Três vidas, um destino.



Três vidas, um destino.


Uma manhã fria despertou em Brasília, o céu estava cinzento e o sol brilhava fraco, pois durante toda a noite anterior uma forte tempestade caíra sobre a cidade. Aos poucos as pessoas acordavam e o movimento diurno recomeçava lentamente, mas era pleno verão e a cidade estava mais vazia do que o normal, já que a maioria dos habitantes saíra de férias para lugares como Salvador ou Rio de Janeiro. Contudo, não eram todos que tinham o privilégio de viajar durante suas férias de verão...


Alice Elsea acordou com um pálido raio de sol em seu rosto. Estava de férias, mas não conseguia dormir até mais tarde como a maioria de seus amigos costumava fazer. Espreguiçando-se, ela se levantou da cama e caminhou até o banheiro. Após lavar-se e vestir-se, saiu do quarto e sentiu um gostoso cheiro de pães quentinhos vindo da cozinha. Sua mãe havia acordado ainda mais cedo do que ela e saído para comprar pão na padaria da quadra.


-“Bom dia, minha querida!” – saudou-a a Sra. Elsea, quando a menina entrou na cozinha. – “ vejo que, mesmo depois de quase dois meses de férias, você não perdeu a mania de acordar junto com o sol!”


Alice sorriu e respondeu:


-“Mas a senhora continua acordando ainda antes de mim, como sempre!”


Sentou-se na mesa da cozinha, pegou um pão da cesta e começou a comê-lo puro, como era seu hábito. A mãe aproximou-se e lhe beijou a testa.


-“Mal posso acreditar que dentro de um mês você vai completar onze anos de idade! Em breve, muito em breve, terá se tornado uma moça!”- e dizendo isso, afastou-se em direção ao armário e pegou mais pratos para por à mesa.


Alice fez uma careta, não gostava quando sua mãe falava aquele tipo de coisa, pois, em sua opinião, ela ainda estava longe, muito longe de ser uma moça. Na verdade, Alice ainda se considerava uma criança. Ainda tinha a maioria de suas bonecas e gostava de montar casas para elas. Casas minuciosamente completas, com quartos, salas, cozinhas, só pelo prazer de criar histórias, que ao invés de serem escritas, eram “interpretadas” pelas bonecas. As casas de bonecas ficavam semanas montadas no chão de seu quarto, até que se tornava impossível andar da porta até a cama e a Sra. Elsea obrigava Alice a desmontar tudo.


Alice sorriu ao pensar na casa que havia começado a montar no dia anterior. Apressou-se em mastigar e engolir o resto do pão, para que pudesse voltar ao seu quarto e continuar sua mais nova história. Naquele momento o Sr. Elsea entrou na cozinha, parecendo animado com o dia que começava. Sentou-se ao lado da esposa, que lhe serviu uma xícara de café. Os dois conversavam animadamente, mas Alice só pensava em sua nova grande “história”.


Os três Elsea estavam sentados à mesa, terminado o café-da-manhã, quando a campainha soou.


-“Quem poderá ser a essa hora?” – perguntou Pedro Elsea, levantando-se para atender.


Paula perguntou a filha se ela estava esperando alguém, Alice fez que não com a cabeça e as duas se entreolharam sem entender. Quem poderia estar batendo em sua porta as sete e meia da manhã? Da cozinha elas puderam ouvir o Sr. Elsea girando as chaves da porta.


-“Pois não?”


-“Bom dia!” – disse uma voz feminina – “O senhor é o Sr. Elsea, pai da menina Alice?”


-“Sim, sou eu mesmo, e a Senhorita?”


-“Srta. Helena, Helena Jacobs! Muito prazer em conhecê-lo!”


Alice e a mãe se entreolharam novamente, ambas com um misto de espanto e curiosidade no rosto.


-“Er.. muito prazer em conhece-la também!” – disse o Sr. Elsea, ao que Alice identificou uma nota de constrangimento na voz do pai.


-“Será que eu poderia entrar?” – perguntou Helena – “Gostaria muito de conversar com o senhor, sua filha e sua esposa, se não fosse muito incômodo.”


