"Fazendo barulho..."



Três dias depois do encontro que tivera com Giny, Harry odiava admitir, mas sabia que não havia um só momento em que não estivesse ao lado de Hermione e não lembrasse do que a amiga dissera. Até mesmo porque, por mais que tentasse, já era tarde demais para fingir que as coisas continuavam as mesmas entre os dois, ou três...

Na realidade, tudo que ocorrera naquele dia servira para abrir os olhos de Harry para coisas que ele nunca havia percebido antes... Certas coisas, mínimas... Coisas que de fato, ele próprio sabia que provavelmente nunca perceberia se não fosse pelo simples fato de que ele agora a observava quase que como sob uma luz diferente... Com outros olhos... Pequenas coisas, trejeitos, certas atitudes, e até mesmo expressões curiosamente típicas dela, que só agora lhe vinham à atenção. Fazendo-o perceber o quão absurdo era o fato deles conviverem juntos a tanto tempo e ele nunca ter percebido, por exemplo, o jeito que o cabelo dela se movia quando ela balançava a cabeça irritada...

Claro que tais lapsos, onde ele simplesmente largava tudo e qualquer coisa que estivesse fazendo em prol de simplesmente analisá-las não passava exatamente desapercebido...

-Você está bem? – eles estavam na biblioteca, era cedo, as aulas haviam acabado de terminar e a maioria dos alunos se encontravam em suas respectivas comunais, enquanto eles haviam sido convencidos por Hermione a “adiantar os exercícios”.

Era a terceira vez que a menina lhe fazia a mesma pergunta, e pela terceira vez, ele lhe respondia:

-Tô... – voltando-se para seu exercício mais uma vez, sentindo os olhares dos dois amigos sobre ele, a situação era desconfortável, mais do que deveria ser... E ainda sim... Ele não podia se proibir de notar tantos outros detalhes, como por exemplo o fato de seus olhos não serem marrons como pensara, e sim meio acobreados, quase que mel...

-Harry você precisa de algo?

-Eu? Não...

- Er... Ok então... – respondeu ela ligeiramente desconcertada.

E é claro, havia o cabelo... Não eram tão lanzudos quanto ele pensara, pelo menos não mais... Algo que ele realmente não notara, e que agora ela soltara, tornando ainda mais visível... A forma com a qual ele lhe caía pelos olhos, e os cachos descendo pelos ombros quando ela virava o rosto enquanto escrevia.

-Rony! O que é isso?- ela apontou para a redação do amigo à frente –Não! Você ta escrevendo sobre a lua errada! – exclamou ela agora se debruçando sobre o exercício do amigo. Estava claro para Harry que ele não era o único que não dedicava sua atenção total, ou até mesmo parcial no dever, seja lá qual fosse...

Ah, claro... – respndeu o amigo vagamente.

Certo... Não era como se ele estivesse pedindo aquilo... Não é o tipo de coisa que você controla. Era inevitável, quero dizer... Quando alguém se curva logo ao lado da sua nuca, é óbvio que no mínimo você vai sentir algo, sejá lá o que quer que seja. A depender é claro da pessoa...

-No caso de Harry, ele não esperava que o efeito seria tanto. Decidido, mas não sucedido na tentativa de ignorar a guinada que sentiu no estômago, ou mesmo o calor que lhe subiu até o rosto, atribuindo tais efeitos ao fato de que comera demais durante o almoço, se voltou mais uma vez para sua própria redação. Não encontrou muita facilidade igualmente, em ignorar o perfume da amiga. E só agora, depois de quase seis anos de convivência ele o notara... Quando ela mudou de perfume? Quando exatamente ela começara a usar perfume de fato? Pois só agora ele percebia o aroma fresco que vinha da garota, era doce, diferente... Parecia... Canela...

-Por que você ta me encarando?- sussurrou a menina com estranheza na voz, e ligeiramente corada.

-Eu não estou...

-Não?

-Não!

Você ta encarando ela?- indagou Rony, agora parando e olhando para o amigo incisivo, visivelmente interessado.

Eu não estou. – mas o amigo simplesmente o encarou com desconfiança, enquanto que Hermione ao seu lado se tornava cada vez mais vermelha. – Eu não estou!!

-Shhhhh!!! – era Madame Pince, lembrando vagamente a Harry que eles se encontravam numa biblioteca. Na realidade ele nem tinha absoluta certeza do porque ele estava tão alterado. Afinal, ele não estava encarando... Estava? Ok. Então ele estava encarando, um pouco...Certo, a quem ele estava tentando enganar? Ele sabia que ultimamente estava agindo um tanto... Como se... Quase como se estivesse...

-Eu tenho que ir. – Isso! Uma tática evasiva... Ele não precisava ficar! Ele não precisava ficar e dar vazão aquele pensamento,(seja lá qual fosse), ele poderia simplesmente... Ir.

-Aonde você vai? – perguntou Rony, confuso com a súbita decisão do amigo.

Treino... – respondeu Harry vagamente enquanto se apressava para juntar suas coisas.

