Duelo Mental




CAPÍTULO 7


 


DUELO MENTAL



 


 


 


 


 


 


 


 


_Droga! Isto não está dando certo, Tremayne!


_Calma, Neville. Lembre-se de que o inventor trouxa, Edison, realizou quase trezentos testes, antes que sua primeira lâmpada elétrica funcionasse.


_É, eu sei. Mas é extremamente frustrante, Tremayne. Já testamos todos os produtos da “Fata Morgana” e não descobrimos o que é que pode estar causando essa onda de envelhecimento mágico.


_Sim. E enquanto isso estiver ocorrendo, a população sofre os efeitos e os Bashir amargam o prejuízo. Bem, já testamos os produtos um a um e em combinações binárias. Tudo falhou. Realmente, acho que falta algo.


_Combinações ternárias?


_Pode até ser, mas...


_... Falta uma coisa, Tremayne. O tal catalisador.


_Aquilo que o tal informante lhe disse?


_Tremayne, não mencione o informante, por favor. Se algo vazar, ele poderá perder sua utilidade. Se ao menos soubéssemos o que é o catalisador, poderíamos tentar trabalhar em um antídoto. _ disse Neville, estranhando um pouco as palavras de Tremayne. Afinal, ele não lembrava-se de haver mencionado coisa alguma sobre o informante para seu auxiliar de laboratório.


_Mas não temos idéia do que pode ser.


_Temos de descobrir, mas como?


_Não precisa mais se preocupar, Neville. _ a porta abriu-se e uma voz pôde ser ouvida.


_Prof. Mason! Marilise! Mas que surpresa! O que fazem aqui?


_Viemos trazer a resposta às suas perguntas, Neville. _ disse Marilise.


_Como assim? Não me digam que conseguiram...


_... Sim, Neville. Conseguimos o catalisador. _ disse Mason _ E algo mais, além disso.


_O que, Prof. Mason? _ perguntou Neville.


_Isto! “Petrificus Totalus”!! _ e um raio atingiu Tremayne, que estava quase saindo pela porta, com a mão no bolso das vestes, prestes a sacar a varinha.


_Mas o que é isso, Prof. Mason? Por que petrificar Tremayne? Ele era meu auxiliar, desde que...


_... Desde que o Círculo Sombrio plantou esse calhorda no seu setor, para sabotar suas tentativas de encontrar a substância que seria o catalisador da Maldição de Envelhecimento. _ disse Marilise _ E eu sinto não ser bruxa, para fazer como Harry fez com “Mantis”, no julgamento de Draco.


_Para mim é o de menos, querida. _ disse Mason _ Não me custaria nadinha conjurar cálculos renais nesse safado e provocar uma cólica nele.


_Desgraçado! _ disse Neville _ Eu bem que estranhei quando ele mencionou o informante. Somente os Inseparáveis e alguns poucos outros mais têm conhecimento da existência de “π”. Isso significa que, de algum modo, o Círculo Sombrio deve estar desconfiado de que há informações vazando.


_Seria bom vermos se esse verme tem algo de importante a revelar. Acho que teremos de interrogá-lo. _ disse Mason.


_Só que ele não vai nos entregar nada de boa vontade. _ opinou Marilise, olhando para o espião do Círculo, duro como uma tábua _ Talvez tenhamos de utilizar algo mais eficiente, embora não estejamos em guerra.


_Fala de Veritaserum, querida? _ perguntou Mason _ Bem, podemos considerar que estamos em guerra contra o Círculo. Não uma guerra de batalhas campais mas, ainda assim, uma guerra. Então, o uso de Veritaserum não é ilegal e nem imoral, neste caso. Vou procurar Kingsley e ver se ele autoriza a liberação de uma dose.


_Não será necessário, Prof. Mason. _ disse Neville _ Creio que tenho um pouco aqui, uma sobra do último estoque que eu preparei para os Aurores. Três gotas deverão bastar. “Finite Incantatem! Incarcerous”!


O Feitiço do Corpo Preso foi desfeito e Tremayne foi amarrado pelas cordas mágicas, conjuradas por Neville.


_Sem essa, cara! Não podem usar Veritaserum em mim! Não existe um estado de guerra!


_Parece que você não ouviu direito o que dissemos. _ comentou Marilise, ao lado do marido _ A guerra contra o Círculo é permanente, portanto podemos usar Veritaserum, assim como fizemos com “Mantis”, lembra-se, Derek?


_Exato, querida. Se bem que há outras alternativas. Poderíamos, por exemplo, chamar Harry para interrogá-lo. Imagino que ele adoraria ser desviado de suas atividades de ensino em Hogwarts para vir interrogar um canalha como você, se isso significasse dar mais um golpe no Círculo. Lembre-se do que ele fez em Odessa, Rio de Janeiro e Xangai, para pegar os responsáveis pelo seqüestro de Draco e Janine e, principalmente, pelo que aconteceu com sua filha não-nascida.


_Melhor ainda, Derek. _ disse Marilise _ Poderíamos pedir para que Gina viesse com ele. Creio que ela também iria gostar muito de ajudar a interrogar um membro da organização responsável pelo que aconteceu com a pequena Molly. Imagino que, sendo Medi-Bruxa, ela tem, com certeza, um bom conhecimento de Anatomia, Fisiologia e Psicologia Humana, o que poderia proporcionar o uso de novas técnicas de interrogatório, todas elas bastante dolorosas e eficientes. O que é que vocês acham?


Vendo que eles pareciam falar sério, Tremayne ponderou sobre as conseqüências e as chances que tinha. Não seria nada bom ser interrogado pelo casal Potter, ele um Auror dos mais temidos que, aos dezessete anos de idade, despachou Lord Voldemort para sua última viagem e ela uma eficiente Medi-Bruxa, que tinham todos os motivos do mundo para fazê-lo de um modo bem desagradável. Ele iria acabar entregando o que soubesse, de qualquer maneira. Então, seria melhor confessar sem sofrer demais. Além disso, nada poderia fazer. Pensando naquilo, Tremayne tomou sua decisão.


