O Canto da Iara



CAPÍTULO 31


 


O CANTO DA IARA


 


 


 


 


 


 


 


 


Se dissessem a alguém que Tiago Sirius Weasley Potter estava preocupado com uma partida de Quadribol ninguém acreditaria, tal era a tranqüilidade do garoto. Mas por dentro ele estava planejando táticas e calculando possíveis desdobramentos da partida contra a Corvinal, primeira adversária que coubera à Grifinória no sorteio daquele ano. Sua maior preocupação nem era tanto a partida pois sabia que seria capaz de capturar o pomo de ouro, por melhor que Sun-Li fosse como Apanhadora e agora titular, depois da formatura de Colbert. O que realmente ocupava os pensamentos do jovem grifinório eram as revelações que Albert Pettigrew fizera, na reunião dos Novos Marotos. Lord Voldemort havia retornado e, embora contra a vontade, estava treinando um grupo em Artes das Trevas.


Mas o pior era a Transmigração Compartilhada Forçada, que representava perigo para a sanidade mental e para a própria vida do hospedeiro. Seriam então várias situações a resolver: Ajudar o hospedeiro, quando fosse o momento dele se revelar. Evitar um levante das Trevas em Hogwarts. Descobrir como poderiam ajudar seus pais em uma nova investida contra o Círculo.


Estar em batalhas contra as Trevas não era novidade para Tiago, ele já havia encarado algumas escaramuças desde os seus cinco ou seis anos de idade. O treinamento Ninja conferira a ele (e também aos outros Novos Marotos) uma maturidade que não era comum e que fazia com que ele soubesse o que fazia e não agisse de forma inconseqüente, ainda que quem olhasse de fora pudesse ficar escandalizado ao ver crianças encarando bandidos adultos. Havia sido assim em Genebra, quando enfrentaram um grupo do Círculo. Em Paraty, quando Larissa e Vicenzo ajudaram na busca por um dos volumes do Necronomicon. Durante aquela festa de Natal, quando as vidas de Elaine Granger e Nigel Lovegood foram salvas por ele, devido ao Champagne envenenado com toxina de baiacu. Quando foram emboscados na volta do cinema e “Escuridão” matara sua irmã ainda não-nascida, com o feitiço que extraíra seu cérebro ainda no útero de sua mãe. Tudo culminara com a ajuda que os Novos Marotos haviam dado a seus pais, durante a batalha pela última Porta de Cronos, em Teotihuacán. E no último ano ainda houve um bônus, com os pretensos assaltantes, em Garopaba. Algo dizia a Tiago que os perigos ainda não haviam terminado e em breve os Novos Marotos acabariam tendo de ajudar seus pais novamente, quisessem eles ou não.


Mas não havia muito tempo para pensar naquilo, no momento. As portas do túnel se abriram e o time da Grifinória montou em suas vassouras, alçando vôo e adentrando o campo, enquanto o da Corvinal fazia o mesmo do outro lado, sob os trovejantes aplausos da platéia. Na área VIP, reservada aos professores e convidados, estavam Harry, Gina, Hermione e Rony, juntamente com Janine, Sirius e Ayesha. Derek e Marilise haviam vindo de Londres, bem como Cho e Luke, de Hong Kong. As cores das equipes coalhavam as arquibancadas e mesmo os alunos da Lufa-Lufa e da Sonserina demonstravam sua preferência, adicionando as cores das equipes às de suas próprias casas. Então se viam alunos da Sonserina com as cores verde e vermelha ou verde e azul, assim como o amarelo e o vermelho e o amarelo e o azul dividiam espaço entre os alunos da Lufa-Lufa.


Demelza Crabbe, a professora de Vôo, deu início à partida e os jogadores começaram a se movimentar. Uma partida equilibrada, na qual a vantagem pendia ora para um lado, ora para o outro, enquanto Tiago e Sun-Li procuravam pelo pomo de ouro, que ainda não havia dado as caras. De repente, quando Mafalda acabara de marcar um gol e a Grifinória abria uma vantagem de vinte pontos, Sun-Li avistou o pomo e acelerou a vassoura em direção a ele, tendo Tiago nos seus calcanhares. Quando estavam quase emparelhados, tiveram de desviar de um balaço, lançado na direção de Tiago. Logo em seguida, Reston rebateu o balaço, forçando Sun-Li a abandonar temporariamente a perseguição ao pomo, a fim de se desviar.


