O vazio que a inocência deixar



Disclaimer: Todas as personagens pertencem a JK Rowling e seus parceiros comerciais. Nenhum lucro foi auferido com a publicação desta fic.

Oi pessoal!! Mil desculpas pela demora na publicação deste capítulo, mas originalmente este capítulo possuía 15 páginas no Word... Por isso ele teve que ser editado e betado com a ajuda da maravilhosa MaSnape que fez isso em uma velocidade incrível!!! Obrigada linda!

Gostaria de agradecer as fiéis leitoras desta fic... Chriscia J. Prince (esse cap vai especialmente p/ você Vampirinha), Lety Snape, Thayz Phoênix e Rosy SS! Tenho que agradecer também as novas leitoras que comentaram (Oba!!!!!!!!!) Pathy Potter, Uli Kelly Black Diamond, Carla Rosa, feiticeira e Morgana Flamel! E se eu esqueci de alguém pode mandar puxão de orelha que eu coloco no próximo.

Então divirtam-se!!!

6º Capítulo – O vazio que a inocência deixara

Quando chegou a lareira de seu escritório, Hermione perdeu o equilíbrio e foi de encontro ao chão. Um único pensamento, fazendo sua cabeça girar mais que a viagem pela rede flu. - Ele sabe! Rony sabe de tudo! - Ela sentiu o desespero invadindo seu peito quando se levantou e rumou até sua escrivaninha.

Uma dor aguda em seu coração tirou-lhe o fôlego, a expressão no rosto de Rony, que ela tanto amava, a fez sentir os olhos queimando. Hermione demorou um minuto para identificar a sensação: era vontade de chorar. A última vez que ela quisera, e derramara, lágrimas tão amargas como aquelas que agora pediam passagem por seus olhos, ela estava escondida no armário que agora ficava ao lado de sua sala, pensando que Severo estivesse morto.

Retirando mecanicamente a capa de viagem, jogou-se na poltrona negra atrás da mesa e tentou recuperar o fôlego.

- Mas como ele poderia saber? É impossível. – pensou ela – Deixe de ser histérica. Ele só estava decepcionado por você passar duas noites seguidas trabalhando. É... é isso! – esse pensamento a acalmou um pouco. Mas no fundo de sua mente a frase de Rony ainda ecoava: “Hoje você vai ser somente minha”.

- Será que ele descobriu...? – murmurou ela para o vazio à sua frente, com os olhos vidrados. – Não, não, não é possível – e sacudiu a cabeça tentando espantar aqueles pensamentos e aquelas lágrimas. – Ele nunca entenderia....

Respirou profundamente, abriu uma das gavetas da escrivaninha de mogno e retirou uma pasta verde. Leu o conteúdo do arquivo com muita atenção, afastando os pensamentos sobre Rony de sua mente. Terminou a leitura, fechou a pasta e saiu do consultório.

Caminhou calmamente por um longo corredor claro passando por uma bruxa-recepcionista sonolenta que a cumprimentou com um aceno vagaroso de cabeça e estacou um momento diante de uma porta com um letreiro que dizia: Hospital St. Mungus para Doenças e Acidentes Mágicos - Enfermaria Dai Llewellyn para Acidentes “Perigosos”: Mordidas Graves e logo abaixo, em uma moldura de latão: Curandeiro Responsável: Hermione J. G. Weasley. Curandeiro Estagiário: Hipócrates A. Pye.

Mas dessa vez ela não experimentou a pequena pontadinha de orgulho no coração que sempre sentia quando lia aquele letreiro. Sentiu, sim, uma grande responsabilidade que se abatia sobre suas costas, como uma carga muito pesada.

Abriu silenciosamente a porta e se viu em um vasto aposento, amplamente iluminado pelos característicos lustres de bolha do hospital, onde havia várias camas separadas umas das outras por alvíssimas cortinas.

Encaminhou-se ao último leito, situado na extremidade direita da enfermaria, e puxou o cortinado. Hermione sentiu seu coração contrair-se de pesar. Na cama daquele cubículo repousava Luna Longbotton, os longos cabelos loiros espalhados pelo travesseiro, o braço esquerdo enfaixado do pulso ao cotovelo, a respiração difícil e entrecortada.

A curandeira sentou-se na cadeira ao lado da cama e tomou nas suas as mãos de Luna. Estavam geladas. E agora mais de perto ela pode ver que uma fina camada de suor recobria o rosto, se é que isso era possível, ainda mais pálido da amiga. Ela parecia alguém adormecido que estivesse tendo um pesadelo.

