CAPITULO IV



Esse vai especialmente para a Raissa...
q bom q gostou...
vlw o comentário...
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Hermione achava que não tinha mais lágrimas para chorar, mas seus olhos ficaram inundados. Nunca pretendera machucar Harry ou mudar a vida dele, apenas queria tanto um bebê que não pensara em como ele se sentiria.
— Entre — disse ela, dando um passo para trás.
Quando entraram na sala de estar, Hermione apressou-se para o sofá a fim de recolher os lenços de papel usados, jogados no chão. Gastara uma caixa e parecia que um vendaval havia passado por ali.
— Não se preocupe com isso — murmurou ele.
— Só demorará um minuto.
Ela nem mesmo o viu sair da sala até que ele voltou, segurando um copo.
— Beba um pouco de leite em vez de ficar se incomodando em recolher as coisas — disse ele irritado. — Você jantou?
— Sim, um pouco. — Hermione pegou o leite e se sentou na beirada da cadeira. O gesto dele fora terno e preocupado, algo que ela não merecia após tê-lo colocado naquela cilada.
— Qual é o grau de risco da sua gravidez? Ela suspirou.
— O médico está preocupado, mas diz que o bebê é saudável e que tudo deverá sair bem se eu ganhar peso. Ele está me acompanhando de perto.
— E como ele sabe que a criança é saudável?
— Pelos ultra-sons. Eu fiz diversos, inclusive um na semana passada. Ele... ele disse que é uma menina.
Harry assentiu. Hermione estava usando um vestido de malha que moldava seu corpo, revelando o que os suéteres pesados e blusas largas escondiam. A estrutura magra e atlética acomodava melhor o bebê do que a da maioria das mulheres.
A filha seria linda, como ela, mas ele não conseguia visualizá-la. Parecia irreal, inesperada. Ao ir para Chicago, esperara compartilhar com Hermione algo completam ente diferente de um bebê.
— Você disse que teve razões para fazer o que fez. Ajude-me a entender.
Hermione sorriu e deu um gole no leite antes de responder:
— Você já ouviu falar em endometriose?
— É um problema feminino, não é?
— Sim. Sempre tive períodos menstruais muito dolorosos, mas cresci sem mãe e não podia conversar sobre isso com meu pai. Pelo menos, não muito. Ele achava que eu... — Ela parou e deu de ombros.
— Que você...
— Que eu reclamava demais. Que não era forte o bastante. Os olhos de Harry escureceram.
— Realmente não gosto do seu pai, Hermione. Ele não merece ter uma filha como você.
Aquele era um comentário gentil, especialmente depois que ela o enganara para engravidar.
— Bem, simplesmente aprendi a conviver com a dor e aceitá-la. Então, em junho, fiz alguns exames e o ginecologista diagnosticou endometriose. Ele afirmou que ter um filho logo, e não mais tarde, poderia aliviar os sintomas. Mas não era só isso que me preocupava. Sabe... endometriose pode causar infertilidade.
Harry resmungou alguma coisa num idioma que parecia árabe. A entonação não era agradável, e Hermione duvidou que quisesse saber o significado.
Quando tomou o restante do leite, esperou pelo habitual enjôo, mas, milagrosamente, a náusea não aconteceu.
— Sempre quis ter filhos — sussurrou ela, rezando para que ele entendesse. — Então, de repente não havia mais tempo e parecia que minha vida estava fora de controle.
— Então você decidiu reassumir o controle, seduzindo um homem e engravidando. — O tom dele estava calmo de novo, mas ela sabia que ele devia estar furioso.
— Na verdade, não precisei seduzir você — disse Hermione, ironicamente. Sentia-se terrível pelo que fizera, mas acreditava na sinceridade. Na verdade, teria tido problemas para resistir a Harry. Ela sorrira, mostrara interesse e ele a perseguira com uma determinação impressionante. Não que ela tivesse resistido, ele era perfeito demais para ser o pai de seu filho.
Pelo sorriso relutante de Harry, Hermione sabia que ele estava pensando a mesma coisa.