O tom de sua voz era o de alguém que não parecia achar incômodo algum visitar um desconhecido às sete horas e meia da manhã, em época de férias. Mas ela pareceu perceber que o Sr. Elsea discordava dessa opinião, então acrescentou:


-“Fiz uma longa viagem apenas para conhecer sua família!”


Naquele momento a Sra. Elsea se levantou, mais levada pela curiosidade do que pela educação ou gentileza, foi até a sala e, fingindo que não ouvira nenhuma palavra do que fora dito entre o marido e Helena, falou:


-“O que foi querido, quem está aí?”


-“Oh! É uma moça chamada Helena Jacobs, que diz ter feito uma longa viagem para nos conhecer!” – respondeu o Sr. Elsea.


-“É um prazer conhece-la Sra. Elsea!” – disse Helena, estendendo a mão para cumprimentar Paula.


-“Igualmente! Mas você não quer entrar? Vou trazer um café!”


Ao dizer isso, voltou até a cozinha e fechou a porta, enquanto a Srta. Jacobs entrava na espaçosa sala de estar do apartamento dos Elsea.


-“Quem moça estranha!” – cochichou Paula para a filha, enquanto preparava uma bandeja com café e alguns pedaços de bolo branco.


-“Qual é o problema, mãe?”


-“Ela parece ter vindo de outro mundo!”


E dizendo isso, saiu da cozinha.


Alice ficou intrigada, mas não sentia vontade alguma de ir até a sala para falar com nenhuma desconhecida. Da cozinha, ela ouviu a voz da mãe:


-“Aqui está, sirva-se à vontade.”


Helena agradeceu e pegou um pedaço de bolo.


-“Então, a Srta. não disse exatamente a que veio, srta. Helena. Disse que veio conhecer a minha família, mas não nos contou qual seria o motivo.”


-“Eu não gostaria de parecer mal educada Sr. Elsea, mas seria melhor se tratássemos desse assunto com a presença de sua filha, pois foi por ela que vim.”


  Os olhos de Alice se arregalaram e ela se aproximou da porta, que a mãe deixara entreaberta.


  -“Seria muito incomodo chamá-la agora? Pois sei que ela não está dormindo, já que é uma garota que sempre acorda junto com o sol, mesmo que este mal apareça sobre as nuvens, como hoje.”


-“Só um momento.” – pediu a Sra. Elsea. – “Quem é essa estranha, e porque sabe tanto sobre a sua vida?” – cochichou para a filha, segundos depois, ao entrar na cozinha.


-“Não sei mãe, dou minha palavra que não sei e lhe garanto que estou tão assustada com essa estranha quanto a senhora!”


-“Eu acredito em você, minha filha, sempre acredito. Mas de qualquer forma, é melhor irmos até a sala para descobrir o que essa moça quer com você.”


Alice concordou e saiu acompanhando a mãe, mas quando chegou à sala e finalmente viu Helena, quase caiu para trás. A moça estava vestida até a cintura como um jóquei, mas usava uma bata branca estilo hippie, tinha os cabelos castanhos presos em um rabo-de-cavalo com um boné cor-de-rosa na cabeça.


-“Alice!”- disse ela, levantando-se –“é um prazer conhece-la!”


 


As duas apertaram-se as mãos e a menina sentou no sofá, ao lado dos pais, sem conseguir dizer nada. Os quatro ficaram em silêncio por algum tempo, Alice ainda admirava a estranha figura de Helena, que agora mastigava seu terceiro pedaço de bolo.


-“Hum, isso é muito bom!” – disse a moça, com a boca cheia.


-“Fui eu mesma que preparou.” – disse a Sra. Elsea, claramente desaprovando o comportamento da outra.


-“Bom, muito bom mesmo!” – Helena engoliu o bolo, bateu as mãos na calça e comentou torcendo o nariz – “Foi bem difícil chegar até aqui, sabem, não sou acostumada com o método de organização dessa cidade!”


-“Quem é de fora estranha mesmo.” - disse Pedro, já que a esposa parecia não querer dizer mais nada a moça além de “adeus”.


Helena balançou a cabeça e o silêncio tornou a cair constrangedor entre os quatro. Alice começou a cansar-se, queria voltar às suas bonecas.