Mas o desvio não fora de todo bem-sucedido. O balaço fizera um rápido contato com a cauda da vassoura da chinesinha, fazendo com que ela perdesse o controle e se dirigisse, desgovernada, para uma das torres que circundavam o campo. Embora o revestimento fosse de lona, a queda certamente machucaria a bruxinha. Então Tiago resolveu ajudá-la, já que o pomo havia novamente desaparecido. Acelerou a vassoura e emparelhou com Sun-Li, ajudando-a a direcionar sua trajetória para cima, até que a vassoura se estabilizasse, o que ocorreu a cerca de duzentos metros de altura.


Foi quando o pomo de ouro reapareceu e, novamente, Sun-Li estava com uma ligeira vantagem, um pouco abaixo do grifinório. Tiago viu que não a alcançaria a tempo, então apostou todas as fichas em uma arriscadíssima manobra. Equilibrou-se no cabo da vassoura, direcionando-a para onde queria e saltou, passando à frente de Sun-Li e segurando o pomo de ouro firmemente em suas mãos, enquanto a Apanhadora da Corvinal agarrava somente o ar.


Com o pomo de ouro seguro em sua mão, Tiago colou os braços ao corpo e aumentou sua velocidade, repentinamente abrindo-os e freando a queda. Com uma seqüência de cambalhotas e parafusos, tal como um praticante de Skysurf, o bruxinho redirecionou a trajetória e aproximou-se da vassoura que caía não muito rapidamente, sustentada pela sua magia. Um pouco mais, um pouco mais e finalmente ele fechou a mão livre à volta do cabo da Firebolt Mk III, montando na vassoura, firmando os pés nos estribos e, com certo esforço, controlando-a até que pudesse, em um vôo estável, aterrissar suavemente sobre a grama e erguer a mão, mostrando o pomo capturado. A assistência aplaudia ruidosamente.


 


_Esse cara vai ouvir um monte. _ disse Harry _ Ele é mais louco do que eu jamais fui.


_E ele pode esquecer o Facebook por, no mínimo, uns dois meses. E acho que também vou confiscar por um bom tempo o celular, o X-Box e creio que também o DVD. _ disse Gina, finalmente conseguindo falar depois do susto, branca de medo e raiva, com as sardas se destacando e os olhos faiscando.


_Se bem que ele não corria perigo algum. _ disse Hermione.


_Como assim? _ perguntaram Gina e Harry, espantados.


_Mas claro! _ exclamou Rony. Com sua experiência como Goleiro, o ruivo sabia exatamente o que o sobrinho havia planejado _ Vocês, Apanhador e Artilheira, não perceberam devido à preocupação e ao risco da manobra ou notariam que ele já havia capturado o pomo.


_E daí? _ perguntou Gina.


_Ora, mana, a partida já havia sido vencida e qualquer coisa que ele fizesse não iria infringir as regras.


_É mesmo, que cabeça a minha. _ disse Harry _ Caso aquela manobra doida e Kamikaze não desse certo, ele poderia utilizar o Bukujutsu e chegar ao gramado como se estivesse descendo por uma escada.


_Repararam em uma coisa? _ perguntou Cho _ Vocês acabaram de batizar a manobra de Tiago.


_É mesmo. _ disse Janine _ Acho que, de agora em diante, o que ele fez terá o nome de “Crazy Kamikaze”.


_Mesmo assim ele vai receber um pequeno castigo, para não nos matar do coração. Mas que moleque! _ disse Gina, com uma cara brava, mas orgulhosa da coragem e habilidade do filho.


_Vamos deixar para depois da festa da vitória. _ disse Harry _ Ele merece um momento de descontração, antes de encarar a fúria da leoa.


 


Na Sala Comunal da Grifinória, a festa da vitória estava rolando, animada. Em uma das poltronas, abraçados, estavam Narcisa e Tiago. A loirinha quase havia colocado o coração pela boca durante o jogo, na hora em que Tiago fizera aquela loucura.


 


_Mas o que foi que deu na sua cabeça, Ti? _ perguntou ela _ Por que aquela manobra tão arriscada?


_Calma, Ciça. _ disse Tiago _ Foi arriscado, mas eu já havia treinado em segredo. Direcionei a vassoura para baixo, em um ângulo não muito fechado. Então saltei e agarrei o pomo. Depois foi questão de controlar a queda, para alcançar a vassoura e montar novamente.


_Não é algo para se fazer a todo momento. _ ouviu-se uma voz.


_Papai?! _ Tiago ficou branco _ Eu não corri perigo nenhum.