_OK, gente. Prefiro o Veritaserum.


_Sábia decisão, Sr. Tremayne. _ disse Marilise, sorrindo para os outros e dando uma piscadela para o marido _ Seria melhor avisarmos Kingsley, para que ele mande um escrivão, a fim de transcrever o depoimento desse cara.


_Boa idéia, Marilise. _ disse Neville, escrevendo algumas palavras em um pequeno pergaminho lilás, um memorando interno que, em seguida, dobrou-se magicamente como um aviãozinho e saiu voando. Não demorou muito, Kingsley Shacklebolt entrava no laboratório, acompanhado de Rony e de um escrivão que carregava alguns rolos de pergaminho e uma pena de repetição rápida.


_Então, pegaram um espião do Círculo Sombrio? _ perguntou o Chefe da Seção de Aurores, com sua voz grave _ O Sr. Weasley estava comigo, portanto eu o convidei para assistir ao interrogatório (Kingsley não podia dizer a mais ninguém que, ao seu lado, estava “Banshee”, o temível “Camaleão-Fantasma”). Podemos começar?


_Com prazer. _ Mason pegou o frasco de Veritaserum que Neville lhe ofereceu e levou a cabeça de Tremayne para trás, abrindo sua boca e pingando três gotas por ela, tampando seu nariz, para que engolisse. Quase que no mesmo instante, seus olhos ficaram desfocados e sua expressão ficou neutra.


_Quem é você? _ perguntou Mason.


_Andrew Tremayne, Alquimista-assistente.


_A quem você serve? _ perguntou Shacklebolt.


_Ao Círculo Sombrio. _ respondeu Tremayne.


_E qual a sua missão? _ perguntou Rony.


_Minha missão era sabotar as tentativas de Neville Longbottom obter um antídoto para o Feitiço de Envelhecimento embutido nos cosméticos da “Fata Morgana”, um golpe denominado “Operação Helena Frankenstein”.


_E em que consiste tal operação e por que eles resolveram batizá-la com esse nome? _ perguntou Marilise, interessada no que poderia estar afetando seus cosméticos preferidos.


_A intenção do Círculo era a de provocar uma onda de envelhecimento facial, que tornaria os usuários dependentes do uso dos cosméticos, que neutralizariam os efeitos, temporariamente. Com isso, as empresas da Sra. Bashir começariam a ter prejuízos, inclusive porque ela comprometeu-se a fornecer gratuitamente os cosméticos para neutralizar os efeitos, até que uma cura pudesse ser encontrada. E o nome é um trocadilho com a famosa marca de cosméticos trouxas “Helena Rubinstein”, tirada de uma anedota de um humorista trouxa brasileiro, Ary Toledo, na qual ele dizia que certa mulher era tão feia que seus cosméticos eram da “Helena Frankenstein”.


_Então isso era apenas parte de um plano maior? _ perguntou Rony. Não houve jeito deles não sorrirem com a piada.


_Sim. A conseqüência final seria a bancarrota da “Fata Morgana” e sua falência. Para acelerar o processo, “Escuridão” iniciou um derrame de ações no mercado, a preços baixos, através de vários testas-de-ferro, com a finalidade de desvalorizá-las e tornar a empresa cada vez mais inviável.


_Eu vi isso no “Profeta Diário” e no “London Times”, na Seção de Economia e Finanças. _ disse Shacklebolt _ Inclusive, as empresas já estão enfrentando dificuldades.


_Além disso, havia uma outra missão para mim, tentar descobrir com Longbottom ou com algum outro quem poderia ser o informante que passava informações para vocês. _ disse Tremayne, ainda com o olhar perdido _ Creio que ele e a sua amante, a filha do Ministro da Magia de Angola...


_... Mariana Lugoma. _ disse Marilise.


_Isso mesmo. Eles estão preparando algo bem doloroso para essa pessoa.


_Por que ele parece ter uma predileção em tentar atingir os Inseparáveis e os membros da família Malfoy? _ perguntou Shacklebolt.


_Deve ter a ver com o fato de, exceto por Lucius, os outros irmãos Malfoy terem rompido com as Trevas e passado a colaborar com os Ministérios da Magia dos países onde vivem. Somente Lucius e sua sobrinha, Valérie, permaneceram fiéis até suas mortes, durante aquele conflito em Azkaban. Ao que parece, “Sombra & Escuridão” reverenciam a memória de Lord Voldemort, Lucius e Valérie Malfoy, buscando a destruição dos que os traíram e dos que foram responsáveis por sua destruição. Quanto aos Inseparáveis, bem... creio que dispensa explicações. Todos sabem o que os Inseparáveis já fizeram contra Lord Voldemort e contra o Círculo.


_Isso inclui, além dos Inseparáveis, a Danielle, Jacques e René Malfoy, bem como suas respectivas famílias, além de todos nós que, de uma maneira ou de outra, lutaram com eles, no passado. _ disse Mason.


_Exatamente. _ disse Tremayne _ E muitos já morreram, como vocês devem lembrar-se do que ocorreu no passado.


_O “Eser Ha-Makot”? Os atentados e as mortes relacionados às Pragas?


_Sim. E haverão outros.


_O Círculo Sombrio plantou alguém na “Fata Morgana”? _ perguntou Marilise.


_Sim. Seis elementos.


_Você sabe quem são eles? _ perguntou Shacklebolt.


_Não, eu não sei.


_E quem sabe? _ perguntou Rony.


_ “Sombra”, “Escuridão” e mais uma pessoa, que participou do planejamento final da Operação “Helena Frankenstein”, pouco antes dos eventos que provocaram a morte do bebê da Dra. Potter.