-“A srta. disse que veio me ver, não é mesmo?” – falou de repente, assustando Helena, que parecia uma pessoa que caíra no sono e fora bruscamente acordada.


-“O que? A sim! Sim, sim, eu vim por sua causa, sim.” – disse ela, balançando a cabeça afirmativamente enquanto falava. – “Mas é um assunto difícil, sabe? Difícil de se começar e difícil de se entender, mas depois que se entende – e se aceita – tudo fica assustadoramente fácil!”


 -“Pois então comece! Não tenho o dia todo.”


-“Alice!” – Pedro assustou-se com os modos da filha.


-“Tudo bem, ela está totalmente certa, eu estou demorando mais do que seria necessário! Muito bem, muito bem, srta. Alice Elsea, o que eu vim lhe dizer é que eu sou uma professora e que você tem uma vaga garantida na minha escola.”


Retirou do bolso da calça um envelope um pouco amassado, mas ainda inteiro. Alice esticou o braço e apanhou a carta, que parecia ter sido escrita em um papel muito velho. Estava endereçada diretamente à Alice, mas não tinha remetente, apenas um selo com um sol dourado, uma lua crescente à direita e uma estrela de seis pontas à esquerda. Ela abriu lentamente o envelope e desdobrou a carta, com seus pais lendo tudo por cima de seus ombros.


            Prezada Srta. Alice Elsea,


 


Nós, da Escola de Magia e Bruxaria de Amgis, temos o prazer de lhe informar que a srta. foi aceita em nossa instituição.


O ano letivo terá início dia primeiro de fevereiro e os alunos deverão se dirigir à estação Ana Amélia James, em São Paulo, para pegar o ônibus que os conduzirá até a escola.


Segue-se abaixo uma lista dos materiais necessários para os alunos do primeiro ano:


Livros:


 A História da Magia Brasileira, de Anita Nunes;


Feitiços para Iniciantes, de Godofredo Hans;


Poções de Ervas do Sol, de Humberto A. Gomes;


Astronomia Básica: Conhecendo as Constelações, de Rodolfo Malfati;


Animais Fantásticos e Onde Habitam, de Newton Scamander;


Transformando Transmutando e Transfigurando, de Helena Jacobs;


Cultivando Ervas do Sol, de Humberto A. Gomes.


 


Materiais:


Vestes do uniforme da escola;


Quite completo de preparo de poções para o primeiro ano;


Um caldeirão de estanho tamanho médio;


Um telescópio.


 


Observações: lembramos que os alunos do primeiro ano terão aulas de Quadribol, mas não será permitido que levem suas próprias vassouras!


Cada aluno tem permissão para levar uma coruja, um gato, um rato, um papagaio, uma arara ou um sapo, conforme preferir.


 


Esperamos vê-la em primeiro de fevereiro!


 


Atenciosamente,


Sra. Jéssica Marlon


Diretora


 


 Alice acabou de ler a carta e olhou para Helena, que viu um brilho estranho nos olhos castanhos da garota, por um momento eles pareceram maravilhosamente dourados.


-“Escola de Magia e Bruxaria de Amgis? Isso é algum tipo de piada?” – disse o Sr. Elsea, parecendo irritado.


-“Não, senhor, isso é absolutamente sério!” – disse Helena, desviando o olhar de Alice para encarar o pasmo homem à sua frente. A Sra. Elsea estava pálida.


-“Sério? Como um absurdo como esse pode ser sério? A srta. vem a minha casa, às sete e meia da manhã em um dia de férias, vestida como se fosse para um baile de carnaval, convida a minha filha para estudar em uma escola de bruxaria e quer que eu a leve a sério?”


-“Eu avisei a vocês que o assunto não era fácil de ser compreendido, mas é ainda mais difícil de ser aceito. Peço que o senhor me dê apenas mais alguns minutos de crédito, para que eu possa explicar com mais clareza o conteúdo dessa carta.”


-“Você não tem nem mais um segundo! Por favor, vá embora e pregue sua peça em outro lugar!”


Helena pareceu mais ofendida naquele momento do que quando o Sr. Elsea a acusou de estar vestida para um baile de carnaval.