— Você me fascinou. Já conheci muitas mulheres, mas nenhuma como você.
— Não tenho certeza de que isso seja um elogio.
— Ah, mas é. Você tem uma dignidade especial, embora isso não possa esconder o fogo interior. Você sentiu alguma coisa quando estávamos juntos?
— Se você está perguntando se fingi minha resposta na cama, certamente não — respondeu Hermione. — Que tipo de mulher acha que sou?
— É isso que eu estou tentado determinar. Ela engasgou, lembrando-se de que era Harry a parte prejudicada, não ela. No mínimo, ele merecia entender.
— Harry, eu ainda estava chocada quando fui para aquele congresso — explicou ela. — Fazia apenas poucos dias que eu havia ido ao médico e não conseguia pensar em mais nada. Sei que isso não é uma boa desculpa, mas quando nos conhecemos, aquilo me pareceu como uma resposta às minhas preces. Você era bonito e forte e eu sabia que faria um lindo bebê.
Ela não tinha certeza, mas pensou ter visto um certo rubor nas faces dele. Aquilo era sincero. Harry era o homem mais atraente que já conhecera, com feições esculpidas e sensuais que enfraqueciam a força de vontade de uma mulher. O modo de ele andar, o calor dos olhos... Tudo sobre ele era lindo e especial.
Ele pigarreou.
— Para melhorar, eu vivia fora do país, então havia pouca chance de que eu descobrisse o que você tinha feito.
Hermione colocou o copo na mesinha de centro. Estava muito confusa. Sua vida tornara-se uma grande confusão. E o pior, se perdesse o bebê, todo o sofrimento teria sido inútil.
Não. Aquilo não iria acontecer.
Uma voraz determinação fez Hermione erguer o queixo. Se fosse possível fazer sua menininha crescer forte e saudável por suprema força de vontade, então ela faria isso acontecer. Com o pensamento, pegou o copo de novo e se levantou, murmurando que precisava de mais leite.
— Hermione...
Harry seguiu-a para a cozinha. Pela segurança da gravidez, estava feliz por ela estar bebendo leite, mas ainda não sabia como se sentia sobre a relação deles. O desejo de uma mulher de conceber e criar um filho era uma força biológica poderosa. Suas irmãs indubitavelmente entenderiam e defenderiam Hermione.
Até ele entendia. A dor na expressão dela o destruía também, então como poderia condená-la?
Não estou pronto para ser pai, gritou seu ego, a parte que não estava feliz pelas conseqüências das ações...
Entretanto aquilo era um fato consumado.
As emoções não poderiam ser ignoradas, mas Harry tentou deixá-las de lado. No final das contas, aquilo não importava. Era responsabilidade dele assegurar que seu filho estivesse seguro e protegido, o que também significava proteger a mãe da criança.
— Você devo descansar mais — murmurou ele.
— Estou descansando bastante.
— Talvez, mas certamente ficar na cama pelos próximos dois meses seria melhor para a criança.
Hermione meneou a cabeça.
— O médico não acha necessário. De qualquer forma, não quero usar o período de licença maternidade muito antes. Preferiria sair depois do nascimento do bebê.
— Se é uma questão de dinheiro, eu...
— Não. — Ela o olhou com raiva. — Não quero um centavo seu. E não é uma questão de dinheiro. Enquanto isso não prejudicar minha gravidez, vou continuar trabalhando.
— Não é tão simples assim.
— Olhe, lamento o que fiz, mais do que posso expressar. E não lhe pedirei nada. Você não precisa ser um pai para este bebê, ou pensar que tem que nos sustentar. Ganho um bom salário na Corporação Neville Longbottom e sou independente.
Independente não era exatamente a palavra que Harry teria escolhido. Teimosa e irracional eram mais apropriadas, mas ele bem sabia que não deveria dizer uma coisa daquelas.
— Eu sou o pai da criança.
— Você sabe o que eu quis dizer.
— Não realmente. Talvez você devesse explicar, assim ambos poderíamos entender.