_E quem era? _ perguntou Rony, novamente. O ruivo fervia de raiva, ao lembrar-se daqueles dias em que Gina perdera a pequena Molly, graças às maquinações do Círculo Sombrio.


_Marcus Flint.


_Marcus Flint, que era capitão da equipe de Quadribol da Sonserina, quando aluno de Hogwarts? _ perguntou Marilise.


_Ele mesmo. “Escuridão” incluiu Flint nas reuniões de planejamento, bem como Bagman e “Mantis”, que participaram das reuniões iniciais, antes do julgamento de Draco Malfoy. Mas Bagman e “Mantis” estão mortos... _ disse Tremayne, pendendo a cabeça para o lado e caindo no estado de sonolência que seguia-se ao término do efeito do Veritaserum.


 


_Isto pode ser meio difícil. _ disse Shacklebolt _ Quero dizer, não o fato de trazermos Flint para cá. Ele está encarcerado em Azkaban, portanto é só entrarmos em contato com o atual Diretor do presídio, para que ele seja trazido ao Ministério.


_Sim, Kingsley. Eu sei o que você está pensando. Marcus Flint deve ter tido treinamento em Oclumência e Legilimência, assim como muitos bruxos das Trevas. Portanto, devemos nos preparar para uma forte resistência mental. _ disse Mason.


_Bem, os Aurores também possuem um bom treinamento nesse campo, não é? _ perguntou Marilise.


_Sim, Sra. Mason. Vou mandar trazê-lo, então. Afinal, não saberemos até tentarmos interrogá-lo, não é? Em último caso, temos o Veritaserum. _ Kingsley pegou um punhado de pó de Flu e jogou-o na lareira, entrando em contato com o Diretor da Prisão de Azkaban, cargo que novamente estava sendo ocupado por...


_Alastor! Mas que bom te ver de novo! _ disse Mason.


_Derek, Kingsley, todos vocês, bom dia. _ disse Alastor “Olho-Tonto” Moody, com seu sorriso torto e sua voz rosnada _ De que precisam, amigos?


_Precisamos interrogar Marcus Flint, Alastor. _ disse Kingsley.


_OK, gente. Quinze minutos e eu o escolto pessoalmente. Até.


As chamas verdes da lareira apagaram-se e, quinze minutos depois, crepitaram novamente, elevando-se e dando passagem a Moody e Flint, este último manietado por algemas inibidoras de magia.


_Por que me trouxeram aqui? _ perguntou Flint _ Prof. Mason, Sra. Mason... mas o mundo está perdido! Trouxas desprezíveis no Ministério, hah!


_Se não estivéssemos precisando do senhor, Sr. Flint, eu realizaria, com os meus punhos, o que os dentistas trouxas fazem usando aparelhos ortodônticos, alinhando seus dentes a porradas. _ disse Mason, enquanto Marcus Flint ria, boçalmente.


_Não se preocupe, querido. Mais uma gracinha desse idiota e eu mesma realizo os seus desejos. Afinal de contas, eu sou uma civil, sem nenhum vínculo com o Ministério da Magia. Uma “Trouxa Desprezível”, como ele disse. Nada me impede de sentar o braço nesse bandido, se for preciso. _ disse Marilise, olhando para Flint. Alguma coisa no olhar de Marilise Vargas Sandoval Mason fez com que ele concluísse que seria melhor calar a boca, até que fosse solicitado a falar.


_Sr. Flint, serei direto. _ disse Shacklebolt _ Pedimos ao Diretor Moody que o trouxesse de Azkaban, para que fosse submetido a um interrogatório.


_E que tipo de informações querem de mim? Que importância um operativo de médio escalão do Círculo pode ter para o Ministério?


_Deixe de ser cínico, Flint. _ disse Rony _ Queremos que você nos diga o que sabe sobre quem são os seis elementos que o Círculo Sombrio infiltrou na “Fata Morgana” para desencadear a Operação “Helena Frankenstein”.


_E o que faz você pensar que eu vou ceder essa informação com facilidade, Weasleyzinho? _ perguntou Flint.


_Temos meios para isso, Sr. Flint. _ disse Neville _ E, pode acreditar, todos eles muito eficazes.


_Sei, sei. Legilimência, eu acredito. Talvez não dê certo, Longbottom.


_Veremos, Sr. Flint. Veremos. Há Legilimentes muito bons no Ministério. Agora, não percamos tempo. _ disse Shacklebolt, enquanto que dois Legilimentes entraram pela porta da sala de interrogatório. Poltronas de chintz foram conjuradas e todos, inclusive Flint, já sem as algemas, instalaram-se, confortavelmente. Após algum tempo...


_Shacklebolt, não estamos conseguindo. _ disse um dos Legilimentes, começando a desanimar _ Parece que não há memórias referentes ao que procuramos.


_Mas como? Tremayne não mentiria, sob o efeito do Veritaserum.


_Infelizmente, parece que não há nada. Nada sobre a “Fata Morgana”.


Então, Rony chamou Kingsley para um canto afastado dos outros e sussurrou:


_Kingsley, a memória está lá. Só que não vai adiantar, nem mesmo se usar Veritaserum. Flint não tem consciência de que a memória foi adulterada e sofreu uma sobreposição. Ou, se sabe, é um Oclumente muito bom.


_Como assim, “Sobreposição”, Rony? _ perguntou Shacklebolt.


_Bem, todos sabemos que uma memória pode ser adulterada, mas a sobreposição era muito grosseira, facilmente detectável. Mas, agora, desenvolveram formas muito eficientes de disfarçar, sobreposições bastante sofisticadas. Na Legilimência, acessamos as memórias e as vemos como se fosse um filme. Bem, no treinamento dos “Camaleões-Fantasmas”, aprendemos que, por mais perfeita que seja, uma sobreposição de falsa memória sempre parecerá com um filme emendado ou seja, uma parte parecerá torta.


