Capítulo 2



Capítulo II - Aquele no qual Katie revela-se uma mente loira assassina e perversa




Narrado por:
 Katherine Mackenzie


- E então... você não quer entrar? – só pra constar, nos últimos 30 minutos Lily e Marlene apareceram aqui com um carro roubado, e na falta de um motorista melhor chamaram o Remus, que trouxe Sirius e James, e eles estão acobertando as loucuras das duas. E eu estou tecnicamente sozinha em casa com o Remus.


- Ah, claro... Bela casa.


- Obrigada.


- E belo... pijama do Barney? – ai, que vergonha!


- Er... a Lily me deu de Natal.


- Entendo. E então... cadê a sua irmã?


- Ela tá dormindo lá em cima.


- Então ela realmente existe!


- Claro que sim. Por que não existiria?


-
Não sei, pensei que você tivesse inventando qualquer desculpa para não sair comigo.


- Por que eu faria isso? – perguntei.


- Por que você não faria?


- Porque você é gos... cof, cof super legal!


- Entendo. - ele disse, sorrindo - Você realmente não quer ir à festa comigo? Fica a duas ruas daqui.


- Não, obrigada. Mesmo que não tivesse que cuidar da Little, não pisaria em um lugar daquele...


- Uma festa pode ser bem interessante, depende somente de quem estiver lá.


- Espero que você se divirta, então, Remus. Todas as pessoas que deveriam estar na festa, estarão.


- Talvez eu tenha cansado dessas pessoas.


- Você? Impossível.


- Nem tudo nas nossas vidas é perfeito como você imagina, Kenzie.


Eu ia dizer uma coisa linda. Ia falar sobre as humilhações que nós, não-populares, passamos. Sobre como meu armário é em baixo e eu tenho que me ajoelhar pra pegar meus livros, além de que quando James, o Sirius ou mais alguém do time estão se agarrando com as biscates, eu tenho que esperar eles terminarem de se amassarem encostados no meu armário!


Ou sobre como às vezes outras meninas são indicadas pra Rainha do Baile de Primavera, mas as pessoas sempre votam na Chelsea, por ela ser mais rica, mais bonita e mais popular.


Talvez se ele soubesse o que é nunca ter um namorado, não ganhar um carro aos 16 ou ganhar uma medalhinha da escola por ter vencido o prêmio de melhor desenhista jovem do estado, enquanto as Líderes de Torcida recebem uma cerimônia completa, com direito a lágrimas, troféus e placas por terem tirado o segundo lugar no campeonato estadual, não diria aquilo.


Meu discurso já estava pronto na minha cabeça, mas fui totalmente interrompida por meus pais (!) que resolveram aparecer, três horas antes do combinado.


- Katherine! Você está bem? Ficamos tão preocupados.


- Achamos que você tivesse sido atacada também!


- E então... acharam a Lily? Ela está viva? Está bem? Querida, sentimos muito...


- Ashley está inconsolável.


O que diabos eles estão falando ao mesmo tempo? Lily está viva? Claro que ela está viva!


- Alguém pode me explicar o que está acontecendo?


- Ashley nos ligou chorando. Ela disse que a Lily foi vítima do Maníaco. Petúnia disse que o carro sumiu, e quando ela percebeu ligou imediatamente pra mãe. Aparentemente, ela não havia percebido que a irmã também tinha sumido.


- Mãe, a Lily tá bem, ok? Ela passou aqui ainda há pouco e agora deve estar em casa.


- Sério? Graças a Deus.


- E você é...? – perguntou meu pai, já vermelho. Ciumento.


- Oh, desculpem. Sou Remus Lupin, prazer em conhecê-los, Sr. e Sra. Mackenzie. – meu pai apertou a mão dele, ainda desconfiado, enquanto minha mãe abriu um sorriso enorme. Além de bonito, inteligente, gostoso e bem vestido, ele é educado e os trata por Sr. e Sra. Mackenzie, não tio e tia.


Acho que ela vai explodir de felicidade. Ou decepção quando descobrir que ele não é meu namorado.


- E então, Sr. Lupin, o que faz aqui às uma da manhã?


- Na verdade, estava indo pra uma reunião na casa dos Humfrey, e como fica a duas ruas daqui, pensei em convidar a Katherine. Mas ela disse que estava cuidando da irmã menor, então estendemos a conversa um pouco. Desculpem, estou me retirando. Tenham uma boa noite.


