CAPÍTULO 1 (contin.)



— Que diferença faz? — Gina persistiu, ofendida.

Ora, era verdade que sua mãe tivera um caso passageiro com um garçom espanhol, mas o que havia de errado nisso? Ao menos, fora capaz de atrair um homem, o que havia significado muito para ela, depois de tudo o que passara com o marido. Laura por outro lado, parecia nem sequer lembrar-se de que em suas veias também corria o mesmo sangue das duas sobrinhas.
A mãe de Gina sempre dissera que a irmã não tinha coração. Era uma mulher fria e calculista, e o fato de ocupar uma posição de grande importância, como secretária pessoal do presidente de um dos maiores bancos da Europa, fazia com que se dedicasse inteiramente à carreira.
No momento em que Ginaí se atrevera a lhe pedir ajuda, ela certamente começara a imaginar uma solução para o que, de seu ponto de vista, seriam anos de transtorno. E, para uma mulher que havia demonstrado tamanha facilidade em sacrificar o amor, o casamento e a perspectiva de constituir uma família, pelo bem da carreira, sugerir à sobrinha que entregasse a irmã para adoção não significava absolutamente nada.

— Você só tem vinte e um anos! — Laura prosseguiu. — Até um mês atrás, era estudante. Agora, abandonou a faculdade, mas não tem um emprego e, conseqüentemente, não dispõe de meios para sustentar a si mesma e menos ainda, um bebê! Não tem dinheiro sequer para pagar o aluguel deste lugar horrível!
— Conseguirei um emprego. — Gina retrucou, orgulhosa.
— Para fazer o quê? — Laura desafiou. — Vai ser garçonete ou faxineira, quando deveria estar fazendo o que sua mãe sempre sonhou, que é obter o seu diploma? E quem vai cuidar de Mione? Uma babá custa caro, Gina. O dinheiro que sua mãe deixou mal deu para as despesas do enterro.
— Tenho meus direitos! Com certeza, o Estado vai me ajudar!

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