"Encontro às cegas"



- Cara! Dá pra imaginar? Uma disciplina só pra duelos... – Rony estava completamente excitado com a idéia da nova aula que os alunos teriam, e não era o único a esperar pelo próximo horário com o novo professor.

- Eu pensei que você não gostasse dele... – alfinetou Hermione. Ela ainda estava de mal humor devido à nova perspectiva do colégio. Segundo ela, era um completo disparate não ter as aulas voltadas pra os exames. “Com eles podem pensar dessa forma? N.I.E.M.S. são obviamente nossa prioridade!” Recomeçou ela enquanto assistia uma partida de xadrez entre Harry e Rony.

- Mesmo quando é a sua vida que está em jogo?- ponderou Harry calmamente fitando-a , fazendo a garota titubear. E corando levemente , ela respondeu:

- Eu... Eu não quis...

- É , eu sei que não... – cortou Harry rapidamente, se voltando para o jogo. A partir daí não ouviriam a garota tocar mais no assunto.

- Ele se parece muito com Moody falando não? – comentou Rony alguns minutos depois- Quero dizer... Não é como se nós pudéssemos ser atacados aqui em Horgwarts... Nós estamos a salvo aqui não? – completou ele agora se voltando para Harry com insegurança.

- Bem... Tudo que eu sei é que não custa nada ser cauteloso... Afinal, se Voldemort fizesse algo não seria a primeira vez certo? - a verdade era que nenhum deles jamais tivera uma aula daquela. Voltada apenas pra defesa pessoal... Exceto é claro pelas poucas aulas desastrosas com Lockhart em seu segundo ano, a experiência mais próxima que tiveram de uma aula desse tipo fora com a AD , que graças a Umbridge, não fora muito douradora de fato...

Segunda-Feira.. Aula de Poções... Seu dia definitivamente não começara muito bem... Na verdade nem ao menos começara, considerando que passara a noite em claro... Tentara óbvio dormir, mas não conseguira. Sonhara com seu padrinho, mais uma vez... Exceto que, dessa vez, ele estava de volta... Hermione o trouxera de volta...

- Harry! – chamou Rony ao seu lado – Você ta me ouvindo?- com cara de estranheza o amigo continuou- Me passa essa bile aí do teu lado... – completou agora apontando para a esquerda de Harry.

Hermione se encontrava duas cadeiras atrás dos garotos. Só o fato de estar sentada no fundo da sala já provava que algo estava errado, simplesmente não fazia sentido... Isso é claro, se você não houvesse assistido ao “ligeiro” atrito entre ela e Rony durante o Sábado...

-Você deveria ter me defendido!

- Você não deveria ter provocado Malfoy! – berrou ela de volta – Você sabia que ele podia te dar uma detenção!

- Ele te chamou de...

- Eu sei do que ele me chamou! Mas eu posso muito bem lidar com ele sozinha!

E o fato de Hermione não ter revogado a decisão de Malfoy foi mais que suficiente para que a briga entre os dois durasse até agora.

Então lá estavam eles, na aula de Snape. Separados mais uma vez. Harry olhou seu caldeirão. Sua poção tinha uma coloração esverdeada, quando na realidade deveria estar agora azulada, quase púrpura. Enquanto recapitulava seus passos tentando imaginar onde errara, não pode deixar de imaginar que seu resultado teria sido bem melhor se a amiga estivesse ao seu lado... E mesmo preferindo beijar Snape ao admiti-lo, sabia que Rony também pensava o mesmo, considerando o estado da sua poção, que agora atingia um tom vermelho extremamente alarmante. Enquanto que a de Hermione se mantinha num perfeito tom púrpura com mesclas azuladas. Ele pode ver enquanto ela se levantava e passava velozmente com seu frasco e amostra da sua própria poção, pondo na mesa do professor, que vigiava a turma com olhos de águia enquanto caminhava pela sala. Tentava se conformar com o zero que Snape com certeza lhe daria ao entregar-lhe o seu frasco com a amostra, quando sentiu a mão da garota , que agora retornava a sua cadeira, passar pela sua e segurando levemente e deixando algo. Era um blhete:

“Me encontre atrás do campo de quadribol depois do treino. Sozinho.”

Harry ainda virou à tempo de ver a garota se sentar à mesa e lançar-lhe um olhar que dizia claramente para que se virasse antes que...

-Potter!

-Harry levantou rapidamente a cabeça. Sabendo o que viria a seguir, fechou o bilhete na mão e escondeu-o discretamente atrás das costas. Aparentemente não o suficiente...

- O que é isso em sua mão?sibilou ele friamente com um brilho malévolo nos olhos. Era quase como se soubesse que havia encontrado mais uma maneira de humilha-lo perante toda a turma.

