Capitulo 2



Capitulo 2


“Novas cabeças no velho colégio e Comércio ou Educação? O que a polícia tem a ver com escolas?


 


 


 


Naquela tarde, ainda lembrando da sessão de valsas de Strauss da noite anterior, James tinha voltado a escola depois do almoço para consultar a videoteca.


 


Seu grupo só teria que entregar o trabalho de História dali a duas semanas, mas o rapaz gostava daquela sala, normalmente pouco freqüentada durante a tarde. Ficava horas por lá, ouvindo repetidas vezes as informações do imenso acervo de documentários em vídeo e anotando tudo o que precisava. Mais tarde, digitaria caprichosamente sua parte do trabalho na sala de computação. Se todos também fizessem sua parte naquela semana, ele, que estava encarregado da redação final, poderia entregar o trabalho até antes do prazo.


 


Sua mãe tinha razão: ele era capaz de fazer tudo que os outros faziam... Bem... quase tudo.


 


Além das gravações da National Geographic, havia vários vídeos da BBC sobre a história e outros conseguidos pelos professores de Hogwarts na TV Educativa.


 


As horas voaram. James decidiu-se por um intervalo e resolveu dar uma volta, depois de tomar água no bebedouro do corredor. Se tivesse dinheiro, daria um pulo à cantina mas...


 


Desceu um lance de escada até o térreo e entrou na biblioteca. Sabia quais os livros que ajudariam o grupo no trabalho de História. E era muito fácil achá-los, pois a bibliotecária chefe tinha uma verdadeira mania pela organização: cada volume podia ser encontrado sempre no mesmo lugar, na mesma estante. E o colégio Hogwarts High School, antigo, imenso, tradicional, possuía uma das melhores bibliotecas da cidade.


 


James adorava manusear aqueles livros calmamente, folheando cada volume, tateando-os e imaginando seu conteúdo. Sentou-se com os livros perto de uma das janelas da biblioteca. Com prazer, aspirou o perfume do papel, da encadernação, da lombada, podendo perceber quais dos livros eram os mais velhos e quais tinham sido recentemente adquiridos pelo colégio.


 


Como acontecia de uns tempos pra cá, p pequenino Almofadinhas tinha ficado no jardim, muito quieto, à fiel disposição do seu dono. O Doutor Jonathan, um dos novos diretores do colégio, consentira alegremente com a presença do cãozinho na escola.


 


O jovem doutor Jonathan, filho do professor Dumbledore, a quem os alunos se referiam como "o Velho", era muito diferente de seu pai. Bem mais compreensivo e muito mais moderno. E realista o suficiente para entender que o cãozinho de James era mais disciplinado do que a maioria de seus alunos... A "flexibilização" daquela regra foi ótima para Almofadinhas e James. Um não sabia viver sem o outro. Grande amigo, o doutor Jonathan!


 


Num canto da ampla biblioteca, uma funcionária digitava furiosamente o teclado de um computador. Bem poderia ser um funcionário, mas James sabia distinguir o cheiro de um homem do perfume de uma mulher. "E deve ser bonitinha, essa daí...", imaginou o rapaz, sorrindo, lembrando-se que Hogwarts, decididamente tinha entrando em uma nova fase, desde que o professor Dumbledore introduzira o filho e o genro na administração, começando a preparar a própria aposentadoria e a continuidade do colégio.


 


O doutor Jonathan Dumbledore era um apaixonado pela educação. Vivia em contato com os alunos e imaginava uma nova Hogwarts, mais moderna, mais descontraída, mais criativa. Os professores jovens o adoravam, e os conservadores não conseguiam ir contra ele. A simpatia do jovem diretor era contagiante.


 


Augusto Ausdin, o genro, um sujeito sempre bem vestido, era pós-graduado em administração de empresas e fanático pela modernidade. Parecia interessar-se somente por tecnologia e pelas finanças e mostrava-se totalmente ausente nas relações com os alunos. Continuara fazendo parte da família, mesmo depois que Dona Emilly Dumbledore Ausdin, sua esposa e filha mais velha do professor Dumbledore, morrera num acidente de automóvel, no inicio daquele ano.


 


O genro iniciara uma verdadeira revolução tecnológica, sentida em cada canto do colégio. Os computadores tomavam conta de tudo, vencendo o horror do professor Dumbledore pelas inovações. Augusto até mandara importar uma impressora em Braille, para felicitá-la o acesso de James ao uso de computadores. Uma impressora que, ao invés de imprimir tinta, produzia pequenos relevos no papel! E, o que era melhor, no computador que James usava havia sido instalada uma placa de som especial, um sintetizador de voz, com uma vozinha de mulher que repetia suavemente cada tecla que o rapaz apertava.


