CAPÍTULO 1 (contin.)



—Claro que vai — a tia concordou, — mas somente no que for absolutamente necessário. E Mione também tem direitos. Acha que ela vai sentir gratidão por você tê-la criado na pobreza, quando ela poderia crescer em meio a pessoas capazes de lhe dar tudo?

A brutalidade das palavras da tia atingiram em cheio a alma já dilacerada de Gina e ela se sentiu mais confusa do que nunca. Por instantes perguntou-se se seria melhor para Mione entregá-la para adoção, começando a enxergar o futuro através dos olhos da menina. E viu-se obrigada a admitir que Laura poderia estar certa. Maite não teria motivos para agradecê-la, se fosse condenada à vida pobre que Gina lhe daria.

Em silêncio, atravessou a sala e acomodou o bebê adormecido no berço. Estava tão magra que suas roupas pareciam pertencer a outra pessoa. Porém, poucos meses antes, Mione ainda não havia nascido, e sua mãe ainda estava ali, esperando com alegre ansiedade pelo nascimento da nova vida que, para ela, representava um novo começo.

Três anos antes, Gina era a filha mimada de um casal diz. Então, seu pai se suicidara, incapaz de enfrentar a falência de seus negócios, que o deixou sem nada. Haviam perdido a casa, a mobília, e até mesmo boa parte das roupas, que fora vendida, a fim de pagar os credores. Mudaram-se de Holland Park, um bairro rico de Londres, para East End, onde Gina continuava vivendo agora.

Molly nunca conseguira se recuperar por completo da maneira como o marido a abandonara em meio a um verdadeiro caos. E, para piorar, vira os supostos amigos desaparecerem. Gina tivera de deixar a escola particular onde estudava, para cursar o último ano do colégio na escola pública do bairro e, assim como a mãe, perdera todos os seus amigos.

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