A Condição



Título Original: Serpent's Bride



Autora: Reiko



Tradutora: Vanilla



N/A: Palavras em itálico simbolizam memórias e pensamentos, ok? =)



N/T: Esta é a minha primeira fic traduzida, apesar de eu já ter feito trabalhos de tradução, esta fic é mesmo a primeira a ter vindo parar à minha mão... ^^ Portanto... eu morria de alegria se vocês comentassem... deixassem reviews, emails, criticas... o que quiserem!!! E claro, quem quiser comentar com a autora tem de ser em inglês, ou então pode mandar para mim que eu traduzo e envio-lhe!=D



Tenho de agradecer em primeiro lugar à Reiko, que foi uma gentileza em me deixar traduzir a sua fic, à Veela, que é sempre um amor, uma beta excelente, uma amiga imparável e uma querida! ^^ À Jules, que me ajuda e me apoia sempre em tudo e sem falar nos emails de morrer a rir que ela me manda...=P À Persy por ter uma paciência de santa comigo e por ser sempre um maximo! À Bru M. por me ajudar e me dar dicas para a tradução.^^Também à Carlinha por ser uma beta muito simpatica e querida!! À Xana pelos comentários; à LLC por tudo, e finalmente à minha Cuxi. Isto é para vocês!!

Cheers,

Vanilla =D







A noiva da Serpente



Capítulo 1



A condição







... Ginny empoleirou-se impacientemente em cima da sua vassoura esperando pelo pomo dourado, a inegável adrenalina percorrendo em suas veias. A pontuação estava 70 a 60 para a Grifinória. Então, ela fitou Harry apenas a dois metros e meio acima dela, voando em círculos, sem dúvida procurando também pelo Pomo. Não havia maneira de ela negar o fato de que Harry ficava tão bem quando voava. O seu cabelo, que era bem desalinhado, estava sendo sacudido livremente pelo vento. Os seus olhos verdes, que eram bem visíveis, aparentavam determinação... Ginny corou e desviou o olhar. Bom, não era nada surpreendente isso. Ela era Ginny Weasley e Ginny Weasley acha que Harry fica bem em tudo e mais alguma coisa, mesmo que ele vestisse uma saca para o Baile de Inverno.



"Onde está a porra do pomo?" Ela ouviu Colin Creevey gritar. "Tudo o que precisamos agora é da porra do pomo!"



"Nós temos de ganhar este jogo." Ela pensou enquanto via Dean bater no balaço, tirando-o de perto de Harry, o apanhador da grifinória. "Este é o último ano de Harry... nós temos de ganhar este jogo!" Ela acrescentou ardentemente, dando uma olhada pelo ar, outra vez à procura do pomo.



E foi aí que ela viu uma coisa apenas a dois metros e quinze em cima do poste de marcação. Viu que os dois borrões de cores, verde e vermelho, estavam subindo a grande velocidade. Ginny deixou escapar um gritinho de excitação ao ver o Harry à frente de Malfoy, o apanhdor da Sonserina. Não havia dúvida alguma que Harry voava melhor que Malfoy. Até o time da Sonserina, muito para desagrado deles, aceitava esse fato.



O queixo de Ginny caiu de espanto quando ela viu Harry preparar-se para o mergulho. Tão segura de que Harry iria apanhar o pomo, ela preparou-se para ir atrás dele, com um novo objetivo fixo na sua mente.



"Eu devo ser a primeira a dar-lhe os parabéns!" Ela pensou, acelerando para o poste de marcação, com o vento brincando livremente com o seu cabelo vermelho.



De repente, alguma coisa dura bateu em seu abdômen. Ela sentiu as suas mãos irem para a barriga, saindo de seus lábios um débil grito de dor. Deixando de se agarrar, a sua vassoura acelerando para baixo, ela deixou escapar um grito aterrorizador ao sentir-se cair...



Cair...



Débeis gritos de alarme...



O seu estômago torcendo-se de dor...



Ela fechou os olhos...



Esperando... esperando...



Para baixo... para baixo...



"Não vai demorar muito até eu sentir o chão duro..." Ela disse silenciosamente para si, o pensamento da sua cabeça sendo esmagada no chão fê-la doente."Eu espero que não seja assim muito nojento." Ela acrescentou. Não queria que as pessoas se lembrassem dela assim, principalmente Harry, já que a morte era inevitável. Harry iria chorar? Ou iria segurar o seu corpo nos seus braços, ainda que ela estivesse ensangüentada, e iria abraçá-la com toda a sua força? Iria ele sequer dar-se conta que a tinha amado desde sempre? Ou iria ele-



"Apanhei-te!"



