CAPÍTULO III



Oie,
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— Sem mais tolices — resmungou Hermione, escovando os dentes.
Escapara do enjôo matinal, mesmo depois de ter comido cereais com leite. Após o dia anterior, aquilo parecia um milagre, uma vez que emoções tensas normalmente faziam a náusea piorar.
E nada sobre Harry Potter era calmo e tranqüilizante.
Ela tivera um momento de fraqueza na noite anterior, mas aquilo estava acabado. O bebê era a coisa mais importante da sua vida e não faria nada que o colocasse em perigo.
Hermione pousou a mão sobre o ventre. Durante os últimos meses, usara roupas largas para trabalhar, escolhendo suéteres leves para esconder a forma arredondada do corpo, diferente das costumeiras blusas de seda e conjuntos. Mais cedo ou mais tarde aquilo não seria mais suficiente para esconder seu segredo, e a notícia se espalharia.
Sabia que deveria contar a Harry antes que os comentários se espalhassem pela empresa. Ele era muito inteligente, então o melhor caminho para lidar com o problema era contar-lhe primeiro e esperar pelo melhor. Deixaria claro que não queria nada dele, então talvez não se importasse.
— Sim, certo — murmurou.
A verdade era que não tinha a menor idéia de como Harry reagiria. Naturalmente haveria um choque inicial, mas... e depois?
A campainha interrompeu-lhe os pensamentos e ela dirigiu-se à sala de estar. Espreitando pela janela, tremeu com a visão de Harry parado à porta.
Aquela era a oportunidade perfeita para conversar com ele em particular, mas fazer aquilo dentro de sua casa, provavelmente não era uma boa idéia. Mais tarde seria melhor, no escritório, ou talvez num restaurante. Em um local público, após ter tido tempo para pensar sobre a declaração que faria... e sobre as possíveis reações dele.
— O que você está fazendo aqui? — Hermione perguntou assim que abriu a porta.
Harry sorriu, satisfeito em vê-la corada. Ela estava adorável, os cabelos cor de mel caindo em volta do rosto.
— Bom dia, chérie.
— Eu não gosto que me chame assim.
— Há muitas palavras lindas de afeto, em árabe. Deixaria você mais feliz se eu escolhesse palavras de ternura do meu idioma nativo?
— Não — resmungou ela.
Rindo, ele balançou a chave que retirara do chaveiro dela na noite anterior.
— Trouxe seu carro de volta do escritório. Não queria causar-lhe um inconveniente por termos vindo de táxi ontem.
— Oh, você não precisava fazer isso!
— Como está se sentindo? — perguntou ele, ignorando o comentário de Hermione.
— Bem... — Hermione levantou o queixo. — Se você esperar que eu pegue meu casaco e bolsa, podemos ir juntos no carro.
— Você não deveria ficar descansando?
— Não. Estou bem. — Hermione desapareceu e então retornou, vestindo o casaco. — Pronto?
O falso tom animado da voz dela não enganou Harry. Embora estivesse bem, havia uma tensão distinguível no corpo e na fisionomia.
A neve que caíra durante a noite deixara o solo escorregadio, e Harry pegou o braço de Hermione.
Quando chegaram no carro, ele levantou a chave mais uma vez.
— Você quer dirigir ou eu levo o carro? Surpresa, ela falou:
— Hã... não, vá você.
Havia muitos mistérios sobre Hermione. Harry meneou a cabeça quando fechou a porta do passageiro e rodeou o veículo para assumir o volante. Em Washington, eles tinham compartilhado uma enorme paixão... uma paixão descomplicada. Entretanto, sempre sentira que ela parecia esconder alguma coisa.
— Conte-me um pouco sobre as pessoas da Corporação Neville Haloy — pediu ele, decidindo que aquele era um assunto seguro e podia ajudar Hermione a relaxar.
— Bem, Margaret Steward é a assistente administrativa de Neville. É muito competente e conhece a companhia como a palma da mão. Draco Malfoy e Jennifer Martin acabaram de se casar e eles têm um bebê, mas ela está de licença maternidade. Luna Lovegood recentemente casou-se com Ronald Weasley, que é um dos nossos maiores clientes. Luna e eu tivemos...
Quando Hermione se calou abruptamente, Harry notou que estava mais tensa do que nunca.
— Sim?
— Na... nada. Você conhece Neville, claro.
— Nós nos conhecemos quando eu estava na Sorbonne.
