CAPITULO VI



Raissa: a Mione tem lá o seus motivos... Não é totalmente pelo Harry...
mas deixa eu parar de contar e postar logo...

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Duas semanas depois, Harry não fizera nenhum progresso no sentido de entender Hermione desde a noite em que ela ordenara que ele saísse de sua casa. Mulheres eram realmente criaturas impossíveis. Ainda assim, sabia que perdera algo importante.
Mas o quê?
No fundo, sabia que desperdiçara muito de sua vida com companhias que não faziam crescer nem sua mente, nem seu espírito. Não estava preparado para lidar com Hermione.
Seu único consolo era vê-la saudável. O bebê estava crescendo rapidamente e através das fofocas do escritório, soubera que o obstetra estava satisfeito com o progresso da criança. Também ouvira que as colegas de trabalho de Hermione, Luna Weasley e Lilá Finnigan, estavam planejando um chá de bebê surpresa. Um evento que ele planejava comparecer, apenas pela chance de falar com ela.
Na manhã de quarta-feira, Harry dirigiu-se à sala de Hermione, com a costumeira caixa térmica na mão, e encontrou-a do lado de fora, olhando-o de cara feia.
— Soube que você tem vindo aqui cedinho para suprir a geladeira. Avisei-lhe que não queria isso.
— Mas não me custa nada.
Ela o fitou resignada.
— Tudo bem, mas, por favor, não deixe isso óbvio para todo mundo.
— Tenho sido discreto — disse ele, em tom amargo. Hermione abaixou os olhos.
— Sim, você tem. Obrigada.
Harry disse a si mesmo para ser paciente. Naquela última noite na casa dela, tocara novamente no assunto do casamento, sem dar-lhe tempo para considerar as vantagens. Deveria ter esperado, mas a relutância de Hermione em não deixá-lo assumir a paternidade o enfurecera, afastando seu melhor julgamento. Dessa vez, seria mais cuidadoso.
O edifício estava silencioso, uma vez que ainda era muito cedo. No entanto, Harry deu uma olhada pelo corredor para se assegurar que eles tinham privacidade.
— Nós não resolvemos nada ainda — ele afirmou, calmamente. — Você nem me contou como foi a consulta com o médico. Tive que descobrir através dos comentários dos funcionários, e isso não me agradou.
Hermione engoliu em seco e o olhou, sem respostas.
— Dou-lhe mais uma semana — disse Harry. — Para decidir como contar a seus amigos que sou o pai. Não podemos continuar desse jeito.
— Mas Harry...
— Por favor — murmurou ele. — Isso é importante para mim. Quando o sr. Dumbledore falou sobre você estar sozinha, senti-me... péssimo. — Era uma coisa difícil de admitir e ele cerrou os dentes.
— Não há necessidade disso. Não é esperado que você faça nada.
— Eu espero poder fazer.
Por um longo momento, Harry não conseguiu ler nada na expressão triste de Hermione. Então ela assentiu.
— Certo. Vou pensar sobre isso.
— É tão terrível assim eu fazer parte da sua vida? — perguntou ele, esperando entender. — Não sou um homem cruel. Daria a você e à criança tudo que quisessem. Se estiver questionando a minha fidelidade, prometo que nunca terá um motivo para desconfiar de mim. Votos de casamento são sagrados em minha família.
Subitamente, Harry viu lágrimas encherem os olhos cor de mel.
— Responsabilidade e obrigação não bastam para fazer um casamento dar certo. E não são suficientes para ser pai. Eu sei disso — sussurrou ela.
Ele queria abraçá-la e beijar as lágrimas que desciam, mas sabia que ela não lhe daria o direito a tal atitude. Ultimamente não tinha direito algum sobre Hermione e aquilo o estava enlouquecendo. Neville o encorajara a entrar com um pedido legal, mas ele não queria estressá-la com um processo. Seu único recurso era confiar no bom senso de Hermione.
Na noite anterior, Harry havia ligado para o palácio em Hasan, sabendo que teria que dar logo a notícia à família. Quando o mordomo atendeu, ele chamou por sua irmã. De toda a família, Fátima era a mais racional. Possuía uma mente de cientista e não cedia impulsivamente às emoções.
— Harry... querido! Mamãe ficará desapontada, ela está no centro de caridade. E papai está em reunião com vovô.