Um bolo salgado, mistura de lágrimas não derramadas e impotência, bloqueou-lhe a garganta. Hermione então fechou os olhos, levou uma das mãos, num gesto mecânico, a um broche com uma feia pedra negra que adornava seu uniforme, tentando transmitir a mulher no leito alguma força através do contato que mantinham, imergindo naquela sensação desesperadora que sempre sentia ao lutar batalhas que pareciam perdidas:

- Não desista agora, por favor! Não agora que você conseguiu realizar seu maior sonho!

FLASHBACK – INÍCIO

Era um fim de tarde de junho, mas mesmo a brisa noturna que começava a soprar, não abrandava o calor que invadira Hogwarts naquele ano após a guerra. Ou talvez as pessoas acostumadas ao frio criado pela proliferação dos dementadores no ano passado simplesmente não se lembrassem do verão.

Hermione andava pelos corredores da escola sem a costumeira capa do uniforme, e ainda assim suava em abundância. A menina carregava uma pilha que parecia conter pelo menos uma dúzia dos maiores, mais velhos e mais mofados livros da biblioteca.

A garota seguia devagar pelos corredores silenciosos e desertos, absorta em considerações sobre os NIEM’s que se aproximavam, quando ao passar por uma porta entreaberta um clarão amarelado iluminou repentinamente a sombria passagem. Os livros foram ao chão, a mão sacou a varinha na velocidade de um pensamento, o suor aumentando fazendo a blusa branca do uniforme colar-se ao corpo. Por um instante perdido no tempo ela estava novamente na batalha final, tornando-se uma assassina na maldita guerra que nunca tinha fim.

Uma voz a chamou tentando trazê-la a realidade. Uma pequena fração de seu cérebro registrou dois vultos a sua direita, mas o foco ainda era porta de onde viera o clarão. A voz insistente despertou algo em seus pensamentos: aquela era a sala do clube de duelos que se tornara parte integrante e permanente das atividades extracurriculares de Hogwarts. Não era uma guerra. Era só um treinamento acadêmico.

Aos poucos, Hermione voltou a si e virou-se em direção a voz:

- Srta Granger, o que houve?

E ela viu a diretora Minerva McGonagall, que lhe chamara, vindo apressadamente em sua direção com uma expressão muita preocupada, seguida de perto pelo vice-diretor Severo Snape.

- Não foi nada. Er... Eu só me assustei com um feitiço que ricocheteou. – respondeu a estudante, enrubescendo, enquanto se abaixava para recolher os livros espalhados pelo piso de pedra.

Snape se aproximou da sala e olhou atentamente o interior por um momento, fechando cuidadosamente a porta virou-se para a menina com uma expressão intrigada e preocupada na face. Hermione sentiu-se nua debaixo daquele olhar avaliativo que o professor lhe dirigia.

A Professora McGonagall dizia alguma coisa que a garota, por mais que se esforçasse, não conseguia entender. Ela estava presa ao chão, presa aos olhos negros e profundos de Severo que vasculhavam seu íntimo. Ela não se sentia nua agora. Ela se sentia sem pele, como se o homem pudesse ver tudo que se passava dentro dela. Ele não estava usando legilimência, no entanto ele sabia que nenhum feitiço ricocheteara. Hermione pode ver quando os olhos do professor se toldaram, algo como se uma janela por trás deles se fechasse, e uma expressão de amarga e total compreensão tomou-lhe o rosto pálido.

- Por Merlin!!! Hermione onde andas com a cabeça? – resmungou Minerva, já um tanto impaciente.

- Desculpe professora, tenho estado muito preocupada com os NIEM’s e isso tem me deixado um pouco distraída – respondeu o mais displicentemente que pôde, mas sem retirar os olhos de Snape.

Só o terror conseguiu conter os tremores que Hermione sentia percorrer-lhe a espinha. Porque justo ele. Como ele descobrira? Como ele a compreendera? Ela podia ver a pergunta estampada no rosto dele. O que ele faria agora?

- A Srta não precisa se preocupar com isso. É a aluna mais bem preparada de toda a escola! Agora vá para a torre da Grifinória e descanse um pouco. – ordenou Minerva – E Severo, por favor, diga a esses... esses... cabeças-ocas... – disse a professora apontando para a porta – que tomem mais cuidado!

Hermione aproveitou a distração da diretora e saiu apressada em direção ao salão comunal da Grifinória, sentindo que os olhos do professor de poções a seguiam.