_Eu sei, Tiago. _ disse Harry _ Se não alcançasse a vassoura, poderia usar o Bukujutsu. Mas há uma altura mínima para realizar aquela manobra.


_Descobri quando fazia os cálculos. _ respondeu Tiago _ Se aquilo for tentado a menos de cem metros de altura, não dá tempo de redirecionar a queda. Como estávamos a mais ou menos uns duzentos, havia tempo e espaço.


_Sua manobra já recebeu um nome, filho. _ disse Gina _ Quando seu pai fez um comentário, Cho e Jan batizaram sua “travessura” de “Crazy Kamikaze”.


_Só quero ver se haverá algum Apanhador tão habilidoso para tentar repetir o que você fez. _ disse Janine.


_Ou tão louco, você quer dizer, Tia Jan. _ disse Mafalda _ Para tentar o “Crazy Kamikaze” não basta o Apanhador ser apenas habilidoso. É necessário possuir um arrojo que beira a insanidade.


_Resumindo, é preciso que seja um Potter, prima. _ disse Lílian.


_E mesmo assim não é algo que eu queira fazer a toda hora. _ disse Tiago, lembrando-se da manobra que havia executado.


_Vai ser o assunto da semana. _ disse Soraya.


_Já vi que não vão me deixar em paz. _ comentou Tiago.


_É o preço da fama, filho. _ brincou Harry _ Vá se acostumando.


 


A festa seguiu animada, até o cair da noite, quando os Leões foram se ocupar da preparação para a semana seguinte antes organizando o grosso da bagunça, a fim de não sobrecarregar os elfos domésticos.


 


 


Correr para viver. Nunca essas palavras fizeram tanto sentido. Ela estava experimentando isso, literalmente.


Depois de fornecer as informações a Harry, Hsiao fora alojada por Pestana em um apartamento que ele possuía, sob nome falso, em Copacabana. Ficava no prédio onde funcionava a famosa Galeria Alaska, um conhecidíssimo ponto gay do bairro, com casas de shows diversos.


Mas, por melhor que fosse, Ademar Pestana não possuía os dons da Onisciência e tampouco da Infalibilidade. Ele não podia prever que um dos artistas dos vários shows era um operativo do Círculo Sombrio, caso contrário teriam mudado de aparência o tempo todo.


Élcio Gama, bruxo do Círculo Sombrio que trabalhava como artista performático em um dos vários shows da Alaska, havia visto o investigador Ademar Pestana, acompanhado de uma jovem chinesa, alguns dias depois do apartamento ser ocupado. Puxando pela memória, Gama lembrou-se da garota que estava sendo procurada pela organização, por ter conhecimento de segredos que poderiam prejudicar os criminosos. Ao passar perto dos dois, discretamente lançou um Feitiço Marcador em Hsiao. A partir dali, não importava que aparência a garota assumisse, ele poderia rastreá-la sem dificuldade. Ele passou dias campanando a chinesa, estudando seus hábitos e seus disfarces, só que ela não era nem um pouco boba e havia percebido que alguém com um Ki do mal estava quase sempre perto dela, sempre que ela saía. E, em uma oportunidade, fez com que o feitiço virasse contra o feiticeiro, pois também marcou Gama sem que ele percebesse, quando ele deliberadamente esbarrou nela na rua, para ver se ela o reconhecia. Obviamente, Hsiao manteve as aparências e fez que não era com ela. Agora os dois bruxos estavam empatados.


Mas a ordem do Círculo havia sido dada a Gama e era eliminar a garota, a fim de evitar que ela pudesse revelar mais informações a Pestana, aos Aurores ou a Harry Potter. Então, quando Hsiao estava em uma loja do shopping Rio Sul, transfigurada como uma ruiva de olhos azuis, ele disparou um fino raio de energia que deixou de atingi-la por pouco, em um momento no qual ela mudou de posição, partindo um espelho. Ela percebeu e, disfarçadamente, saiu da loja com rapidez, ganhando os corredores e saindo à rua, correndo em direção à passagem subterrânea que a levaria ao outro lado da avenida e à Estação de Metrô Botafogo, não querendo usar magia para não chamar a atenção. Seu perseguidor não perdia seu rastro graças à marca mas, como também estava marcado, Hsiao percebia sua proximidade. Entrando na estação, inseriu a passagem na roleta e tomou o metrô em direção à Tijuca, ponto extremo da Linha 1, na Estação Saens Peña. Gama entrou no outro vagão. Na Estação Cinelândia, aguardou até o último instante e desembarcou quando as portas já se fechavam. Acreditando que seu perseguidor já ia longe, frustrou-se ao sentir sua presença bem perto. Ele havia desaparatado do vagão.


