Capítulo 14



Capítulo XIV – Aquele das mudanças


 


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Narrado por: Katherine Mackenzie


 


Sempre tive o péssimo hábito de procrastinar, o que sempre irritou meus pais e todas as pessoas que conviveram tempo suficiente comigo para perceber isso. Também sempre fui extremamente orgulhosa.


Lembro das inúmeras vezes, durante a infância, em que meu pai ameaçou me bater se eu não guardasse meus brinquedos. Lembro de ter meu orgulho ferido a tal ponto, diante das ameaças, que preferia apanhar a cumprir suas ordens.


Desconstruir era bem mais fácil do que reconstruir. Bagunçar o quarto para montar a casa perfeita para a Barbie era divertido. Organizá-lo após a brincadeira, não.


Constatei que aqueles traços da minha personalidade só ficavam mais acentuados com o passar dos anos.


Fazia semanas desde que Remus e eu nos encontramos no pub e dançamos ao som dos Beatles. Sabíamos que precisávamos conversar e definir o futuro de nossa relação, mas, como sempre, estávamos procrastinando e deixando o orgulho falar mais alto.


As coisas estavam boas como no início do relacionamento. Saíamos sempre, passávamos algum tempo juntos entre as aulas na escola, trocávamos ligações e mensagens aos finais de semana, mas nenhum dos dois tomava nenhuma iniciativa.


Eu podia sentir o incômodo que se instalava entre nós em um momento obviamente romântico. No entanto, ele não tentou me beijar nem durante a épica guerra de bolas de neve que travamos semana passada, seguida pela construção de anjos na neve.


Às vezes temia que ele agora me visse apenas como amiga, mas James e Sirius insistiam que eu estava sendo estúpida. Lily e Marlene me aconselhavam diariamente a deixar o orgulho de lado e recuperar meu namoro, mas eu era insegura e orgulhosa demais para me arriscar.


Se eu expressasse qualquer desejo de voltar a namorá-lo e ele não me quisesse mais, estaria arruinando também nossa preciosa amizade, e ser amiga de Remus era melhor do que ser apenas outra ex-namorada. Não tinha certeza se agüentaria perdê-lo em todos os sentidos.


Ainda estava pensando nisso quando deixei minha casa e sai na nublada tarde de inverno. Enquanto caminhava, tentava espantar tais pensamentos e me concentrar no motivo que me levava até a casa dos Potter: o aniversário de Lily.


Estávamos planejando uma festa surpresa, que aconteceria em quatro horas. James havia levado-a ao cinema e à Harrods, para que ela pudesse escolher um vestido para um suposto jantar de família em sua homenagem. Enquanto isso, Sirius, Marlene, Remus e eu, supervisionados por Petúnia, decoraríamos a casa e cuidaríamos dos últimos detalhes da festa.


- Finalmente, Katie – Petúnia disse ao abrir a porta para mim, irritada com meu aparente atraso. Na verdade, eu estava cinco minutos adiantada, mas não quis argumentar já que ela parecia estressada. – Você teve a capacidade de chegar mais tarde que o irresponsável do seu namorado.


- Ele não é...


- Não importa. Entre de uma vez e vá ao trabalho – ordenou outra vez. Marlene olhou para mim com uma expressão infeliz, enquanto Sirius gargalhava.


- Ela está levando “o trabalho” a sério demais – o garoto comentou, enquanto movia os móveis da sala para abrir espaço para a pista de dança.


- Já gritou com a moça do Buffet ao telefone três vezes – Marlene disse –, e está ameaçando dirigir até a zona cinco da cidade para gritar pessoalmente.


- E olha que estamos na zona um – Remus disse, entrando na sala e ajudando Sirius a mover o sofá.


Voltei-me imediatamente para ele, sorrindo enquanto meu coração pulsava freneticamente.


- Ela está completamente histérica – eu disse a primeira coisa que veio à cabeça. Ele piscou pra mim e sorriu de forma cúmplice, provocando diversas reações na minha mente.


Enquanto tirávamos móveis, varríamos a sala e criávamos espaço para os convidados sentarem, dançarem e comerem, imaginei diversas situações em que ficávamos a sós e ele dizia o quanto me amava e sentia minha falta. Em um dos meus devaneios mais longos, cheguei a imaginá-lo de joelhos, declarando amor eterno a mim para quem quisesse ouvir.