-Não é nada... – retrucou Harry , tentando parecer o mais inocente possível. Mas Snape não iria desistir tão fácil:

- Não minta pra mim Potter! – agora todos na sala observavam os dois, e Harry pode ver os rostos satisfeitos por entre os sonserinos, Malfoy , particularmente- Dê-me este bilhete ou eu tiro trinta pontos da Grifnória pela sua indisciplina!- sob tal ameaça, Harry não viu outra alternativa se não simplesmente entregar o bilhete que a amiga lhe enviara. Sentindo o rosto queimar, ele estendeu a mão com o pedaço de papel. Snape pegou-o rapidamente e abriu. Harry pôde ver os olhos do professor faiscarem ao lê-lo.

-Bem, bem... Mas é claro! – recomeçou ele desdenhoso- Harry Potter tem que se manter em dia com seus fãs não?- completou ele, agora sorrindo friamente. Fazendo questão, obviamente , de ler o bilhete em voz alta para que toda a turma ouvisse o seu conteúdo, ele continuou:

- Quem lhe enviou isso?

-Ninguém... – respondeu Harry, mais rápido do que deveria – Quero dizer... Eu não vi, Senhor. – corrigiu Harry evitando-lhe os olhos. Visivelmente desapontado com o fato de que nada mais havia para que pudesse implicar com Harry, Snape continuou dando-lhe as costas:

-Quarenta pontos serão tirados da Grifnória por sua atitude Potter. Apesar de você imaginar acima de qualquer regra, minhas aulas não é o local para você^cultivar sua vida amorosa, com quem quer que seja..

-O que?- se levantou Harry- Eu não fiz nada! Isso é ridíc...

Outros dez pontos pela sua insolência Potter! Sente-se Weasley! – completou ele se voltando para um Rony indignado. Mas Harry não lhe deu atenção e continuou revoltado:

-Como é? O que foi que eu fiz? Seu...

- Hum! Hum!- um ligeiro pigarro, seguido de um acesso de tosse veio de algum ponto de trás de Harry, que ele logo reconheceu como sendo de Hermione ao fundo da sala. Mas não foi muito difícil para Snape acompanhar a linha de pensamento de Harry:

- Saia da minha sala!- como Harry simplesmente se manteve no local encarando Snape, esse repetiu agora lívido- Saia! OU eu tirarei outros cinqüenta pontos da Grifnória hoje!

Harry se voltou para seus pertences jogando-os de qualquer jeito na mochila, sob resmungos e xingamentos em voz baixa. Pondo a mochila nas costas, saiu pela porta batendo-a violentamente.

As masmorras se encontravam completamente desertas. Tudo que Harry ouvia eram seus próprios passos firmes no chão, quase como se pudesse descontar a raiva que sentia de Snape em seus próprios pés... Cinqüenta pontos? O que diabos ele estava pensando? Era só um bilhete! Mas claro que em se tratando dele era apenas mais um motivo para humilha-lo e tirar-lhe pontos... Inconscientemente ele pôs a mão no bolso a procura do que começara aquela confusão toda, mas só agora lembrava que ele não havia ficado com o bilhete. Entretanto ele se lembrava muito bem do mesmo... Não só do que estava escrito, mas até mesmo, sentindo-se muito culpado, da sensação de choque que teve ao sentir a mão dela apertando a sua levemente... Muito nítido... Até demais... Mais do que deveria... O que diabos havia de errado com ele?

Sentindo as bochechas corarem, Harry tinha a sensação de que os dois ainda estavam de mãos dadas... Se é que poderia ser posto dessa forma, considerando a fração de segundo que o momento durara.. Ainda sim... Ele não podia deixar de imaginar, com inquietante curiosidade, o que havia de tão importante que ela não pudesse falar de uma vez. Além é claro, do que lhe chamara, na realidade, mais atenção... Ela lhe pedira para ir sozinho... Levando em consideração que ela se valera de um bilhete para tanto, parecia quase que natural que Harry não contasse nem levasse ninguém com ele... Mesmo sabendo que por ninguém, se referia a Rony, e que aquilo era só uma desculpa, pois sabia que mesmo se ela não houvesse especificado, não o levaria , ou comentaria com ele de qualquer forma...

O resto do dia passou numa lentidão quase que insuportável para Harry. E por mais embaraçoso que fosse admitir pra si mesmo, ele sabia que estava mais ansioso do que deveria para ouvir o que quer que fosse que a amiga tinha a dizer... Mesmo não havendo motivo para tanto...

Apesar da picuinha entre Rony e Hermione, que perdurara por todo o fim de semana, já ter se extinguido pelo horário do almoço. Harry não viu muito da garotadurante o resto do dia. O que, na opinião de Harry, deveria ser tomado como um alívio, considerando a forma com que ele agia quando estavam próximos, ou até mesmo no mesmo cômodo. Com a quantidade de classes que os três tomavam juntos, a situação de Harry estava um tanto precária. O que não ajudava muito, pois uma de suas preocupações, se não a maior, era certificar-se de que o amigo não percebesse. Não que ele próprio estivesse fazendo um enorme alarde com relação ao que estava sentindo... O que estava pensando? Não estava sentindo nada! Não havia nem mesmo o que sentir... Tudo bem. As coisas estavam sim, um tanto... Diferentes... Por assim dizer... Ma não era nada demais! Ele só precisava de tempo para compreender exatamente o que era... Claro que a presença de Rony ao seu lado a cada passo que dava não ajudava muito...