Então Hsiao resolveu usar magia e desaparatar dali. Mas devido à marca, o bruxo do Círculo sempre a localizava, em um jogo de gato e rato por vários pontos do Rio. Ela esperava chegar ao escritório de Pestana com tempo suficiente para que o investigador a ajudasse, antes que seu perseguidor pudesse atacá-la. Mas estava ficando difícil e ele estava chegando cada vez mais perto, até que a alcançou na Rua Buenos Aires, no Centro. Estava escurecendo e as pessoas procuravam evitar aquelas ruas mais estreitas e perigosas. Com Élcio Gama à sua frente, Hsiao levantou a varinha para se defender. Só que o bruxo foi mais rápido.


 


_ “Expelliarmus”! Você me deu muito trabalho, Fong Hsiao-Kim. Eu te marquei mas você também me marcou. Só isso pode explicar essa perseguição. _ disse ele, com a varinha apontada para a garota _ O Círculo Sombrio colocou sua cabeça a prêmio, pelo que você pode saber e a ordem é matá-la, para que não possa revelar mais nada. Sinto muito, mas você é perigosa demais para continuar vivendo. “AVADA...”


_ “AVADA KEDAVRA”!! _ ouviu-se uma voz e Gama caiu morto, atingido pela Maldição da Morte _ Não é elegante matar alguém pelas costas, mas era ele ou você. Agora vamos dar um jeito para que não te persigam mais. “Vera verto sinofemina”! “Cinereus”! Com isso, quem encontrar essses restos pensará que são seus. Para todos os efeitos, você é que estará pegando fogo e quero ver conseguirem identificar o que sobrar, seja por meios bruxos ou por meios trouxas. Nem exame de DNA eles vão conseguir fazer no monte de cinzas que vai ficar.


 


O corpo de Élcio Gama tornou-se o de uma garota chinesa, idêntica a Hsiao. Em seguida começou a pegar fogo.


 


_Quem é você? _ perguntou Hsiao.


_Assim como você, também estava com a cabeça a prêmio pelo Círculo, até que Harry Potter e Claudiomir forjaram a minha morte. _ disse o homem loiro de bigode, guardando a varinha no bolso, recolhendo a de Hsiao no chão e entregando-a à garota que ainda estava sem ação, depois de ter escapado da morte certa _ Hyeronimus Pendergast, ao seu dispor. Vamos sumir daqui, antes que apareça alguém. Tenho um lugar onde eu creio que o Círculo não poderá encontrar você.


 


Os dois deram-se as mãos e desaparataram. Pouco depois, alguns transeuntes viram o corpo pegando fogo e chamaram a polícia. Realmente, não havia sobrado o bastante para tentarem realizar uma identificação, nem mesmo os dentes, graças ao fogo mágico.


Aparataram em uma casa no Alemão, comum por fora, mas bem aparelhada por dentro e cheia de Feitiços de Segurança, além de alarmes trouxas. Pendergast ligou a TV para verem as notícias e sentou-se em uma poltrona. Hsiao fez o mesmo.


_Você disse que seu nome é Pendergast. Como foi que Harry Potter e Claudiomir te ajudaram?


_Forjaram minha morte, depois que dei informações sobre uma rede internacional de pornografia infantil e pedofilia do Círculo da qual eu fazia parte, inclusive identificando o elemento deles em Hogwarts. Toma alguma coisa? Esta casa era de um traficante, que fugiu depois de uma nova pacificação do morro. Ela é bem inocente por fora, mas você pode ver que é uma mansão por dentro. Graças aos feitiços, tanto a polícia quanto os bandidos ficam longe dela e eu a uso como esconderijo, além de ter dado uma “melhoradinha” nas defesas e rotas de fuga. Água, suco, refri, algo mais forte? Tenho cerveja amanteigada, água de gilly, uísque de fogo...


_Acho que vou aceitar uma dose de uísque de fogo. Depois do que passei, estou precisando de algo meio forte. _ disse Hsiao.


_Aquele assassino chamou você de “Fong Hsiao-Kim”. Você trabalhava no bordel de Kang Fu-Sheng, em Hong Kong?


_Sim, trabalhava. _ disse Hsiao, estranhando que um ocidental utilizasse o tratamento formal, com o sobrenome primeiro _ Quando deixei de trabalhar lá tive minhas memórias apagadas mas, graças a um incidente, eu as recuperei e passei a figurar na lista negra do Círculo. O pior é não poder contar nem mesmo com a minha família, pois quase todos me desprezaram quando fui trabalhar para Fu-Sheng, exceto meu tio. E agora nem com ele posso manter contato, para sua própria segurança e de seus patrões.