-Mas... O treino só começa daqui a pelo menos uma hora! –era Hermione parecendo muito desapontada.

Ele poderia ficar... Quero dizer... Não era como se o fato de ficar fosse matar alguém... Ele ia simplesmente dizer que mudara de idéia e se sentaria ao lado da amiga, onde poderia terminar o seu exercício, junto com ela... Talvez até quem sabe, pudesse convencer Rony a sair... O que ele estava pensando?

-E-eu... Eu quero dar umas voltas no campo antes do treino... Pra aquecer. – completou ele, vendo que agora a situação se tornava crítica, ele pôs a mochila nas costas:

-Rony? Você vem?

-Er... Eu vou ficar mais um pouco... – desconversou o amigo, e Harry pode notar um leve corado no rosto dele.

- Oh... Ok então... Eu te vejo daqui a uma hora...

-É , agente se vê no treino cara...

-Tá certo...

-Tchau.

-Tchau...

-Mas... – e antes que pudesse ouvir o que quer que a amiga tinha a argumentar ele já se encontrava à meio passo da porta da biblioteca, e extremamente arrependido.

Harry acordou na manhã seguinte com uma sensação gostosamente familiar. O primeiro jogo da temporada era hoje, contra Corvinal. E exceto pela ansiedade, triplicada pela quantidade de tempo que passara longe de um pomo-de-ouro, graças à Umbridge, que aumentava cada vez mais, ele se sentia seguro... Apesar de não poder dizer o mesmo do amigo que agora se encontrava sentado na cama de pijamas, completamente pálido...

-‘Dia... – murmurou ele.

-Vamos! Eu estou faminto...

Harry e Rony chegaram ao salão principal por volta de quinze minutos depois. E após uma longa ovação por parte de toda a mesa da casa, os dois se encontravam sentados cada qual em seu lugar, enquanto Harry se ocupava em fazer Rony digerir algo antes do jogo, que seria dali a quase meia hora.

-Você ta bem Rony?- era Giny, que se encontrava logo à frente dos dois, numa inabalável calma.

-Onde está Hermione? – perguntou ele olhando deliberadamente à volta esperançoso.

-Ela acordou cedo hoje! Eu vi quando ela tava saindo... – Harry não disse nada, apenas observou o amigo cabisbaixo, enquanto sentia os olhos de Giny sobre ele, os quais decidiu ignorar, apesar dele próprio ter notado a ausência da amiga.

Mas de dez minutos se passaram e nada da garota aparecer, então, à visível contra-gosto, os dois foram arrastados por Giny e Kátia para os vestiários para se trocarem.

Prontos no vestiário, Harry podia ouvir a gritaria que vinha da torcida no campo. Kátia acabara de passar as últimas instruções para o time e todos se preparavam começavam a sair.Por último, Harry montou em sua Firebolt logo ao lado do amigo, e se preparou para levantar vôo, quando sentiu uma mão lhe puxando o braço:

-Espere! – Harry e Rony ambos se viraram reconhecendo logo de cara a voz da amiga:

- Hermione! – exclamou Rony pondo a vassoura de lado.

- O que você está fazendo aqui? – perguntou Harry, e logo em seguida, pensando melhor- Onde você estava?

-Eu, bem... – ela parou tentando recuperar o fôlego. Os três podiam agora ouvir os gritos impacientes da torcida.

-Hermione nós temos que ir! – lembrou Rony.

-Eu sei! Eu sei! Só... Esperem... – o que quer que fosse que a menina tinha a dizer, parecia ser muito importante e urgente, considerando o quão afobada a garota parecia.

-Hermione! – lembrou Harry, enquanto Rony pegava sua vassoura mais uma vez.

- Certo! Tem algo que eu quero que vocês façam por mim...- começou ela rapidamente- E a única razão por eu estar pedindo isso , é por saber que vocês são capazes de fazer...

O que? – Rony parecia tão confuso quanto Harry, entretanto o barulho lá fora não os deixava esquecer que eles deveriam estar voando naquele exato momento.

- Hermione nós temos que ir!

- Eu sei! É só que... – balbuciou ela – Harry, eu preciso que você segure o jogo.

- O que?

-Não precisa perder!- explicou ela alarmada com a feição dos amigos – Só precisa evitar que o pomo seja pego por um tempo...

-Um tempo? – o que diabos ela estava pensando? Aquilo era um absurdo!- Quanto tempo exatamente?

-Pelo menos uma meia hora...

-Meia hora?! Não! Nós vamos perder! Você ficou louca! –e agora se virando para o amigo em busca de apoio – Ela está louca! Certo?

Rony! Se você não pudesse fazer isso eu não pediria ! Agora ouçam! – exigiu ela - Eu preciso pegar algo na sala dos professores... Eu já tenho a senha , mas preciso de todos eles aqui para ter o caminho livre. Por isso eu preciso da garantia de vocês que eu vou ter esse tempo.