— Você não estudou em Oxford? Pensei que Oxford era a faculdade predileta para famílias afortunadas do Oriente Médio.
— Cursei a universidade na Inglaterra. Mas minha pós-graduação foi completada na França, na Sorbonne.
— Isso é bom. Tive que trabalhar enquanto estudava, então cursei uma universidade pequena. Nunca ninguém ouviu falar dela.
Harry sorriu.
— Deve ter sido duro trabalhar e estudar ao mesmo tempo. Você é altamente confiável aqui na empresa. Presumo que sua pequena universidade tenha contribuído para suas excepcionais habilidades, embora acredite que você se sobressairia de qualquer forma.
— Obrigada.
Hermione respirou fundo, ainda assustada com seu último deslize. Quase mencionara a gravidez quando estava contando a ele sobre Luna. Enganar Harry fora errado, mas ela rejeitara a possibilidade de um banco de esperma e nenhum dos homens que conhecia eram candidatos à paternidade.
Eles chegaram ao escritório e Harry a olhou sério quando entraram no elevador.
— Hermione, você tem certeza que está bem o bastante para trabalhar? Ela tentou ficar com raiva do comentário, mas, uma vez que a preocupação de Harry parecia sincera, não conseguiu.
— Tenho certeza. Por quê?
Ele levantou a chave do carro dela, sorrindo.
— Você precisou de mim para dirigir seu carro. Pensei que mulheres americanas não apreciavam um homem assumindo o comando, nem mesmo em pequenas coisas.
Os lábios se entreabriram para responder, mas Hermione os fechou rapidamente, controlando-se,
— Pensei que homens, especialmente os de sua terra, não acreditassem que uma mulher poderia ser uma motorista competente.
— Esse não é um dos meus defeitos. — O olhar de Harry deslizou até os lábios dela e Hermione tremeu. — Isso mostra que temos muito a aprender um sobre o outro, não temos, bien-aimée?

A manhã voou para Hermione, que estava distraída pela lembrança das palavras de Harry e pelo calor dos olhos dele.
Certo, então ele parecia ser sensível.
Muitos homens fingiam acreditar na igualdade das mulheres, mas isso não significava que acreditavam. Ela estava mesmo desejando crer que alguns membros do sexo masculino eram sensíveis e liberais. Mas sempre parecera atrair um certo tipo de homem... o tipo que gostava de controlar.
— Viva Hermione! — brincou uma voz e Hermione levantou os olhos para ver Luna na porta de sua sala.
— Olá, sra. Weasley. — Hermione retribuiu o sorriso.
Luna tornara-se muito mais extrovertida depois do casamento. E, uma vez que também estava grávida, elas estavam compartilhando algumas das venturas e desventuras de seu estado... embora, no caso de Luna, isso não fosse mais um segredo.
— Jennifer veio nos visitar com o bebê. Eles estão na lanchonete e vou descer para vê-los — anunciou Luna. — Por que você não vem comigo?
Hermione olhou para a papelada de trabalho sobre sua mesa e pensou sobre uma dúzia de telefonemas que precisava fazer até o final do dia. Mas adoraria segurar o pequeno Jason. Ele era tão querido! Isso a fez lembrar-se do momento que seguraria seu próprio bebê.
— Claro. Posso fazer um intervalo.
Colocou a caneta na mesa, levantou-se e ajeitou o suéter pesado sobre o corpo. Graças à chegada de Harry, ela estava mais consciente do que nunca sobre o tamanho de seu ventre.
— Não está nem um pouco evidente — assegurou Luna. — Você tem o tipo de corpo que esconde a gravidez por muito tempo. Não como eu. Estou toda redonda. Ronald está tão animado com o bebê que continua me comprando roupas de gestante. Tenho mais do que consigo usar. Sem mencionar todas as coisas que ele compra para o bebê.
Por um momento, Hermione invejou a amiga. Havia algo tão... certo sobre a vida de Luna. Era obviamente louca pelo marido e Ronald Weasley não conseguia esconder a devoção pela esposa. Pareciam um casal perfeito.
— Deixe Ronald comprar tudo o que quiser — sugeriu Hermione. — Isso o faz feliz. De qualquer forma, esconder a gravidez é a minha maior frustração.
Luna suspirou.