- O treino rendeu bastante não?- Rony estava de particular bom humor. E apesar de Harry não partilhar sua opinião com relação ao treino, sabia exatamente o porque da satisfação do amigo. Não podia negar, é claro, que em se tratando de Rony, ele realmente melhorara sua performance. O que era um grande alívio, já que o primeiro jogo da temporada era em uma semana contra a Corvinal. Somando a isso o fato de que as suas defesas no treino não passaram desapercebidas pelo amontoado de garotas que lotava as arquibancadas, mais cheias que o usual, Harry achava que seu bom humor duraria por um bom tempo...

- É claro... – Harry por outro lado, sabia que não fora tão bem... Não que tivesse sido ruim, pelo contrário... Mas poderia ter sido melhor... Ele sabia, Kátia sabia... E foi por isso que ao ser questionado pela capitã do time durante o treino ele alegou que o barulho nas arquibancadas o impedira de se concentrar, o que não deixava de ser verdade...

- Você ta demorando muito! – Rony ainda esperava por ele no vestiário, eram os últimos ali, para desespero de Harry. Levara mais de dez minutos pondo a calça e camisa, e sabia que teria que inventar algo para se livrar dele. Não gostava de mentir para Rony, entretanto, a idéia de simplesmente manda-lo embora pois tinha de se encontrar com Hermione também não parecia muito tentadora . Obviamente não era nada demais – pensou Harry depois de alguns minutos. Mas ainda sim, Harry tinha a ligeira sensação de que o amigo não teria uma mente tão aberta...

-Vai na frente que eu te encontro no salão principal... – arriscou Harry.

- Tem certeza?- perguntou Rony, com visível estranheza.

- Tenho. – o amigo o encarou por alguns instantes até responder dando lhe as costas:

-Ok então...

Harry não passou muito tempo esperando... Após o que ele calculou como dois minutos de caminhada por traz do campo de quadribol, ele pode reconhecer uma voz familiar:

-Harry? – ela estava encostada em uma árvore uns três metros à esquerda dele – Como foi o treino? Eu não pude assistir... Ouvi dizer que estava... Bem, er, “cheio”...

- Er... Um pouco... – respondeu ele sentindo as bochechas corarem.

-Harry, sobre hoje de manhã...

-Certo... – cortou ele num tom brincalhão- Você me custou cinqüenta pontos hoje! E ainda por cima me fez sair de sala!

-Eu achei que você fosse ficar contente...

- Eu estou. Mas não conta porque eu perdi cinqüenta pontos...

- Bem, então talvez isso compense...

Certo... não era nada demais... Ele se convencera disso lá pela vigésima vez que pensara sobre esse momento durante o dia... Eles são amigos... Amigos conversam, é normal... É mais que normal, é quase que lógico, natural... Então porque ele sentia como se uma pedra de gelo afundasse em seu estômago agora?

- Então...

- Certo... Eu... – agora ela pareceu respirar fundo. O que quer que fosse que ela tinha a dizer, ou era muito sério, ou era muito embaraçoso. Então, Harry acho pelo menos compreensível, que a próxima frase que a menina soltou fosse quase indecifrável, de tão rápida que fora dita:

- Vocêestáenteressadoemalguém?

- O que? – bem... pelo menos ele sabia que o frio no estômago com certeza acabaria com o calor que emanava da garota agora. Ele estava tendo agora uma singular sensação de dejá vu. Essa situação parecia bastante similar com uma outra conversa que tivera com a amiga. Seu estômago deu uma guinada ao cogitar a possibilidade de agora ele estar certo. E estava...

-Garotas, quero dizer... – evitando deliberadamente o seu olhar ela especificou, como se toda a situação fosse tão metódica quanto poderia ser.

-Como? –Harry ainda não havia assimilado o que a amiga estava perguntando, pior ainda, no que essa pergunta implicava... Ou ele simplesmente ouvira errado. Não, não ouvira certo.

-Bem... É que tem essa... Bem, er, garota...

-Garota?

-É... Uma, uma amiga minha...

- Amiga? – agora Harry estava confuso, sem contar completamente embaraçado... Para alguém que ele conhecia há tanto tempo, ele se encontrava completamente sem ação.

-Sim, é que... Bem, ultimamente, ela... – aqui ela levantou os olhos, pela primeira vez, encontrando os de Harry pela primeira vez desde que o assunto começara- Pensamentos...

-Pensamentos?

- Sim... Com relação a você... Quero dizer... – completou ela , ainda o encarando. Agora, mesmo que por uma fração de segundo, Harry pode perceber algo mais além de nervosismo na garota... Ela parecia... Triste... Não, não era isso... Ela estava...