Hermione se serviu de outro copo de leite e o bebeu antes de responder.
— O que eu quis dizer é que... você não precisa ser papai. Não tem que gastar seu tempo com o bebê ou assumi-la como sua filha. Ninguém precisa saber. Tenho certeza que Neville não dirá nada, a menos que nós digamos alguma coisa primeiro, e não falarei sobre isso.
— Não é tão simples assim — protestou Harry. — Sou responsável pela criança, quer você concorde ou não.
— Isso não é o que eu queria.
— O que você queria, é insignificante agora. Não estou feliz com as circunstâncias, embora entenda por que você achou que isso era tão importante. Mas você está carregando um filho meu, Hermione. Não posso dar as costas a nenhum de vocês dois. Minha consciência não permitirá.
— Sua consciência? Harry, estamos no século vinte e um. Eu o estou liberando da responsabilidade. Você acha que sou incapaz de cuidar de meu próprio filho?
— Claro que não. — A idéia era absurda. A força de Hermione era uma das coisas que mais o fascinava. — Mas isso não significa que estou absolvido de minha responsabilidade.
— Isso é inacreditavelmente antiquado! — Hermione exclamou.
— Talvez, mas é assim que fui criado. Estive pensando, e a única solução é nos casarmos.
— O quê?
Ele obviamente a chocara. Entretanto, era a única solução. Não poderia cuidar apropriadamente delas do lado de fora de um casamento. Pelo menos sua mãe ficaria agradecida, pensou Harry com humor negro. Ter finalmente casado um de seus filhos e um neto a caminho, deliciaria Lily Potter. Claro, ele não revelaria tudo para sua família... apenas que haviam tido um caso e uma criança fora o resultado.
— Nós devemos nos casar, Hermione.
Ela engasgou e tentou pensar numa maneira educada de dizer não. Devia isso a ele.
— Telefonarei para meus pais esta noite. Eles vão querer vir para a cerimônia — adicionou Harry.
— Não — ela não ia se casar com ele.
— Você não gostaria de conhecer meus pais?
— Não... quero dizer, sim, claro que seria um prazer conhecê-los. Mas nós não vamos nos casar.
Ela levantou uma sobrancelha. Em alguns homens, aquilo teria sido uma inquisição, mas em Harry, era um enunciado de pura arrogância. Num único gesto ele a estava informando o quanto a achava tola e ilógica.
Era ele que não estava raciocinando. Se estivesse, perceberia que casar-se com ela poderia dar fim a qualquer esperança de ele de ter um filho homem. Ela explicara sobre sua condição de saúde, que aquilo poderia levá-la à infertilidade. Harry dissera que não havia nascido para ser pai de família, mas poderia mudar de idéia. Homens mudavam, particularmente quando se tratava de ter filhos homens. Ela não pretendia passar a vida com alguém que se ressentisse dela e de sua filha.
— Não estamos em Hasan — disse Hermione, tentando não perder a calma. — Você não pode me obrigar a casar. Aqui é a América, e mulheres têm bebês sozinhas o tempo todo.
— Não se elas têm a chance de ter um marido que cuidará delas.
Homens!
— Você pode alardear que Hasan é liberal, mas a evidência prova o contrário — murmurou ela. — Grávidas ou não, mulheres não precisam de um homem para cuidar delas. Um século atrás, talvez, mas não nos dias de hoje.
— Você está deliberadamente entendendo mal...
— Qual parte não entendi?
A exasperação de Harry era evidente.
— Nosso casamento...
— Não haverá casamento.
Respirando fundo, Hermione apalpou a região dolorida nas costas, perto dos quadris. Apesar de não ter ganhado muito peso para uma gravidez de sete meses, sentia-se desconfortável com alguns quilos a mais.
— Por favor, Harry, esqueça isso. Aprecio sua preocupação, mas preciso fazer isso por mim mesma. Somos muito diferentes para fazer um casamento dar certo e estou me sentindo cansada de discutir a esse respeito.