Ela abriu os olhos devagar para ver quem a tinha amparado.



Olhos cinzentos.



Cabelo loiro.



A pele mais pálida.



Um sorriso afetado e arrogante... Ooh, ela conhecia aquele sorriso afetado em qualquer lugar...



"Demasiado ocupada a admirar o Potter, huh, Weasley?"



"Huh? O quê--" Ela gaguejou ao sentir-se levitar outra vez.



"Não reparaste no balaço, pois não?" Ele falou, pronunciando as palavras lenta e vagarosamente.



Ele sorriu afetadamente outra vez, quando os olhos castanho escuro de Ginny se focaram nele. Ela arfou ao ver os olhos frios e cinzentos do Draco Malfoy se suavizarem.



"Põe-me no chão, seu parvalhão!" Ela disse instantaneamente, torcendo-se do aperto dele. Draco riu abafadamente, enquanto apertava mais a cintura dela, os seus olhos tornando-se frios outra vez.



"Nós estamos a quinze metros do chão, Weasley." Ele disse friamente como se ela fosse estúpida. "Eu posso ser um imbecil às vezes mas eu também sou humano, sabe. E não se mexa muito ou ambos caímos."



Vendo que Malfoy tinha razão, relutantemente Ginny ficou quieta, com a face pressionada contra o peito dele. Ela mordeu o lábio ao sentir o cheiro da colônia dele... distraindo-a, causando tonturas, fazendo-a sentir...



"Pára!" Ela brigou consigo mesma. Ela teve de dizer alguma coisa... uh... nada simpática. Qualquer coisa! Só para tirar aquele sentimento invulgar dela.



"Uh, então agora admites ser um imbecil." Ginny respondeu com a voz cheia de veneno. "A isso te dou razão."



Draco olhou para ela, com os olhos calmamente semicerrados. Ginny encontrou os olhos dele sem medo, desafiando-o. Eles olharam-se por um instante. Um com desprezo e o outro com... mas antes de ela perceber, os lábios de Draco encontraram-se com os dela. Por um momento, Ginny não se moveu. Se era devido à surpresa ou ao choque, ela não sabia. Pestanejou uma, duas vezes antes de sentir os olhos fecharem-se. Ele tinha gosto a café, canela e a pimenta do pequeno-almoço. Ela respirou fundo e inalou o aroma do seu creme de pós-barba, a combinação do seu sabor com o seu cheiro estava deixando o seu corpo fraco. Ela estava quase a retribuir quando de repente, ele afastou-se. Um fraco choro de protesto saiu da sua boca, para seu horror.



Draco deu um sorriso arrogante. "Gostou disto, Weasley?" Ele perguntou com a voz arrastada e suave.



"Vai para o diabo que te carregue!" Ela disse, a sua raiva regressando tão depressa quanto tinha desaparecido. Ela virou-se, tinha a cara escaldando e estava corada. Draco deu uma gargalhada divertida ao ver a cor da pele sardenta dela.



"Os meus irmãos vão te matar por isto, Malfoy." Ela disse zangada.



"Oh, eu não apostaria nisso." Ele respondeu confiante enquanto guiava a sua vassoura suavemente para baixo.



"Eu não teria tanta certeza disso." Ela respondeu de mau humor. Então, ela finalmente sentiu os pés tocarem o chão. Levantando-se também da sua vassoura, Draco segurou-a fortemente nos seus braços. Olhando-a nos olhos, ele sorriu indolentemente. Ginny, mais uma vez, sentiu o sangue subir-lhe para a cara.



"Porra! Não cores!" Ela repreendeu-se silenciosamente.



"Como queiras." Ele disse indiferente. Depois, ficando sério, ele inclinou-se, a sua boca mesmo ao pé da orelha dela. "Estás a dever-me uma, pequena Weasley." Ele sussurrou.



Ginny arrepiou-se toda ao sentir os lábios dele roçarem no seu pescoço. Ela olhou para ele, com os olhos esbugalhados de surpresa. A sua voz tinha sido tão suave, tão sedosa e tão... perigosa. Ela segurou a respiração, quando um flash de medo, calor e excitação, percorreu a sua coluna.