_Entendi o que você quer dizer. Mas, para acessar a verdadeira memória, será preciso uma Legilimência profunda, algo que somente será possível para quem tiver um Ki muito poderoso.


_Um Inseparável e “Camaleão-Fantasma”, você está querendo dizer, Rony?


_Exatamente. Acho que eu tenho capacidade para desfazer essa sobreposição e romper os bloqueios mentais que possam existir. Não será fácil, mas conseguirei, Kingsley.


_Então, pode tentar. Conto com você, “Banshee”.


 


Rony aproximou-se de Flint e sentou-se em frente a ele.


_O que vai fazer, Weasleyzinho “Arrota-Lesmas”? _ perguntou Flint.


_Acho que posso ajudar os Legilimentes. Entendo um pouco do assunto, Flintzinho “Dentes-de-Raspar-Cocos”.


_Só pode estar brincando, “Cenoura-Ambulante”. Você não tem capacidade para tentar acessar as memórias de quem foi treinado em Oclumência e Legilimência pelo próprio Lord Voldemort.


_Bem que eu percebi o toque da serpente, “Boca-de-Trasgo”. Mas, para sua infelicidade, eu e os outros Inseparáveis recebemos lições do Prof. Mason, do Prof. Dumbledore e do Prof. Snape. Vamos ver do que você é feito.


Sentaram-se em poltronas um em frente ao outro e, para os outros, parecia que apenas estavam se olhando. Mas a realidade era bem outra.


 


Em outro plano, Rony e Flint travavam uma feroz batalha, o sonserino defendendo-se das tentativas do ruivo em penetrar suas barreiras, reforçando-as e tentando contra-atacar, o que obrigava Rony a levantar as suas próprias e continuar atacando. Flint era bastante habilidoso e parecia que estava ganhando terreno. Se ele invertesse o jogo, poderia acabar penetrando as defesas de Rony e ter acesso a segredos importantes, inclusive à sua identidade de “Banshee”, pois seria equivalente a Rony quebrar seu próprio Feitiço Fidelius. Além disso, a conseqüência final poderia ser um dano mental irreparável no derrotado.


Aquilo já estava prolongando-se por mais de uma hora até que, de repente, Rony parecia dar sinais de um certo cansaço. Os olhos do ruivo reviraram-se para o alto e, do seu nariz, começou a correr um pequeno filete de sangue.


Todos ficaram assustados e Shacklebolt fez menção de interromper o interrogatório, que tornara-se um terrível duelo mental. Mas Mason impediu o Chefe da Seção de Aurores de fazê-lo. Além de poder danificar as mentes dos dois, o ex-professor de Defesa Contra as Artes das Trevas tinha confiança naquele que fora seu aluno e desconfiava que Ronald Bilius Weasley não estava assim tão debilitado. Vendo o sangue a escorrer do nariz de Rony, Marcus Flint esboçou um sorriso e, para preparar um decisivo contra-ataque, baixou um pouco a guarda. Foi este o seu erro.


 


Um sinal de chamuscamento, com a forma de uma estrela, apareceu no meio da testa de Flint e todos os presentes, inclusive Marilise, que era trouxa, juraram ter visto o raio azul-elétrico brilhante que o produziu, saindo dos olhos de Rony, durando uma fração de segundo. Os olhos de Marcus Flint ficaram desfocados e um fio de saliva escorreu do canto de sua boca, de onde também começou a sair, bem como dos ouvidos, uma substância semi-etérea, nem líquida nem gasosa, de cor cinza-prateada.


_Rápido! Recolham todas as memórias dele que puderem! Consegui acessar a memória verdadeira, mas acho que exagerei na dose e agora ele está liberando tudo! Temos de recolhê-las e selecioná-las, pois eu acredito que ele possa ter tido conhecimento de outros planos do Círculo! _ disse Rony, enquanto limpava o sangue do nariz com um lenço _ E eu creio que acabei danificando a mente dele, com um pequeno contra-ataque.


_Pequeno? _ espantou-se Neville, conjurando frascos com os quais recolhiam as memórias de Marcus Flint, até que elas pararam de sair _ Aquele seu raio mental quase nos cegou, antes de queimar a testa de Flint!


_Fingi estar fraquejando, para que ele acreditasse e preparasse um contra-ataque final. Só que, para prepará-lo, ele teria de baixar a guarda e foi aí que eu lancei o meu, aproveitando a brecha.


_Mas foi arriscado, Rony. _ disse Marilise.


_Foi. Eu tinha apenas uma fração de segundo para atingi-lo, portanto não podia errar. Alguém por acaso tem uma poção analgésica? O duelo mental com Flint me deixou com uma baita dor de cabeça.


_Eu tenho algo aqui, Rony. _ disse Neville, pegando um frasco de uma gaveta e passando-o às mãos do amigo _ E a mente dele?


_Olha, não sei se não a danifiquei permanentemente e se ele não vai ficar com o QI de um trasgo, para o resto da vida. Se bem que, no caso de Marcus Flint, a diferença não será muita.


_Vou providenciar a internação dele no St. Mungus. _ disse Kingsley, levando Flint para fora da sala, com o auxílio de Moody. O pobre bruxo do mal continuava a babar, com o olhar perdido _ Já vi que esse daí não volta mais para Azkaban.


 


 


Depois de analisarem as memórias de Flint, os Aurores descobriram quem eram os seis elementos do Círculo Sombrio, infiltrados entre os funcionários da “Fata Morgana”. Dois dias depois, em Marselha, um encarregado do setor de produção estava adulterando os potes de atenuador, colocando neles a substância catalisadora. Em outros pontos de embalagem, outros colocavam os feitiços em outros produtos. Naquele momento, ele sentiu um tapinha nos ombros e, quando se voltou, viu apenas um punho vindo na direção do seu rosto e, antes de cair inconsciente, que seu dono, ou melhor, sua dona, tinha cabelos rosa-choque. Massageando o punho, Tonks foi ver o que os outros estavam fazendo.