_Patrões?


_Ele é criado de uma tradicional família de Hong Kong, já há muito tempo. Um importante promotor de eventos , pai de uma ex-jogadora de Quadribol.


_Espere aí, está falando de Fong, o criado dos Chang?


_Exatamente. Ele foi o único que não virou as costas para mim e não posso colocá-lo em perigo. Só há uma pessoa que pode nos ajudar, agora.


_Fala de Harry Potter? _ perguntou Pendergast.


_Sim. Contei a ele muita coisa, mas havia uma memória que só foi liberada agora, com a tensão desse jogo de perseguição com aquele assassino. Precisamos entrar em contato com Harry Potter o mais breve possível.


_Entendo. Por sorte, tenho meios de enviar informações a ele. Ei, “você” é notícia na Rede Globo. _ disse ele, aumentando o volume.


 


_ “Não foi possível identificar a quem pertencia o corpo que foi queimado há pouco, na Rua Buenos Aires, no Centro. A Perícia só pôde concluir que se tratava de uma mulher, provavelmente oriental segundo o relato de uma testemunha que viu o corpo pegando fogo, embora não tivesse conseguido ver quem foi o responsável e a polícia trabalha com a hipótese de, literalmente, uma ‘queima de arquivo’ de quadrilhas de traficantes.” _ dizia a apresentadora do noticiário.


 


_Bem, acho que vão te deixar em paz, por enquanto. _ disse Pendergast, servindo-se de outra dose de uísque de fogo, enquanto Hsiao aproximava-se dele _ Assim que a poeira baixar, daremos um jeito para que Pestana ou Claudiomir saibam que você está viva e segura.


_Obrigada, Sr. Pendergast. _ disse Hsiao _ O que posso fazer para lhe agradecer?


_Basta permanecer viva e não me chamar de “Sr.” _ disse ele, olhando nos olhos da chinesa. Ela era linda, jovem e muito atraente. Hsiao também não tirava os olhos dele, pois a Reformatação Facial Mágica havia deixado Pendergast com uma ótima aparência.


_Você não está utilizando nenhum Feitiço de Glamour, está? _ perguntou ela.


_Não, claro que não. _ respondeu Pendergast _ Eu ia lhe perguntar a mesma coisa, pois não consigo tirar os olhos de você.


_Não sei se foi porque você salvou a minha vida, se foi pela tensão dos últimos acontecimentos ou porque nunca encontrei alguém de quem realmente gostasse, mas o caso é que não quero estar com mais ninguém a não ser você.


_Sinto a mesma coisa, Hsiao. E estou contente por descobrir que, apesar de tantas coisas horríveis que já fiz, ainda sou capaz de gostar de alguém.


_Mas você está me vendo pela primeira vez, Pendergast.


_Não, já há alguns dias eu estava cuidando de sua segurança, de forma velada. Reconheci você meio que por acaso, saindo de um edifício em companhia de Pestana e supus que o Círculo não iria demorar a persegui-la.


_Supôs corretamente. Então, você já estava cuidando de mim, sem que eu soubesse. Mas que bom. _ disse Hsiao, deixando o copo na mesa, fazendo um carinho no rosto de Pendergast e beijando-o com ardor.


 


Pendergast correspondeu ao beijo e abraçou-a, apaixonadamente. Sem que se dessem conta disso, logo estavam no quarto, deitados na enorme cama amando-se intensamente. Depois do clímax, conversavam como se já fossem conhecidos há anos.


 


_Teremos de tomar providências para tirá-la do Brasil e levá-la a um lugar seguro.


_Agora isso não faz mais diferença, Hyeronimus. _ disse Hsiao _ Acho que o melhor será ficar com você, até que possam derrotar o Círculo. Com o que você sabe e mais o que eu sei...


_... Como assim?


_Você me fez “destrancar” mais uma memória. Fazer amor com você, dessa forma tão intensa, liberou outra lembrança. E das mais importantes, pois tem a ver com um dos planos mais cruéis do Círculo, relacionado com uma chantagem a nível mundial.


_É importante mesmo. _ disse Pendergast _ Pode ser perigoso ficarmos juntos, mas pode ser ainda mais perigoso nos separarmos e não há outra pessoa de quem eu queira estar junto a não ser você. Vamos tentar repassar essa informação a Harry Potter.