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Naquela noite Severo não pôde dormir. Ficou dando voltas e mais voltas por seu escritório, a capa farfalhando atrás de si. Ele não podia esquecer o olhar no rosto da garota. Vazio, perdido, baço. O mesmo olhar dos prisioneiros de Azkaban que ficavam muito tempo em contato com os dementadores.

- Hem hem! – ouviu Snape.

- Aprendeu com a Umbridge, foi? – gritou, irritado.

- É que eu estou aqui a quase meia hora e você nem se dignou a olhar para mim! O que te preocupa esta noite, Severo? – perguntou a voz que vinha da parede.

- Procurando alguma coisa, Alvo? – e a imagem contorceu as feições como se tivesse acabado de mastigar um feijãozinho sabor vômito.

O professor de poções olhou para imagem que ocupava o quadro de um grande dragão verde galês. Ultimamente a imagem do ex-diretor vinha visitá-lo com muita freqüência. Severo estampou no rosto seu melhor sorriso sarcástico:

- Desde quando você passou a adotar o lema de Moody sobre vigilância constante, hein? Achei que a sua filosofia era alguma coisa mais parecida com manipule e deixe viver! – perguntou num tom amargo.

- Não se aborreça com o passado, criança! O que importa é o presente e o que faremos dele! – disse o retrato com os olhos sempre brilhantes atrás dos óculos em formato de meia lua.

- Muito fácil para um quadro filosofar! O que acontece é que no passado lançamos as bases para esse presente e, como toda obra humana, elas são defeituosas. – e o brilho se apagou nos olhos de Dumbledore quando ouviu isso.

A voz do diretor saiu vacilante quando perguntou:

- Quem dessa vez?

- Hermione Granger.

O fantasma de um suspiro cansado veio do quadro:

- Eu nunca achei que alguma coisa poderia acontecer com ela. Coloquei-a ao lado de Harry para ser um porto seguro. – lamentou-se Alvo.

- E ela cumpriu muito bem o seu papel. – respondeu Snape.

- Mais uma inocência perdida.

- Ou seja, o mundo está, novamente, um passo mais próximo das Trevas. Sei, sei... – respondeu o professor com enfado.

- Você já sabe o que houve?

- Ainda não. – respondeu sem muita convicção. Mesmo depois de tudo ele ainda tinha dificuldades para mentir ao bruxo no retrato.

- Você acha que há algum perigo?

- Não. A esperança sempre persiste, em detrimento da lógica de se permanecer são. – respondeu Snape com um ar melancólico e os olhos febris – E ademais, eu tenho meus próprios planos para ajudá-la.

E dizendo isso girou sobre os calcanhares e dirigiu-se a sua escrivaninha, pegou papel e pena, mas antes de começar a escrever atalhou o quadro que fazia menção de falar:

- Sem interferências e sem apelos, Alvo! Você sabe que eu não desisto dos meus objetivos. – a voz do homem era dura e sem inflexão.

O rosto de Dumbledore se entristeceu e a imagem abandonou o quadro e o escritório onde o professor escrevia.

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Na manhã seguinte ao incidente defronte ao clube de duelos Hermione estava no salão comunal se preparando para descer e tomar seu café da manhã quando uma segundanista grifinória entrou muito nervosa pelo buraco do retrato e se dirigiu a ela estendendo um pergaminho e dizendo:

- Isto é para a senhorita.

Hermione examinou atentamente o bilhete cuidadosamente dobrado antes de perguntar:

- Quem mandou..? – mas a sua pergunta não obteve resposta, pois a menina que lhe entregara o pergaminho já desaparecia, correndo, pela escada que levava aos dormitórios.

Então com a curiosidade aguçada pelo estranho comportamento da garotinha, Hermione desdobrou o pergaminho e leu:

Prezada Srta Granger
Venho, através desta missiva, solicitar-lhe a honra de uma entrevista hoje, às dezenove horas, em meu escritório.
Atenciosamente,
Prof. Severo Snape
Vice-diretor da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts. Ordem de Merlin Primeira Classe. Presidente honorário da NOVA Ordem da Fênix. Membro da Sociedade dos Preparadores de Poções.


Era uma ordem, não um pedido. O que o professor diria a ela depois do incidente do dia anterior?

Hermione sentiu seu estômago congelar. Só foi arrancada de suas preocupações quando Rony e Harry a chamaram para descer com eles até o salão principal.