- Não, você espera! Katherine estava super ansiosa para essa reunião! Sentimos muito em ter que deixá-la aqui, mas já que tivemos que voltar mais cedo, cuidamos da Lucy. Filha, vá se arrumar. – minha mãe me disse, me empurrando escada à cima.


Como assim eles sentiam muito em ter que me deixar cuidando da Little? Eles disseram que eu tenho que ser menos egoísta e passar a pensar nos menores, que precisam de mim! Como assim eu estava super ansiosa para essa reunião? Mãe, onde fica o 'mentir é feio'? Como assim, reunião? Pessoas se drogam, bebem, fumam, dançam e se reproduzem em reuniões?


Sabendo de tudo isso, ela realmente é minha mãe? Se eu não me engano, ela está me jogando pra cima do Remus. E ele percebeu, mas é educado demais pra demonstrar, então tudo que faz é rir discretamente com o canto dos lábios.


Ele não pode saber o quanto fica lindo assim.


- Parece que o destino conspira a nosso favor. – disse, enquanto caminhávamos em direção a festa, já que o carro do James foi levado pelo proprietário. Eita.

 



Narrado por: Lily Evans


Minha mãe veio correndo em minha direção e me abraçou. Opa, melhor assim. Depois começou a me dar murros nos braços. Ai!


- Mãe! Para!


- Você me fez pensar... eu achei que... maníaco... morta... você... castigo... sem sair de casa... um mês. – ela dizia, enquanto me dava tapas no braço e chorava ao mesmo tempo. Medo.


- Mãe, ouça, eu posso explicar. Vamos entrar.


- Ashley, está tudo bem agora?


- Está sim, Jason, muito obrigado pela ajuda.


- James, vamos. – ele chamou James. Espera um minuto. O que diabos ele faz aqui?


- O que o Sr. Potter faz aqui, mãe?


- A pergunta não é essa, Lily Evans. - disse, parecendo ainda mais nervosa. - A pergunta é para onde você foi quando sumiu com o carro da Petúnia?


- Fui pra casa da Katie – respondi enquanto entrávamos em casa –, não teria feito nada disso se não tivesse sido obrigada a sair com Petúnia. Aquele é o mundo dela, não o meu.


- Pois muito bem... pois muito bem... se você gosta de ficar em casa é onde vai ficar. Sem sair de casa até eu decidir o que fazer com você. E sem discutir! – acrescentou, quando eu abri a boca pra argumentar. Castigo? Isso não é justo!


- Mas mãe, eu...


- Para o seu quarto, Lily. Agora.


Subi as escadas pisando duro e bati a porta do meu quarto com toda força. Merda! Ainda quero saber de onde a minha mãe conhece o pai do James. Se meu pai tivesse aqui não permitiria que eu ficasse presa no quarto até minha mãe decidir o que fazer comigo.


Pensando bem... até que não é ruim. Eu tenho toda a coleção de Meg Cabot aqui, meu iPod, meu computador, meu celular, minha TV e meu amado pote de Nutella. Dá para sobreviver muito bem, obrigada.


Tomei um banho quente para relaxar, vesti meu pijama de vaquinhas, pus o iPod no ouvido e deitei na cama, afim de pôr os pensamentos em ordem. Adormeci pouco tempo depois.
 
xxx 


Oito da manhã de domingo. Por que o despertador tá tocando?


Tomei banho, domei a fera que chamo de cabelo, pus um short jeans e uma blusa larga e confortável – lembrança de Sydney, Australia – que a Lene trouxe pra mim quando voltou de lá; escovei os dentes e desci pra tomar café.


Estranhamente, minha mãe e Petúnia estavam sentadas à mesa, tomando café, esperando por mim.


- Bom dia. – ninguém respondeu. Educação mandou lembranças.


- Lily, sente-se...


- É o que estou fazendo, não precisa me dar ordens.


- ...e não me interrompa. Isso é muito sério.


- Ainda não entendo porque não podemos ter essa conversa durante o almoço. Hoje é domingo. Acordar cedo demais faz mal pra pele e...


- Agora não, Petúnia! Como eu ia dizendo, andei conversando com a minha psicóloga e...


- Você não vai seguir os conselhos daquela louca outra vez, vai? Ela é... desculpe. – completei, percebendo o olhar assassino da minha mãe sobre mim, ao ser interrompida outra vez. – Prossiga.