_Ótimo. _ disse Hsiao _ O que eu soube relaciona-se com o uso que “Escuridão” quer fazer de um certo submarino russo desaparecido. Ah, mas como é bom poder estar com alguém de quem se gosta.


_Eu que o diga. _ concordou Pendergast _ Já fiz tanta coisa ruim na vida, que o fato de saber que posso gostar de alguém e ser correspondido mostra que ainda há esperança para mim. Vamos à Inglaterra e procurar fazer contato com Harry Potter. Acho que através dos gêmeos Weasley poderemos chegar a ele de maneira discreta.


 


_Isso se conseguirem sair daqui. _ ouviu-se uma voz. Ao olharem, deram de cara com três sujeitos apontando varinhas para eles _ Agora venham conosco e nem pensem em pegar as varinhas.


 


 


Voltaremos depois para ver o que Hsiao e Pendergast fizeram. Agora, vejamos como estão as coisas em Hogwarts.


 


 


Depois das aulas, a atividade do Clube de Artes Marciais seguia a toda força. Pettigrew era o parceiro de Tiago e melhorava a olhos vistos seu desempenho, principalmente por ter conseguido atingir seu equilíbrio emocional deixando suas culpas e obsessões para trás, em grande parte graças a Leilane Jordan. Ao término da atividade, os membros do clube retornavam para suas casas.


 


_Você está cada vez melhor, Albert.


_Obrigado, Tiago. Aprendi o valor da serenidade e do equilíbrio. _ respondeu o sonserino, mas sem revelar que algo ainda o perturbava. E era o fato de que mais cedo ou mais tarde teria de revelar o que sabia sobre o “Avatar das Trevas” a Harry Potter. Ainda que aquilo pudesse prejudicá-lo por parecer que ele tinha envolvimento com as atividades das Trevas que estavam ocorrendo nos subterrâneos de Hogwarts, ele devia ao “Avatar”, pois queria libertá-lo do domínio de “Escuridão”. _ Quem sabe eu possa entrar para o grupo do Ninjutsu-Bruxo?


_Tudo indica que sim, Sr. Pettigrew. _ ouviu-se a voz de Harry, atrás deles. Os dois sequer haviam percebido o Ki do professor.


_O senhor consegue rebaixar muito bem o Ki, Prof. Potter.


_A prática conduz à perfeição. _ disse Harry _ E é verdade, logo o senhor poderá fazer parte do grupo de Ninjutsu-Bruxo. Há mais alguma coisa que julgue precisar me dizer?


_Não por enquanto, Prof. Potter (“Caraca, ele sabe de alguma coisa. Acho melhor dizer ao “Avatar” que eu devo contar logo a ele a verdade”, pensou Albert).


 


Seguiram para as Casas, a fim de um bom chuveiro. Haviam combinado uma sessão de estudos na Biblioteca para mais tarde, depois do jantar. Severo Snape dera a entender que aplicaria um teste-surpresa pelos próximos dias e eles queriam estar preparados.


O período de estudos na Biblioteca estendeu-se por horas e os alunos do segundo ano contaram com a orientação dos amigos que estavam mais adiantados. Soraya, Nereida, Adriano, Cliff, Vicenzo, Larissa e Leilane orientavam os segundanistas nas particularidades das fórmulas das várias poções, até que resolveram fazer um intervalo para um pequeno lanche.


 


_Acho que teremos de ir às cozinhas. _ disse Cliff _ Por sorte, sabemos como chegar lá rapidamente.


_Tem razão, mano. _ disse Mafalda, enquanto a turma parava em frente a um quadro que retratava uma bandeja de frutas.


_É comigo, então. _ disse Tiago, fazendo cócegas na pêra e vendo que a passagem secreta para a cozinha se abria _ Oi, Dobby. Você por aqui?


_Boa noite, jovem mestre Tiago. O serviço nas propriedades Potter é muito fácil, então sobra tempo para que Dobby venha ajudar seus amigos elfos na cozinha de Hogwarts.


_É sempre bom te ver, Dobby. _ disse Lílian, abraçada a Mariel _ Espero que não estejamos dando muito trabalho.


_De forma alguma, jovem mestra Lílian. Nós, elfos domésticos, temos prazer em servir, sejamos ou não libertos. Já vamos providenciar um lanche para todos. _ disse Dobby. A aparência do elfo não mudara quase nada desde que Harry tinha seus doze anos e acabou matando o basilisco de Slytherin na Câmara Secreta.


 


Depois do lanche retornaram para as Casas e, de lá, para a Biblioteca. Certa hora, Randolph consultou seu relógio.