Viu que quatro outros bandidos já haviam sido capturados, mas que um deles saíra por uma porta lateral. A Coordenadora de Operações sequer preocupou-se, pois sabia quem estava guarnecendo aquela suposta rota de fuga.


O bandido olhava para trás, enquanto fugia. Vendo que ninguém parecia persegui-lo, diminuiu o ritmo de sua corrida e passou a caminhar. De repente, um homem surgiu à sua frente. Alto, magro, com aspecto meio cansado, tinha algumas cicatrizes antigas no rosto. O bandido tentou apontar sua varinha, mas o outro foi mais rápido.


_ “Expelliarmus”!! “Reducto”!! _ a varinha do bandido saltou de suas mãos e desfez-se em pó, no ar.


Ele ainda tentou agredir o bruxo que o desarmara, mas as palavras deste último fizeram com que desistisse.


_Olha, cara, eu não faria isso. _ disse ele _ Creio que você já deve saber quem sou eu.


O bruxo do Círculo fez que sim com a cabeça. O outro continuou a falar.


_Então, você sabe que não é seguro mexer comigo. Estou sem muita paciência, está quase anoitecendo, a Lua já vai aparecer e você sabe que esta semana ela está cheia. Então, vai se entregar ou vai querer prolongar as coisas até a noite?


_OK, você venceu. Pode me levar. _ disse ele, estendendo os braços e recebendo as algemas inibidoras de magia.


Tonks chegou até ali, sorriu e beijou o marido. Remus John Lupin já estava sentindo falta de um pouco de ação.


 


 


Nos dias que se seguiram, várias coisas aconteceram, todas elas relacionadas aos cosméticos da “Fata Morgana”. Neville Longbottom desenvolveu um antídoto contra o Feitiço de Envelhecimento Facial, graças ao catalisador, entregue ao casal Mason por “π”. E por que ele não havia descoberto antes? Graças às sabotagens de Tremayne, que adulterara as amostras de atenuador de linhas de expressão, portanto o feitiço jamais iria ativar-se. Com o antídoto sendo produzido em escala industrial, a “Fata Morgana” pôde oferecer a cura a todos aqueles que haviam sido afetados e, através de uma eficiente campanha publicitária, recuperar sua credibilidade, reerguer sua situação financeira e revelar ao mundo que o ocorrido fora parte de uma ação terrorista. Logicamente que, apenas para a Bruxidade, revelaram que havia sido obra do Círculo Sombrio. O toque de mestre final foi uma entrevista coletiva, televisionada para todo o mundo pela WBC. Em um parlatório, na sala de conferências da empresa, em Marselha, vemos Danielle Malfoy Bashir, elegante e charmosa, na faixa dos cinqüenta anos, perfeitamente à vontade em um longo azul, da divisão bruxa de Carolina Herrera, tendo Nymphadora Tonks e Remus Lupin ao seu lado.


_Merci beaucoup pela confiança de todos vocês, ao redor do mundo, em não deixarem de acreditar em nossa empresa. Je ne voudrais jamais provoquer, eu jamais pensaria em provocar qualquer dano a ninguém, apesar de que o sobrenome “Malfoy” ainda levanta desconfianças na Bruxidade. Je crois que ainda levará um bom tempo até que notre nom seja apenas o de mais une famille bruxa. E, como mais um passo nessa direção, bem como mais um avanço na busca pelo restabelecimento da harmonia entre bruxos e trouxas, aqui está a Coordenadora de Operações dos Aurores da Inglaterra, Madame Tonks, com seu marido, Remus Lupin que farão uso da palavra.


_Obrigada, Danielle. _ disse Tonks _ Quando começaram a surgir os primeiros casos de envelhecimento facial, Danielle desconfiou que havia alguém querendo prejudicar a “Fata Morgana”, sendo que o mais lógico era que fosse o Círculo Sombrio, principalmente pelo fato de que eles parecem tentar atingir a família Malfoy, o que nos leva a crer que a morte de Lucien Didier Bashir, esposo de Danielle, não foi acidental.


Tomou um gole de água e prosseguiu.


_Devido à nossa experiência em combater o Círculo, Danielle entrou em contato conosco, de maneira sigilosa, através de seu sobrinho e meu primo, Draco Malfoy. Como a Corporação de Aurores é internacional, não sendo subordinada aos Ministérios da Magia, embora trabalhe com eles, somente foi preciso comunicar ao Chefe do Departamento, Kingsley Shacklebolt, para que iniciássemos essa operação secreta. Somente foi dada ciência aos Ministros depois da captura dos operativos do Círculo infiltrados na linha de produção dos cosméticos, para que o sigilo não fosse comprometido. No final, tudo se resolveu, os bandidos foram presos e os cosméticos alterados foram recolhidos. As vítimas receberam o antídoto e a “Fata Morgana” recuperou sua credibilidade junto à bruxidade e aos trouxas. Ainda bem, pois eu não sei o que faria sem os meus cosméticos preferidos. _ todos riram.


_Julien De Trèville, do “Caldeirão da Verdade”, de Paris. _ disse um dos repórteres convidados para a coletiva _ E quanto à participação de seu marido, o Sr. Lupin? Sabemos que ele não é um Auror.


_Sr. De Trèville, eu mesmo responderei. _ disse Remus _ Embora eu não seja um Auror, tenho experiência em combater contra as Trevas, como vocês todos bem o sabem, desde os Dias Negros, passando pela Segunda Ascenção de Voldemort (e Remus Lupin observou, divertido, como alguns ainda tremiam ao ouvirem o nome do Lorde das Trevas), portanto fui contactado, já que um dos objetivos do Círculo Sombrio é reerguer a Ordem das Trevas, algo que nenhum bruxo de bem pode permitir. E creio ter feito minha parte naquela operação.


Risos seguiram-se à declaração de Lupin. Depois de mais algumas perguntas, a entrevista foi encerrada. Remus e Tonks retornaram para a Inglaterra, com uma Chave de Portal.