Fui interrompida por Petúnia, que me mandou ir até a biblioteca buscar a decoração da mesa principal. Obedeci imediatamente, receosa em receber a quinta bronca da tarde.


- Ela está sendo muito dura com você? Estou quase implorando pela minha carta de alforria – Remus disse, acompanhando-me até a biblioteca.


- Que nada. Fiquei surpresa em encontrá-la aqui. Pensei que ela estava zangada com Lily e James, por Chelsea.


- Ela superou. Duas semanas é tempo demais pra quem vive no mesmo lugar. Além disso, Chelsea já prometeu seu amor eterno a outro garoto.


- Ouvi dizer que ela arranjou outro namorado três dias depois de romper com James. Isso é que é amor! – ironizei.


- Você realmente nunca gostou dela, não é? Sempre disse que ela não era boa pra James.


- E tinha razão, no fim das contas.


- Como sempre – Remus brincou, me fazendo rir.


- É nosso sexto sentido. Mulheres sabem julgar perfeitamente bem suas semelhantes. Raramente nos enganamos. Quanto à Chelsea, só é preciso ter um sentido pra saber o tipo que ela é: biscate.


Ele riu, me ajudando a coletar os enfeites da mesa e levá-los para a sala.


- Isso faz sentido. Minha mãe sempre diz que você é a mulher que faz bem pra mim. Ela diz que você desperta meu melhor lado. E é verdade.


Sorri envergonhada. Queria persistir no assunto, mas não tinha muita certeza do que falar.


- Minha mãe também te adora. Bem, se é sobre isso que você fala.


- Aposto que não tanto, depois do Natal.


- Meu pai queria ir até a sua casa lhe bater quando soube o que aconteceu entre nós. Sério – completei, e ele soltou uma risada divertida.


- Seu pai é uma figura.


- Você acha mesmo? – duvidei. Meu pai nunca fora fã de Remus, e nunca fizera qualquer questão de esconder tal fato.


- Sei que ele não gosta de mim, mas também sei que não é pessoal. Você pode ter cento e trinta namorados durante sua vida. Ele provavelmente odiará todos eles.


- Você acha mesmo? – repeti, dessa vez com desespero na voz. Ele voltou a rir de mim, dessa vez me abraçando pelos ombros enquanto tentava me convencer de que o ciúme que meu pai sentia era normal.


O gesto, no entanto, e fato de que continuamos andando, levaram dois dos enfeites a cair. Petúnia teve um ataque incomum ao encontrá-los no chão, seguido por um longo discurso que incluía lições sobre ética profissional e exemplos de casos de demissões por justa causa, relacionados a namoro entre funcionários.


Claro que Sirius riu de nossa cara por vários minutos e nos chamou de “meus funcionários” pelo resto da tarde, mas, depois que o Buffet chegou, Petúnia encontrou outras pessoas para descontar seu estresse.


Às seis e meia, a casa estava pronta e Petúnia ordenou que nos arrumássemos. Marlene e eu ocupamos o quarto de Lily, enquanto Sirius e Remus dirigiram-se ao quarto de James.


- Convenci meus pais de que precisava de um vestido novo para a festa de hoje. Vai ser incrível. Só espero que ainda seja surpresa, com toda a escola sabendo – Marlene disse.


- Acho que Petúnia mataria quem abrisse a boca.


- Com certeza! – exclamou, rindo ao imaginar a situação.


Tomamos banho, fizemos cabelo, maquiagem, e vestimo-nos dentro dos sessenta minutos concedidos por nossa supervisora. Tínhamos que recepcionar os convidados e levá-los até suas mesas, cuidar para que a música não estivesse muito alta e coordenar os garçons do Buffet.


Os meninos estavam responsáveis por indicar estacionamentos alternativos para os carros, para que não ficasse óbvio que os Potter haviam preparado mais do que um simples jantar de família. Ashley e Jason estavam socializando com os amigos de seus filhos e encaminhando os membros da família para a área reservada aos adultos.