Harry sabia exatamente o que a menina precisava pegar... Uma erva, em quantidade suficiente para cinco pessoas, que ambos sabiam só haver nas masmorras de Snape, justamente por já a terem visto no local... Era o único jeito de passar pelo castelo aquela noite... A capa de Harry não seria suficiente daquela vez... E foi essa a única razão que fez com que Harry concordasse em segurar o jogo até que visse a amiga nas arquibancadas... E foi sob os protestos desvairados de Rony que os dois chegaram ao campo:

-Onde diabos vocês dois estavam??!! – berrou a capitã irada. Decidido a fingir não ouvir o que a garota berrava agora, devido a balburdia que se iniciou com a entrada dos dois, Harry simplesmente montou em sua vassoura junto com Rony e o resto do time, se preparando para o início do jogo.

- Ei... – era Giny – Como você está?

- Bem. Por que?

- Bem... Nós jogamos contra Corvinal hoje... Eu só achei que seria estranho pra você, depois do que aconteceu, bom você sabe... Você e Chang e tal... – era verdade... Ele estava com tanta coisa na cabeça nos últimos dias que esquecera completamente que jogaria contra Cho... E só agora, ao ver o time da Corvinal entrar em campo, ele percebia o quão longos e desconcertantes aqueles trinta minutos seriam...

Meia hora... Meia hora, era o que ela prometera... Entretanto já haviam se passado quarenta e cinco minutos e Hermione ainda não aparecera em lugar nenhum. Quanto ao jogo estava de fato muito mais tenso do que Harry esperava que fosse. Kátia estava revoltada com ele devido a demora de encontrar o pomo, além é claro da quantidade de vezes que simplesmente o deixara escapar, pois estava totalmente concentrado em não deixar que Cho o pegasse ao invés.

- Harry para de olhar para a arquibancada e procure pelo pomo! – era Kátia Bell mais uma vez. E Harry já estava começando a se irritar. Enquanto o amigo parecia estar fazendo um trabalho surpreendentemente bom na defesa, Harry se encontrava num estado deplorável. Ele já não enxergava muito bem, pois os óculos estavam completamente embaçados do sangue que viera de seu nariz durante o último embate que tivera com Cho pelo pomo... Esta que por sinal, se demonstrara extremamente violenta com Harry durante o jogo, sendo responsável não só pela cotovelada em seu nariz, mas também a marca de unha em sua mão direita. E Harry obviamente não fora o único a notar... Dino, seu colega de quarto, que recentemente fora selecionado como narrador, fez questão de pontuar a extremada seriedade com a qual a garota estava levando o jogo:

- E é outra falta para o time da Grifnória!- berrou ele, incapaz de esconder a revolta- E Harry Potter parece seriamente machucado, mais uma vez! Pela apanhadora Cho Chang da Corvinal! – ressaltou ele, sendo logo reprimido por McGonagal que se encontrava logo ao seu lado. Entretanto não fez muito efeito:

-É extremamente revoltante! O que quer que Potter tenha feito a essa garota deve ter sido muito sério!

-Dino! – avisou a professora.

-Harry você está bem? – perguntou Kátia se aproximando.

-Eu pareço bem? – resmungou ele enquanto tentava estancar o sangue do nariz.

- Eu não acredito que você está se deixando apanhar por uma garota Harry... – resmungou ela de volta, extremamente irritada.

-O que você quer que eu faça? Revide?- respondeu Harry indignado.

-Que tal você achar o pomo de uma vez hãn? – mas Harry já não estava prestando mais atenção. Seu olhar se voltara para uma pequena agitação na torcida da Grifnória. E logo pode avistar a amiga acenando positivamente para ele. Seus olhos rapidamente avistaram os de Rony que fizeram o mesmo, demonstrando extremo alívio. Era tudo que ele precisava...

-Hary Potter parece ter avistado o pomo!! Vai Harry!!

Toda a torcida parecia em total silencio, até os jogadores pararam para observar a corrida que Hary travava agora contra Chang, mas obviamente ele era muito mais rápido. E tudo acabou numa fração de segundo, quando Harry capturou o pomo bem de baixo do nariz da garota, momento seguido logo de um forte empurrão para a esquerda. Não esperando por tal, ele perdeu o controle de sua Firebolt e rorou quase dois metros pelo chão. Os berros vindos da torcida da Grifnória logo se transformaram em uivos de revolta, acompanhados fervorosamente pelo narrador. Mas Harry já não ligava mais, ele pegara o pomo, e a Grifnória ganhara.

Harry você quer mais cerveja?

-Ah, não obrigado... – era uma garota do quarto ano, cujo nome Harry não recordava muito bem... Era a terceira vez que ela tentava lhe fazer tomar da tal garrafa, tornando-a particularmente suspeita... Ela continuava ao seu lado, falando algo com Rony que parecia extremamente satisfeito consigo mesmo. Harry entretanto já não prestava mais atenção à conversa dos dois, sua atenção se voltara, assim como a de Rony logo em seguida, para Hermione, que só agora conseguira chegar até eles:

Oh! Finalmente! Eu estava procurado por você... “S...” Vocês... – acrescentou ela rapidamente no momento em que os dois amigos responderam ao chamado. Vendo claramente que havia sido completamente ignorada, a garota se retirou com o cenho ligeiramente franzido. O clima pesou rapidamente, era desconfortável, e estava acontecendo muito freqüentemente ultimamente... Quem cortou foi a garota:

Vocês estavam ótimos! – recomeçou ela visivelmente sem graça – Rony! Eu vi a sua última defesa! E Harry! Você estava ótimo! – como o clima continuou tão tenso quanto antes, era extremamente normal que ela parecesse completamente aliviada ao se chamada por Neville para conversar, se retirando rapidamente.