- Andei conversando com a minha psicóloga e ela acha que a raiz de todos os nossos problemas está no grande trauma que vocês passaram ainda na infância.


- O que? Mãe, se a senhora está falando do cachorro que eu sempre quis e você nunca me deu... – começou Petúnia.


- Ela tá falando do papai, retardada! – eu disse, revirando os olhos pra lerdeza da minha irmã.


- Ah, sim... isso. – não era um dos assuntos preferidos dela. Nem meu, pra ser sincera.


- Continuando. Ela sempre diz que o fato de vocês terem crescido sem uma presença paterna ia afetar o comportamento de vocês, mais cedo ou mais tarde, e vocês poderiam acabar caladas demais, extravagantes demais ou rebelde demais.


Ia abrir a boca pra protestar, mas ela me calou com um aceno de cabeça. Prossiga, então, madame.


- Então eu liguei para ela agora e ela confirmou essa teoria. Então eu tomei uma decisão que já devia ter sido tomada há muito, muito tempo.


- Você vai cortar o cabelo? Eu sempre achei que você deveria mudar o corte. Se quiser um conselho, mude a cor também. Esse loiro do seu cabelo me enjoa e parece muito com o meu e...


- Cala a boca, Petúnia! – dissemos eu e mamãe ao mesmo tempo.


- Credo, gente, também não precisa apelar pra grosseria.


- Então, como eu ia dizendo. Já venho pensando sobre isso há algum tempo e acho que esta é a decisão correta...


Nossa, que drama, mãe.


- Eu vou casar.


UM MINUTO DE SILÊNCIO. Hoje é Primeiro de Abril e ninguém me contou? Tá bom, mãe. A boca da Petúnia já abriu e eu já estou piscando sem parar. Já pode rir da nossa cara e gritar: primeiro de abril.


Acho que ela não vai fazer isso.


Então é sério? Quer dizer: vão ter cuecas pela casa! E provavelmente um homem barrigudo que aos domingos vai sentar em frente à TV da sala, pôr os pés sobre a mesa de centro, e pedir cerveja gelada, enquanto vibra a vitória do time dele de futebol ou xinga todas as palavras feias do mundo, caso este esteja perdendo.


- Mas mãe, a senhora não pode fazer isso conosco!


- É claro que posso, Lily. Isso é exclusivamente pro bem de vocês.


- Se fosse, nós teríamos pedido, acredite. – disse Petúnia.


- Pela primeira vez tenho que concordar com você.


- É lindo ver vocês duas lutando juntas por alguma coisa, como eu sempre sonhei. Mas infelizmente pra vocês, minha decisão já está tomada.


- Vamos votar!


- Isso aqui não é uma democracia direta, Lily. Nós vivemos na Inglaterra.


- O que é um absurdo!


- Viu? Rebeldia! É o que estou dizendo. Vocês precisam de um novo pai.


- Não vou chamar nenhum homem de papai! – Petúnia falou.


- E saber se posicionar e expressar a opinião não é rebeldia, é ser um jovem consciente, não só mais um alienado, que não sabe nem quem é Bush e só se importa com o que vai passar na MTV ou sair na capa da Teen People semana que vem. Se a senhora prefere ter uma filha alienada – na verdade já tem uma – do que uma com visão política, me avise.


- Hey, eu não sou alienada! Bush é a Sophia Bush, e ela esteve na capa da Teen People quando se separou do marido. O casamento dela só durou quatro meses. Mas isso já deixou de ser assunto há meses. Sophia Bush é tão last summer, baby. Depois eu é que sou a alienada.


Oh... meu... Deus! Inacreditável. Eu estava falando do ex presidente dos Estados Unidos e ela vem falar de Sophia Bush? Eu nem sei o que essa mulher faz da vida.


Petúnia quebrou todos os recordes de estupidez e burrice do mundo. E eu que achei que nada seria pior do que ela me perguntar como se escreve 'laranja'.


- A questão não é a sua visão política, Lily Evans. Muito menos o que é ou não considerado Last Summer, Petúnia Evans. A questão é que nos mudaremos para lá no fim de semana e em seguida teremos uma pequena cerimônia civil de casamento.


- Como assim: nós nos mudaremos?


- Isso mesmo. Decidimos assim. A casa dele é maior e muito mais confortável. Ele insistiu.