Um dos repórteres, após o final da entrevista, foi ao banheiro e, dentro de um dos boxes, enfiou a mão no bolso e pegou um frasco, de dentro do qual retirou um comprimido e colocou-o debaixo da língua, aplacando a dor aguda no seu peito. A raiva que sentia por ter tido mais um golpe frustrado havia sido suficiente para provocar uma outra crise anginosa em “Escuridão”.


 


 


Tudo já estava bem. Então, em Hogwarts, uma coruja entrou pela abertura do telescópio do Gabinete do Diretor e depositou uma carta sobre a mesa, em frente a Sirius, que estava com Harry, discutindo o planejamento do Ninjutsu-Bruxo Avançado para alguns alunos.


_A letra é de Rony. _ disse Sirius _ Devem ser notícias mais detalhadas sobre os fatos envolvendo os cosméticos.


A carta dizia:


 


Sirius, Harry, o problema dos cosméticos foi totalmente resolvido e a empresa de Danielle recuperou sua credibilidade, como todos sabem. Eu estou escrevendo para lhes dar detalhes de como descobrimos tudo. O auxiliar de Neville, Tremayne, estava sabotando suas investigações e “π” descobriu tudo. Ele foi petrificado pelo Prof. Mason e, sob Veritaserum, nos cantou toda a melodia, delatando quem sabia sobre o plano, nosso velho amigo, Marcus Flint. No final, eu tive de usar Legilimência nele, o que evoluiu para um forte duelo mental que eu acabei vencendo. Fiquei uns dois dias com dor de cabeça e Flint foi parar no St. Mungus, de onde acho que não sairá tão cedo, se é que sairá. Foi por isso que não fui para Hogsmeade, no último final de semana...


_Bem, se a mente de Flint foi danificada, não vai ficar muito diferente do normal dele. _ comentou Harry.


_Vamos ver o que mais Rony escreveu. _ disse Sirius, rindo junto com o afilhado. Marcus Flint tivera um castigo merecido.


... Quando venci Flint no duelo mental, ele começou a liberar memórias por quase todos os orifícios do corpo, algumas bem interessantes. Parece que ele tinha conhecimento de muitos planos, embora fosse um operativo de escalão médio. Haviam informações sobre possíveis futuros golpes e também sobre alguns espiões, infiltrados em setores da Bruxidade e dos trouxas. Mas uma delas me deixou meio intrigado, na qual “Escuridão” mencionava algo denominado “Contrato de Seth e Anúbis”. Creio que seria bom conversarmos sobre isso, no próximo final de semana. Amanhã estarei chegando e espero que estejam com disposição para algumas cervejas amanteigadas no Três Vassouras. Um abraço.


Rony


 


 


_ “Contrato de Seth e Anúbis”. _ disse Sirius _ Até o nome é o bastante para não se gostar. E isso me lembra algo que aconteceu...


_... Quando “Escuridão” lançou aquele feitiço em Gina, eu me lembro! Dobby e Ziggy disseram que ele pronunciou o nome de Seth. Naquela ocasião, pensamos que poderia ter relação com a Sétima Porta de Cronos, mas vimos que não era. Talvez...


_... Talvez o quê, Harry? _ perguntou Sirius.


_Vamos esperar que Rony chegue. Será melhor que estejamos os três reunidos. Bem, ainda tenho uma aula do Clube de Artes Marciais. Gostaria de acompanhar, Sirius?


_Claro, Harry. Vamos lá.


 


Na sala de instrução, Harry orientou a turma em mais uma sessão e, durante um dos intervalos, Albert perguntou:


_Prof. Potter, como é a sensação do Bukujutsu?


_Boa pergunta, Sr. Pettigrew. Aliás, o senhor melhorou bastante no seu desempenho. Logo poderá controlar seu Ki e também praticar o Bukujutsu. Respondendo ao senhor, é difícil de explicar, mas é uma sensação muito boa. Primeiramente, é óbvio que é preciso ter domínio do Ki, a energia espiritual que toda pessoa possui.


_E como o senhor dominou o Ki?


_Foi aos dezesseis anos. E eu demorei um pouco, pois os acontecimentos do ano anterior me marcaram bastante. Foi quando o Ministério iniciou uma campanha para me desacreditar, Voldemort retornou publicamente e houve a batalha na qual Bellatrix estuporou o Diretor Black e ele passou cerda de um ano no Mundo do Além. Graças ao Prof. Mason, que havia sido incumbido por Dumbledore de nos ensinar Ninjutsu, eu consegui atingir o estado de equilíbrio necessário para controlar o Ki. Depois daquilo, progredimos e passamos pelas situações que todos vocês sabem. A sensação do Bukujutsu é de um grande prazer e poder. Não um poder mágico ou uma demonstração de força, mas o poder de superar os seus limites. Você sente a energia fluindo através do seu corpo e tem a certeza de que pode fazer aquilo. Então, começa a mover-se como se quase não tivesse peso, sua velocidade aumenta fantasticamente e você pode subir por paredes verticais como se estivesse caminhando, equilibrar-se em lugares impossíveis e praticamente dançar no ar, pois é isso que significa “Bukujutsu”, “Técnica da Dança do Ar”. Isso tudo, aliado ao incremento de força física e aura de proteção corporal proporcionados pelo desenvolvimento do Ki, transforma a pessoa em um guerreiro quase impossível de ser vencido.


_Dançar no ar? É meio difícil de entender, professor. _ disse Perla Sterling, uma garota da Corvinal.


_Bem, Srta. Sterling, nós não vemos ou sentimos o ar, mas ele preenche nossos pulmões. Isso significa que ele possui massa. Se você tiver suficiente domínio do Ki, o bastante para o Bukujutsu, você pode senti-lo e até mesmo controlar sua densidade, como se estivesse caminhando sobre degraus ou plataformas sólidas. Vejam, eu vou lhes mostrar como é. Novos Marotos, venham comigo.