-“Isso não é uma peça, senhor! Eu sou uma bruxa e sua filha também!”


-“Basta!” – gritou o Sr. Elsea – “Bruxas não existem!”


-“Existem, mas nós nos escondemos dos trouxas exatamente para evitar reações desse tipo!” – disse Helena, que surpreendentemente ainda mantinha-se calma.


-“Do que você está me chamando?”


-“Desculpe, mas trouxa é como chamamos todos aqueles que não são bruxos.”


-“Isso é loucura!”                  


-“Ela está falando a verdade, pai!” – disse Alice, e Pedro olhou surpreso para a filha.


-“Como você pode saber que ela está falando a verdade?”


-“Eu não sei, eu apenas sinto.”


-“Alguma vez, Alice, você fez algo que não conseguiu explicar ou entender?” – perguntou Helena.


-“Bom, uma vez eu quebrei um daqueles pratos de porcelana que a mamãe tem pendurados na parede. Fiquei com tanto medo da bronca que comecei a chorar. Quando parei e comecei a pensar em uma maneira de colar os cacos, o prato voltou a ter a forma antiga, como se nunca tivesse quebrado!”


Quando Alice terminou seu relato, seus pais a olhavam com espanto, mas Helena sorria.


-“É disso que eu estava falando! Você executou um feitiço Reparo inconscientemente, isso acontece muito frequentemente com bruxos jovens que não sabem controlar seus poderes. Por isso Amgis foi fundada, para formar jovens bruxos da melhor maneira possível, ajudando-os e orientando-os no sentido de saberem controlar e usar bem seus poderes mágicos!”


Ainda surpresa, a Sra. Elsea falou:


-“Por que você não nos contou o que aconteceu, minha filha?”


-“Eu não sei, tive medo eu acho. Eu ainda era muito nova e, se me lembro bem, pensei que estava imaginando coisas!”


-“Não, você com certeza não estava!” – disse Helena, levantando-se – “ Se me permitirem, gostaria de demonstrar o feitiço que Alice realizou.”


E sem esperar uma resposta pegou uma xícara vazia e a atirou no chão. A Sra. Elsea deu um pulo no sofá com o barulho, o Sr. Elsea arregalou os olho, mas Alice não esboçou reação alguma. Helena puxou uma varinha do bolso da calça.


-“ Reparo!  – disse ela.


Imediatamente, todos os cacos da xícara se juntaram, como se atraídos por um poderoso imã, e o objeto ficou intacto. Com um aceno da varinha, Helena recolocou a xícara em cima da mesa e sentou-se.


-“Foi assim que o prato se recompôs, Alice?”


-“Exatamente.”


O Sr. e a Sra. Elsea  ainda estavam muito chocados, mas aos poucos foram se controlando.


-“Srta. Jacobs, nos fale mais sobre tal de Amgis.” – pediu o Sr. Elsea. Helena sorriu.


 


 


                        *   *   *


 


 


Já passava das dez horas da manhã quando Érika acordou. Ela olhou no relógio e se surpreendeu, para os padrões da garota, aquele horário era extremamente cedo. Ela virou-se, mas não sentiu vontade de se levantar. Ficou contemplando o teto do quarto até que Smaug, seu gato siamês, entrou e pulou na cama miando baixinho.


-“Bom dia Smaug!” – disse Érika, sentando-se na cama e começando a alisar o pêlo negro do gato.


-“Bom dia, lourinha!”- respondeu o gato – “Acordou cedo hoje!”


-“Tem razão, já é o terceiro dia consecutivo que acordo antes do meio-dia, mas não consigo entender o por quê.”


 -“Seus problemas acabaram srta. Érika!” – disse Esgaroth, o gato persa, entrando no quarto. – “Acho que a resposta para todos os seus problemas acabou de chegar!”


-“O que você quer dizer com isso?”


-“Quero dizer que o correio coruja acabou de chegar e, dessa vez, tem uma carta para você!” – respondeu Esgaroth, parecendo muito satisfeito consigo mesmo. 


-“Amgis!” – murmurou a garota.