- Na realidade... – ela baixou agora os olhos, quebrando o contato visual entre os dois, o que fez Hary corar, notando agora que considerando o tempo no qual analisara a garota ela provavelmente percebera, ficando no mínimo embaraçada.- Bem... Er, sábado, nós temos um passeio até Hogsmade... E, bom... Talvez, vocês pudessem tipo, sei lá... se encontrar lá? – perguntou ela agora insegura. O que quebrou a linha de pensamento de Harry de uma vez.

Ele estava prestes a partir ao meio. Parte dele sabia que o mais são a se fazer seria simplesmente voltar para o castelo, onde Rony estava provavelmente criando raízes no salão principal esperando por ele, e não ia gostar nada nem um pouco do rumo que a conversa estava tomando. Enquanto a outra, impulsiva e extremamente curiosa e inconseqüente, queria ficar lá, sondar um pouco mais e tentar descobrir quais eram as exatas intenções da amiga... No fim, ele acabou por atender às duas, já que agora eles se dirigiam de volta ao castelo, e Harry não pode se conter ao perguntar:

-Eu conheço ela? – eles haviam mantido um absoluto silêncio por alguns tempo antes de Harry falar, fazendo a amiga responder um pouco surpresa:

- Conhece... Muito bem, na realidade...

- Então... É uma pessoa próxima?

- B-bem... – gaguejou ela - Mais ou menos... Pelo menos eu acho...

- Ela é bonita?

- perguntou Harry novamente, fazendo a garota franzir a testa ligeiramente antes de responder:

-Bem... Eu suponho que depende de com que você compara... – como o amigo ainda parecia confuso, ela continuou- Quero dizer, se você a comparar com um trasgo... Ela com certeza é muito bonita.. Mas se você compara com... Sei lá... Uma veela ou algo do tipo... – Harry sorriu à linha de pensamento da garota e sem nem mesmo perceber acabou por deixar escapar:

-E se eu comparar com você? – foi uma fração de segundo depois de ter dito que ele realmente compreendeu o que disse, corando furiosamente... Que raio de pergunta era aquela? O que ele estava pensando?

Se em algum momento a menina se sentiu envergonhada, aquele superava de longe... No entanto ela simplesmente respondeu:

- Bom... Eu suponho que por isso você vai ter que esperar até sábado pra ver então, não?

-Onde diabos você estava? – Rony se encontrava sentado no sofá em frente a lareira, se levantando rapidamente, ao avistar Harry entrando pelo buraco do retrato.- Você demorou! Eu esperei uma etern... – mas sua voz morreu, tão rápido quanto seu bom humor, assim que avistou Hermione entrar logo em seguida:

- Rony! Er, oi... – respondeu ela meio insegura. No entanto ele perguntou numa voz seguramente irritada:

- Bem? Onde diabos vocêS estavam?- como todas as desculpas possíveis pareceram fugir da mente de Harry como que num segundo, coube à amiga responder a pergunta:

-Bem... – começou ela mais afobada que o normal – Eu estava na biblioteca e...

- Serio? Bem... Isso é engraçado, porque eu acabei de voltar de lá e Madame Pince me disse que você saiu quase há uma hora...

-Certo... – titubeou ela – Eu sei disso!Er, é que eu saí da biblioteca e fui... Na, na sala da monitoria... Você não ia acreditar na bagunça que o lugar estava! – terminou ela agora jogando a bolsa no sofá onde Rony antes se encontrava.

- E? – perguntou ele novamente não convencido.

- E o que?- ela se fez de desentendida –Oh! Bem... Então, já que eu não tinha visto o treino de vocês... Achei que devesse ir buscar os dois pra jantar... Só que quando eu cheguei lá você já tinha ido...

- Certo... – arriscou Harry pela primeira vez. – N-nós fomos procurar por você no salão principal, mas você não estava lá...

-Claro que não! Eu esperei quase uma hora por vocês! – a conversa agora começava a atrair olhares curiosos de algumas garotas do terceiro ano que se encontravam na sala.

- Oh! Rony! Pelo amor de Deus! – cortou Hermione impaciente – Não é como se você tivesse esperado uma eternidade também! Além do mais, se serve de consolo, nem eu nem Harry jantamos... Enquanto você por outro lado, com certeza teve tempo suficiente pra comer o que quer que quisesse...

-Certo... Mas...

- Ótimo! Agora se vocês me dão licença, eu vou dormir... Boa noite!

Era começo da manhã, e os garotos haviam acabado de sentar-se à mesa, esperando por Hermione. Segundo ela, hoje deveria ser marcada a primeira reunião dela como monitora chefe. E a idéia geral era marcar um horário e organiza-la com Malfoy... O que já de começo, não era um bom plano...