— Tenho certeza de que tudo sairá bem, é isso que importa. Hermione sorriu, gentilmente. Tentando não demonstrar suas emoções turbulentas, seguiu Luna até o elevador. Na lanchonete, Jennifer e Jason estavam rodeados por um pequeno grupo de funcionários admiradores.
Quando finalmente o pegou nos braços, teve que piscar para conter as lágrimas. Bebês eram muito preciosos. Independente de como Harry reagisse perante o filho, ela jamais poderia lamentar-se sobre a gravidez.
Um murmúrio de vozes masculinas chamou a atenção de Hermione. Levantando o rosto, viu Harry e Neville Longbottom, ambos olhando-a fixamente.
— Desde quando você é tão interessada em crianças? — murmurou Neville.
Hermione corou. Neville estava cada vez mais estranho.
— Sempre adorei crianças — replicou ela. Então devolveu Jason para a mãe e se afastou da multidão. — Você sabe que faço parte do comitê do berçário.
— Humm... é verdade — disse ele. Harry franziu o cenho.
— Berçário? Por algum motivo, não vimos o berçário durante o tour.
— Não achei que você estaria interessado — defendeu-se ela. — Você não é um homem de família. E, além disso, o berçário ainda não está pronto.
— Então você pode me contar sobre ele.
Neville murmurou alguma coisa e partiu, uma expressão preocupada no rosto. Harry quase não o viu indo embora. Ele tinha novas questões sobre Hermione, mas achou que podia estar mais perto das respostas. A ternura no rosto dela quando segurava o bebê informou-lhe uma grande coisa.
Ele a guiou para uma sala vazia e então bloqueou a saída, cruzando os braços sobre o peito.
— Você terminou nosso romance porque deixei claro que não queria filhos, pelo menos não por enquanto — acusou ele, certo que aquela era a explicação.
Hermione arregalou os olhos e ele viu um rompante de pânico neles.
— Hum... não.
— Não negue que você quer uma família. É óbvio o quanto se importa com crianças.
— Não seja ridículo. Claro que amo crianças — devolveu ela.
— Sim. Eu lhe disse que não pretendia me casar tão cedo. Então...
— Então nada. — Ela o cortou. — Acredite-me, não quero me casar. Sua ausência de interesse não teve nada a ver com nosso rompimento.
Harry tentou não se sentir insultado. Era desconcertante ouvir Hermione tão determinada em permanecer solteira, uma vez que os sentimentos dela refletiam os seus. Além disso, ela não dissera que não queria casar com ele, mas apenas que não queria se casar.
Ele obviamente chegara a uma conclusão errada, e sua frustração estava crescendo. Tinham feito amor com igual paixão, então ela não poderia estar chateada com ele como amante. Poderia tê-la seduzido na noite anterior quando ela correspondera ao beijo, mas uma mera sedução não era o bastante.
— Talvez devêssemos continuar nossa discussão lá em cima — disse ele, e fez um gesto com a mão que não permitia negações.
— Você é realmente irritante — murmurou ela, quando passou por ele.
— Você acha?
— Sempre tem que ser do seu jeito, não é? — Hermione o encarou no corredor e havia um tom de amargura na voz dela que Harry nunca ouvira antes.
— Querer uma explicação é razoável. Isso não tem nada a ver com fazer as coisas do meu jeito.
— Eu expliquei.
— Mas não com a verdade completa.
Ele a viu engolir em seco e vacilou. Não queria magoar Hermione. Gostava dela.
— Sente-se infeliz porque não foi você a dar o golpe final — acusou ela. — Provavelmente sou a primeira vez que uma mulher terminou um caso com você.
Harry respirou fundo. Em parte, Hermione estava certa. Ele sempre fora cuidadoso na escolha de seus relacionamentos, e normalmente finalizavam em consenso mútuo. Mas nem sempre. Houvera ocasiões de lágrimas e exigências de mulheres que haviam esperado mais do que ele desejava dar. Agora estava encarando uma mulher que não apenas lhe dispensara, como fizera o possível para assegurar-se de que ele não entraria em contato com ela de novo.
— Você tem certa razão — admitiu ele. — Mas ainda quero uma resposta.
E ainda a quero em minha cama.
Harry não achou que deveria pronunciar aquele pensamento em voz alta. Já confessara a Hermione que a desejava. A decisão era dela. independente do que acontecesse, jamais a forçaria a algo ou a amedrontaria.
— Vamos almoçar juntos — disse ela, finalmente: — Há algo que nós precisamos... discutir.
