Capítulo 2



2) Capítulo 2

Ele respirou fundo, deu uma olhada no buquê de rosas brancas que tinha nas mãos, e riu, nervosamente. O fato de Rony ter fugido com Julie tivera sido esquecido completamente, e tudo que conseguia pensar era nas palavras de Hermione, na “declaração” de Hermione. Jamais imaginaria que a amiga nutria aquele tipo de sentimento por ele. Por três dias não pensava em outra coisa, e agora se encontrava na porta do apartamento dela.

Ela provavelmente pensou que ele estava tão bêbado naquele dia que não se lembraria de nada depois, mas a verdade era que Harry mal tinha acabado de encher aquele copo. E por isso, ele continuou ouvindo aquelas palavras de Hermione, e sem nem perceber, viu-se imaginando cenas românticas com ela. Balançou a cabeça quando uma nova cena com Hermione surgiu em sua mente. Não podia afirmar que a amava daquela forma, tampouco tinha certeza de que o que estava para fazer era o certo, porém, depois de muito pensar decidiu que era aquilo que queria fazer. Tocou a campainha.

- Harry! – ela disse surpresa.

- Boa noite.

- Boa noite! Nossa que buquê lindo! Não me diga que a Julie voltou e vocês fizeram as pazes? Está indo encontrá-la? – ele adentrou no apartamento.

- Não. Eu não tenho notícias deles ainda.

- Ah. – ela ergueu uma sobrancelha – Então, você resolveu seguir em frente e vai sair com alguém...

- Se ela aceitar.

- Eu realmente duvido que alguém vá dizer não a Harry Potter! – Hermione sorriu.

- Ótimo. Espero você se arrumar. – Harry estendeu o buquê a Hermione que simplesmente ficou parada, sem fala – É para você, Mione.

- M-mas Harry... Não precisava tudo isso para me chamar para jantar. – a moça aceitou o buquê, com um enorme sorriso.

- Eu não estou simplesmente te convidando para jantar. Mione, eu... – ela parecia confusa, e Harry extremamente nervoso – Eu não estava bêbado.

- Do que está falando?

- Eu estava muito lúcido quando você... – ele corou, e na mesma hora ela arregalou os olhos e corou mais ainda que ele.

- Oh meu Merlim! Que vergonha. – ela ficou de costas, seus olhos começaram a embaçar – Eu sou tão patética, não é? Harry, eu sinto muito... Eu não queria que isso acontecesse, mas eu não pude evitar, eu...

- Eu não posso fazer uma declaração como aquela para você agora, Mione. – ele a abraçou por trás – Mas nos últimos três dias, eu só conseguia imaginar em como seria bom se eu realmente me apaixonasse por você. Eu confio em você, eu gosto de sua companhia e eu realmente acredito que poderíamos ser felizes juntos. Então, eu reuni toda minha coragem e vim até aqui pedir que você permita que eu possa tentar amar você como mulher. Algo dentro de mim me diz que não será difícil.

- Harry... – as lágrimas agora caiam livremente pela face dela, e quando a morena se virou, ele delicadamente passou a mão pelo seu rosto – Eu darei o melhor de mim também.

- Você realmente me surpreendeu. – ele disse – Não imaginaria que eu fazia o seu tipo. – ela não respondeu, apenas o beijou.


O trem parou na estação de Londres, e Hermione, já com suas malas em mãos, não demorou a descer. Não trouxera muitas coisas, apenas duas malas de tamanho médio, com roupas, alguns livros e seus equipamentos médicos. Uma amiga havia lhe arranjado um pequeno apartamento, já mobiliado. Com a guerra, e a evasão da cidade, os preços estavam bem baixos, o que facilitaria um pouco a vida dela naquele momento.

Ouvira dizer que tempos atrás aquela estação era muito movimentada. Atualmente, poucas pessoas circulavam por ali, o que criava um clima ainda mais mórbido ao local. Deixou a estação, mas não havia nenhum táxi por ali, então, teve que esperar um tempo. A sua volta alguns prédios ainda estavam de pé, mas a maioria era agora apenas ruínas. Quando finalmente avistou um táxi, apressou-se em chamá-lo. Após informa-lhe o endereço, o senhor dirigiu em silêncio.

Era fim de tarde, e a paisagem era deprimente. Poucas pessoas circulavam, e como próximo à estação, vários prédios não passavam de entulhos, enquanto poucos ainda mantinham-se de pé. O motorista a olhava pelo retrovisor, parecendo indeciso se começaria ou não uma conversa. Finalmente, acabou não se contendo.