Os Novos Marotos agruparam-se em torno de Harry e, após um instante de concentração, saltaram para o alto e para os lados, correndo pelas paredes e pelo teto da sala, equilibrando-se em lugares tais como pontas de lanças, mastros de bandeiras, parecendo que caminhavam normalmente pelo chão. Quando retornaram, a turma aplaudiu. Já haviam visto demonstrações isoladas, mas nunca uma coletiva, coreografada.


_Bem, é isso. Acho que já foi o bastante, podemos terminar a aula mais cedo. Um bom fim de semana a todos.


_Uma última pergunta, professor. _ disse Albert _ O Ki e a magia não apresentam uma certa incompatibilidade?


_Apenas aparentemente, Sr. Pettigrew. _ respondeu Harry _ É certo que ocorre um certo antagonismo, por serem forças poderosíssimas, mas elas podem harmonizar-se. Lembrem-se de que eu expliquei algo, outro dia.


_ “Xiangua”? _ perguntou Sun-Li.


_Exatamente, Srta. Donovan. Essa é a situação na qual o Ki e a magia harmonizam-se totalmente. O “Xiangua”, também conhecido como “Kanka-kô”, é a técnica através da qual o Ki e a magia fundem-se, tornando-se uma coisa só e potencializando mutuamente suas energias.


_Ei, Prof. Potter, eu já ouvi falar de algo assim. _ disse Mariel _ Isso não é algo chamado “Synthaxis Antikeimenoin”, em Grego Arcaico?


_Isso mesmo, Sr. Nero. União dos Opostos. Em estágios mais avançados do Ninjutsu-Bruxo vocês poderão ser capazes de executar, bem como o “Kobudera”, a capacidade de utilizar as técnicas Ninja além dos limites normais do ser humano, principalmente as disciplinas mentais, o Kuji-Kiri, e outras, tipo Inton-no-Jutsu, Saiminjutsu, etc. Preciso reforçar que essas disciplinas mentais NUNCA deverão ser usadas para fins malignos. As escolas Ninja que, no passado, estimularam essa prática, acabaram sendo combatidas por aquelas que sempre mantiveram os princípios da Arte Ninja. Um exemplo, foi a Escola Kuji-Kiri, que perverteu a prática dos Nove Graus do Conhecimento, a técnica de recuperação e aumento de energia. Nos Anos 80 aquela escola foi combatida pelos Ninjas de Togakure e acabou sendo destruída. Por sinal, o próprio Voldemort foi aluno dela, creio que nos Anos 40 ou 50, quando o Jonin era Isamu Kobayashi. A última remanescente da qual se teve notícia, foi Midori Kobayashi, ex-professora de Poções em Beauxbatons. Creio que podemos concluir por hoje, gente. Lembrem-se, alunos, amanhã o assunto em Defesa Contra as Artes das Trevas será Armas de Fogo. EM FORMA!


Os alunos entraram em forma por quatro e Adriano, que era o líder daquela semana, apresentou a turma, que fez uma reverência, prontamente respondida por Harry.


_KEIREI!! _ com o brado de todos, a aula daquela noite foi encerrada.


 


 


No dia seguinte, os professores, além de Sirius, supervisionavam o controle dos alunos que iam para Hogsmeade, executado por Halsted, zelador e bedel de Hogwarts. Quando ele encerrou e a turma foi liberada, eles seguiram os alunos. As esposas foram primeiro para a casa de Gina e Harry, enquanto que ele foi direto para o Três Vassouras, com Sirius. Lá chegando, Madame Rosmerta indicou aos dois a sala reservada na qual Rony esperava por eles.


_E aí, Rony, tudo bem? _ perguntou Sirius, depois de executar um Feitiço de Privacidade.


_Tudo, Sirius. Conseguimos resolver o problema da “Fata Morgana” e frustrar mais um plano do Círculo Sombrio.


_ “Escuridão” deve ter ficado furioso. Mais um golpe que falhou. Você mencionou algo chamado “Contrato de Seth e Anúbis”, Rony. Faz alguma idéia do que pode ser? _ perguntou Harry.


_Não consegui nada, Harry. _ respondeu Rony _ Nem mesmo “π” faz idéia do que pode significar. Somente podemos tecer suposições. Vejam, Seth é o deus das serpentes e inimigo de Osíris.


_Resumindo, um deus maligno. _ comentou Sirius _ E, sobre Anúbis, o que sabemos é que a ele são consagrados os mortos. Ele e Osíris julgam os mortos, pesando suas almas e corações em uma balança, contra uma pluma no outro prato. Eles têm de ser mais leves do que a pluma, para que o morto possa progredir.


_Não posso deixar de pensar que tem relação com aquele atentado, quando “Escuridão” tirou o cérebro da pequena Molly com magia. Se não era para abrir a Sétima Porta de Cronos, deve ser para outra coisa, alguma operação de grande vulto. E há algo que apenas Gina sabe, que eu não contei para ninguém. _ disse Harry.


_E o que foi, Harry? _ perguntaram Rony e Sirius.


_Alguns dias antes do início do ano letivo, eu acordei de madrugada, por causa de algo que não sentia desde os dezessete anos. _ os outros dois fizeram uma cara de espanto, pois meio que antecipavam o que viria em seguida. Vendo as caras dos dois, Harry continuou a falar _ Exatamente, amigos. Senti a cicatriz doer, como nos tempos de Voldemort.


_Tem... tem certeza, Harry? _ perguntou Rony.


_Sim, Rony. Mas o engraçado é que passou, logo em seguida. Desde então, não tenho sentido nada. Minto, uma noite senti uma leve ardência, mas que não durou nem um segundo. Eu me pergunto se foi real ou se estou pensando demais sobre algo que “Escuridão” disse.