— Certo. Encontro você em uma hora na sua sala... assim está bem?
— Isso lhe importa? — Sem esperar pela resposta, ela virou-se e desapareceu pelo corredor.
Harry franziu o cenho pensativo, enquanto voltava ao décimo quinto andar. Seu escritório de canto dava vista para a parte leste do rio de Chicago e era lindamente mobiliado. Ele tinha fotos emolduradas de Hasan nas paredes e ficou ali em pé por alguns minutos, admirando-as. Sua favorita era a de um pôr-do-sol no deserto, coberto de uma luminosidade rosa e dourada. O deserto era imprevisível, sempre mutável, cheio de beleza... exatamente como Hermione.
Apesar dos esforços, Harry não podia evitar o jeito que ela o fazia se sentir. Hermione era a mulher mais forte e intempestiva que já conhecera. Demoraria uma vida inteira para decifrá-la.
Uma vida inteira?
Um sorriso amargo curvou-lhe os lábios. Para um solteirão determinado, ele estava certamente brincando com fogo.

Hermione completou a maior parte dos telefonemas antes da hora do almoço com Harry. Era loucura, mas cada vez que ele investia, ela recuava mais. Considerando o segredo que estava prestes a revelar, essa não era a coisa mais inteligente que já fizera.
Claro, não contaria tudo. Apenas diria que Ficara grávida, apesar dos métodos de controle de natalidade. Detestava mentir, mas aquilo parecia o melhor... se ele acreditasse.
Quando houve uma batida ã porta da sala, ela esperou ver Harry, mas era Neville Longbottom.
— Posso lhe ajudar, Neville? Ele pareceu desconfortável.
— Soube que você tem aconselhado vários clientes, inclusive o Grupo McKay, a instalar um berçário na empresa deles.
Ela franziu o cenho.
— Faz parte do meu trabalho dar esse tipo de conselho. E um berçário é o primeiro passo a tomar se você quer recrutar e manter os melhores funcionários. Presumo que é por isso que você está investindo em um aqui na empresa.
— Sim.
Hermione consultou o relógio e então viu Harry adentrando sua sala atrás de Neville. Ótimo. Pontual como um relógio suíço. Para alguém que se orgulhava de si mesma por dirigir a vida cuidadosamente, ela estava bem encrencada.
— Algo mais, Neville? — murmurou ela. — Eu...
— Não... sim — disse ele, abruptamente. — Sei que você está grávida, Hermione. Quem é o pai?
Sei que você está grávida...
Harry a fitou. Hermione empalideceu imediatamente. Ela começara a se levantar, mas agora voltou a sentar-se, como se não tivesse forças para se manter em pé.
— O... O quê? — sussurrou ela.
— Você está grávida. Tudo evidencia isso. A náusea, o aumento de peso, os biscoitos. — Neville enumerou cada detalhe nos dedos. — Todo mundo sabe que mulheres grávidas comem biscoitos de água e sal quando sentem enjôos.
— Do que você está falando? — Harry quis saber. Surpreso, Neville se virou.
— Harry, não sabia que você estava aí.
— Obviamente. Você está baseando suas suposições em biscoitos de água e sal? — perguntou Harry, embora tivesse a dolorosa sensação de que o amigo sabia exatamente o que estava falando.
Embaraçado, Neville meneou a cabeça.
—Não apenas nisso. Hermione não bebeu vinho no restaurante, apenas leite. E está apaixonada pela idéia do berçário, aconselhan¬do todos os clientes a instalarem os seus.
— Não todos — retrucou Hermione.
— O bastante. Você acaricia seu ventre a toda hora, já notou, Hermione? Quase protetoramente. Tenho notado que grávidas fazem isso... talvez por instinto ou alguma coisa assim.
Harry relembrou-se de ver Hermione colocando a mão sobre o ventre num gesto protetor.
— Quem é o pai? — insistiu Neville. — De quantos meses você está?
Ela mordeu o lábio, visivelmente trêmula.
— Quase sete meses.
Neville arregalou os olhos, incrédulo.
— Mulheres grávidas estão maiores aos sete meses.
— Quase sete meses, e o bebê está abaixo do peso — disse ela, a voz instável. — Bem abaixo do peso. Mas tudo dará certo. O médico está me monitorando de perto e estou fazendo tudo que ele ordena.
— Você tem certeza de que está de sete meses? É possível que você tenha ido a algum lugar? No outono? Isso é, um daqueles... humm... lugares?