 


_Caraca, vejam a hora! _ exclamou ele _ Estamos ultrapassando o horário de recolher para o segundo ano. É melhor irmos logo e rezarmos para não dar de cara com o Sr. Halsted no caminho.


_Não se preocupe, Randy. _ disse Adriano _ É uma vantagem termos um Monitor na turma. Tenho aqui comigo um bloco de Passes de Corredor e vou providenciá-los para vocês. Podemos ficar aqui até a Biblioteca fechar ou até vocês acharem que já estudaram o suficiente.


_Obrigado, Adriano. _ disse Tiago _ Assim não precisaremos interromper os estudos... ora, onde é que vocês estavam?


_Acho que um daqueles pastéis não me caiu muito bem. _ disse Mirela, que estava meio pálida e amparada pelo irmão _ Fui procurar Madame Pomfrey e agora já estou melhor.


_Eu e Albert estávamos com o Prof. Snape. _ disse Leilane _ Ele garantiu que a Poção Polissuco seria tema de pelo menos uma das questões da prova.


_Certo. Então, vamos revisar as últimas dúvidas que temos. _ disse Lílian, com Mariel sentado ao seu lado _ Você disse “Poção Polissuco”, não é? Parece que os Potter já têm um passado com essa poção.


_Como assim? _ perguntou Leilane.


_No segundo ano, papai, Tia Mione e Tio Rony tomaram a poção, para investigarem sobre a Câmara Secreta de Slytherin. _ disse Tiago, enquanto Pettigrew involuntariamente contraía os maxilares à menção do local das reuniões do “Avatar das Trevas”.


_Ah, sim. _ disse Mafalda _ Só que com mamãe a coisa não correu muito bem. Ela acabou virando meio gata.


_Isso porque usou um pêlo do gato de estimação da minha mãe, pensando que fosse um fio de cabelo dela. _ disse Larissa _ No fim acabou dando certo.


_E quanto ao Prof. Potter e ao Sr. Weasley? _ perguntou Pettigrew.


_Papai transformou-se em Crabbe e Tio Harry em Goyle, pelo que eu me lembro do que me contaram do caso. _ disse Cliff _ No final acabaram impedindo que Voldemort retornasse, mas Tia Gina quase morreu... ei, Julius, tudo bem com você?


_Uma sensação meio estranha. Acho que foi um pequeno flash de sensitividade. _ disse Julius Longbottom, abraçado a Sun-Li.


_Acredito que estejamos todos meio estressados com a prova, pois o Prof. Snape é bem exigente. _ disse Randolph _ Acho que seria bom nos recolhermos.


_Excelente idéia, Randy. _ disse Sun-Li, alongando-se, tentando disfarçar um bocejo e corando _ Desculpem. Acho que o sono está pegando.


_Para todos nós. _ disse Mirela, também dando uma bela espreguiçada.


_Então, vamos nessa. _ disse Mariel.


 


Adriano distribuiu Passes de Corredor para todos, a fim de que Halsted ou os professores não os punissem por estarem fora das Casas àquela hora. Saíram da Biblioteca e chegaram ao saguão, onde as coisas começaram a acontecer.


 


_Estranho, minha varinha começou a vibrar. _ disse Lílian _ Ela não fazia isso desde Garopaba.


_Quando aqueles viciados tentaram nos assaltar? _ perguntou Mafalda.


_Sim. Parece que ela vibra para me avisar de que algo estranho, não necessariamente perigoso, está para acontecer.


_Mas daquela vez ela não cantou, mana. _ disse Tiago _ E agora estou ouvindo o canto da Iara.


_Nós também. _ disseram todos os garotos.


_Bem, quanto a isso eu não posso dizer nada, pois só os homens podem ouvir quando a Iara canta. _ disse Lílian _ E notei que a vibração fica mais intensa quando me viro naquela direção.


_Vamos ver o que pode estar provocando a reação de sua varinha, Lily. Também estou ficando curioso. _ disse Mariel, de mãos dadas com a ruivinha.


 


Os Novos Marotos seguiram Lílian, que guiava-se pelas alterações na intensidade da vibração de sua varinha, enquanto os garotos notavam que o canto também se alterava. Então, perto das masmorras, a vibração tornou-se mais intensa quando passaram em frente a um ponto da parede.


 


_Parece que aqui o canto da Iara fica mais forte. _ comentou Julius _ E sinto algo de diferente bem nesta parte da parede.