- Ela é louca! – concluiu Rony enquanto colocava o bacon no prato – Se ela acha que vai ter qualquer sucesso em convencer Malfoy, ela perdeu o juízo de vez...

- Quanto tempo isso vai durar? Quero dizer... Os dois trabalhando juntos, não parece algo que dure mais de uma semana... – comentou Harry enquanto se servia de ovos fritos.

- Certo... Mas ainda sim, se tratando de Hermione, se alguém tiver que abrir mão, com certeza não vai ser ela... – e ele estava certo, não era preciso conhecer muito da garota para saber que ela não abriria mão do cargo de monitora chefe dela.. Entretanto, Malfoy com certeza não recuaria também, e mesmo que não quisesse o cargo, não faria nada que significasse uma facilitação na vida da garota. Portanto, a questão agora era até quando os dois conseguiriam manter a situação. Como se estivesse adivinhando os pensamentos do amigo,Rony recomeçou, em voz baixa:

-Sabe... Não conte pra ela! Mas eu ouvi uns comentários que estão rolando por aí sobre umas apostas sobre quem vai desistir primeiro...

- É... Simans comentou algo parecido ontem...

-Eu estava pensando, se talvez... Bem, nós poderíamos participar também!

-Rony! – apesar da indignação Harry não pode deixar de rir à oferta do amigo.

-Não... Cara, é serio... Quero dizer... Nós sabemos que Hermione não vai desistir certo? O que já é uma vantagem. Além do mais se Malfoy tentar algo, tem sempre a alternativa de chutar o traseiro dele... – Harry agora rolava de rir com a idéia do amigo, mas parou logo em seguida ao avistar Hermione entrando no salão.

- Oh...- parou ele imediatamente.

-O que?- perguntou Rony se virando para ver o que o amigo vira. Seu sorriso morreu quase que instantaneamente. – Ela não parece muito satisfeita...

Ela simplesmente puxou uma cadeira em frente os garotos e se sentou, em completo silêncio. A sua expressão não encorajava os meninos a lhe dirigirem a palavra, já que parecia mais irada do que nunca... E como eles simplesmente a encararam:

-O que? – resmungou ela, com os braços cruzados.

-Nada.- respondeu Rony, alarmado.

-Então... Er... Como foi? – arriscou Harry, sob o olhar assustado do amigo.

-Bem. Vamos colocar dessa forma... Estranhamente existe um lado bom e um lado ruim dessa asneira toda. Por um lado, eu não tive a chance de falar propriamente dito com ele, o que significa que tecnicamente, ainda existe uma possibilidade de organizar a reunião.- agora ela adquiria um tom intenso de vermelho nas bochechas – Por outro lado, a única razão por eu não ter conseguido de fato conversar com ele, é porque ele estava ocupado demais se esfregando com uma garota na sala da monitoria! O que significa que basicamente eu vou ter pesadelos por uma quantia significativa de tempo!

-O que? –Harry perguntou. Ele não estava seguindo muito bem a linha de raciocínio da garota... Estava distraído, (embaraçosamente), pela forma com a qual os cachos do cabelo dela balançava enquanto ela falava irritada – Er... O que você fez?

-Eu expulsei os dois óbvio! – como se fosse claro a única atitude a ser tomada numa situação embaraçosa dessas.

-Quem era?

-Quem Rony? – respondeu ela ainda mais impaciente.

-A garota! Quem era? – perguntou Rony, extremamente curioso.

-Oh Rony! Pelo amor de Deus! Você acha mesmo que eu estava prestando atenção?- exclamou ela exasperada – De qualquer forma... Quem quer tenha sido, ele não ficou muito contente por eu ter interrompido...

Dito e feito. Malfoy agora entrava no salão, e não parecia nada feliz. Lançando olhares ameaçadores aos três, ele agora se dirigia à mesa da Sonserina, onde se juntou à Crabbe e Goyle.

-Certo... Considerando sua situação, Harry achava que estava indo bem... Não que tal contexto fosse tão difícil de lidar... Quero dizer... Ok. Então, ele tinha um encontro, na realidade ele tinha um encontro dali a alguns minutos... Com quem? Ele não fazia idéia... Ou melhor, quase... Foi difícil se acostumar com a idéia de que essa pessoa se tratava possivelmente de sua melhor amiga, de fato fora tão difícil que ele ainda não absorvera o ocorrido, mesmo quase uma semana depois. A verdade era que a quantidade de vezes(que não fora pouca) que o assunto viera à sua mente durante esses dias não reduziu a sua ansiedade, ou mesmo o seu nervosismo, ao contrario... Parecia, para seu desespero aumentar consideravelmente a medida que o tempo passava. E não adiantava ele se enganar... Não havia um momento se quer que avistasse a garota e não pensasse naquela volta pelos jardins... Ou até mesmo no que significava aquilo tudo... Essa era uma boa pergunta, ótima na realidade... O que diabos estava acontecendo? Como é que ele poderia ter deixado as coisas perderem o rumo a esse ponto? Bem... – recomeçou ele ainda sentado no sofá em frente à lareira – Não que esse seja o tipo de coisa que você pode prever certo? Então tomando por esse lado... Ele não era culpado, não... De forma nenhuma... Então porque ele sentia seu estômago pesar enquanto se abstinha de ouvir o que quer que o melhor amigo estava falando agora para divagar sobre seu dilema com relação à sua outra melhor amiga? Hermione... Ele estava pensando nela... Acontecia assustadoramente muitas vezes agora... E isso era perigoso, sem contar é claro com o excesso de estranheza da situação na qual ele se encontrava. – e foi justo quando havia decidido terminantemente a prestar a atenção merecida ao que Rony falava à sua frente, quando viu a própria descer as escadas do dormitório feminino. Ela estava...