Agora ela foi longe demais.


- Mãe, eu posso aceitar todas as suas loucuras. Posso aceitar o seu casamento relâmpago, posso aceitar o fato de não conhecer o famoso noivo, posso aceitar você decidir o que fazer com nossas vidas... posso aceitar tudo isso. Mas largar meu quarto e a casa onde moramos desde que nasci é pedir demais. As lembranças do meu pai estão todas aqui, nessas paredes, na casa na árvore que ele construiu, na cozinha que pintamos juntos. Mãe, por favor, você não pode... – o resto da frase não consegui concluir ou iria chorar.


- Lil... Por favor, me ouça. Eu sei... foi muito difícil. É muito difícil pra todas nós. Mas a lembrança de seu pai vai continuar nos nossos corações pra sempre. Não são paredes, não são casas na árvore. O que realmente importa é o amor que ele sentiu e sente por nós, e vice versa. Eu realmente não tomaria uma decisão se não fosse pro bem de vocês. Toda mãe pensa antes no filho que em si própria. Por favor, eu preciso que vocês duas confiem em mim, jamais faria nada pra vê-las sofrer.


...


- Bem... onde é a casa dele? Não me mudo de jeito nenhum pra um bairro pobre. – Petúnia falou.


- Não se preocupe quanto a isso. Ele mora em Notting Hill.


- O bairro da Katie?


- O bairro da Chelsea? – perguntamos eu e Petúnia ao mesmo tempo. Depois de Knightsbridge, Nothing Hill é o lugar mais caro de Londres. O lugar ideal pra se viver. Cheio de famílias perfeitinhas que passam o fim de semana em Paris e vizinhos que não se conhecem.


- Sim. E ele tem uma Mercedes, uma TV muito maior que a nossa, casa na praia...


- Quando podemos nos mudar? – perguntou Petúnia, já com os olhos brilhando. Tinha que ser. Mamãe riu.


- Logo, logo.


Não sei porque, mas essa história não tá me cheirando muito bem.



Narrado por:
 Marlene McKinnon


Whooooa... I never meant to brag, but I got him where I want him now


Por que diabos meu celular tá tocando as… onze horas da madrugada?


Lily chamando. Eu tenho mesmo que acordar?


If you could then you know you would cause God it just feels so…


- Alô?


- Marlene! Deu tudo errado. Oi, acordei você? Não importa. Quando eu cheguei em casa tinha polícia, bombeiro, vizinhos, pai de James Potter, Petúnia e minha mãe me esperando.


Hã? Pai de James Potter? Bombeiros? Polícia? Ainda estou tentando absorver tantas informações, mas ela não para de falar!


- E então, minha mãe disse que falou com a psicóloga outra vez...


Katie chamando.


- Lils, é a Katie na linha.


- Ótimo, põe ela na conferência.


- Espera... Oi, Katie.


- E ai, como foi ontem?


- Lils na linha também.


- Hey, Lils. Conte os detalhes.


- O resumo maior é que deu tudo errado, e a minha mãe acha que é tudo culpa de eu ter crescido sem um pai. Só sei que agora ela decidiu casar! Casar esta semana. E eu mudo no sábado que vem pra Notting Hill. Pra esse inferninho cor-de-rosa e...


- Hey! Eu moro em Notting Hill. Não é tão ruim assim. Nós vamos ser vizinhas!


- Como assim: a tia Ashley vai casar? Com quem? Conta tudo, amiga.


- Pior que não sei quem é ele. Eu vou mudar da minha casa.


- Vamos, Lils. Pode não ser tão ruim. Ele provavelmente é rico e vai querer agradar vocês de todas as formas. E vai que ele tem uma ex-esposa e um filho gatinho e mais velho que você, que vá visitá-lo nos fins de semana? Já pensou que perfeito?


- Pensando por esse lado...


- Tive uma ideia melhor. Lily, iremos pra sua casa no fim da tarde e vamos convencer a tia Ashley a deixar você sair conosco. Vamos ao shopping devorar um hamburgão e depois comer morango com chocolate, o que acha?


- Que se ela deixasse, seria perfeito! Marlene?


- Ótima ideia. Então, nos encontramos ai em algumas horas, vou tomar banho.


- Tchauzinho!


Eba, vamos sair hoje! Provavelmente pro Whitley's, fica em Notting Hill e é realmente o ideal pra passear domingo à tarde com as amigas. Acho que seria melhor se eu tomasse um banho, trocasse de roupa e descesse pro almoço de família dominical.