-Harry estava sozinho com Rony agora. Ele observava assim como o amigo, Hermione ao lado da lareira conversando com Neville, se é que se poderia chamar aquilo de conversa, já que Hermione nada dizia, apenas encarava, um Neville estranhamente falante e gesticulador, apática à sua frente O que quer que estivessem conversando, não parecia muito promissor...

- É estranho, você não acha? – perguntou Rony de repente, quebrando sua linha de pensamento.

-O que?- perguntou Harry agora se virando para o amigo.

-Bem... – começou ele como que medindo as palavras- É que... Eu não quero parecer alarmado nem nada... É só que vai ser hoje à noite... É algo tão importante... E ainda sim, ela não comentou nada conosco sobre... Você sabe...

Ele estava certo... Era de fato estranho, que Hermione não houvera comentado nada com relação ao que eles fariam naquela noite. Normalmente, ela contaria detalhe por detalhe, sobre tudo que eles fariam e passaria parte por parte com no mínimo uma semana de antecedência.... Harry franziu ligeiramente a testa e observou novamente a garota, que agora estava novamente sozinha... Neville fora embora. Ele não iria questionar a amiga sobre nada... Não importando o que ocorresse, ele confiava na amiga, plenamente...

- Harry! – sussurrou a garota – Harry! Acorde! Nós temos que ir... – insistiu ela agora sacudindo-lhe o braço esquerdo.

-O qu...? – respondeu Harry ainda sonolento- Que horas são? – perguntou enquanto se virava para encarar Hermione ao seu lado que acabava de estender-lhe os óculos.

- Quase três... Giny e Neville já estão prontos... Só falta você e Rony... – explicou ela, se levantando em seguida e indo acordar o amigo ao lado.

Não demorou muito para que os três logo se encontrassem com Giny e Neville na comunal. O local estava completamente deserto. O fogo na lareira já havia se extinguido, exceto por algumas brasas que insistiam em queimar, dando à sala uma sinistra penumbra avermelhada. Os cinco fitaram-se , nada se falou por alguns momentos. Era quase como se era quase como se estivessem confirmando se deveriam mesmo tentar fazer aquilo...

.-Então... – começou Harry, antes que alguém recuasse, mas aparentemente ninguém o faria.

-Então , como faremos isso? – foi Neville que perguntou. O que não pareceu surpreender apenas Harry, mas todos ali, tamanha era a determinação do garoto.

- Eu já tenho tudo arranjado... – respondeu Hermione rapidamente, se virando para um pequena bolsa que tinha à tiracolo e abrindo-a . Foi quando todos puderam ouvir um trotar ligeiro pela sala.

-O que foi isso? – sussurrou Harry. Mais uma vez pode se ouvir o barulho, que se assemelhava a rápidos passos pela sala, agora mais próximos.

- Harry o qu... – começou Rony.- Ouch! – e logo pode se ouvir no local um barulho abafado de um corpo caindo no chão.

-Rony? – perguntou Giny alarmada.

- Eu tô bem... – resmungou ele num gemido, aparentemente vindo do chão – É Dobby...

-Dobby? – perguntou Neville com estranheza – Quem...

- Lumos! – sussurrou Hermione num tom irritado.

- Dobby o que você tá fazendo aqui? – perguntou Harry alarmado. Dobby , que parecia à beira de um colapso, respondeu desesperado.

- Harry Potter não deve fazer isso senhor! Não deve!! Não deve!! – exclamou ele agora se agarrando às vestes de Harry e jogando-se ao chão.

-Harry nós temos que ir! – lembrou Hermione preocupada.

-Dobby... Dobby! Me larga... – resmungou Harry puxando o elfo pelos braços e se abaixando para encará-lo – Escute! Volte pra cozinha, e não comente isso com ninguém entendeu?!!

-Mas... – começou o elfo entre soluços.

-Dobby é uma ordem!! – à essa menção o elfo simplesmente se manteve ali calado, obviamente não tinha coragem ou mesmo força suficiente, por mais livre que fosse, para ir de encontro à uma ordem dada por um bruxo, ainda mais sendo Harry.

- Bem! Vocês estão todos prontos?- perguntou ela em tom prático – Ó timo... – entretanto, sua voz não soava como tal. Estava cortante, quase que fria. Como que para esconder o nervosismo atrávez da determinação que a garota demonstrava.

Como nós vamos sair? – perguntou Neville, que parecia , se é que era possível ainda mais frio que Hermione. Entretanto, suspeitava Harry vagamente, por uma razão completamente diferente.