"Isto é uma dívida bruxa, sabe?" Ele acrescentou. Depois, inclinando a cabeça na maneira mais distinta e elegante possível, ele afastou-se.



"Voltaremos a nos ver, Virgínia."



"Ele disse o meu nome." Ela pensou e ficou horrorizada ao constatar que gostava disso. Era como uma carícia, um toque sensual aos seus sentidos. Ela ficou ali, de pé, sem se mexer. Os gritos alarmados e preocupados dos seus colegas misturando-se todos... desaparecendo... a dor já esquecida. Ela olhou a figura dele desaparecer, os seus dedos ainda da sua boca, os seus lábios ainda formigando... e ela nem sequer lhe tinha dado uma bofetada!


"Ele... beijou-me."








* * * * * *







"Ginny? Hey, Ginny!"



"O quê--?" Ela gaguejou. Olhou pra cima só para encontrar os olhos azuis de Selena Malthis olhando-a preocupada. "Estava dizendo alguma coisa?" Ela perguntou, pestanejando.



"Huh... Eu disse que iria queimar este orfanato, deitando-o ao chão. Eu sinto muito, você é a minha boa amiga e isso, e considerando que você mesmacriou esta instituição de caridade, mas francamente Ginny..." Ela respondeu sarcasticamente. Ginny levantou as sobrancelhas curiosamente por causa da resposta, os seus olhos inexpressivos olhando a cara da Selena. Selena virou os olhos.



"Eu disse que nós estamos tendo problemas financeiros!" Ela repetiu aborrecida, trazendo a sua pena outra vez para o pergaminho.



"Oh..." Ginny murmurou acenado com a cabeça enquanto examinava com atenção o pergaminho cheio de números. Ela fingiu estar interessada enquanto via a mão de Selena rabiscando furiosamente esse pergaminho.



"Eu não acredito que ainda estou pensando nisso, de novo... raios!"



"Nós precisamos de mais fundos... e hum... sim, os teus irmãos já deram metade do seu lucro anual da loja de brincadeiras, claro..." A sua contabilista continuou sem olhar. Ela pegou na sua varinha e começou a contar os números um a um.



"Depois de todos estes anos..."



Inconscientemente, Ginny levou a mão aos seus lábios, com os pensamentos perdidos outra vez. Ela olhou para a janela, não vendo nada além da cena de há cinco anos atrás.



"Totalizando tudo..." Selena murmurou distraída, sem reparar no olhar distante de Ginny. "Nós ainda precisamos de... oh Meu Deus!" Ela exclamou de repente. "Nós ainda precisamos de cem mil galeões para manter as nossas cabeças fora de água, Ginny!"



"Sonserino estúpido e imbecil!"



Quando Selena não ouviu uma resposta, tocou impacientemente no ombro da sua amiga com a varinha. "Ao menos está a ouvir?" Ela perguntou. Ginny afastou-se da janela do escritório, com os pensamentos abalados.



"O quê?" Ela perguntou sem expressão.



"Eu disse que nós precisamos de cem mil galeões para manter este orfanato funcionando." Ela repetiu. Depois, abanou a cabeça. "Já agora, o que é que você tem?" Ela perguntou. Ginny abanou a cabeça. "Não, nada…" Selena deixou escapar um suspiro.



"Nós precisamos arranjar o dinheiro o mais depressa possível." Ela disse, olhando outra vez para o pergaminho. "Com todas as dívidas que temos no banco… Gringotes será um grande problema. Acredita quando te digo que aqueles duendes estúpidos e sem coração não vão aceitar nenhuma desculpa desta vez."



Ouvindo aquilo, Ginny ficou um pouquinho pálida. "Tu-tu queres dizer que eles nos vão fechar?" Ela disse com voz aguda.



Selena olhou para ela, os seus olhos azuis tornando-se frios. "Não vão apenas fechar-nos, Ginny, eles vão tirar-nos tudo o que eles acham que é valioso."



"Mas-mas e as crianças?" Ela perguntou, o seu cérebro completamente concentrado desta vez. "Eles não podem fazer isso! Eu-eu amo aquelas crianças, pelo Amor de Deus! E os nossos outros patrocinadores, as outras doações..."



"Harry Potter já nos confirmou um quarto do seu arrecadamento quando o Pudlemere United ganha e.."