Apesar de não estar convencido, ele concordou.
— E melhor você descansar. Conversaremos mais tarde. Precisa de algo antes que eu vá embora?
— Apenas de uma boa noite de sono.
— Muito bem. — Ele se aproximou, encarando-a. — Isso não está finalizado, Hermione. Em parte, você está certa sobre as diferenças entre nós. Posso não ter escolhido ser pai, mas serei o pai desta criança, entenda você ou não. Responsabilidade familiar não é algo que eu possa abandonar.
Hermione sabia que devia se sentir ameaçada, mas não se sentiu.
De outro homem qualquer, teria se preocupado sobre a batalha de custódia. Haveria provavelmente testes de DNA, discussões legais e muito dinheiro enchendo bolsos de advogados.
Mas não com Harry.
Aquilo lhe fazia sentir ainda pior.
— Que olhos tristes — sussurrou ele. Harry segurou o rosto dela e trilhou delicadamente uma das faces com um dedo. — Não pense mais sobre isso hoje. Tudo vai dar certo.
A respiração dele aqueceu a pele de Hermione quando ele se aproximou ainda mais e ela fechou os olhos. Podia reconhecer o caráter dele como sendo arrogante e dominador, mas não tinha nenhuma defesa contra a incrível sensualidade do homem.
Com a ponta da língua, traçou o contorno dos lábios dela e Hermione se arrepiou. Ele era o único homem que a fizera se sentir daquela forma, e a tentação era enorme.
Aquilo era perigoso, e Harry era absolutamente ousado. Ela não poderia deixar que continuasse.
Quando abriu a boca para protestar, Harry tirou vantagem do momento para beijá-la ardentemente.
Ele era bom... bom demais naquilo.
Ainda bem que ele não lhe pedira em casamento entre os beijos, porque ela não podia raciocinar direito quando ele a segurava assim tão perto. Quando Harry finalmente se afastou para respirar, ela estremeceu.
— Não posso... fazer amor — disse ela, hesitante. — O médico... não perguntei a ele sobre... isso. Mas tenho certeza que a resposta seria não.
— Está tudo bem. Estava?
Ela lhe dera a impressão de que teria feito amor com ele novamente, se soubesse que aquilo era seguro.
— Diga-me uma coisa antes de eu ir embora — pediu Harry. — Independente do que aconteça entre nós, você deixará que meus pais visitem a neta?
— Claro que eles poderão visitar. Se quiserem.
— Eles vão querer.
A certeza no tom dele fez Hermione ter vontade de chorar outra vez. Chorar era algo que vinha fazendo com muita facilidade ultimamente.
— Preciso ficar sozinha agora — sussurrou ela.
— Claro. Vejo você amanhã cedo. — Ele lhe deu um último beijo na testa e saiu da cozinha. O familiar som da maçaneta ecoou da sala de estar e então tudo estava em silêncio novamente.
Tremendo, Hermione foi para o quarto e se aninhou na cama. Estava exausta. Independente do que dissera a Harry, ela não dormira bem desde que saíra do congresso em Washington em junho, tão incomodada pela culpa. Pelo menos as coisas estavam esclarecidas agora, e não teria mais que se perguntar se ele descobriria sobre o bebê. A culpa ainda estava presente, mas o pior já passara. Certamente as coisas poderiam melhorar.
Com um miado preocupado, Bichento pulou a seu lado e pousou a face carente contra a curva de seu ventre, parecendo não se importar com os movimentos do bebê, que resolvera chutar após ter passado o dia todo quieto.
Hermione bocejou, os olhos fechando de sono.
Talvez o dia seguinte fosse melhor.

Harry sentou-se na suíte de seu hotel tarde da noite, pensando sobre Hermione e sobre o que ela falara. A raiva fora substituída por arrependimento. A experiência deles em Washington fora uma mentira, mas pelo menos ela o desejara. Não poderia estar tão enganado a esse respeito.