 


A presença daquela digitadora na biblioteca era só mais um dos exemplares das mudanças introduzidas por Augusto. Todo o imenso acervo de livros, até o final do ano, estaria cadastrado em computador e os complicados arquivos de fichas seriam aposentados, provavelmente junto com o velho diretor – se o professor Dumbledore sobrevivesse.


 


Coitado do Velho! Em coma, em um hospital, depois do fatídico acidente que sofrera caindo das escadarias da escola, há exatamente duas semanas... James lembrava-se de ter ficado estudando na videoteca naquele dia até depois das 6 horas. No dia seguinte, todo mundo na Hogwarts soube que, na noite anterior, o professor Dumbledore escorregara e caíra das escadas do terceiro andar... Naquela idade, será que ele conseguiria se recuperar? E voltar a dirigir o colégio com sua mão de ferro?


 


Aquele velho professor, há 20 anos responsável pelo sucesso e pela respeitabilidade de Hogwarts, era severo demais. Tinha sabedoria para dar e vender, mas faltava-lhe um pouco de cintura para compreender certas coisas e permitir que algumas regras não tivessem de ser <i>tão</i> rigidamente obedecidas. Alto, com sua vasta cabeleira branca sempre despenteada, o Velho ostentava a severidade de um maestro capaz de reger uma orquestra sinfônica apenas com o rigor do olhar.


 


Trabalho de História... James sabia que estudar em Hogwarts era participar da história da cidade. Os famosos fundadores do colégio fundaram aquela escola a quase um século. O Trisavô do professor Alvo Dumbledore e tetravó do doutor Jonathan Dumbledore e da Dona Emilly Dumbledore Ausdin, a falecida esposa de Augusto, seu busto austero, sério e carrancudo dominava em bronze a entrada do colégio, como um guarda sempre vigilante.


 


A disciplina, em Hogwarts, era dura como a estátua de seu principal fundador. Mas era um colégio bom de se estudar. O melhor da cidade, procurado pelas elites desde sua fundação. Ou por quem tinha a sorte de conseguir uma bolsa de estudos total, como James...


 


Há 5 gerações, a família Dumbledore vinha se sucedendo na direção fazendo Hogwarts crescer, sempre aplicando a maior parte dos lucros na ampliação do colégio. Desse modo, a família Dumbledore nunca enriquecera, mas era dona de um colégio imenso, que ocupava vários quarteirões na zona mais valorizada da cidade.


 


O Velho, agora no hospital – diziam que com muitas fraturas -, talvez não mais pudesse voltar à direção. Até o ano anterior, todo mundo sabia que a nova diretora seria sua filha Emilly, ativa professora de Hogwarts desde o fim da adolescência. Mas, depois de sua morte tão trágica, a sucessão lógica seria o doutor Jonathan, pois Augusto, o genro viúvo, parecia interessar-se mais por dinheiro do que por educação. No entanto, até que esse momento chegasse, o colégio parecia bem-estruturado com os dois novos diretores: um preocupado com administração de tecnologia e o outro com educação.


 


O fato era que, nas mãos pedagógicas do doutor Jonathan e com a tecnologia moderna de Augusto, Hogwarts já estava mudando de figura.


 


O genro acreditava  também em propaganda e, pela primeira vez em sua história, aquele tradicional instituição de ensino anunciava suas qualidades nos jornais e nas rádios e na televisão. Comentava-se que Augusto sonhava em fixar Hogwarts como uma marca que poderias ser licenciada em todo o país, multiplicando a escola original em uma centena de novos Hogwarts High School, espalhados pelos 4 pontos cardeais.


 


E o que pensava o professor Dumbledore de tudo isso? James lembrava-se de ter ouvido uma discussão entre o Velho e o genro certa vez em que passava entre o corredor, em frente à porta entreaberta da sala da diretoria...


 


 


 


 


• • •


 


 


- O que importa à Hogwarts é a qualidade, Augusto, e não a <i>quantidade</i>. Há quase 100 anos é isso que caracteriza nosso colégio:  a qualidade de ensino!


 


- Qualidade custa dinheiro, papai – respondia o administrador de empresas, que chamava o sogro de pai. – Hogwarts pode se tornar uma mina de ouro, o senhor não percebe?


 


- Isto é uma escola, Augusto. Um sonho de educadores, não de mineradores!


 


- Ora, papai! Onde está o mal em alardear as qualidades centenárias de Hogwarts? A publicidade, hoje em dia, é...


 


O Velho interrompeu:


 


- A melhor publicidade é o respeito que nossa família conquistou nessa cidade, Augusto! Há quase 100 anos!


 


A voz do genro não se alterava, argumentando com paciência, como se falasse com uma criança que custa a entender as coisas:


 


- Chega de falar em séculos, papai. Veja, por exemplo, a questão das apostilas...