"Só um quarto?" Ginny perguntou confusa e espantada. Como é que o Harry Potter valente, gentil e para não mencionar, rico podia só dar um quarto do seu salário! Ginny já ia ripostar, mostrando o seu desagrado quando Selena a interrompeu.



"Ele tem um filho para alimentar, não te lembras?" Ela disse como se estivesse a ler a sua mente. "Além disso, o Quadribol não está a correr tão bem nestes últimos meses. Com toda a queda da economia trouxa afetando-nos e isso. Não admira que seja difícil termos doações." Ela suspirou.



"Eu acho que tem razão." Ginny concordou, afundando-se cansada no sofá, com as mãos nas têmporas.



"Então, o que é que nós devemos fazer?" Selena perguntou cuidadosamente. Ginny olhou para ela, pensando a toda a velocidade. Os olhos da Selena suavizaram-se. "Eu também amo aquelas crianças, Ginny. Mas eu..."



"Eu vou pensar em alguma coisa" Ela disse levantando-se e começando a andar de um lado para o outro no escritório debilmente iluminado, as suas vestes fazendo sons rápidos e elegantes, os seus sapatos de tacão fazendo barulhos contra o chão de pedra fria. Ao ver aquilo, Selena não pôde deixar de sorrir.



"Ela vai lutar por isto." Ela pensou ao notar o passo ativo e a determinação na voz dela. Ginny podia ser uma lutadora se ela quisesse, isso era um fato provado. Selena lembrava-se de tudo como se fosse ontem.



Foi uma batalha cruel. O bem contra o mal. Harry Potter, juntamente com seus amigos leais e apoiantes, lutaram e venceram Voldemort e os seus seguidores. Selena fechou os olhos num momento ao voltar à sua mente as cenas sangrentas. Corpos por todo o lado, o mordaz cheiro a sangue demorando no ar… depois aquelas crianças… de repente órfãs… os seus pais a morrerem corajosamente no campo… Bom, apesar da Ginny não ter participado no campo de batalha, ela era uma heroína aos olhos de Selena. Sem ajuda, Ginny Weasley deu alojamento àquelas crianças. Tinha sido difícil para ela, com o caos à sua volta, as ruínas e a cicatrização física e emocional… Mas, mesmo assim, Ginny lutou a sua própria batalha… e tinha vencido.



E agora, vendo o olhar na sua cara, os seus olhos castanhos brilhantes, os seus lábios normalmente sorrindo formando uma linha fina e severa… as dúvidas de Selena dissiparam-se. Não havia mesmo maneira da Senhorita Virgínia Weasley deixar que fechem o orfanato. A sua cara confirmava isso. Selena levantou-se e endireitou a escrivaninha mal arrumada. "Nós vamos conseguir." Ela pensou.



"Eu acho que é tempo de usarmos os contactos de Percy no Profeta Diário, não acha?" Ginny perguntou de repente, parando e virando-se na direção dela.



Selena olhou para cima. "O que é que está pensando em fazer?"



"Em termos trouxas… publicidade." Ela disse. Antes que Selena pudesse perguntar, ela saiu rapidamente do escritório, fechando a porta suavemente.







* * * * * *







Draco Malfoy praguejou suavemente enquanto ajustava a fivela prateada do seu manto. Atrás dele, Narcisa Malfoy olhou para ele com desaprovação. Draco encolheu os ombros desinteressadamente e continuou com o seu rápido passo até à porta de carvalho da mansão fracamente iluminada.



"Agora Draco." A sua mãe disse levemente levando a sua mão à mão esticada dele que estava prestes a rodar o enorme puxador da porta. "Lembra-te do que falamos, hmm?"



Draco virou os seus olhos cinzeto-prateados. "Sim, sim, ser educado com o velho pateta e. . ."



"Draco." Narcisa começou como aviso.



Draco virou a cara e suspirou cansado. "Ser educado com o avô e fazer o que ele disser, eu sei." Ele disse fatigado. Depois, olhando para a sua mãe ele sorriu fracamente. "Está me devevendo uma, mãe." Ele acrescentou suavemente.



Narcisa sorriu. "Eu sei Draco." Ela disse. Depois, afastou-se e olhou para o seu filho. Os seus olhos percorreram desde o cabelo loiro de linho retocado, à sua imaculada camisa branca debaixo das suas vestes, ao seu pesado manto preto.