Por um lado, admirava a determinação de Hermione. Ela estivera cara a cara com uma decisão e tomara uma atitude. Com toda a determinação, no fundo, era uma criatura regrada pelo coração... isso ele também admirava. Desejo, e não apenas cálculos frios, a tinham impulsionado para a cama dele.
Na verdade, não precisei seduzir você.
O comentário irônico de Hermione ecoou na mente de Harry e ele riu. Aquilo era verdade. Do momento em que a vira, determinara-se a conquistá-la. O fato de ela ter sorrido convidativamente fora irrelevante.
Não gostava de ter sido usado, mas será que a culpa fora apenas de Hermione? Ele tinha experiências com mulheres cheias de artimanhas, tentando lucrar algo com o relacionamento, entretanto facilitou para que Hermione conseguisse o que queria.
Jamais fizera amor sem proteção, nem mesmo quando era um adolescente indisciplinado, porém quebrara sua regra básica com Hermione. O mais estranho era que ainda a queria desesperadamente, apesar de ter sido usado, apesar dos seus sentimentos confusos em relação a ela.
Os pensamentos atormentavam Harry enquanto ele tentava encontrar uma solução. Quando o telefone tocou, foi uma interrupção bem-vinda.
— Sim?
— Meu filho, queria notícias suas.
— Mãe! — Um sorriso triste curvou a boca de Harry. Amava a mãe, mas com tudo tão confuso, aquela não era uma boa hora para falar com a família.
— Está muito frio em Chicago?
— É janeiro, mãe. E aqui é a América. O frio é esperado.
— Sim, claro. Aqui está um clima maravilhoso, você sabe.
— Sei.
Ele não precisava ser lembrado da beleza de sua terra. A completa magnificência do deserto, o mar, as flores crescendo nos jardins do palácio. Mas Chicago também tinha sua própria beleza e características interessantes, incluindo a energia crua que sempre o excitara.
— Filho, você está me parecendo tão... distante — disse a mãe. — Algo errado?
E agora?
Se Hermione tivesse concordado em se casar, ele teria ligado para os pais e pedido que viessem para o casamento. Mas não concordara. E pior, o bebê que carregava estava em risco. Se contasse para a família, eles poderiam se apaixonar por uma neta que talvez nem nascesse. Teria de esperar até que houvesse notícias boas para compartilhar.
— Estou ocupado, só isso — murmurou Harry. — E cansado. Não há nada de errado.
Lily Potter não era uma mulher que aceitava desculpas com facilidade, mas deveria ter sentido o ponto final na resposta do filho. Eles conversaram por mais alguns minutos, então ele falou com o pai. Havia alguns detalhes nos negócios que precisavam ser resolvidos e ele prometeu revisar os arquivos financeiros e passar por e-mail no dia seguinte.
A conversa acabara e Harry pôde ficar sozinho de novo com seus pensamentos.
Não tinha dúvidas que no final das contas, convenceria Hermione a casar-se com ele. Ela amava o bebê e reconheceria que era melhor para a filha ter tanto a mãe quanto o pai. Até lá, ele cuidaria de sua responsabilidade à distância.
Seria difícil, mas não impossível.

— Você parece melhor — falou Ginny quando entrou no elevador com Hermione. — Fiquei preocupada com você depois de ontem.
Hermione sorriu. Surpreendentemente, dormira melhor do que em meses. E tomara um lauto café da manhã, sem nenhum sinal de enjôo.
— Estou bem — disse ela. Para qualquer um que perguntasse, estava sempre bem. Não gostava de ser digna de pena. Até mesmo Ginny e Luna Weasley, não sabiam sobre as noites mal-dormidas e a constante preocupação sobre se o bebê estava ganhando peso suficiente.
Ginny a observou desconfiada, mas manteve silêncio. O elevador abriu-se no décimo quarto andar onde Ginny desceu, e Lilá e Simas Finnigan entraram.
— Olá — disse Hermione, alegremente. — Como está a vida de casados?
Os dois se entreolharam apaixonados, então assumiram uma postura profissional novamente. Simas pigarreou e baixou a cabeça enquanto Lilá sorriu.