- MARLENE! MARLENE! Você não vai acreditar no que aconteceu!


- O que foi, Brittany?


- Eles vêm tocar aqui! Outra vez! – ela falava, enquanto dava pulinhos de excitação.


- Eles quem, criatura?


- Paramore!


- É, eu tô sabendo. Mas já fui ao show passado, você presenciou o esforço que fiz pra convencer nossa mãe. Duvido muito que ela deixe que eu vá outra vez.


- Mas você tem que ir. Eu tinha esperanças que dessa vez você pudesse me levar. Você sabe, eu preciso ver o Zac. – sim, a minha irmã de 9 anos tem uma super paixão obsessiva-compulsiva pelo baterista da banda. - Por favor? – ela completou, fazendo uma carinha de pidona irresistível. Odeio quando ela faz isso, não consigo negar nada!


- Por favor? Por favor, por favor, por favor? Por favorzinho?


- Tudo bem, Brittany. Vou tentar convencer mamãe.


- Oba! – ela exclamou, batendo palmas.


- Agora vá, preciso me arrumar pro almoço.


Hoje é a primeira vez que meu irmão mais velho vem passar o dia em casa desde que foi pra faculdade de Oxford, na última primavera. Ele tem 18 anos, o que o faz três anos mais velho que eu. Eric McKinnon. E ele tem uma namorada. Rachel. Uma vadia, diga-se de passagem. Jamais gostei dela. Ela não é a garota certa pro meu irmão. Modéstia parte, ele é lindo. Irritantemente perfeito. Principalmente agora que ele não mora mais aqui e eu tenho que cuidar da Brittany e da Julie sozinha.


Vesti uma calça jeans e uma blusa preta básica, já pensando no shopping que iria em seguida, e sai do meu quarto, ao mesmo tempo em que Eric chegava... acompanhado da Rachel.


- Eric! – corri em direção a ele e o abracei apertado. - Que saudades!


- Marlene! Como você está? Saudades de você, chatona. E vocês, Brittany, Julie? Não vem falar comigo? – ele perguntou, enquanto se ajoelhava e recebia um abraço apertado das duas. – Como estão as mulheres da minha vida?


- Tristes. Você não vem aqui há três meses! Sabe, nós sentimos saudades. – disse Julie, minha irmã de sete anos.


- Eu também sinto, Julie. Mas a faculdade ocupa todo meu tempo e...


- Tempo pra encontrar a bruxa você tem. – disse Brittany. Nós, decididamente, não gostamos dela. Da Rachel, não da Brittany. Nem mamãe gosta dela, embora tente fingir o contrário. Ela é tipo uma Petúnia Evans da vida, só que de 19 anos.


- Pestinhas... – ela disse, rindo amarelo, quando todas as cabeças se voltaram automaticamente pra ela.


- Vamos, Rachel. Sente-se aqui. – ele indicou o lugar ao lado direito dele para ela sentar-se à mesa.


- E então, filho. Conte-nos sobre Oxford... - meu pai começou, sorridente.




Narrado por:
 Katherine Mackenzie


- Vai sair, Katie?


- Vou pra casa da Lily, posso?


- Pode, mas toma cuidado.


- Pode deixar, pai. Não vou demorar.


Pra chegar na casa da Lily eu posso usar dois caminhos: o primeiro, bem maior e mais perigoso ou o segundo, menor, mais calmo e que inclui passar pela casa da Chelsea, que é onde eu estou agora.


É, a festa foi boa. Já são quatro da tarde e ainda têm três carros parados à porta. Incluindo o carro do James. Será que mesmo depois da confusão ontem à noite na casa da Lily ele ainda voltou pra festa?


- Não enrole, James! Eu quero saber por que você não veio à minha festa ontem! – opa, são gritos. E de uma voz bem aguda, irritante e conhecida. Provavelmente eles estão na área da piscina, porque consigo ouvir com clareza cada palavra desse diálogo interessantíssimo.


- Já disse! Fui ajudar o Remus.


- É, mas o Remus apareceu aqui ontem, acompanhado com aquela garota Mackenzie. E dançou a noite inteira com ela, nem olhou pra Susan.


- A Susan é irritante. Sinceramente, o Remus tá muito melhor com a Katie do que com a sua amiga.