"Parece bem. Vamos."



Draco apenas girou os olhos enquanto abria a porta para a sua mãe entrar. Seguindo-a, ele fechou a porta suavemente e entrou no quarto sombrio de Vladimir Malfoy II, o seu avô.



Os seus olhos vaguearam pelo pesado quarto, muito parecido com o do seu pai na Mansão Malfoy. A única diferença era que este quarto era tão… sombrio, muito mais sombrio que o do seu pai. Ele reparou na enorme cama de dossel no centro com cortinados pesados e pretos de veludo. E mesmo ao lado estava uma mesa de cabeceira com velharias desarrumadas. Na esquina estava uma escrivaninha robusta enfeitando a enorme janela. E mesmo ao lado da escrivaninha estavam três estantes cheias de livros grossos. Ele levantou as sobrancelhas.



"Vampiros: Antes e Agora" por: Dracul Meirs



"999 Receitas de Sangue" por: Angelica Ivanova



"O Sol, o Crucifixo e o Dente de Alho… Remédios famosos" por: Edmundo Pillares III



Ele abanou a cabeça e decidiu ignorar os livros à sua frente.



"Pai?" Narcisa chamou suavemente.



"Vem para a claridade." Ordenou uma voz forte. Draco rangeu os dentes. Ele odiava que lhe dessem ordens. Ele estava meio tentado a tirar a varinha e iluminar o quarto, que ele sabia que iria irritar imenso o velhote. Mas lembrando-se da sua presente situação, ele deu três passos para a frente obedientemente, com a sua mãe ao lado, só para ver a face pálida do seu avô à sua frente.



Ele estava sentado num confortável sofá, o seu cabelo preto até o queixo posto asseadamente atrás da orelha, os seus olhos pretos de águia olhando para eles com frieza e cuidado. De alguma maneira, Draco não conseguia acreditar que aquele homem era avô, o SEU avô. Avôs eram supostos ser pequenos e reumáticos. Eram supostos cheirar a pomada ou a qualquer outro bálsamo malcheiroso que eles usam, mas este… este homem estava a dar uma má reputação aos avôs.



"É este o rapaz, Narcisa?"



"Sim, pai." Ela respondeu.



"Que idade tem?"



"Draco acabou de fazer 22 no mês passado, pai."



Vladimir Malfoy levantou-se e andou até ele. Ele era alto como Draco, 1,83m e duas polegadas, em pé. Ele parou à distância de um braço dele, os seus olhos à altura dos de Draco. Draco olhou fixamente para ele sem dizer nada.



"Eu ouvi tudo o que se passou, rapaz." Ele disse.



Draco acenou com a cabeça. "Foi o mais lamentável, avô." Ele disse neutralmente.



Vladimir virou-se e andou até à sua mesinha de cabeceira. Ele pegou num cigarro, a única coisa trouxa no quarto, e colocou-o na boca. Depois virou-se para Draco: "Tens lume, rapaz?" Ele disse.



Narcisa fez sinal a Draco com o cotovelo. Draco rangeu os dentes e tirou a sua varinha do bolso. Ele andou até o avô e murmurou.



"Ignus"



Instantaneamente a ponta da sua varinha iluminou-se ao aparecer uma pequena chama. Então, Draco segurou a varinha para o seu avô.



"Parvoíce." O velhote disse referindo-se à varinha. Ele acendeu o cigarro e começou a fumar. "Nem sabes o que estás a perder, rapaz. Esta é a melhor coisa trouxa que existe." Ele acrescentou, expirando uma nuvem de fumo na cara dele.



Draco deu o seu máximo para não tossir. Vladimir riu por entre os dentes e percorreu o quarto, arrastando pelo chão o pesado tecido do seu manto atrás das suas botas.



"Foi uma boa idéia não ter se juntado ao velho Riddle." O ancião começou.



"Eu não desejo participar em nada que tenha a ver com o meu pai." Draco respondeu concisamente. Ouvindo aquilo, Narcisa sobressaltou-se e olhou medrosamente para o velhote.



"Draco! Ele é teu pai! Podias ao menos respeitar a sua morte..."



"Não faz mal, Narcisa." O idoso interrompeu-a. Depois, virando-se para Draco, sorriu sem humor. "Eu, também mal posso acreditar naquele meu filho miserável.



Draco acenou com a cabeça.



"Contudo, tu estás igualmente a tornar-te um miserável."