_Sobre um novo líder para a Ordem das Trevas? _ perguntou Sirius, enquanto abria uma cerveja amanteigada e servia três copos.


_Exato. A segurança com que aquele demônio falava me deixou preocupado. E, quanto àquela conversa que tivemos, Sirius, duas das crianças que você mencionou estão em Hogwarts.


_Os gêmeos Nero? Sim, eles têm um potencial mágico fortíssimo. Mas o mais interessante é que não consigo perceber um Ki maligno em nenhum dos dois, ainda que tenham ido para a Sonserina. _ disse Sirius, tomando um gole _ Se bem que, hoje em dia, ser sonserino não é mais um motivo de desconfiança. Temos Adriano, Nereida, Larissa, Vicenzo e outros como prova.


_E eles são ótimos alunos, nada arrogantes e muito inteligentes, Mafalda me contou. Ela mandou uma coruja, depois que Tiago fez os cabelos de Pettigrew ficarem cor-de-rosa. Aliás, quem diria que um Pettigrew cruzaria novamente os nossos caminhos, hein? _ comentou Rony _ Sem contar que também é filho de Sibila Trelawney. Mas, voltando ao assunto principal, procurarei investigar qualquer rumor sobre esse Contrato.


_E nós ficaremos de olho em qualquer manifestação entre os alunos. Afinal, Voldemort começou a recrutar na escola, enquanto era aluno. Bem, é melhor que encontremos as damas, ou elas desconfiarão que há algo errado. _ comentou Harry.


_Se já não estiverem desconfiadas. _ disse Rony _ Até parece que não conhecemos nossas esposas.


_Com certeza. _ disse Sirius, rindo _ Vamos, então.


 


 


Saíram da sala reservada e passaram para o salão, cumprimentando Snape e sua família. Escolheram uma grande mesa e logo as garotas chegaram, acompanhadas por Mason, Marilise e Draco.


_Que bom terem vindo! _ exclamou Sirius _ Já estávamos com saudades.


_Nós também. _ disse Marilise _ Hogsmeade e Hogwarts sempre me trazem lembranças muito boas. Afinal, foi aqui que eu e Derek nos conhecemos.


_E o Natal logo chegará, gente. _ comentou Hermione _ Faremos a festa juntos, como sempre?


_Com certeza. _ disse Janine _ Mas eu estou tendo uma idéia, algo de diferente para este ano.


_Tipo? _ perguntou Ayesha.


_Que tal fugirmos um pouco do frio e irmos para um lugar que seja mais... tropical?


_Boa idéia, Jan. _ disse Harry _ Creio, então, que está sugerindo uma praia?


_Exatamente, Harry. Andei entrando em contato com Luna, Neville, Tonks e Lupin. Eles acharam uma excelente idéia. Como as semanas de Natal e Ano Novo não cairão em Lua Cheia, Lupin não terá problemas.


_Ótimo, querida. Será bom para todos nós, principalmente para mim, pois preciso de uma mudança de ares. _ disse Draco.


_Os pesadelos continuam, Draco? _ perguntou Janine.


_Sim, Jan. Inclusive, vim ver se Gina poderia dar uma opinião.


_Bem, minha área como Medi-Bruxa é a Pediatria, mas já tive de cuidar de casos de pesadelos. Primeiramente, tentamos utilizar Poções Relaxantes. Se não dá certo, entramos com a Poção Para Dormir Sem Sonhos.


_Já estou utilizando, há umas duas semanas.


_Bom, ela não causa dependência, mas pode ocorrer um efeito colateral. A privação de sonhos pode causar uma certa irritabilidade.


_Sim, eu sei. Inclusive, já me senti um pouco ansioso e tratei de descarregar na Sala de Treinamento da Mansão Malfoy.


_Os manequins e sacos de treino sofreram um bocado com essa catarse do meu genro. _ disse Marilise e Draco não pôde deixar de sorrir.


_Uma outra linha de ação seria passar um tempo em um centro de repouso, para que tentassem descobrir a fonte dos pesadelos. _ disse Gina.


_Eu acredito que seja algum feitiço que “Escuridão” tenha me lançado, a título de vingança. _ comentou Draco _ Se Medi-Bruxos Psiquiatras puderem chegar ao fundo disso, eu me internarei com o maior prazer.


_Não, Draco. Eu estava pensando mais em uma mistura de Spa e Centro de Terapias Alternativas, aquele lugar que pertence aos tios de Luna, lá em Gramado.


_Claro, que excelente idéia! Estou nessa! _ disse o loiro.


_Tornaremos a falar disso depois do Ano-Novo, então. E agora, Jan? Alguma idéia de para onde iremos?


_Sem dúvida, Gina. Uma cidade que o tempo e o progresso não foram capazes de poluir, cercada de belas praias e uma noite bastante movimentada, com criminalidade quase nula.


_Caracas! _ exclamou Rony _ Tal paraíso existe?


_Não só existe, Rony, como eu acho que já vou fazer um contato com Andressa Mendes. Ela é proprietária da única pousada grande o bastante para acomodar o batalhão que vai chegar lá. _ disse Marilise, pegando um MP7 enfeitiçado no bolso de suas vestes e teclando um número _ E tem de ser agora, enquanto há vagas. Acho que vamos ter de ocupar a pousada toda.


Enquanto Marilise ligava, Janine dizia nomes de praias, com olhar sonhador.


_Silveira..., Rosa..., Siriú..., Ferrugem..., Guarda do Embaú..., Gamboa..., Aah, que maravilha! Sol, céu azul, mar bom para Surf e Bodyboard... As crianças também vão adorar, pois sei que todas elas gostam de pegar onda.


_Esses nomes... Espere, Jan! _ exclamou Harry _ Você não está falando de...


_Exatamente, Sr. Harry Potter. _ disse Janine, vendo a cara de Harry abrir-se em um sorriso _ Só posso estar falando de... GAROPABA!!!


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