Er... Certo. – respondeu Hermione, que também parecia ter notado a frieza do garoto. – Nós vamos usar isto. – e se voltando novamente para pequena bolsa que carregava tirou o que pareceu ser um chumaço de raízes secas, e logo um cheiro acre e forte cobriu o grupo.

- Pra que isso? – perguntou Rony, enquanto a garota dividia o maço em cinco partes.

-Bem... A capa não era suficiente para os cinco então... –como o garoto ainda parecia não compreender – Felizmente... – explicou ela didaticamente – Existem outras formas de se ficar invisível... – completou a garota pondo a erva na boca.

E de fato, não demorou muito para que a garota começasse a desaparecer:

-Bem, não é como sapos de chocolate, mas o efeito é legal não acham? – e como os amigos apenas encararam-na imóveis, ela retrucou:

.-Vamos! O que vocês estão esperando? – logo todos se apressaram em colocar a dita erva na boca, em alguns segundos, a sala aparentava estar vazia novamente – Bem... Isso deve nos dar uma meia hora para chegar até a orla da floresta...

E os cálculos do grupo se mostraram corretos, quando os três chegaram à orla da floresta por volta de três e meia da madrugada... De fato as coisas estavam calmas, e até mesmo fáceis demais por enquanto... Pensou Harry após checar seu relógio mais uma vez. E agora que todos começavam a adentrar na floresta, Harry se sentia extremamente desconfiado, não pelo extinto de alerta que lhe tomava cada vez que entrava naquela floresta, decorrido claro, de todos os eventos bizarros pelos quais já passara ali, mas sim pelo fato de não haver nada, absolutamente nada que lhe despertasse tal estado. Nem mesmo um balançar de árvores... Nada...

- Harry... – era Rony ao seu lado. Ambos seguiam Hermione em seu encalço, acompanhados logo atrás por Giny e Neville – Você tá ouvindo isso?

-O que? - sussurrou Harry de volta.

-Exato... – respondeu ele aparentemente temeroso – Nada... Nem um ruído... – continuou ele ainda num sussurro para que ninguém ouvisse – Você se lembra da última vez que encontramos a floresta assim não? Foi quand...

-Eu sei. – cortou Harry – Mas não vai acontecer... Ele... Ele não viria aqui...

-Certo, eu só... Nada... Esquece... –encerrou o garoto.

E Harry estava aliviado que ele o havia feito. De fato, Harry já pensara naquela possibilidade... Em sua opinião, só havia uma criatura viva capaz de espantar tantas formas de vida num raio tão grande de extensão... Entretanto, ele preferiu se agarrar À idéia de que ele não teria a audácia de ir até ali... Não em Horgwarts, não tão próximo de Dumbledore... Além do mais, se ele estivesse de fato tão próximo, Harry saberia não?

Os pensamentos de Harry foram interrompidos ao perceber que a amiga parara à sua frente.

-O que... – questionara Giny logo atrás.

Hermione simplesmente se virou informando:

-Nós estamos quase chegando... – o que era de fato uma boa notícia, considerando que eles estavam caminhando à quase vinte minutos. E se virando novamente para a bolsa que carregava, tirou de lá quatro velas grandes, estendendo-as aos quatro garotos à sua frente- Ouçam... – começou ela enquanto estendia uma vela azul à Harry- Quando eu pedir, quero que vocês acendam essas velas e formem um círculo com cada uma delas, entenderam? – com acenos de “sim” em resposta, a garota continuou, agora num tom mais urgente e firme:

-Agora.. Isso é muito importante!- aqui ela encarou Harry , e logo em seguida Rony – Não importa o que aconteça... Não quebrem o círculo! Independente do que aconteça, não interrompam o ritual... Eu fui clara? – perguntou ela, com a expressão mais sombria do que nunca. Harry hesitou... E pôde perceber que não fora o único, considerando a expressão que Rony mantinha no rosto, Giny, por outro lado parecia assustada, apesar de manter uma determinação no rosto, quanto à Neville, não parecia nem ao menos ter ouvido...

- Hermione... – começou ele, mas a amiga o interrompeu:

-Harry! Isso é sério. Eu preciso que você prometa que não vai fazer nada. E vale pra você também Rony! – retrucou ela, visto que o mesmo parecia prestes à argumentar. Após alguns momentos em silêncio e um pesado suspiro, ambos concordaram à contra-gosto.

E não demorou mesmo para que o grupo chegasse ao local que a garota falara. No meio da floresta se abria uma clareira de pelo menos seis metros de diâmetro. Entretanto, apesar de aberta, não havia se quer uma brisa que passasse no local. Ao contrário, o ar se encontrava pesado e abafado, era quase que difícil de respirar... O silêncio agora era tamanho, que Harry podia ouvir um ligeiro zumbido, que lhe incomodava à sua volta.

-Vocês podem se posicionar agora.... –falou Hermione, se virando para todos, e só agora Harry pode ver o quão pálida a garota estava. Entretanto, suas ações eram completamente avessas à sua aparência:

-Aqui? – perguntou Neville.