Draco não respondeu. Vladimir clareou a garganta. "Quando é que planeias acentar, rapaz? Viver com tradição!"



Desta vez, Draco franziu as sobrancelhas. "Não percebo, avô." Ele disse sinceramente.



Vladimir acenou com a cabeça. "Deixa pôr as coisas desta maneira." Ele começou. "Lucius, o meu maldito filho, gastou toda a fortuna da família na sua campanha para o Riddle, estou certo?"



Draco acenou com a cabeça, a sua cara tornando-se branca de raiva ao lembrar-se daquilo. Era por causa do seu pai que eles estavam ali, encarando aquele-aquele-velho pateta!



"E ele não deixou um único nuques para vocês viverem, estou certo?"



"Sim, avô." Draco disse, engolindo em seco. "É assim que se sente ao ser um Weasley?" A sua mente disse inconscientemente.



Com aquilo, Vladimir riu como que lendo a sua mente. "Tu não vais ficar pobre, rapaz!, se é isso que estás a pensar!" Ele disse com voz grossa. Depois ele continuou a andar até à sua escrivaninha. Com o movimento despreocupado das mãos, ele abriu a gaveta e tirou vários pergaminhos amarelados. Ele atirou-os para a mesa.



"Isto é o que eu tinha medo." Ele começou, ao expirar uma nuvem de fumo dos seus lábio sérios. "Desde que Lucius ficou interessado nas Artes das Trevas, eu soube que chegaria a isto."



Draco apenas suspendeu a cabeça e não disse nada. Narcisa, por outro lado, pôs-se atrás do seu filho. Draco podia mesmo sentir o medo e a tensão a crescer na sua mãe. O que é que eram aqueles papéis, então? Documentos declarando que eles iam ser jogados sem um único cêntimo no seu nome? Documentos que Vladimir Malfoy entregava à sua suposta responsabilidade? Além disso, eram aquilo sequer documentos?



Ele respirou fundo. O seu avô poderia ser meio-vampiro, sim. Ele poderia ter feito antes algumas merdas sérias para o mundo bruxo e trouxa, sim. Mas Draco sabia uma coisa: Vladimir Malfoy jamais investiria dinheiro numa coisa que ele não achasse valer a pena… e isso incluía o Lord das Trevas. Com aquilo, uma corrente de raiva apareceu dentro dele de novo, como uma onda gigantesca. Amaldiçoou o seu pai por pô-los numa situação como aquela. Ele olhou para a sua mãe por um momento e resistiu ao irresistível desejo de pôr os seus braços à volta dela e abraçá-la com toda a sua força. Ele não queria parecer piedoso em frente ao velho. Malfoys não fazem isso.



"Ele foi um imbecil por se juntar à violência Riddle." O seu avô continou. "Porque eu conheci aquele homem quando eu ainda andava em Hogwarts. Ele era um maldito parvalhão."



Draco apenas permaneceu em silêncio, a sua mente pensando rapidamente o que fazer depois desta conversa. Claro, ele teria de cuidar da sua mãe. Era a sua obrigação.



Acabaria ele por ir trabalhar? Talvez ele pudesse ensinar em Hogwarts. Ele abanou a cabeça. Não, ele não podia. A maioria do pessoal de Hogwarts odiava-o mesmo sendo amplamente sabido que ele virou as costas ao Lord das Trevas. Ou ele talvez podia ir procurar ajuda dos amigos do seu pai ou servos ou lá o que eram. - Crabbe e Goyle - Não, até eles odiavam-no tanto assim. Depois de ter desaparecido durante a guerra do Lord das Trevas, sem dar o seu completo apoio, ele tinha a certeza que eles iam matá-lo ao primeiro sinal.



"Agora," O seu avô disse, olhando para cima. "eu tenho aqui os papeis declarando que eu, Vladimir Malfoy II, possuo uma vasta quantia de dinheiro no montante de 95 milhões de galeões e um total de 167 milhões de galeões no valor da propriedade. Todos os meus bens vão ser herdados pelo meu neto, no seu vigésimo primeiro aniversário."



"Pai..." Narcisa começou mas Vladimir abanou a cabeça para calá-la. Draco quase tropeçou ao sentir os seus joelhos enfraquecerem. Ele apenas não sabia o quão rico o velho era… bem, até agora. Um total de 262 milhões de galeões?! Isso era muito dinheiro! Realmente MUITO dinheiro. Afinal de contas, eles iam sobreviver!! Ele nem precisava de trabalhar! E ele já tinha vinte e dois! Isso significava...