- A senhorita é normal, não é? – Hermione o olhou de volta pelo espelho, deduzindo que o “normal” era não bruxa.

- Não sou uma bruxa. – deu um pequeno sorriso.

- Imaginei... É difícil eles tomarem táxi.

- Às vezes, eles tomam?

- Sim. Não me pergunte o porquê, mas eu já levei alguns deles. Fico arrepiado só de lembrar. – Hermione irritou-se um pouco, pois o jeito que ele falava parecia que os bruxos eram verdadeiros monstros.

- É comum vê-los por Londres?

- Sim. Atualmente é bem mais fácil você vê um deles que alguém como nós. Nossos iguais estão fugindo! – ele contou – E a senhorita está de passagem por Londres?

- Não. Vim para ficar. – ele arregalou os olhos, chocado – Sou médica, e soube que estão precisando de ajuda por aqui, afinal ainda é o foco da guerra.

- Mas uma senhorita assim... Deveria ficar em um lugar seguro.

- Eu não conseguiria me esconder, enquanto sei que pessoas estão morrendo.

- Não por nossa culpa.

- Não importa de quem é a culpa, senhor. É engraçado que todos parecem esquecer de quantas guerras “nossos iguais” já fizeram! – Hermione cruzou os braços.

- Nesse aspecto a senhorita tem razão, mas ainda assim... É muito perigoso. A senhorita deve ter cuidado, principalmente à noite. – ele disse já estacionando – À noite é quando as piores batalhas acontecem.

- Obrigada pelo aviso. O Hospital St. Mungus é aqui perto, certo?

- Sim. A senhorita vai trabalhar com eles?

- Foi para isso que vim à Londres.

- É mais ou menos a três quateirões daqui, não tem erro. Eles tiraram a “camuflagem”, como dizem... É bem visível atualmente. – ele disse.

- Muito obrigada, senhor. Tenha uma boa noite. – ela pagou ao motorista que lhe sorriu.

- Tenha cuidado.

Hermione sorriu de volta, e após pegar sua bagagem, seguiu para a portaria. Era um prédio simples, mas de acordo com sua amiga, era protegido por feitiços, então não corria o risco de ser derrubado. Um senhor de cabelos grisalhos a recebeu amigavelmente, dando boas-vindas à morena. Ela agradeceu, mas recusou a ajuda dele que se ofereceu para levar sua bagagem. Então, subiu para seu apartamento.

Era pequeno, porém, bem aconchegante. Tinha uma pequena sala de estar com um sofá e duas poltronas, e a cozinha era também a sala de jantar. Havia apenas um quarto com uma cama de casal, e um guarda-roupa não muito novo, mas ainda assim intacto. Hermione deixou as malas próximas a uma poltrona que havia no quarto, e se jogou na cama. Sentia-se exausta pelos preparativos da viagem e pela própria viagem em si. Queria tomar um banho, mas acabou adormecendo rapidamente.

- Saia da frente, ...! – ela disse seriamente, a ira emanando de seu corpo.

- Hermione, eu... – a morena sequer ouviu. Lançou um feitiço que fez o corpo daquele homem sem face voar longe. Disse mentalmente que depois se desculparia com ele, porém, naquele momento havia algo bem mais urgente a ser feito.

- Maldito! – ela sibilou entre os dentes, encarando a imensa porta de madeira. Tentou abri-la com um simples feitiço, mas logo percebeu que assim seria impossível. Amaldiçoou-o novamente, mas nem por isso desistiu.

Lançou um feitiço tão violento que acabou explodindo a porta e parte da parede. Olhou para o interior da sala e o viu de pé, recitando umas palavras que não compreendia. Correu na direção dele, mas antes de conseguir atingi-lo, seu corpo foi ricochetado por uma parede invisível.

- ... – ela gritou com uma mistura de raiva e desespero. Ele não se virou – Por favor, pare... Eu não acredito que está fazendo isso! – ela começou a bater na barreira, mas sabia que era inútil. - Por favor, ... – Hermione agora chorava, enquanto sentia suas pernas cederem. Ajoelhou-se, ainda batendo contra a barreira – Nós fizemos uma promessa... Somos apenas um, não é mesmo? Se você morrer, eu morro também, ... – ela baixou a cabeça, sua respiração tornando-se irregular.

- Sinto muito, Mione... – ele finalmente se virou, mas Hermiona também não conseguia ver sua face. Aproximou-se, e enquanto segurava a varinha com uma das mãos, tocou a parede invisível com a outra. A morena colocou a sua no mesmo lugar, enquanto sentia seu coração afundar no peito – Mas eu não posso cumprir essa promessa.