Sem demora, a garota puxou da bolsa ao lado o que Harry reconheceu como a urna que a garota havia lhe mostrado durante as férias. Seguida de um embrulho, em um pano branco, cujo conteúdo, Harry não se recordava de ter visto...

-Hermione o qu... – mas a garota não ouvira, e se ouvira, fingira não o ter-lo:

-As velas... – retrucou ela simplesmente. Todos se apressaram em acender suas velas com as varinhas, logo toda a clareira se encontrava na penumbra...

A menina agora pegava o embrulho que se encontrava ao lado da urna. Era um punhal. Longo, com uma comprida e prateada lâmina, seguida de um cabo cravejado do que pareciam ser pedras vermelhas rodeando uma grande pedra preta, incrustada no que pareciam ser variados símbolos dos quais Harry jamais vira em sua vida. E ele estava tão absorto, na beleza do objeto nas mãos da amiga, que tomou-lhe por volta de meio segundo de atraso para de fato perceber que agora a menina dirigia o punhal para a mão esquerda. E antes que Harry pudesse de fato fazer algo, a garota fechou a mão sobre a lâmina, e com um movimento rápido e brusco, puxou o punhal da mesma, fazendo com que, quase que instantaneamente, jorrasse sangue,do local. Sangue que agora escorria abundante pela mão da garota e que ela se ocupava agora em colocar dentro da urna que se encontrava à sua frente.

-Harry nada disse... O choque fora mais forte. Tamanha fora a brutalidade com a qual a garota agira... E ele com certeza não era o único, Neville se encontrava absolutamente estático, enquanto que Rony, parecia prestes a pular dentro do círculo e simplesmente arrancar a garota de lá e leva-la até a enfermaria... Enquanto que Giny, se absteve de observar a cena, e se manteve com os olhos vidrados em seus próprios joelhos todo o tempo.

Subitamente uma sensação de deja-vú invadiu Harry... E logo após veio um desejo incontrolável de simplesmente arranca-la dali... E foi isso que começou de fato a fazer, mas logo sentiu uma mão segurar-lhe o pulso: era Giny. E sua expressão dizia obviamente para que nada fizesse e, segundo determinações da própria Hermione, não interrompesse o ritual. Harry nada disse, apenas encarou a menina ao seu lado exasperado. Mas logo sua atenção foi desviada mais uma vez para a amiga ao centro do círculo. Ela murmurava algo:

- “Osíris, senhor dos mortos;

Aceite esta oferenda;

Pois eu me rendo à sua vontade;

Aceite este sacrifício;

Sangue, carne, alma;

Aceite esse sacrifício.”

Harry pôde ouvir o amigo murmurar ao seu lado , algo que se assemelhava à : “ Sacrifício...?” Entretanto, após o feitiço, nada acontecera, a garota então voltara a repeti-los:

-“Osíris, eu imploro;

Aceite est...”

Foi tudo muito rápido. Subitamente, a menina virou o rosto, como se uma força invisível lhe batesse na face. Não ouve reação. Harry nada pode fazer, agora que Giny apertava-lhe o pulso com uma força estupenda para uma garota.

Hermione agora jazia de joelhos, com o rosto baixo, nem ao menos se movia, pretes à soltar-se de Giny e correr para a amiga, viu a mesma erguendo o rosto mais uma vez. E para seu nervosismo e maior desespero pode ver um filete de sangue descer pelo rosto da menina. Entretanto ela recomeçou com ainda mais intensidade:

- “Aceite esta oferenda;

Pois eu me rendo à sua vontade;

Aceite este sacrif...”

E dessa vez um grito de dor pode-se ouvido na clareira. Ainda mais bruscamente, a garota foi arremessada ao chão, agora aparentemente agonizante, se levantando mais uma vez ela repetiu:

- “Sangue, carne, alm...”

-Giny... – retrucou Harry.

- Não...

- Giny...

-Harry... – mas ele já não ouvia mais. Uma súbita rajada de vento se abateu no local, a penumbra na qual eles antes se encontravam, se fora. Hermione jazia imóvel no chão.

Harry se levantou abruptamente. Giny afrouxara seu pulso, e se manteve ajoelhada com os olhos fixos no corpo da garota inerte, ela parecia em choque.

” Ela estava morta... Morta... Não, ela... Ela não poderia... Ela não estava...”- Harry se dirigiu para a garota, mas Rony fora mais rápido. Tudo que Harry pode ver, num afração de segundo, foi que algo impedira o amigo de chegar até a menina, e sem aviso ele fora arremessado violentamente para trás. A força do impacto fora tão grande que o jogara diretamente contra as árvores que se encontravam à pelo menos dois metros de distância deles. Ele não se mexeu, estava inconsciente.

-Rony! – exclamou Giny apavorada, correndo em direção ao irmão que se estendia inerte ao pé da árvore.

Harry não sabia o que fazer. Ele estava completamente perdido... Tudo que passava em sua cabeça era que a amiga não se mexia, e que ele tinha que chegar até ela, o mais rápido e próximo possível...