"Contudo." O seu avô disse alto. "Eu modifiquei o meu testamento."



A cara de Draco ficou fria ao notar o sorriso satisfeito do seu avô à sua frente. Era um sorriso que dizia "Eu fiz uma coisa maravilhosa!" Levou toda a sua boa vontade para não lançar o seu punho contra a cara do avô.



"Não olhes para mim assim, rapaz! Tu vais acabar por herdar a fortuna." O velhote disse. "Mas eu impus algumas condições depois de saber da tua maneira mulherenga. Eu não podia deixar uma vasta quantia de dinheiro a alguém idiota, podia? Que bem faria deixar isto a alguém como tu, se tu irias apenas desperdiçá-lo, eh?



"O que é que isso significa?" Draco perguntou, a sua voz fria.



Vladimir sorriu afetadamente e com arrogância. Ele levantou-se e andou até Draco. "Mulheres." Ele disse.



Draco respirou fundo.



"Vinho." O seu avô acrescentou.



A respiração de Draco tornou-se irregular.



"E não sei mais o quê, que tu aches que te divirta."



"A situação é completamente diferente agora." Draco respondeu furiosamente mas com fria calma. "Eu mudei, e se não o fiz, fá-lo-ei. Eu não tenho outra escolha."



Com aquilo, Vladimir riu alto. Os olhos prata de Narcisa viajaram desde a cara zangada do seu filho à cara jovial do velho. Ela sabia o quanto o seu filho odiava ser gozado. Narcisa rezou silenciosamente que Draco fosse capaz de controlar o seu feitio mais um pedacinho.



"Eu julgo que não." O seu avô disse. "Mas, eu acredito que vais mudar. Nós veremos isso."



"As condições, avô." Draco disse impaciente.



Vladimir deixou escapar um sorriso, um sorriso animal. "Oh, as condições, eh?" Ele perguntou. "Na verdade, eu apenas tenho uma condição, rapaz."



Draco permaneceu em silêncio. O sorriso de Vladimir alargou-se, como um gato preparando-se para matar.



"Para herdar todos os meus bens, tu rapaz tens de ter uma vida decente." Ele respondeu.



"Aonde é que está tentando chegar exatamente?" Ele reclamou. "Pare de falar por enigmas! Eu não tenho tempo para tais coisas!" Ele acrescentou impacientemente.



O seu avô riu por entre os dentes e entregou-lhe um pergaminho como resposta. Draco agarrou o papel, passando os olhos rapidamente pelo contexto. O velho olhou para ele com divertimento quando os olhos de Draco quase saltaram da cara.



"O quê?!" Draco gritou. Depois ele deixou escapar uma audível praga. "Eu não faço isso, de certeza!"



"Draco, por favor..." Narcisa suplicou pondo a sua mão no ombro do filho.



"Essa é a única condição, rapaz. É pegar ou largar."



Draco pensou em silêncio na sua mãe, e depois encolheu os ombros. De qualquer maneira, existe o divórcio. Sim, podia resultar! E Blaise… ela ficaria mais que feliz em lhe fazer aquele favor, sem dúvida, já que estava dinheiro envolvido e no topo de tudo, Blaise não estava lá muito virada para o casamento. Isso iria fazer as coisas um pouco menos complicadas.



Ele então pôs as mãos nas têmporas como se sentisse uma repentina dor de cabeça. Oh, Lindsay não vai gostar disto. Eliza também não, e Jasmina e...



"E nem sequer penses em casar com uma das tuas prostitutas, rapaz! Sobretudo com aquela rapariga miserável, Zabini!" O velho rosnou.



Desta vez, os olhos de Draco estreitaram-se perigosamente. "Eu não estou a ver porque não?" Ele respondeu com calma forçada. "Eu vou casar com quem eu quiser casar. Eu não entendo o que o avô tem a ver com isso."



"Isso também me diz respeito porque o dinheiro de que tu e a tua mulher vão viver é meu." Vladimir respondeu pesadamente. "Arranja uma garota amável e decente, rapaz. Alguém com bom caráter moral. Alguém de quem eu me orgulhe. Alguém que eu aprove."