— Excelente — respondeu ela.
— Fiquei surpresa que vocês não tiveram uma longa lua-de-mel — murmurou Hermione.
— Humm... teremos depois — disse Simas. — Você pegou o relatório de Ronald Weasley sobre a construção do berçário? — perguntou ele.
— Sim, tudo parece estar dentro da programação. — A mudança de assunto não surpreendeu Hermione. Lilá e Simas estavam dando o melhor de si para manter as coisas no nível profissional dentro do escritório, mas todos gostavam de ver a forma como se entreolhavam quando pensavam que ninguém os estava observando.
Não houve mais tempo para conversa porque o elevador chegou no décimo sexto andar. Simas foi numa direção e Hermione e Lilá na oposta. Hermione tinha certeza de que Simas preferiria passar o dia sozinho em casa com sua esposa, e no fundo, uma dor melancólica a assolou.
O que seria ter aquele tipo de amor? Harry a pedira em casamento, mas aquilo fora pelo código de honra dele, e não por doces emoções. Não que ela estivesse apaixonada por ele. Um homem arrogante e dominador... como seu pai.
Lilá parou para ver Luna Weasley e Hermione gesticulou para as duas mulheres, ainda perdida nos pensamentos. Inevitavelmente, teria que fazer uma declaração sobre o bebê, e isso não podia esperar muito. Sua visita semanal ao obstetra era dentro de poucos dias. Se tivesse ganho peso, cuidaria de espalhar a notícia.
Abrindo a porta de sua sala, se assustou com os homens ao lado de sua mesa.
— Não, isso precisa ficar em cima da mesa. — Harry estava dizendo para um dos funcionários da manutenção. — Mais alto, assim ela não precisa se abaixar.
— O que está acontecendo? — Hermione quis saber. Harry a olhou, sorrindo.
— Estou instalando um pequeno frigobar.
— Por quê?
— Assim, leite e outros alimentos poderão estar disponíveis a qualquer hora — explicou ele, como se aquilo fosse a coisa mais normal do mundo.
— Não preciso... Há uma geladeira na lanchonete.
— Você precisa de uma próxima, para encorajá-la a comer. Eu cuidarei para que contenha tudo o que você gosta. Pelo que me lembro, morango era sua fruta favorita. — A voz dele era aveludada e sensual e Hermione enrubesceu.
Seu amor por morangos transformara-se num jogo sexual entre os dois, mas ela não apreciou a lembrança na frente da audiência.
— Você não vai mantê-la estocada com coisa nenhuma. Ou seja, eu a quero fora daqui.
— Bobagem. — Harry fez um gesto de cabeça para o entregador do frigobar, que guardou as ferramentas, e se retirou apressadamente.
Ela bateu a porta atrás dele e virou-se para encarar Harry.
— Tire isso daqui.
Ele levantou a sobrancelha em estilo arrogante e Hermione tremeu de raiva.
— Posso cuidar de mim mesma.
— Você me negaria a oportunidade de cuidar da criança? Enquanto ela não nasce, o mínimo que posso fazer é deixar as coisas mais convenientes para você. — Ele abriu uma grande caixa térmica sobre a mesa e começou a encher a pequena geladeira com pacotes de leite, sucos de fruta e vários outros produtos comestíveis.
— Harry, isso não vai dar certo — disse Hermione, tentando parecer calma quando se sentia extremamente nervosa. — Não posso ser a única funcionária da empresa que tem uma geladeira particular.
— Então comprarei uma para cada sala — replicou ele. — Considero necessário para seu bem-estar.
Hermione engoliu em seco. Como poderia lutar contra aquele tipo de determinação?
— E acho que devemos anunciar sua gravidez imediatamente — acrescentou Harry. — Nós iremos, claro, explicar que sou o pai.
Ela o fitou, ciente de que ele pretendia dizer cada uma daquelas palavras. Meu Deus, como tudo saíra de seu controle daquela forma?

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Continua
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Bjus...

vlw...

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