- Ei... – chamou ela, como se fosse preciso, para que lhes conseguisse atenção. Na realidade não havia nada demais com ela, nada que já não estivesse lá, e que por falta de percepção dele nunca houvera de fato reparado... – Você ta pronto?

-Er... Estou. – foi tudo que conseguiu dizer. Por mais que se amaldiçoasse por estar agindo feito um completo idiota.

- Onde vocês vão? – perguntou Rony, um tanto alterado.

- Nós vamos pr... – ela se interrompeu subitamente como se lembrasse de algo – Rony! Você deveria estar em detenção!

- Oh. É, eu suponho... – resmungou ele com indiferença.

- Rony, só porque Malfoy te deu a detenção não significa que você deva passar por cima! Agora vai antes que eu mesma lhe dê outra detenção! – argumentou ela irritada.

-O que? Você vai me dar uma detenção? – Rony não parecia acreditar no que estava ouvindo, e até mesmo Harry, que ao contrário dos amigos se mantinha sentado e alheio à conversa se assustou com a ameaça da garota.

- Rony eu não vou discutir com você! Vamos Harry! – aqui, sem saber o que fazer, Harry apenas se manteve sentado. Até sentir a mão da garota lhe puxando pelo braço e levando-o em direção ao buraco do retrato.

-Ei! Onde vocês vão?- repetiu Rony , ainda mais incisivo do que antes.

-Tchau Rony! – e assim os dois seguiram pelo retrato, chegando sem demora à fila dos alunos que seguiam para Hogsmade. Não era preciso dizer que a chegada dos dois à fila sem a presença do terceiro membro do trio chamou atenção de uma quantia suficiente de pessoas para deixar um ar desconfortável ao redor dos dois. Verdade que não era comum ver os dois andando pelos corredores sem a companhia de Rony, quem dirá indo para o povoado... Normalmente isso poderia até ser considerado normal, se levassem em conta o fato de que os dois eram amigos, entretanto, o ligeiro incidente no trem de Horgwats, que graças a Malfoy, pareceu se espalhar com uma rapidez fenomenal pela escola, acabou por modificar ligeiramente a forma com a qual os alunos encaravam o relacionamento do trio... E o interesse no mesmo aumentou, não só no que dizia respeito a Harry, mas também a Rony e Hermione, que ao contrário dele, não parecia estar lidando muito bem com a situação na qual se encontrava.

- Então... – tentou Harry esperançoso de um diálogo que não fosse monossílabo. –Isso é...

- Estranho? –chutou ela, agora olhando-o de esquerda enquanto caminhavam.

- Inesperado... – corrigiu ele após pensar um pouco – é mais o que eu tinha em mente... – ela sorriu.- Era um bom sinal. – pensou Harry.

- Harry... Eu tenho que dizer, eu não estou muito confortável fazendo isso... Quero dizer... Eu nunca fiz isso antes, na realidade eu acharia até melhor que continuasse dessa forma sabe?

- Er... – ok, agora ele realmente não sabia o que fazer, ou até mesmo o que dizer, se é que importava... E por mais que suas mãos estivessem geladas, elas pareciam mais suadas do que nunca agora.

-Veja... Eu não acho que esse tipo de coisa não ajuda muito em uma amizade... Misturar as coisas sabe? Mas chegou a um ponto que eu não podia mais ignorar, e... – ela se calou por um momento, ainda encarando Harry. – Você ta bem? Parece um pouco pálido...

-E-eu estou bem. Sério! – acrescentou ele à cara de preocupada da amiga, pensando agora que ele estava sendo ingênuo demais em pensar que aquilo não seria nada demais e que eventualmente acabaria de uma forma que ele terminaria por se arrepender.

O resto do caminho, para descrença de Harry, fora mais agradável do que ele esperava que fosse. Na realidade ele descobrira que o segredo era não pensar de fato no que ele estava fazendo... E foi aí que ele se lembrou de que era Hermione, só Hermione... A sua amiga, sua melhor amiga na realidade... E que não havia mistério nenhum em conersar com ela, pelo contrário, a conversa simplesmente fluía, até que eles chegaram em frente ao Três Vassouras, parando logo na porta. Um silêncio constrangedor se abateu sobre os dois, e foi Hermione quem falou:

-Bem... – começou ela encarando os próprios pés – Boa sorte, então...