Ela acordou assustada, a respiração irregular. O quarto ainda estava com a luz acessa, já que adormecera sem querer. Olhou ofegante para os lados, tentando fazer sua respiração se normalizar. Aquele sonho novamente... Um terrível mal estar a tomava quando sonhava com aquilo. Achava estranho com a mesma cena tantas vezes, mas jamais encontrou significado para aquilo.

Às vezes, achava que era devido a sua fixação pelos bruxos. Provavelmente, por isso, sonhava poder usar uma varinha também. Contudo, aqueles homens sem faces a intrigavam, e o jeito como um deles falava a deixava ainda mais agoniada. Parecia que estavam envolvidos de uma forma tão profunda... Algumas vezes, cogitara a idéia de que fosse parte perdida de seu passado, mas os médicos que cuidaram dela discordaram, já que Hermione não era bruxa, então, aquilo parecia mais uma fantasia que uma memória perdida. Ela balançou a cabeça, tentando afastar aqueles pensamentos.

Ficou de pé apenas para apagar a luz, retornando logo para a cama. Deveria descansar, pois no dia seguinte queria ir cedo ao St. Mungus. Sabia que mesmo já sendo médica, teria que aprender muitas coisas novas, já que a maioria dos ferimentos era provavelmente causada por feitiços. Fechou os olhos, e novamente, não demorou a adormecer.

Acordara bem cedo no dia seguinte, e logo lembrou que não havia comprado nada para o café da manhã. Por sorte, era bem cedo, então assim que tomou um banho e se arrumou desceu e perguntou a Joseph, o porteiro onde poderia fazer umas compras. Diferente do período da noite, a cidade parecia um pouco mais movimentada. Retornou em uns quinze minutos, e preparou um desjejum bem simples. Enquanto terminava de lavar a louça, seu celular tocou.

Era William perguntando como havia sido a viagem, e se Hermione já queria voltar para casa. A morena sorriu, mas afirmou que ainda ficaria por ali. Conversaram por um breve momento, pois estava quase no horário que deveria chegar ao St. Mungus, então, prometendo ligar novamente, ela se despediu e desligou o celular. Pegou a bolsa e desceu apressada.

Lembrando-se do que o motorista de táxi lhe disse, seguiu por três quarteirões, e realmente ao virar a esquina encontrou o St. Mungus. Era o local que parecia mais cheio àquela hora da manhã. Passou pela portaria, e uma moça a explicou como chegar à direção do hospital. Estava um pouco nervosa, por isso respirou fundo, antes de bater na porta.

- Pode entrar. – ela assim o fez, encontrando um senhor de cabelo completamente branco e óculos redondos sobre o nariz.

- Bom dia. Sou Hermione Granger, médica, e me candidatei a uma vaga aqui. – o senhor franziu o cenho e após olhá-la novamente pareceu ligeiramente surpreso – S-sei que deve ser estranho uma moça como eu vir para Londres, e ainda querer trabalhar em meio a essa guerra, mas eu realmente gostaria que o senhor me aceitasse. Não sei nada sobre como vocês cuidam dos feridos, mas posso aprender o que não depender de magia.

- Hermione Granger? – ele continuou com a expressão de surpresa, o que estava deixando a morena incomodada.

- E o senhor... Billy Brown, certo? Vai me aceitar no seu hospital? – o homem ficou mais algum tempo apenas estudando-a. Parecia estar em um conflito consigo mesmo, mas finalmente ele respondeu.

- Está bem, mas vamos fazer um teste primeiro. Eu realmente tenho alguns troux... Quero dizer, não bruxos aqui. Vamos ver como a senhorita irá se sair.

- Obrigada. Eu darei o melhor de mim. – ele, então, chamou uma moça que acompanharia Hermione pelo hospital. Ela despediu-se dele com um sorriso.

- Por Merlim! Ela voltou. Será que Potter sabe disso? – o homem disse para si mesmo quando a porta de fechou.

- O trabalho aqui não é muito difícil, porém, às vezes é bem cansativo, principalmente porque trazem também os feridos de outras cidades. – a moça andava ao lado de Hermione, que a ouvia e ao mesmo tempo olhava tudo ao seu redor – Eu sou Vivian Summer.

- Hermione Granger. – a moça ergueu a sobrancelha – Que foi?

- Nada. É que havia uma pessoa muito famosa por aqui com esse mesmo nome.