- Desde quando você tem intimidade pra chamá-la de Katie? Se eu souber que você ao menos fala com alguma amiguinha daquela Evans ruiva nojenta você está morto! E não fale mal da minha amiga!


- Pare de me dar ordens, garota! Eu falo com quem eu quiser, quando eu quiser.


- E isso não tem nada a ver com o Remus. Eu quero saber onde VOCÊ estava. E por que você e o Sirius não vieram, uma vez que saíram do Taco Bell dizendo que nos encontraríamos aqui. – ela gritava cada vez mais alto, a situação chegava a ser engraçada.


- Eu não vou mais repetir. Fui ajudar o Remus e acabei encontrando meu pai nesse mesmo lugar, que pediu que eu voltasse pra casa com ele. Sirius tá passando o fim de semana na minha casa e voltou comigo. Saímos do Taco Bell, ajudamos o Remus e fomos pra casa. Essa é a verdade, se você não quer acreditar o problema é seu.


- Então por que você não me ligou? Ajudando o Remus com o que, afinal? – meu Deus, que garota irritante.


- Não é de seu interesse. – ele disse, friamente. Ui.


- Olha, não quero mais brigar com você. – ela disse, controlando a voz. – Você é meu namorado há uma semana, não seria certo brigar por isso. Eu te amo, você sabe.


- Claro que sei. – Ai, que fora. Ele não disse que a amava de volta. Hahahahaha. - Vamos sair pra onde agora?


Não pude ouvir o resto da conversa porque Lily ligou, reclamando de meu atraso.


- Você demorou! - reclamou outra vez, quando cheguei. A ruiva detestava atrasos.


- Oi, Lene! Oi, Lily!


- Hey, Katie.


- E então, a tia Ashley deixou?


- Sim, você sabe como ela ama a Marlene. – a Lily disse.


- Não é verdade...


- Ah, nem vem, Lene. Isso fica claro! Mas então, se ela deixou, vamos que horas?


- Em um minuto. Antes você precisa saber quem tá na cidade...


- Quem?


- Eric! – disseram juntas, o que foi desnecessário.


Ano passado eu achei que talvez - muito talvez - eu estive gostando dele. Então, em um lindo dia, estávamos conversando na sala da casa da Lene enquanto a mesma estava no banho, os pais dela estavam trabalhando e as duas irmãs menores estavam na escola, e nos beijamos. Mas foi só. E nunca mais aconteceu nada entre nós.


Depois disso ele arranjou a tal da Rachel e eu fui me desinteressando aos poucos... já nem lembro mais dessa história direito. Katie e Eric, muito last summer.


- E daí?


- Não vai querer falar com ele? Cumprimentar? Perguntar sobre Oxford?


- Não, você mesma poderia me responder isso se eu estivesse interessada, não acha?


- Marlene, não é certo jogar a Katie para o Eric outra vez só porque você não gosta da Rachel. - Lily disse, quando Marlene voltou a argumentar.


- E não gosto mesmo! Garota irritante. Ela não é...


- A pessoa certa pra ele! – dissemos eu e Lily ao mesmo tempo. - Você sempre fala isso.


- Ciumenta!


- Não tenho culpa se ele não arranja nenhuma namorada decente.


- Vocês tão falando de quem? Sirius Black? James Potter? Sabiam que o Potter tá namorando a minha melhor amiga, a Chelsea? Sabe, eu acho que eles combinam muito bem. Ela é apaixonada por ele desde o jardim-de-infância! E ontem eu vi Sirius Black beijando a Sarah Taylor, uma Líder de Torcida que nunca conversei muito, mas ele garante que aquilo não foi nada. Agora o maior fora de todos foi o da Susan. Ela tinha marcado de ir à festa com o Remus e ele dançou a noite inteira com... VOCÊ! - Petúnia adentrou o quarto, falando sem parar.


- O quê?


- Todos estão comentando! E é sobre você! "Quem seria a garota misteriosa que Remus Lupin levou à festa de Chelsea Humfrey, abandonando a garota popular que ele havia combinado de encontrar antes?" É você, Katherine Mackenzie! – ela falava, com brilho nos olhos agora, como se tivesse descoberto um graande segredo. Que seria meu nome.


- Sou eu?


- É você? – Lils e Lene perguntaram juntas.


- É, acho que sou..


- Mas é claro que é você! Cuidado, ein. Elas querem se vingar.