- Er. O qu... Você não vai entrar?- perguntou Harry confuso.- ela riu.

-Oh Harry... Você não espera que eu fique lá na mesa com vocês certo?- ela perguntou ainda sorrindo. Entretanto, a expressão do amigo a fez lentamente ficar séria. Harry não sabia o que pensar... Ele nem ao menos sabia exatamente o que estava sentindo, o que era? Desconforto? Com certeza... Talvez arrependimento... Ou até mesmo- arriscou ele-Desapontamento?

Franzindo ligeiramente a testa ela pareceu abrir a boca pronta a dizer algo, mas mudou de idéia antes mesmo de começar, fechando a boca novamente. E abrindo mais uma vez:

-Bem... Eu, er... – ela soava diferente agora, com respiração mais ofegante que o normal, ela parecia confusa. E enquanto evitava os olhos de Harry continuou- Eu tenho que , bem... Eu tenho que ir... – completou ela quase que num sussurro.

- Ok. – foi tudo que disse, ele ainda estava absorvendo o momento.

-Certo então... –ela começou a se afastar – Ela vai chegar a qualquer momento, é melhor você entrar... Eu... Eu te vejo mais tarde ok?

- Certo...

-Tchau então...

-Tchau... – Harry pode ver a amiga se afastando, pela rua apinhada de estudantes, seguindo em direção ao castelo. Ele não pode ver nenhuma outra saída, se não entrar no pub e esperar pela garota, seja lá quem quer que fosse... Foi no momento em que se sentou numa mesa perto da janela que percebeu... Que na realidade não fazia diferença no fim das contas... Não importava quem fosse, mesmo se fosse...

- Giny? – ele perguntou surpreso, enquanto ela sentava à sua frente. – O qu...

-É... Eu sei...

-Mas... Quero dizer... Eu pensei... – titubeou Harry extremamente sem graça, e tentando não pensar no que Rony diria. – Quero dizer, você e Dino... Eu...

-Eu pensei que tivesse superado isso também... Mas aí... Bem, você e Chang, bem não pareceu dar muito certo...

-É, bem... Eu suponho que não possa te culpar... –comentou ele amargo.

- Então, eu pensei... – começou ela, e havia de fato um tom de esperança na voz da garota.

-Giny... – começou Harry, ele não sabia como dizer aquilo, na realidade nunca fizera isso antes... E ele não queria magoá-la claro – Olhe... E-eu estou muito... Er, lisonjeado... De verdade, e...

-Oh... Merlin...

-Eu... –ele dissera a coisa errada.

-Não... Você não precisa pedir desculpa... – cortou ela. E ao contrário do que Harry esperava, ela não parecia chateada, mas sim, de alguma forma, ela estava só... Triste...

- E-eu sinto muito... De verdade... – o que ele poderia dizer? Me desculpe mas eu não gosto de você?

- Não... Eu...- ela tinha agora uma expressão estranha, quase que de confirmação, e quase que com um esgar, ela continuou- Quero dizer... Eu deveria ter percebido... Eu acho até que já sabia, bem... Parece óbvio agora... É só... Bem, eu acho que preferi não... Bom...

-Eu não...

-É por causa dela não é?-interrogou ela, com um tom que mais parecia uma afirmação.

- Quem?- perguntou Harry confuso, mas logo compreendeu - Oh... Não, não Giny... Isso não tem nada haver com a Cho... – ela apenas parou e o encarou, aparentemente pensando se deveria continuar, e quase que medindo suas próprias palavras, ela continuou:

-Harry... Nós dois sabemos que eu não estou falando dela... – como Harry permaneceu mudo, ela prosseguiu com um fraco sorriso – E eu não te culpo... De verdade! Quero dizer... Ela é... Bem, vocês se conhecem a tanto tempo... – agora as coisas finalmente pareciam se esclarecer na mente de Harry... E só agora ele percebia o quão absurdo era o que ela estava pensando... Bom, era absurdo... Certo?

- O que? Eu não est...

- Só porque Rony é meu irmão, não significa que eu seja tão cega quanto ele. – constatou ela simplesmente. Harry não sabia o que dizer. O que ela estava insinuando? Que havia algo entre ele e Hermione? E por mais impossível que a idéia parecesse a Harry no momento, ela ainda sim não parecia propensa a mudar de idéia:

- Olha Giny, eu...

- Sabe... Você não precisa me explicar nada, de verdade... – agora pra desespero de Harry ela parecia quase a beira das lágrimas, mas ele se enganou ao pensar que ela chegaria a esse ponto, não era mesmo muito o tipo de coisa que ela faria, ainda mais na frente dele...- Sabe... A pior parte, quero dizer... Eu... Rony é meu irmão, mas... E-eu acho que ela também sente algo por você também sabe...