 


- Não me venha novamente com essa história de apostilas! Somos uma escola, não uma editora!


 


- Hogwarts pode produzir apostilas a baixo custo, papai. Assim, quando licenciarmos a "marca" Hogwarts em todo o país, nossas apostilas terão um mercado cativo, que...


 


- Hogwarts não é uma marca de lanchonete, Augusto!


 


- Ora, papai...


 


- E veja aonde seus gastos com publicidade estão nos levando: em toda a nossa história, nunca estivemos em dificuldades financeiras tão críticas como agora!


 


- Investimentos em publicidade podem custar a nos dar retorno, mas acabam multiplicando os lucros como o senhor jamais poderia imaginas. Veja que já agilizamos muita coisa com os computadores!


 


- Bargh! Máquinas modernas! O conhecimento não é moderno, Augusto, é eterno!


 


O genro fez uma pausa. Depois, falava com desânimo na voz:


 


- É papai... pelo jeito, instalar computadores em Hogwarts não é o suficiente. Não bastam as máquinas serem modernas. É preciso que as pessoas também o sejam...


 


 


 


 


• • •


 


 


Lembrando-se daquela conversa, James sorriu para si mesmo, ao pensar que só agora, depois da entrada dos novos diretores, sua presença naquela escola estava sendo aproveitada como propaganda. Lembrou-se da entrevista que Augusto dera a televisão, falando do sucesso de um aluno como James, que estudava desde pequeno numa escola não especializada:


 


- Em Hogwarts, formamos alunos especiais – desse o diretor a entrevistadora – Esse menino que eu citei já é capaz de dominar o uso dos computadores com apenas 4 meses de treinamento. Conhece o teclado de cor e digita qualquer texto, apesar de...


 


Aquela tinha sido uma forma de Augusto anunciar que sua escola era uma verdadeira fábrica de "milagres educacionais"...


 


James tinha gostado de ser citado na televisão.


 


"É... os jovens entendem melhor de propaganda do que os velhos...", pensava James, apoiando o cotovelo na janela da biblioteca.


 


Deitado no jardim a poucos metros do prédio, descansando a cabeça sobre as patas, Almofadinhas observava seu dono. E o garoto sentia a presença do cão, lá fora. Almofadinhas o compreendia. Como qualquer pessoa. As vezes muito melhor que muitas pessoas.


 


E foi daquele ponto de observação que James ouviu uma sirene e a freada na frente do portão principal... Ouviu alguém bater a porta de um carro e, logo em seguida, uma voz gritando para o porteiro:


 


- Polícia!


 


O garoto passou daqueles pensamentos á preocupação: o que viria a polícia fazer ali? O que a polícia tem a ver com as escolas?


 


Volteando as mesas, James saiu apressado da biblioteca e chegou ao largo corredor interno no momento em que percebia dois homens passando por ele. Notou que um deles era mais velho e ofegava, O outro, mais jovem e mais afobado, sacudia nas mãos um objeto metálico. Se eram policiais, aquele objeto só poderia ser... um par de algemas!


 


“Algemas?!"


 


O coração de James disparou. Encostou-se na parede do corredor e ficou a espera, sem ousar aproximar-se da porta da diretoria, por onde ouviu os policiais sumirem.


 


Não precisou esperar muito. A porta logo se abriu e os dois homens saíram, arrastando um terceiro pelo corredor. Os policiais levaram preso alguém da escola! Quem?


 


James, como se fosse sem querer, deu um passo à frente, justo na hora em que os três chegaram ao ponto onde ele estava. O pequeno grupo quase esbarrou no rapaz e, mesmo antes de ouvi-lo, James já sabia que era Sr. Evans que os policiais arrastavam algemado pelo corredor. Misturado com o cheiro enjoativo do chiclete que um dos policiais mascava, o aroma de fumo de cachimbo impregnado no terno do contador era inconfundível.


 


A voz do Sr. Evans veio num fio, reconhecendo o aluno:


 


- Oi, James...


 


- Nada de conversa. Vamos logo! – ordenou uma voz grossa, mal-humorada.


 


Os passos dos 3 sumiram pelo corredor, fazendo desaparecer em direção a saída a brutalidade dos policiais e a vergonha do Sr. Evans. O pai de Lílian...


 


 


 


 


• • •


 


 


 


Por quê? Por quê? Por quê?


 


James procurou dominar as batidas aceleradas do coração e enfiou-se pelo largo corredor para a esquerda, o lado oposto ao da saída dos 3. Para aquele lado, ficava a diretoria. De lá saíra Sr. Evans algemado. Lá estariam as respostas.


 


Parado na porta, reconhecível de longe pelo perfume suave da lavanda que sempre usava, estava p doutor Jonathan. A voz do jovem diretor, normalmente alegre e brincalhona, tinha agora um tom de desânimo e de derrota, embora procurasse parecer segura para o aluno que se aproximava.