- Sério?

- Sim. Uma grande bruxa. Porém, ela morreu alguns anos atrás. – Vivian olhou novamente ara Hermione – Você até parece com ela, mas a outra Hermione tinha os cabelos mais escuros e cheios, e acho que mais alta que você. Bom... Vamos em frente, pois tenho muito que passar para você.

- Certo. – ela concordou e sorriu. Uma mulher que tinha o mesmo nome e se parecia com ela... Hermione ficara curiosa, porém, como Vivian disse, havia muita coisa para aprender, portanto ela esqueceu completamente da “outra” Hermione.

Fora realmente um dia bem cansativo, e só tivera folga no horário de almoço. Fizera diversas anotações sobre poções e procedimentos bruxos, e seus conhecimentos em medicina não bruxa também foram úteis. Ao final do dia, ela se sentia esgotada, mas ao mesmo tempo, tinha a sensação de que valera a pena. Alguns feridos chegaram de uma cidade próxima, e também outros de Londres mesmo, pois havia ocorrido uma batalha ali perto. Ela ouviu os barulhos de explosões e esse foi o momento mais assustador de todo seu dia. Estava próxima do campo de batalha, e apesar de ter sentido medo, lutou o quanto contra isso e seguiu com seus afazeres.

No final das contas, dos cinco feridos que acompanhara durante o dia, apenas um não havia resistido. Perdeu a noção do tempo conversando com Vivian, e eram quase oito horas quando se decidiu ir embora. Vestiu seu casaco e deixou o hospital. Era realmente uma sorte morar tão próximo, pensou ela. Ultrapassou o primeiro quarteirão pensando no que faria para o jantar, porém, foi surpreendida por uma explosão. Instintivamente, ela se abaixou, olhando para os lados a procura de algum movimento.

Viu apenas alguns vultos, quatro, na verdade. E seu coração disparou quando percebeu que estavam duelando. Permaneceu abaixada, mas lentamente começou a se mover em direção a seu apartamento. Poderia demorar, mas provavelmente conseguiria chegar. Rezava, entretanto, para conseguir chegar sem ser atingida por nenhum feitiço. Os gritos daqueles que duelavam faziam seu sangue gelar. Não sabia quem era inimigo ou aliado.

Faltava pouco, mas ela ainda ouvia as palavras que para ela não fazia nenhum sentido. Quando faltava apenas um quarteirão para alcançar seu apartamento ela olhou para trás. Seu coração pareceu ter parado de bater quando percebeu que só restava dois de pé, e um deles a encarou naquele exato momento. Um sorriso insano e um olhar demoníaco a deixou sem cor, e Hermione pensou que seria o fim. Contudo, antes que o homem terminasse de dizer o feitiço que certamente a acertaria, o outro o golpeou.

Ela ficou imóvel, pois suas pernas não eram capazes de obedecê-la. Ainda estava abaixada, seus cabelos bagunçados pelo vento, cobrindo boa parte de sua face. Seu corpo tremia de leve. Percebeu que o único que permanecia de pé, que acabara de lhe salvar estava vindo em sua direção. Um capuz escondia o seu rosto, portanto, Hermione não pôde assegurar-se ainda de que realmente fora salva. Talvez ele a quisesse só para si. Abaixou a cabeça, o coração voltando a acelerar.

- Sua maluca. O que faz na rua uma hora dessas? – a voz dele era grave, mas Hermione percebeu que não parecia ameaçadora, mas sim irritada – Você não é bruxa, certo?

- N-não.

- Ainda por cima sem magia. Por Merlim. Vá logo para casa. – ela permaneceu imóvel, sem encará-lo – Não há mais perigo agora.

- V-você os matou?

- Estão apenas inconscientes. Se apresse e vá para casa, assim posso continuar meu trabalho e levá-los daqui.

- Certo. – Hermione respirou fundo, e finalmente o encarou. Como ele já estava sem o capuz, ela o reconheceu na hora – Harry...

- Isso mesmo, eu sou o Harry Potte... – foi a vez de ele ficar surpreso e sem fala quando ela ficou de pé e tirou o cabelo do rosto. O jeito que ela falara seu nome, e o modo como o olhava fez seu coração disparar. Há quanto tempo não via aquele sorriso? Sem nem perceber, deixou escapar – Mione...


N/A: Demorei um pouquinho, mas aqui está o segundo capítulo!! Espero que curtam!! Obrigada a todos que leram, comentaram e votaram!! Um beijo enorme!! Pink_Potter : )

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.