Certo... Então tudo que ela estava dizendo até agora era um completo absurdo... Então obviamente isso era também... Ele não sentia nada pela amiga, e ela não sentia nada por ele... Era simples, lógico... Além do mais ele não deveria se deixar influenciar pelas idéias malucas de Giny, na realidade, o único motivo pelo qual ele simplesmente não a cortara era devido ao embaraço da situação ali... Ainda sim... E se ... Bem, isso seria... O que seria? Terrível claro! Seria como se... A pior coisa que poderia acontecer... Principalmente agora. É. Era uma coisa completamente fora de questão, na realidade, ele nem sabia porque exatamente ele ainda se questionava sobre isso...

-Eu já sei... Por que nós não pedimos algo? Bem... Nós já estamos aqui mesmo não? Não custa nada ficarmos um pouco...

-Er... Certo... – Harry achou melhor não insistir. Até mesmo porque ele sabia que agora havia uma grande chance da conversa tomar um rumo um tanto mais perigoso do que ele gostaria...

Surpreendentemente, a tarde acabou por ser muito mais agradável do que ele poderia imaginar que seria. E apesar dos pesares... Giny era com certeza uma garota fácil de se conversar... E quando ele lhe disse isso, tentando obviamente ignorar o ligeiro rosado que surgiu nas faces da garota, ele realmente estava sendo sincero... Entretanto, os dois chegaram a um consenso racional de que talvez fosse melhor se os dois não chegassem juntos à comunal. E foi assim que Harry seguiu em direção ao castelo sozinho, enquanto Giny ia dar mais uma volta pelo vilarejo.

-Eu não acredito que você não vai me contar Hermione!

-Rony já chega! Não sou eu que tenho que te contar! Se você quiser saber pergunte a Harry não a mim! – mas a essa hora Rony já não prestava mais atenção à amiga, seu olhar se voltou diretamente pra Harry, que agora entrava pelo buraco do retrato:

-Hei você! – chamou ele com um sorriso, enquanto se sentava no sofá onde antes se encontrava deitado. Não havia muitas pessoas na sala comunal ainda, a maioria deveria estar voltando do povoado naquele momento. O que fazia com que Harry, Rony, e Hermione, que mantinha a atenção no exercício à sua frente na mesa, fossem as únicas pessoas no local, exceto por alguns garotos do terceiro ano logo à frente da mesa onde a menina se encontrava.

- Você contou pra ele não foi?- perguntou ele pra aa garota enquanto se sentava na poltrona mais próxima.

-Ás vezes Rony consegue ser irritantemente insistente... – retrucou ela simplesmente sem tirar os olhos do percaminho.

-Então?- perguntou o amigo com um sorriso maroto.

-Então o que?

-O que aconteceu?

-Er... Bem... Nós, conversamos... – respondeu ele.

-E? –instigou Rony, ávido por informação.

-E foi isso. Nós só conversamos... Nada aconteceu... – completou ele, aqui olhando de esguelha para Hermione, que por mais que se mantivesse fixa no seu exercício, parara de escrever.

-Você gentil com ela não foi? – perguntou ela voltando então a escrever.

- Claro! – respondeu ele ligeiramente ofendido.

- Ela era feia?

-Nem tudo diz respeito às aparências sabe Rony? – retrucou ela com visível irritação.

- O que? Claro que é! – e pensando melhor –Pelo menos quando o assunto é garotas...- aparentemente resignada a ignorar o comentário, Hermione apenas se voltou mais uma vez para seu exercício com um ligeiro franzido na testa.

-E então? Ela era feia?

-Não Rony! É só que... Bem... Não era exatamente quem eu... Bem , quem eu esperava...

- Você estava esperando alguém?- perguntou o amigo levantando as sobrancelhas incisivo. Mas quem falou foi Hermione, com um tom um tanto característico:

-Oh Harry! Considerando o seu passado com Chang, eu não acho que ela me pediria ajuda pra esse tipo de tarefa!- retrucou ela, agora levantando os olhos e encarando o amigo. Um tanto chocado com o tom da resposta da amiga, ele respondeu:

- Bem... Er... Eu não estava falando dela... – retrucou ele em voz baixa encarando a menina. Aqui, a amiga lhe encarou de uma forma diferente de qualquer outra. E Harry tinha a sensação de que em quase seis anos de amizade ela nunca lhe observara dessa forma... De modo que ele percebeu, mesmo que durante uma fração de segundo, que ela sabia o que ele estava pensando... Que era ela... E mesmo, depois de praticamente exigir de si mesmo que esquecesse tudo que Giny lhe dissera naquela tarde, ele não pode evitar que tudo viesse à sua mente mais uma vez... Seria mesmo? “Eu acho que ela sente algo por você também sabe...” Quero dizer... Havia um motivo pra Giny falar aquilo... Isso não poderia simplesmente surgir do nada... Poderia?

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