 


- James? Você veio para estudar na videoteca, não é?


 


Apesar de ser um "veterano" em Hogwarts, James sentia-se tímido demais para interpelar um diretor. Mas o nervosismo quebrou a timidez:


 


- Por favor, doutor Jonathan, por que isso?


 


O jovem diretor hesitou um instante. Ele sabia que James era difícil de enganar.


 


- Bom, James... você deve ter percebido alguma agitação não é? E deve querer saber o que aconteceu.


 


- Desculpe, mas o que aconteceu eu percebi, doutor Jonathan. O que eu não posso entender é por que o Sr. Evans saiu daqui algemado.


 


Mesmo conhecendo a inteligência daquele aluno, Jonathan engasgou novamente. James tinha percebido que o contador saíra dali com os pulsos algemados! Como poderias? Aquele aluno era surpreendente de verdade.


 


- Não há de ser nada, James. Não há razão para pânico. Tudo não deve passar de um mal-entendido. A escola pagará os melhores advogados da cidade Logo você verá o Sr. Evans de volta.


 


Pigarreou em seguida, confundindo-se com o uso do verbo "ver", justo em relação a James.


 


- Posso saber de que o Sr. Evans é acusado diretor?


 


- Já disse para não se preocupar James. O Allan não tem nada a ver com o que suspeitam. É melhor você nem saber de quê, porque em 24 horas tudo estará resolvido.


 


- Mas diretor... – recomeçou o garoto.


 


- Agora me dê licença, James – interrompeu o diretor – tenho alguma ligações urgentes para fazer...


 


A porta da diretoria fechou-se e James ficou parado um instante, tentando reorganizar os pensamentos, que se revolviam a mil por hora depois da inexplicável prisão do Sr. Allan Evans.


 


Através da porta, ouviu os bips do telefone sendo digitado. Em seguida, muito abafada, vinha a voz do doutor Jonathan. Primeiro um "Alô", depois uma frase difícil de entender, seguida de um "Tudo bem".


 


James franziu as sobrancelhas: "Tudo bem?! Que história é essa?". Procurou apurar o ouvido, mas a espessura da porta tornava a voz do diretor muito difícil de entender. Encostou o ouvido na fechadura no momento em que o telefone era desligado. Depois só o silencio. Não adiantava esperar mais explicações por ali.


 


Voltando pelo corredor, duas portas além da diretoria ficava a sala da contabilidade, quase em frente à biblioteca. De lá, vozes excitadas discutiam.


 


James aproximou-se em silencio, como um gato, colado a parede.


 


- A ainda por cima, algemado no chiqueirinho, como um bandido qualquer! – indignava-se o professor de Geografia.


 


A voz do chefe dos bedéis insistia:


 


- Mas a gente precisa saber o que houve, Tadeu! Por que a policia veio prender o Allan?


 


- Não sei direito... – respondia o jovem técnico em computadores que fora contratado no inicio da nova fase do colégio e agora andava informatizando a contabilidade. – E, mesmo que soubesse, não tenho autorização para falar nada. Perguntem a diretoria!


 


- Estão comentando por ai que houve um desfalque nas contas da escola – juntava a voz da professora de Química. – Os auditores saíram daqui ontem. E disseram que foi o próprio Allan que convocou a auditoria. Isso não é estranho? Você deve saber de alguma coisa, Tadeu!


 


"Desfalque?!" surpreendeu-se James.


 


- Não sei de nada – escusava-se Tadeu – Não tenho autorização da diretoria para comentar nada!


 


O coração de James saltava-lhe no peito. Depois da conversa com o doutor Jonathan, alguma coisa o incomodava, por dentro. O que o diretor dissera ao telefone? Aquela prisão era estranha, muito estranha... Ele estava perturbado demais. E ele tinha razões para isso. Allan Evans era o pai de Lílian, sua paixão secreta...


 


 


 


 


N/B: Gosh *-*


Esse capitulo só me fez amar ainda mais essa história, é tão… envolvente (?).


E o James é uma coisa tão sweet , MAAAY da um James pra mim :D


Enfim, eu amei o capitulo, e essa história tem mesmo TUDO pra dar certo, romance, intrigas, e é claro porradaria não pode faltar, (?),euahsaisaha.


See you guys :*


 


N/A: AIAIOAIOEEIO porradaria? Amay o termo :D


Desculpe Ninha, mas eu não posso lhe dar o Jay, sorry. :x


E realmente porradaria não vai faltar (6)' e romance também não ;x IAOIAOEIAEOIAEOI³


Obrigada pelos comentários amores e no momento eu não estou podendo responder pois estou ocupadênha aqui ;x


Beijão pra vocês :* ♥

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.