Ele sorriu, seu primeiro sorriso verdadeiro das últimas duas semanas.
— É com você que quero falar. Tenho uma coisa para lhe contar.
— O quê?
— Eu... lembra-se que lhe contei sobre Hermione Granger, a mulher que conheci em junho?
— Sim, muito bem por sinal. Você nunca tinha falado de nenhuma de suas mulheres antes — A voz da irmã estava cheia de interesse.
— Ela não é uma de minhas mulheres.
Ele não queria que sua família pensasse que Hermione era como as mulheres com quem casualmente saíra através dos anos. Desde o começo, ela fora diferente, embora estivesse tentando negar para si mesmo.
Houve um curto silêncio.
— Lembro-me de que você falou entusiasmado sobre a srta. Granger. Ela parecia encantadora.
Harry respirou fundo. Ficara obcecado por Hermione após o retorno para Hasan, motivo pelo qual acabara conversado sobre ela com Fátima.
— Fátima, Hermione está grávida — desta vez, o silêncio foi maior. Até que ele acrescentou: — Eu sou o pai.
— Não acredito! Ela escondeu isso de você?
Fátima parecia ultrajada e Harry apertou o telefone na mão. Decidira não revelar a armadilha de Hermione, mas isso não era para salvar seu orgulho. Queria que os seus a abraçassem como parte da família, e cientes de que ela deliberadamente o enganara, seria mais difícil.
— Hermione sabia como eu me sentia sobre casar e ter filhos. Pensou que eu não fosse querer saber da criança. — Isso não era uma mentira, apenas não a verdade completa.
— Então ela não o conhece.
— Ela nem sempre conheceu homens honrados, Fátima. Foi magoada e acreditou que eu agiria como os outros.
— Quando vocês vão se casar?
Harry recuou.
— Ainda não a convenci... Ela é muito independente. Verdadeiramente americana, em todos os sentidos.
— Você lhe propôs casamento e a resposta foi não? — Fátima riu. — Quero conhecer essa americana forte. Ela deve ser maravilhosa.
— Maravilhosa? Ela se recusa a casar-se comigo — disse ele, exasperado. — E está convencida de que não a quero porque está gorda por causa da criança.
— E isso é verdade?
Uma visão das curvas perfeitas de Hermione veio à sua mente e ele reprimiu um gemido.
— Não — respondeu ele. — Eu a desejo muito.
— Você a ama?
— Amor não tem nada a ver com isso. Ela está carregando uma criança minha. E deve tornar-se minha esposa.
— Que romântico!
Harry deu uma olhada para a parede oposta. Suspeitara que suas irmãs ficariam do lado de Hermione. Mulheres eram mulheres, provavelmente ficariam do lado de Hermione até mesmo se soubessem a verdade.
— Ela concordou que nossos pais visitem a criança quando nascer. Estou certo de que no futuro, ela verá que o melhor caminho é o casamento.
— A criança? — perguntou a irmã. — Você disse isso mais de uma vez.
— O que isso tem a ver?
— Nada... apenas não parece muito pessoal. Ele fez uma careta.
— Sou o pai da criança. Isso já é pessoal o bastante. Conte a nossos pais o que está acontecendo, mas tente mantê-los em Hasan. Já estou com problemas demais sem a interferência deles. Diga-lhes que ligarei quando tiver mais novidades.
Após despedir-se, Harry franziu o cenho pensativo, tentando decidir onde as coisas tinham se destruído entre ele e Hermione. O comentário de Fátima ecoou no fundo da mente. Será que ela tinha razão?
O problema era que precisava passar mais tempo com Hermione e descobrir cada resposta verdadeira. Ela teria que parar de evitá-lo. Ele quisera demonstrar que não era manipulador, mas agora bastava.

Hermione saiu do prédio do escritório e inalou o ar gelado do céu de janeiro. Tirara a tarde de folga no trabalho para compras, agora que o bebê estava indo tão bem.
— Olá, Hermione.
A voz grave de Harry nem mesmo a assustou e ela o observou descendo de seu carro, estacionado junto à calçada. Sentia-se muito confusa sobre ele. Por um lado, sabia que era um dominador, um homem autoritário que não devia fazer parte da vida de sua filha.
Mas por outro... sentia falta das palavras de afeto em francês e do calor especial daqueles olhos.
— Onde você está indo? — murmurou ele.
— Às compras.