Ele contornou então a menina até que pudesse ficar frente à frente com ela. Seus olhos estavam fechados e, Harry pode notar com um calafrio, ela não parecia estar respirando. Ele começou a chamar-la, irracionalmente, como se na realidade ela estivesse simplesmente dormindo e fosse acordar a qualquer momento:

-Hermione... Hermione acorde... – mas ela não se movia – Mione... Vamos... A-acorde... – sua voz tremia e ele ainda a observava, esperançoso de que ela acordasse, mas um desespero começou a engolfar-lhe a garganta, e lá no fundo da mente uma vozinha lhe dizia friamente que estava acabado,e a sua amiga estava morta... Harry pode sentir os olhos esquentarem, e lacrimejarem, a sensação de culpa lhe invadia dolorosamente.

quando num espasmo repentino seus olhos se abriram. A primeira sensação de Harry foi de alívio, tal como ele nunca havia experimentado antes... E que durou apenas uma fração de segundo, visto que Harry a encarava e ela lhe encarava de volta... Ela estava diferente, até a cor dos olhos da garota mudara, passando de um castanho aceso e cor de mel para um preto profundo e apagado, quase como se fossem janelas para uma casca vazia... E foi quando Harry reconheceu , que pela primeira vez naquela noite que sentia medo.

Seu coração acelerou ao ouvir a garota murmurar algo mais uma vez... Exceto que dessa vez nem mesmo ele que se encontrava tão próximo pareceu entender o que quer que fosse que a menina repetia continuamente. Repentinamente as quatro velas , antes apagadas reacenderam intensamente, clareando novamente o local. Foi quase que instintivo de Harry, que antes se encontrava tão próximo da garota, se afastar o máximo que podia, até que se encostasse a árvore mais próxima.

-“ Quad perditum est, invenietur.”

“Te implor, nu ignora aceasta rugaminte.”

“Lasa órbita as fie vasul care í va transporta, sufletul la el.”

“Asa sa fie! Acum!”

Subitamente fez-se um clarão ofuscante seguido de uma forte rajada de vento no local. E então, escuridão novamente...

-Lumus! – Harry pôde ouvir Giny fazer o mesmo à distância, seguida pela voz de Neville.

- O que acontec... – começou o garoto com a voz estrangulada – mas Harry não prestava atenção nisso...

-Hermione?- Harry pode ver a amiga ajoelhada no meio da clareira, ofegante e de cabeça baixa, não parecia muito conectada com o que lhe ocorria ao redor.

Um chacoalhar de árvores pode ser ouvido no local...

-Harry... O qu... – começou Giny, mas foi interrompida pelo arranhar de plantas ao redor deles- Harry e-eu acho melhor agente sair daqui...

Não era preciso dizer duas vezes... Afinal, ele mesmo já estava com tal idéia na cabeça desde que Rony lhe alertara sobre as suas próprias suspeitas... Rony... Ele ainda estava inconsciente...

- Peguem-no. Matem os outros...

Seu sangue gelou. Assim que ouviu a voz feminina sair de algum local na mata à sua esquerda. Bellatrix estava aqui... E não estava só. Logo , um por um, começaram a surgir outros comensais...

Harr... – começou Giny, mas não houve tempo suficiente para que Harry se esquivasse... Sentindo logo em seguida uma intensa e uma forte tontura, seguida de um chute nas costas tão forte que o fez capotar até os pés de Giny, que já tinha sua varinha empunhada e apontava diretamente para o local onde antes Harry se encontrava.

-Isso foi pelo último incidente no Ministério Potter. – Harry pode reconhecer a voz do outro comensal, Dolohov, e logo ao seu lado, se encontrava ninguém menos que Rabicho.

Seu sangue ferveu a tal ponto que ele próprio não teria notado o avanço de Neville ao seu lado se não fosse pelo grito de Giny que lhe chamou atenção.

-Você! – entretanto, a ira no garoto era tamanha, que Harry por si só não foi suficiente para impedir seu avanço repentino e irracional sobre a mulher à sua frente. E quanto aquilo, tudo ocorreu tão rápido e num intervalo de tempo tão curto, que não houve nada que Harry pudesse fazer. Pois, mal Neville dera seu segundo passo, Rabicho já tinha sua varinha empunhada:

-Avada Kedavra!

-Não! – e pode-se ver um clarão verde intenso seguido de um baque surdo do corpo dele tombando no chão aos pés de Hermione que o encarava estática. Harry congelou, ele pode sentir a respiração trêmula de Giny logo atrás de si, enquanto, como ele, ela encarava o amigo jogado de forma tosca no chão.

Pela primeira vez, Hermione se levantava. E desesperadamente, Harry desejou que ela não o fizesse, do contrário, ela seria a próxima. Entretanto, a garota não parecia partilhar do mesmo receio... De fato Harry nunca a vira daquela forma... Irreconhecível, quase que em transe... Ela simplesmente parou e encarou Rabicho.