"Então por que é que não é VOCÊ que vai e se casa?" Draco disse cheio de cólera.



"Draco..." Narcisa começou.



"Oh, eu estou lisonjeado que tu penses isso, que eu, nesta idade, poderia comprometer-me com essa tradição. Quero dizer, namoro. Mas eu asseguro-te, há muito que passei a idade de casar, rapaz." O seu avô respondeu deliberadamente. Draco apertou os punhos, a sua respiração tornando-se pesada devido à luta para controlar o seu sangue frio. "Vai e arranja alguém como a tua mãe." Vladimir disse com os olhos postos em Narcisa. "Bonita e especial. Tu merecias mais do que aquele meu maldito filho, Narcisa."



"A minha mãe é uma santa. Não se pode comparar ninguém com ela. O que é que quer que eu faça, então? Casar com uma santa? Ou uma freira?" Draco disse sarcasticamente.



Vladimir encolheu os ombros. "Tu vais pensar em alguma coisa, tenho a certeza. Entretanto, vão embora! Eu preciso ficar sozinho."



"Na boa." Draco resmungou iradamente enquanto atirava o pergaminho para seu avô. Depois, ele virou-se rapidamente e andou zangado até à porta com a sua mãe seguindo-o. Já lá fora, Narcisa parou e segurou o braço do filho. Draco virou-se para ela, as sobrancelhas levantadas em confusão.



"Tu achas mesmo isso?" Ela perguntou suavemente.



"O quê?"



"O que tu disseste lá dentro."



Com aquilo Draco ficou em silêncio, mordendo o lábio de baixo como costumava fazer quando era um rapazinho. "Sim, mãe." Ele respondeu suavemente. Então, ele sorriu tristemente. "Ninguém se compara consigo. Para dizer a verdade, eu não consigo mesmo entender por que é que casou com o meu pai. Ele era tão..."



Narcisa abanou a cabeça. "Se eu não tivesse casado, então você não estaria aqui."



Draco suspirou e passou a mão pelo seu cabelo. "Essa é a amarga realidade, mãe."



"Você não tem de fazê-lo se não quiser, Draco. Eu compreendo. Eu quero que seja feliz, filho. De alguma maneira, nós ultrapassaremos isso."



Draco abanou a cabeça como resposta e continuou a andar. Ele não queria ser como o seu pai. Lucius Malfoy não tinha feito nada além de tristeza à sua querida e preocupada mãe. E agora que ele estava morto, nada poderia impedi-lo de recompensar o carinho e a bondade que outrora a sua mãe tinha lhe demonstrado. Ele pode não ter sido lá muito bom a demonstrà-lo tanto fisicamente como verbalmente, mas pelo menos considerando aquela desgraçada condição...



"Podes segurar nisto um instante, querido?" Narcisa disse, interrompendo os seus pensamentos.



Draco acenou com a cabeça e esticou a sua mão distraidamente. Narcissa pôs um rolo de pergaminho nela e começou a endireitar as suas vestes, os olhos dele pousaram inconscientemente no papel nas suas mãos.



"Trouxe isto?" Ele perguntou com as sobrancelhas franzidas ao ver as letras garrafais do Profeta Diário.



Narcisa acenou com a cabeça. "Tontice, eu tinha esquecido que o tinha colocado dentro do bolso das vestes." Ela disse. Depois, suspirou. "Oh, eu vou ficar com pena se o orfanato fechar. Só ao pensar naquelas crianças… Eu teria doado alegremente algum do nosso dinheiro para aquela instituição se não fosse o teu pai…"



Draco não respondeu, os seus olhos percorrendo o artigo. Aparentemente o orfanato que fora construído para abrigar as crianças órfãs depois da guerra, estava a enfrentar dificuldades econômicas. Ele estava quase a jogar o papel fora quando um nome chamou a sua atenção.



"Vamos, Draco. Chegaremos tarde para a ceia." A sua mãe insistiu.



Ele acenou distraidamente com a cabeça, sem tirar os olhos do papel. Logo a seguir, surgiu-lhe uma ideia. Ele enfiou o jornal dentro do bolso das vestes e sorriu. Ele seguiu a sua mãe que já estava quase perto da porta. Estava tudo a ficar perfeito.



"Está na hora de pagares, Virgínia." Ele falou lentamente com suavidade para si mesmo, satisfeito.







Fim do capítulo 1





Próximo capítulo: Amor Perdido

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