- Agora já estou até com medo. O que elas pretendem fazer? Algum tipo de humilhação pública que envolva tinta verde e cabelo?


- Não! Já fizeram isso outro dia com uma menina que ficou com o Sirius por mais de um mês. Terão que pensar em outros meios de vingança.


- Afinal, Petúnia, o que você faz aqui? - Lily a interrompeu.


- Mamãe disse que vocês vão para o shopping também, então vim oferecer carona.


Olhei pra Marlene, que olhou pra Lily, que me olhou. Nossas bocas meio que se abriram ao mesmo tempo. Ela tava sendo meio... humana. Que coisa mais estranha.


- Er... obrigada, mas acho que preferimos ir andando. – Marlene disse.


- É, eu tenho que emagrecer. Meus pais querem viajar para a Itália no verão. Não dá para ficar gorda e não poder comer todas aquelas massas, sabe?


- Que seja, então. Tchau.


- Tchau. – dissemos ao mesmo tempo.


- Ela anda tão estranha... – disse Lily. - Acho que o namorado tá fazendo bem pra ela.


- Ou ela arranjou um amante.


- Que seja. Se quisermos chegar antes que escureça, devemos ir logo.



Narrado por:
 Lily Evans


- Finalmente, o shopping! O que faremos primeiro? - seus olhos brilhavam de excitação enquanto adentrávamos aquele lugar feito pra torrar mesadas.


- Morango com chocolate! – eu sugeri.


- E depois babar na vitrine da Prada. Um dia ainda terei meu próprio armário de sapatos! – continuou Katie.


- Eu vou querer tomar sorvete no McDonald's depois. – eu disse.


- Se der tempo, podemos ver Across The Universe de novo? – Katie perguntou.


- Ah não! Ah não, ah não, ah não.


- Ah, qual é, Lene. Esse filme é perfeito. Trilha sonora exclusiva dos Beatles.


- Não, não, aqui não! – ela dizia, enquanto mantinha os olhos fechados e as mãos na cabeça.


- Marlene?


Olhei pra frente. Não precisava de mais nenhuma palavra. Ali estavam eles: Remus Lupin, James Potter, Chelsea Humfrey e... Sirius Black. Merda. Londres é tão pequena assim?


- Ok, fingimos que não vimos e passamos direto.


- Não vai funcionar... – Katherine Mackenzie, sempre tão otimista.


- Isso não foi um pedido. – Ui. Ordens McKinnon. Para sua própria segurança, nunca desobedeça uma dessas.


Concentramo-nos em olhar pras vitrines da esquerda e andamos decididamente, rezando para que não nos notassem de onde estavam.


- Haha, deu certo! – comemorava Marlene, com uma dancinha meio... estranha.


- O que deu certo? – pude ouvir, ou melhor, sentir, uma voz bem quente no meu ouvido.


Como reflexo, virei automaticamente. Só pra constatar que estava agora a poucos centímetro de distância de James Potter. Isso provoca, garoto.


- Nada. Nós só estávamos... estávamos... – me enrolei com as palavras, mas consegui o mais difícil: dar um passo pra trás.


- Fugindo de nós? – o resto da gangue apareceu. Chelsea vai me matar com os olhos a qualquer segundo. Eu posso sentir.


- Hey, Lils! – disse Remus, enquanto nos abraçávamos. – Hey, Marlene. Tudo bom, Katie? – ele riu e a beijou no rosto. Ela corou.


- Oi, gente. Tudo bem sim, e com vocês?


- Melhor agora. – respondeu Sirius, sedutoramente, encarando Marlene de uma forma nada discreta. Coitada. Ela não vai resistir sem falar alguma besteira por muito mais tempo. – E então, o que fazem por aqui?


- Nada demais. Hã... nos vemos por aí. – eu disse.


- Pra que a pressa, Ruivinha? – James me perguntou, daquela forma sensual que me enlouquecia.


- Ela deve estar indo encontrar o namorado. Algum nerd espinhento, talvez um cego... ou quem sabe algum idiota dos dentes tortos. Ah, quase esqueci! Nem um aborto da natureza quer você. Sai daqui, Bob Esponja ruivo. Não vê que tá incomodando?


- Querida - disse, com sarcasmo na voz. Briguinhas com a Chelsea são comuns há muito tempo..