O restante do dia passou rapidamente para Hermione, numa confusão de medo e ansiedade. No horário informado na carta a garota dirigiu-se às masmorras e com as mãos trêmulas e suadas bateu na porta do escritório de Snape.

- Entre.

- Boa noite, professor. O senhor queria me ver? – disse a menina enquanto entrava e fechava a porta atrás de si.

- Sim senhorita. Por favor, sente-se

O homem que estava sentado na escrivaninha pousou a pena que usava para corrigir alguns trabalhos e a encarou. Snape perscrutou a face da estudante à sua frente. Parecia faltar algo nos olhos dela:

- Ou pior... – pensou ele, não podendo conter a expressão de surpresa que rapidamente surgiu e se dissipou em seu rosto. – Algo novo e perigoso parecia ter se instalado no vazio que a inocência deixara.

Hermione sentia-se cada vez mais nervosa com o exame que os olhos do professor faziam. O homem voltou a falar, depois de alguns momentos, com uma voz séria, firme e estranhamente carinhosa:

- O quê REALMENTE aconteceu ontem, Srta Granger? – a ênfase destruiu as esperanças que ela criara no decorrer do dia: de que fora chamada até ali para tratar de algum assunto acadêmico ou qualquer outra coisa. Mas o quanto ele sabia?

- Foi só um susto e a tensão por causa dos exames, senhor. Não foi nada sério. – respondeu a garota desviando os olhos para analisar atentamente seus próprios sapatos.

Snape voltou a observar a figura da menina vestida com o uniforme grifinório, sem a capa e o suéter devido ao calor sufocante daqueles primeiros dias de verão, tinha os ombros caídos e os olhos fixos no chão, mas ainda assim mantinha uma postura extremamente rígida na cadeira, como se o desafiasse a desmenti-la.

- Você não vai me dizer a verdade? – perguntou ele calmamente.

Hermione continuou imóvel. O professor levantou-se e contornou a mesa, postando-se atrás da cadeira que a garota ocupava, analisou atentamente algumas pequenas sombras, que podiam ser divisadas através do tecido fino da camisa branca de mangas longas, logo abaixo do ombro direito dela.
A estudante podia sentir o olhar do homem a examinando, como se ao invés dos olhos ele estivesse correndo as mãos por seu corpo. Quando ele se deteve em um ponto logo abaixo de seu ombro direito ela estremeceu e levantou a cabeça para encará-lo.

Quando a sentiu, mais do que viu, estremecer, Snape completou a volta ao redor da cadeira e postou-se no espaço entre esta e a mesa. Os olhos da garota miraram direto nos seus, com um lindo brilho, que para muitos, demonstraria sinceridade:

- Hermione eu sou um homem, não uma criança ou um velho cego de amor. Eu posso ver a sombra por trás de seus olhos. – disse ele, perigosamente sereno.

Nesse momento um brilho selvagem relampejou pelas íris castanhas da menina. O fulgor durou menos que um piscar de olhos, mas Snape notou e não pode deixar de erguer o lado esquerdo da boca num arremedo de sorriso triunfante.

Um movimento abrupto e um farfalhar enfático de tecido.

E Hermione sentiu uma dor aguda e um frio cortante quando suas costas bateram contra a parede de pedra. Ela não sabia como acontecera, mas agora ela estava prensada entre a parede e o corpo do professor, o antebraço do bruxo apertando seu pescoço, mantendo sua cabeça imóvel e impedindo-a de falar.

A respiração de Severo vinha em fortes haustos, o peito dele esmagando o seu a cada inspirar começava a deixá-la excitada, mas o brilho perigoso e maníaco nos abissais olhos negros a fazia temer.

- Srta Granger, eu me sentei à mesa da morte, ouvi os gritos de dor, senti o cheiro do medo e vi o sangue correr mais vezes do que a Srta viu o sol nascer sobre este mundo. – ele tomou fôlego e continuou – Portanto, eu vou lhe mostrar o que está acontecendo...

Snape afastou-se do corpo de Hermione, sem deixar de pressionar seu pescoço e mantê-la imóvel, dirigiu-lhe um olhar malicioso, quase divertido, antes de levar a mão livre ao decote de sua blusa:

- Última chance, Srta Granger – sussurrou ele em seu ouvido, enquanto seus dedos acariciavam gentilmente a curva de seus seios.

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Você está confusa? Curiosa? Mande um comentário e o próximo capítulo sai mais rápido. 
Beijos da Bella

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