe chorosa uma última vez, e sentiu uma profunda falta de seu pai. Esse, havia tido trabalhos de última hora, e não pôde ir a plataforma nesse ano.
- Adeus, mamãe – Sorriu Lily, desvencilhando-se do abraço da ruiva.
- Tome cuidados, Lilian. Por favor!
Lily sabia bem o motivo de toda a preocupação, já que o primeiro ano de Gina em Hogwarts fora bastante traumatizante.
- Não se preocupe, ficarei bem.
Gina beijou a testa da filha antes que ela entrasse na locomotiva. Com um impulso indesejado, olhou para os lados, procurando uma cabeleira loura. Ao perceber o que fazia, Gina sacudiu a cabeça, afastando seus pensamentos de Draco e os dirigindo a pequena ruiva que acenava de uma das janelas do trem.
Entre berros e sorrisos, a locomotiva partiu mais uma vez, deixando Gina para trás.
Todos os anos, enquanto levava seus filhos a escola, Gina desejava estar partindo também. Para mais um ano com seus amigos, seus professores, sem nenhuma responsabilidade além de NOM’s e NIEM’s... E, melhor que tudo, Draco Malfoy. Poder amá-lo sem se preocupar com absolutamente mais nada.
Repreendeu-se ao se flagrar pensando nisso mais uma vez. Aquela plataforma lhe trazia lembranças que ela queria afastar.
Quando voltou para a realidade ainda se encontrava na plataforma nove e meio, encostada em uma de suas pilastras. Em volta dela não haviam mais sorrisos e berros, nem ninguém. Todos já haviam voltado para suas casas, e apenas ela fora deixada para trás.
A ruiva olhou em volta, procurando alguém igualmente esquecido. Deparou-se com um louro que a olhava ao longe, e que, ao perceber que o olhar dela finalmente havia encontrado o seu, começou a se aproximar dela.

- Perdida em devaneios, Weasley? – Sorriu o louro, ao se aproximar ainda mais dela. O corpo de Gina tremeu involuntariamente ao ouviu a voz ríspida dele.

- Olá para você também, Malfoy. – Draco riu ainda mais, ele sorria de maneira irônica, enquanto Gina ainda continuava séria.

- Você tem uma linda pequena em casa, Ginevra.

- Soube que andaram conversando... – Gina rolou os olhos – O que deu na sua cabeça, Malfoy?

Draco segurou as pontas cacheadas dos cabelos dela, subindo seu olhar dali até os olhos castanhos da ruiva.

- Vamos tomar um café? – Sugeriu o louro, sorrindo verdadeiramente dessa vez.
Gina sentiu o corpo quente ao não conseguir recusar.

Logo que o trem se afastou da estação, Lily se dedicou a dificil (e quase impossivel) missão de encontrar um vagão vazio. Pensou em procurar seus irmãos, mas logo descartou a ideia, já que seus irmãos não iam gostar muito de serem abortados pela caçula, já que provavelmente estavam com seus colegas.
Observou dentro da janela de um dos vagões, lá havia apenas uma menina. Suas vestes não tinham o brasão de nenhuma casa, e ela parecia bem novinha. Lily logo notou que era do primeiro ano também.
Ela abriu a porta do vagão, tentando falar ao mesmo tempo que se concentrava em conseguir ficar de pé.
- Posso? - Perguntou a ruiva, abrindo um sorriso.
A menina desviou rapidamente o olhar do livro que lia para a porta.
- Claro! - Respondeu. Ela tinha um rosto com traços finos, seus cabelos eram curtos, abaixo das orelhas, e tinham um tom de louro médio.
Lilian entrou no vagão e sentou-se na poltrona a frente da menina.
- Novata também? - Começou Lily, afim de puxar qualquer assunto.

- Sim, sim... - Sorriu a menina, marcando a pagina do livro que lia com uma pena e fechando-o. - Estava bastante anciosa para entrar em Hogwarts!

- Eu também! - Exclamou Lily - Você conhece mais algum novato? Pois eu estou completamente confusa... Ainda não conheço ninguém!

- Eu tenho uma prima, novata como eu. Mas nós não nos damos muito bem, sabe? - A menina deu de ombros.

- Desculpe, como você se chama mesmo? - Perguntou Lilian, ao se lembrar que elas ainda não haviam sido apresentadas.

- Jullie Parkinson! - Ela estendeu a mão em direção à Lily.

- Muito prazer! - Sorriu a outra - Eu me chamo Lilian Potter.

Jullie imediatamente soltou a mão de Lilian. Seus olhos se arregalaram, e suas narinas se expandiram.
- Vo-você... é... - Jullie engoliu em seco - Filha de Harry Potter? - Completou, com dificuldade.

- Sim! - Sorriu Lily - Porque tanta surpresa?

As feições da loira se trasformaram em um grande sorriso receptivo. Jullie apanhou novamente o livro que ela havia deixado de lado e o estendeu a Lilian. A pequena segurou o livro e observou sua capa.
Era preta, feita de couro. Bem no centro haviam letras caprichadas escritas em dourado brilhante, formando o titulo do livro.
''O Homem que Salvou o Mundo das Trevas''.
- É sobre seu pai! - Sorriu animada - Você terá que me contar tudo, nem posso acreditar!


__
na: tive a leve impressão de que esse capitulo é um pouco maior.
pode ser só impressão mesmo, eu não gosto de capitulos muito grandes.
desculpe a demora pra postar, mas eu ainda preciso de um beta. u_u'
De qualquer forma, espero que tenham gostado! (:

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