- A conversa é entre A – apontei para mim – e C – apontei para James. - B – apontei para ela – está fora. E se tem alguém que não consegue ver alguma coisa, esse alguém é você. Será muito difícil perceber que a conversa não chegou no curral? Vacas não estão inclusas! Mas não se preocupe, se um dia eu precisar de alguma, pode deixar que te ligo.


- WTF? – ouvi Sirius perguntar pra James antes de mandar um tchauzinho pra Chelsea e sair de forma decidida, sem olhar pra trás.

 
xxx


- Aquela cachorra, cachorra, cachorra. Que vontade de matar aquela biscate!


- Calma, Lily. Ela faz isso só pra provocar, só porque tem um namoro perfeito...


- Na verdade, não é tão perfeito assim, Lene. Hoje, quando eu estava vindo pra cá, tive que passar pela casa da Chelsea e ouvi uma discussão dos dois. Aparentemente, ela não ficou muito feliz com a ausência dele na festa de ontem. E ele não mentiu, mas também não acrescentou seu nome na história, Lils.


- Sério?


- Aham. E querem saber o que mais? Ela disse que o amava e ele não disse que a amava de volta.


- Bem feito!


- OMG! – gritou Marlene do nada. - Ali. Venham cá, olhem quem tá passando.


- Meu Deus! Isso é... Petúnia? – perguntou Katie. Claro que é, quem mais seria?


Petúnia Evans, minha querida irmãzinha beijando um cara muito gato. E esse cara, decididamente, não é o namorado dela.


- Tira uma foto. Se ela voltar a ser má com você outra vez, e eu tenho certeza que ela voltará, use a foto!


- Meu Deus, Katie, você se revelou uma mente loira assassina e perversa!


Ela riu de forma maléfica, arrancando risadas.


- Mas voltando... até ontem James Potter, Sirius Black e o resto da gangue, excluindo o Remus, não sabiam quem nós éramos. E agora eles vieram falar conosco. Será que vão nos cumprimentar na escola?


- Não acho difícil. Você ouviu a Petúnia, Marlene. Todos estão falando sobre a Katie.


- Por motivo nenhum, se querem saber minha opinião. Nós chegamos, ele pegou uma bebida pra mim, nós dançamos a noite toda e depois voltei pra casa.


- Só isso, Mackenzie? Ainda acho que você está escondendo alguma coisa de nós... – todas as vezes que mente, Katie fica com o rosto vermelho. Exatamente como agora.


- É a mais pura verdade.


- Ainda vamos descobrir a verdade. Aguarde. – Marlene disse, incorporando o espírito de um detetive. - Mas e você, Lily? Sua mãe vai realmente casar e vocês vão mudar de casa?


- E não vai demorar. – comentei, infeliz.


- Ah, não fica assim. Pelo lado bom, você vai nos ver todos os dias.


- Eu já vejo vocês todos os dias!


- Ah é.


- A Katie tá certa. A pior coisa que pode acontecer é o seu padrasto ser feio e você ter que encarar ele todos os dias.


- Qual o preconceito, Marlene? Os feios também vivem, sabe? Olhe pra você, vivendo há 15 anos, dia após dia e... não me bate, isso dói!


- HAHAHAHHAHAHAHAH


- Só vocês, mesmo. Vamos voltar pra casa, que amanhã é dia... – eu disse.


- De comprar móveis nas casas Bahia? – Marlene engraçada.


- Eu estava falando sobre a escola, mas se você prefere... Andem logo, suas lerdas.


Apesar do rumo desconhecido que a minha vida estava tomando, eu sabia que ali poderia encontrar o apoio necessário pra sempre seguir em frente.


Porque tem coisas que o dinheiro não compra. Pra todas as outras, existe Mastecard. Haha. Brincadeira.

                                                                        xxx



N/A: IT'S RAINING, MAN! Hallelujah. OOOI, GALERE. Desde ontem que tá tendo um dilúvio em São Luis do Maranhão, socorro, mamãe! :D Geeeeeeente, desculpem a demora pra atualizar, e por esse capítulo ter sido tipo um Brasil. Grande e inútil. Preciso ir, salão de beleza, tenho outra festa hoje :D Adoro vocês. Resposta aos comentários no próximo capítulo - que vai sair mais rápido, ser menor e acontecer mais coisas se tudo seguir como imagino. Beeijos.


 


Liisa Prongs  


31.05.08


 

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Comentários (1)

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