— Ah... então vai precisar de um braço forte. Permita-me acompanhá-la. — Ele gesticulou para o Mercedes e esperou com um sorriso desafiador no rosto.
Hermione sabia que com Harry por perto seria difícil comprar alguma coisa, pois seria teimoso e iria interferir, mas achou melhor não discutir.
Enquanto se dirigiam para o shopping, ela sugeriu que Harry falasse sobre as pessoas do escritório e o que pensava sobre Chicago. Estava quente no carro e Hermione baixou a guarda. Quando queria, Harry Potter era uma companhia charmosa, engraçada e inteligente. Em poucos minutos, ele a fizera rir sobre o súbito confronto de desejos que notara entre Neville Longbottom e Ginny Stewart.
— A sra. Steward é uma ótima assistente administrativa — disse Harry. — Neville é afortunado por tê-la.
— Sim, ele é — concordou Hermione, descontraída.
Harry parou no estacionamento e deu a volta no carro para ajudá-la a descer. Hermione aceitou agradecida. O bebê crescera tão rápido que a deixara mais desajeitada do que o normal.
Uma vez dentro do shopping, ela tirou o casaco.
— Você vai ficar doente — protestou Harry.
— Não sabe como é a gravidez — murmurou ela. — Ando sentindo muito calor.
— Humm — ele pegou o casaco dela e pendurou-o no braço junto com o seu. — Você se sente muito desconfortável com os chutes e essas coisas?
Hermione não podia dizer se ele estava realmente interessado ou apenas fazendo o papel de pai responsável pela criança. Nossa, detestava quando ele se referia à filha daquela maneira. Tentara acreditar que aquilo não significava nada, mas havia muitas dúvidas... e uma grande probabilidade de sua filha vir a sofrer.
E uma coisa era certa, Harry não iria embora. Cumpriria sua obrigação, independente de quanto lhe custasse.
— Não me incomoda — disse ela. — Cada vez que ela chuta, recordo-me que está viva e saudável.
— O que o médico disse sobre o peso da criança? Hermione suspirou.
— Que está crescendo. Mais uma ou duas semanas e estará no peso aceitável. Tenho comido constantemente, e dormido melhor, o que ajuda.
— Fico feliz com isso.
A quinta loja que eles visitaram estava cheia de brinquedos e mobília para quarto de bebê. Com alegria, Hermione tocou um móbile pendurado sobre um dos berços. As peças eram gatos de madeira pintados a mão, os rabos balançando no ar.
— Você gosta deste? Mandarei embrulhar para você — Harry se moveu para a balconista e Hermione fechou a expressão.
— É bonito, mas só estou olhando — disse ela, afastando-se do berço.
A vendedora apareceu, sorrindo.
— Para quando é, madame?
— Por volta de seis semanas.
— Está procurando algo em particular? — Hermione meneou a cabeça. — Para ser honesta, ainda não comprei nada. Eu estava... esperando.
— Esperando? — A outra mulher pareceu curiosa, mas antes que falasse mais alguma coisa, Harry pigarreou.
— Estamos apenas olhando — disse ele em tom que finalizava a continuidade da conversa.
— Claro, senhor. Estarei por perto se precisarem de mim. Hermione queria protestar contra a interferência de Harry, mas ele a poupara de ter que dar uma explicação embaraçosa.
— Todo mundo faz aquilo que você diz? — perguntou ela quando saíram da loja em direção à outra. — Um membro de uma família real fala e a massa ouve?
— Quase todo mundo, exceto uma americana que não ouve a voz da razão — replicou Harry, o bom humor brilhando nos olhos escuros. — Ela é muito teimosa.
— Talvez ela seja apenas inteligente.
— Ela é inteligente... e bonita. Até mesmo quando está sendo obstinada.
Hermione sorriu e pôs a mão sobre o ventre. O bebê estava se mexendo preguiçosamente. Era uma sensação de paz e bem-estar.
— Posso tocar? — perguntou Harry, assistindo os movimentos abaixo dos dedos dela.
Mais que qualquer coisa, Hermione queria alguém para compartilhar momentos como aquele, mas não achava que Harry fosse a pessoa certa. Era o bebê dele, lembrou-se então.
— O que acontece, Hermione? Por que você reluta tanto em deixar que eu me envolva na vida da criança?