Érika levantou-se com um salto, quase derrubando Smaug de cima da cama. Atravessou veloz o corredor, os cachos louros balançando às suas costas, os dois gatos em seus calcanhares. Enquanto corria, pensava na carta que havia chegado, só poderia vir de um lugar: Amgis, pois ela faria onze anos em setembro daquele ano, além disso, ninguém do mundo bruxo se correspondia com ela.


A verdade é que ela mantinha distância do mundo bruxo o máximo possível. Não que ela não gostasse de ser filha de bruxos, mas por medo. Sua mãe era uma bruxa de sangue puro, mas seu pai era nascido trouxa e, mesmo depois de se formar na escola de magia, escolheu ser um executivo e trabalhar na empresa trouxa da família. Como seu pai havia negado o mundo bruxo, e Érika nunca tinha realizado nenhum feitiço involuntário em toda a sua vida, o que era totalmente contrário ao normal em bruxos jovens, ela nutria um enorme medo de ser uma bruxa abortada.  Assim, ela evitava o contato com o mundo bruxo, pensando que, se fosse mesmo abortada, sua decepção seria menor se ela soubesse pouco sobre o mundo ao qual verdadeiramente pertencia.


Mas quando Esgaroth lhe dissera que havia chegado uma carta para ela, via coruja, uma chama se acendeu em seu peito.


 Passou pelo quarto de hóspedes, pelo escritório, até que chegou à espaçosa sala de estar banhada pelo sol de verão.  A garota atravessou a sala e abriu as portas de vidro que levavam à ampla sacada da mansão, em frente à praia de Copacabana, no Rio de Janeiro.


Empoleirada no parapeito da sacada, estava uma coruja parda com uma carta presa a uma de suas patas. Com todo o cuidado, mas tremendo muito, Érika soltou a carta da pata da coruja. Era por causa daquela carta que ela estivera dormindo menos do que o normal, pois ela sabia que aquela era a época que as cartas de Amgis eram entregues e sabia, em seu subconsciente – talvez um sexto sentido de bruxa – que uma delas chegaria para ela. A garota abriu a carta e leu em voz alta para os gatos, que eram os únicos que sabiam de seu medo secreto.


 Prezada Srta. Érika Marinho,


 


Nós, da Escola de Magia e Bruxaria de Amgis, temos o prazer de lhe informar que a srta. foi aceita em nossa instituição.


Não leu mais nada, pois não precisou. Ela sabia que aquela carta era a confirmação definitiva de que ela possuía, sim, poderes mágicos. Sentiu uma lágrima descer-lhe sobre a face e foi correndo procurar a mãe, para mostrar-lhe o pedaço de pergaminho que a libertara de anos de angústia e dúvidas.


 


 


*   *   *


 


Já era tarde da noite, mas ela ainda estava acordada. Sentada à janela, sozinha, ela observava a lua cheia boiar no céu, lançando seus raios prateados em sua direção. De repente, ela avistou um pássaro, no início pequeno como um sabiá, mas depois crescendo até tomar a forma de uma coruja, que planou suavemente nos últimos metros e pousou ao lado de Nicole. Havia uma carta em uma de suas patas.


-“Finalmente, alguma notícia!” – murmurou ela, enquanto pegava o envelope.


Porém, ao ver o símbolo estampado no verso, ela decepcionou-se. Atirando o envelope ainda fechado na escrivaninha, ela desceu da janela, fechou as cortinas e sentou-se em frente à penteadeira. A coruja já tinha partido, voando pelos céus de Porto Alegre.


 Está tudo muito lento, - pensava ela, enquanto penteava os longos cabelos, negros como uma noite sem luar – eu já deveria ter recebido notícias há muito tempo! Preciso descobrir o que está havendo!


Levantou-se e foi até a cama. Ao passar em frente a escrivaninha, lançou mais um olhar à carta. Virado para cima estava um símbolo emoldurado em azul marinho, com um sol dourado no meio, uma meia lua prateada à direta e uma estrela de seis pontas à esquerda – o símbolo da Escola de Magia e Bruxaria de Amgis.


Ainda vou descobrir os mistérios desses símbolos!


 Com esse pensamento, deito-se e dormiu um sono sem sonhos.


 


 


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