Harry não tinha a menor idéia sobre o que Neville estava tentando perguntar, mas após um longo olhar para a expressão cheia de culpa de Hermione, ele voltou-se para Neville.
— Se Hermione está com sete meses de gravidez, então está carregando meu filho — declarou ele. Que coisa! Não queria ser pai. Não por enquanto. Deixara Hasan para fugir da insistência de sua mãe para que fizesse o que Hermione aparentemente já efetuara.
— Seu? — Neville estreitou os olhos. — Você tem certeza?
— Nós nos encontramos em Washington, num congresso em junho. Ficamos... íntimos. Não falamos sobre isso, mas agora tenho certeza de que a criança é minha. Não estou certo, Hermione?
Ela hesitou e então deu de ombros, uma expressão derrotada nos olhos.
— Harry é o pai.
Ainda em dúvida, Neville virou-se para Hermione.
— Você tem certeza sobre os sete meses?
— Pelo amor de Deus, fale com a chefe do departamento — gritou ela. — Contei a Carol que precisaria de licença maternidade em março, mas pedi-lhe que não dissesse nada até que eu estivesse pronta para fazer um comunicado geral.
Ele a fitou por um longo momento, então fez um gesto afirmativo com a cabeça.
— Eu farei isso.
Neville saiu da sala ainda tonto, e demorou um certo tempo para que Harry conseguisse olhar para Hermione.
— Devemos ir? Estou certo de que você precisa comer, uma vez que está comendo por dois.
Hermione respirou fundo, tentando clarear as idéias. Não precisava ser gênio para saber que Harry estava aborrecido... a rigidez nas bonitas feições e a postura derrotada dos ombros informava o quanto.
— Harry...
— Continuaremos a conversa fora do escritório, Hermione — disse ele, rudemente. — Não quero discutir isso aqui dentro.
— Não vou a lugar nenhum com você me olhando desse jeito — decidiu ela. A expressão de Harry era séria e distante e o coração de Hermione doeu por alguma razão inexplicável.
— O que está errado no meu jeito de olhar?
— Lamento, eu apenas... queria um bebê — sussurrou ela.
— Em outras palavras, você me usou para engravidar. As mãos tremiam e ela as pousou sobre o ventre.
— Há razões para o que eu fiz. Sei que isso foi errado, mas se eu pudesse explicar, fazê-lo entender o porquê...
— Não. — Harry correu os dedos pelos cabelos. — Não posso acreditar que fez uma coisa dessas. Você sabia que eu não queria ser pai.
— Você não é exatamente o pai. Você é mais como um... — A voz dela oscilou e parou de falar.
— Um doador de esperma? — completou ele, furioso.
— Sinto muito — sussurrou ela. — Mais do que você imagina. Mas não me peça para lamentar sobre o bebê. Eu o amo com todo meu coração.
Ele pôs a mão na maçaneta.
— Preciso refletir — disse ele. — Se eu ficar aqui, falarei coisas das quais nós dois vamos nos arrepender.
Quando Harry havia se acalmado, pegou-se relembrando da expressão abatida de Hermione. Ela amava a criança que estava carregando e acreditava ter boas razões para fazer alguma coisa tão drástica para tê-la.
— Que problema... — murmurou ele, lembrando-se de quão frágil ela parecera.
Ela já dissera que estava tendo problemas com a gravidez. Poderia a reação dele, mesmo que justificável, aborrecê-la o bastante para prejudicar o bebê? Podia não ter escolhido ser pai, mas aquele bebê era seu filho e era sua responsabilidade protegê-lo.
Quando ligou para a sala de Hermione, foi informado de que ela fora embora mais cedo. Preocupado, Harry saiu correndo da empresa e pegou um táxi. A escuridão já caíra e a temperatura estava diminuindo consideravelmente, mas ele não prestou muita atenção.
As luzes estavam acesas na casa de Hermione e o cheiro de fumaça de madeira espalhava-se pelos arredores. Harry tocou a campainha e após alguns instantes, a porta se abriu.
Hermione.
Seus lindos olhos estavam vermelhos, aparentemente das lágrimas. Saber que ela sofrera com a discussão deles aumentou a frustração de Harry. Apesar de tudo, ela não era uma caçadora de marido. Tinha um coração especial demais para isso.
— Tudo bem — começou ele, calmamente. — Faça-me entender.


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Continua...
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vlw...

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