— Você não vê? — perguntou ela com os olhos mareados. — Não é culpa sua... Você nunca quis ser pai, tanto que não pode nem mesmo dizer meu bebê ou nossa filha. Para você, ela é apenas a criança. Ela será uma menininha sensível, que verá suas amiguinhas com pais que as adoram e se perguntará por que há uma parede entre você e ela. E acredite-me, ela se culpará por isso.
Ela se culpará por isso.
Subitamente, ele visualizou Hermione criança. Uma garotinha doce e cheia de energia, amando com todo seu coração, e certa que falhara com seu pai de alguma forma terrível.
— Não sou como ele — replicou Harry, rudemente. Hermione o encarou.
— Como quem?
— Como seu pai.
— Não estou falando sobre ele.
— Está, sim. Você acha que eu seria como ele, capaz de ferir a... nossa filha.
— Você não fará isso de propósito, mas vai magoá-la da mesma forma. Crianças sabem a diferença entre obrigação e amor, e você não a ama. Depois do que eu fiz, não acho que você possa amá-la. Você nos culpará por ter mudado sua vida.
Harry coçou o queixo, pensativo, Hermione não se perdoara por tê-lo enganado, então achava que ele também não poderia perdoá-la. Era verdade que resistira a se casar e a ter filhos, mas aquilo não significava que não pudesse mudar. Ela fora a mais doce amante que tivera e logo daria à luz um filho seu. Se tivesse alguma chance de felicidade com uma mulher, essa mulher era Hermione.
— Hermione — sussurrou ele. Eles estavam numa esquina do shopping e ele a deteve, segurando-lhe o rosto entre as mãos. — Meus sentimentos por você não mudaram. Desejo-a como nunca desejei nenhuma mulher.
— Você mudou.
— Como pode saber?
— Eu sei — ela levantou os olhos e Harry sofreu com a dor que viu. — Usar palavras de afeto em francês é seu jeito de expressar-se com pessoas que você gosta, e nunca mais me disse uma única palavra em francês desde que tomou consciência do bebê.
— Você ordenou que eu não o fizesse.
— Desde quando você obedece ordens? — retorquiu ela. Harry respirou fundo.
— Não freqüentemente, mas não queria pressioná-la. Admito que o bebê... nosso bebê, foi um choque. O que pensei que fosse verdadeiro sobre o nosso caso, não era. Você se recusou a me deixar aproximar e negou minha obrigação de ajudá-la.
— A paixão foi real — sussurrou ela. — Washington foi real. Mas você me assusta. É muito intenso, até mesmo na cama você precisa ter o controle.
— Não, eu... — com um esforço, Harry engoliu o restante da frase.
Seria verdade?
Podia protestar sobre a influência de sua criação real, mas honestamente, poderia negar que estava acostumado a fazer as coisas do seu jeito? Será que se transformara num arrogante dominador, como Hermione afirmava? O pensamento era detestável. Seu pai costumava dizer que não era o poder que fazia um homem, mas sim o respeito ao próximo.
Agora Harry entendia a lição do pai. Um homem pode ter seu orgulho, mas isso não significa nada se ele fere o orgulho dos outros.
— Hermione — começou ele, calmamente. —Tenho muito que pensar sobre isso. Você quer o melhor para nossa filha, e eu também. Mas está certa quando diz que tenho problemas em vê-la como uma pessoa real. Talvez porque eu nunca tenha passado muito tempo com crianças.
— Então qual é a resposta?
— Esta. Começar — Harry tirou a mão de Hermione de cima do ventre e pousou a sua sobre a suave protuberância que protegia sua filha. O vigoroso movimento do bebê despertou emoções nele. Orgulho. Alívio pelos movimentos saudáveis... medo do corpo de uma mulher de uma maneira que ele nunca sentira antes.
— Harry?
— Ensine-me — pediu ele. — Esta é a resposta. Ensine-me o amor que você tem por este bebê. Ajude-me a ser o pai que você quer para ela. Juro por tudo que há de mais sagrado que não vou desapontá-la.
Hermione prendeu a respiração, desejando acreditar em Harry. Ele era um homem decente. Soubera daquilo desde o princípio, ou então não teria ido para cama com ele. Mas ele poderia mudar tanto assim? O bastante para ser um verdadeiro pai?
Talvez.
Talvez não.
Mas ele não iria afastar-se, então aquela era sua única esperança.

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Continua...
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Bjus...

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