_Realmente, Tia Luna é sensitiva e você herdou suas habilidades. Vamos ver o que existe aqui. _ disse Tiago, sacando a varinha e apontando-a para a parede _ “Suspectum Revelio”!


 


Uma parte da parede do tamanho de uma porta, começou a brilhar, bem como uma pedra bem ao lado. Adriano apertou a pedra e a parede deslizou para o lado.


 


_Uma pequena câmara. _ disse ele _ “Lumus”! Agora vamos ver o que há aqui dentro. Parece um armário de vassouras, mas tem algo mais.


 


O exíguo espaço era ocupado por uma pequena mesa, uma cadeira e uma estante. Na estante, um volume chamou a atenção dos jovens, que se aproximaram. Pettigrew, que sabia do que se tratava, ficou branco.


 


_Vejam, aqui há uma capa preta, com capuz. _ disse Cliff.


_E uma máscara estranha. _ disse Nereida, pegando-a e levando-a mais perto da luz emitida pela varinha de Adriano _ Merlin! Esta máscara de prata está esculpida com os traços do rosto de... LORD VOLDEMORT!


_Deixe-me ver. _ disse Soraya, pegando a máscara. De repente, seus olhos adquiriram um brilho dourado e ela se preparou para dizer algo, mas ficou quieta quando Albert Pettigrew lhe fez um sinal.


_Tudo indica que é aqui que o tal “Avatar” esconde seu disfarce. Precisamos descobrir quem é, até mesmo para ajudá-lo. Mas não poderemos fazer nada pelo menos até amanhã de manhã, pois já está bem tarde. _ disse Tiago _ Vamos fechar a câmara e amanhã contaremos ao meu pai e a Sirius.


 


Fecharam a câmara e foram para suas Casas. Antes de ir para a Grifinória, Soraya teve uma pequena conversa com Pettigrew.


 


_Não sei o que você pretende, mas vou ficar quieta. Espero que saiba o que está fazendo.


_Fique tranqüila, Soraya. Por sorte percebi rapidamente que você acabou usando Psicometria na máscara. Prometo que amanhã resolveremos tudo (“Na verdade, vou resolver é daqui a pouco”, pensou ele).


 


Quando todos foram embora, Pettigrew resolveu fazer um último uso do seu Passe de Corredor.


 


_Vai fazer o que eu estou pensando, Albert? _ perguntou Leilane.


_Vou, Leilane. Ele não me disse nada, mas creio que já está mais do que na hora de eu tomar uma atitude, até para o próprio bem dele.


_Boa sorte, então. _ disse a garota, dando um beijo em Pettigrew. Este pôs-se a caminho, procurando se esconder nas sombras, a fim de evitar Halsted ou qualquer outro. Mesmo que estivesse de posse de um Passe de Corredor, achava melhor não ter de dar explicações sobre o que pretendia fazer.


 


Dada a necessidade de falar com Harry Potter, Pettigrew estava disposto a ir procurá-lo até mesmo na ala residencial de Hogwarts, que ficava fora dos limites para os alunos. Mas nem foi preciso. Passando pela sala de Defesa Contra as Artes das Trevas, viu que a porta encontrava-se entreaberta e que havia luz no interior da sala. Abriu a porta e foi até o gabinete anexo, dando de cara com Harry Potter, sentado à escrivaninha e tendo à sua frente um bule de chá e duas xícaras.


 


_Entre, Sr. Pettigrew. _ disse Harry _ Eu já estava me perguntando quando é que o senhor iria aparecer.


_Boa noite, Prof. Potter. Me desculpe por procurá-lo a esta hora tão avançada, mas eu precisava vir.


_Pelo contrário, eu esperava pelo senhor. Tem algo a me dizer?


_Sim, Prof. Potter. Eu não fui totalmente sincero com o senhor, após a sessão do Clube de Artes Marciais. Há algo que eu preciso muito lhe dizer.


_Sirva-se de uma xícara de chá e me conte tudo, Sr. Pettigrew. Sou todo ouvidos para o senhor.


 


 


Novas pedras haviam sido posicionadas no tabuleiro e a partida assumia diferentes contornos. Estava mais próximo o momento de desfechar o Shicho e cercar as pedras do Círculo Sombrio para obter a vitória final, o Tsuru no Tsugomori.


 


Harry só esperava que não precisassem perder mais ninguém até lá.

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Comentários (1)

  • Luiza Snape

    Aaaaaaaaaaah eu não vou aguentar esperar por mais um capítulo!! A fic está muito boa parabéns!!! Bjs

    2013-08-18
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