-Garotinha estúp...- mas Dolohov não completou a sentença. E com um rápido e simples aceno de mão, Hermione se voltou para ele. Um raio de luz roxa e ofuscante atingiu o comensal em cheio no peito fazendo-o desabar. Rapidamente todos os comensais tinha suas varinhas empunhadas em direção a garota. Empunhando então as suas próprias logo em seguida, tanto Harry quanto Giny tinham plena consciência de que nenhum dos dois tinham mais condições de que já não poderiam ajudar a amiga, que agora levantava mais uma vez a mão direita em direção ao comensal à sua frente.

Estava claro que Harry e Giny não eram os únicos surpresos com o que ocorreu em seguida.. Todos os comensais, aparentemente prontos a atacar, não o fizeram... O motivo não demorou o a ser reconhecido por Harry...

Um pequeno e brilhante ponto de luz verde começou a se formar nas pontas faiscantes dos dedos da garota, e enquanto todos observavam estáticos, Harry teve o mórbido pressentimento do que era aquilo e do que a garota tinha em mente... E ainda sim... Como...? E a sua dúvida pareceu ser compartilhada por todos no local, visto que ninguém levantou um dedo se quer para ajudar Rabicho... Este, subitamente deixou cair a varinha e ajoelhou-se aos pés da menina... Sua feição estava se tornando mais e mais vermelha, passando rapidamente para um tom púrpura, e depois roxo. Não era difícil deduzir que ele estava inabilitado de respirar. Então a garota baixou a mão:

-Vão embora. Todos vocês. – murmurou ela simplesmente, mas o silêncio no local era tamanho que todos ouviram nitidamente. E para a surpresa de Harry e estupefação de Giny, um por um todos recuaram, deixando Rabicho ali jogado como um boneco desengonçado se contorcendo e sufocando dolorosamente.

- Hermione! Pare! – desabafou Giny, indo em direção a garota, mas Harry segurou –lhe o braço.

Harry não tinha reação... Em outra situação ele apenas diria para amiga parar... Mas ali.. Era quase como se aquele corpo não fosse mais dela, como se alguma outra coisa houvesse tomado seu lugar... E seu instinto lhe dizia que fosse o que fosse aquilo, ele deveria evitar o máximo de atenção dela para si...

-Você quer saber como é? – recomeçou ela num sussurro rouco e grave- Morrer? – e a sua voz soava terrivelmente descontraída e fria. Quase como se divertisse com o desespero e sofrimento do homem à sua frente- Levante. – mas ele se manteve agachado – Eu disse levante! – gritou ela, e uma força invisível puxou o homem fazendo-o levantar no ar. E novamente, como se não houvesse sido interrompida, continuou calmamente, como se explicasse algo para uma criança de seis anos:

-Primeiro... – começou ela levantando a mão na altura do peito e pondo ali, ao que pareceram alguns centímetros de distância do peito do homem um pequeno e brilhante ponto verde que agora flutuava inocentemente no ar.- Sua respiração para... Como se mil agulhas estivessem perfurando seu corpo... – e aos poucos, o pontinho verde foi se aproximando de Rabicho, que gemia de dor. Era como se tudo que Hermione falava surtia o efeito exato no corpo de Rabicho... Harry nunca vira isso antes... Exceto por uma vez... E seus pensamentos foram quebrados pela voz da garota :

- A dor... É lacerante... – logo um grito horrendo encheu o local e os ouvidos de Harry - e logo foi interrompido, era como se a boca de Rabicho tivesse sido selada – Você quer gritar... –continuou ela agora quase que delirante – Mas não consegue! E então... Tudo que você deseja, é que acabe, que acabe logo... Numa fração de segundo, mas que parece uma eternidade... – e se voltando para ele, quase que num tom irônico- É claro que pra você Rabicho... Demorou um pouquinho mais. – aterrorizado e descrente, Harry viu surgir no rosto da menina o que pareceu um malévolo sorriso de satisfação. E num espasmo repentino, o corpo de Rabicho parou de se mover.

- Herm... O q... O que você fez? – perguntou Giny num sussurro quase inaudível. O silêncio era quase palpável na clareira, a garota se encontrava quase que tão imóvel quanto os dois corpos largados ao seu redor. Harry não sabia o que fazer. Seu corpo inteiro tremia...

-Herm... –começou ele seguindo em direção à garota devagar... Mas nada pode lhe preparar para o súbito giro da menina, e antes que pudesse se esquivar Harry sentiu sua garganta apertar sob as mãos da garota. Logo sua respiração travou, tamanha era a força do aperto em seu pescoço. Sob o olhar irado da menina ele tentou em vão soltar as mãos da garota... Foi num milésimo de segundo, que Harry pode ver de relance uma luz branca e incandescente atingir a garota de lado, fazendo-a cair estática a pelo menos três metros de distância de Harry inerte. O primeiro pensamento que teve, completamente irracional foi que tal feitiço viera de Giny, mas ao cair no chão e se virar para o local onde o mesmo surgiu, logo percebeu que não fora a menina...

Dumbledore se encontrava logo ao lado da garota.

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