Durante meia hora, andei para cima e para baixo resolvendo o que precisava ser resolvido, até que Petúnia encaminhou todos para a sala principal, anunciando que eles chegariam em três minutos. Apagou as luzes da casa, e então, fez-se tanto silêncio que era possível ouvir o menor dos ruídos.


Ao meu lado, Remus segurou minha mão, sorrindo da mesma forma ansiosa e cúmplice que fizera minha cabeça girar horas atrás. Retribuí, mais ou menos quando ouvi Lily perguntar por que todas as luzes estavam apagadas.


As luzes foram acesas.


- Surpresa! – cem pessoas gritaram em uníssono. Lily levou as mãos à boca. Sua expressão constatava que ela havia sido completamente surpreendida.


Começamos a cantar parabéns, enquanto James a beijava brevemente nos lábios.


- Ah meu Deus, muito obrigada! – disse, depois de clamarmos insistentemente por um discurso. – Eu estou tão emocionada que não sei muito bem o que falar... mas posso tentar.


Ela fez uma pausa, ainda tremendo de emoção e com os olhos marejados. E então, começou a falar:


- Às vezes, passamos por momentos difíceis. Achamos que a vida é injusta, que Deus nos virou as costas, que o universo conspira contra nós. Culpamos o destino, amaldiçoamos inimigos e nos perguntamos o porquê de tanto sofrimento em uma vida só. Foi o que aconteceu após a morte do meu pai. É o que acontece diariamente com milhões de almas ao redor do mundo. Mas a vida continua. Não importa quanto sofrimento tivemos de agüentar, por quantos furacões tivemos que passar ou quem perdemos ao longo de nossa jornada: a vida sempre continua. Os mais sábios sabem tirar lições de cada situação, seja ela boa ou ruim. Há um ano, eu jamais imaginaria que minha vida seria como é hoje. Deus me presenteou ao fazer com que minha mãe cassasse com alguém tão maravilhoso como meu padrasto. Reconstruí minha família, fiz novos amigos, me conheci melhor. Amadureci com tudo que passei até aceitar os rumos que minha vida estava tomando. Mas dizem que o Senhor escreve certo por linhas tortas. E eu concordo. De que outra forma estaria tendo um momento como este se não tivesse passado por tudo o que passei? Estou acompanhada por meus amigos, minha família, meu namorado, minhas melhores amigas! Todos aqui, em um sábado à noite, reunidos para prestar uma homenagem a mim. E nem sei o que fiz para merecer isto! Cada um de vocês teve um papel fundamental em algum momento... ou em todos eles. Do fundo do meu coração, só posso agradecer. Obrigada por estarem na minha vida, por serem quem são, por cuidarem de mim. Eu amo vocês demais!


Ao fim do discurso, James tirou-a do chão em um abraço apertado. Choviam aplausos. Sirius, Remus, Marlene, Petúnia, tia Ashley, tio Jason e eu nos juntamos a eles em um grande abraço em grupo.


- Nós também te amamos um pouquinho – Marlene brincou, quando nos separamos.


- Mas só um pouco. É quase insignificante – Sirius disse, arrancando risadas.


- Eu também te amo – ouvi uma voz sussurrando em meu ouvido. Virei automaticamente.


Deparei com Remus emocionado, como todos que ouviram as palavras de Lily. Ele carregava um brilho diferente no olhar.


- Não dá pra viver longe de você. Não dá pra ser apenas seu amigo. Nós tentamos, não foi? Não funcionou pra mim.


- Não funcionou pra mim, também – consegui dizer, com o fio de voz que me restava.


- Eu te amo e eu nunca mais quero te perder. Katie, você é a mulher da minha vida. Por favor, me aceite de volta.


Ao invés de responder, beijei-o com toda vontade que consegui reunir.


Só reparei que as pessoas estavam prestando atenção na nossa conversa quando nosso beijo foi interrompido pelos gritos, aplausos e vivas. Soltamo-nos por um instante para sorrir, mas logo voltamos a nos beijar.


Havia esquecido quão bom era beijá-lo. Como era reconfortante a sensação de tê-lo entre meus braços sem nenhum tipo de arrependimento ou sentimento ruim. Ele era meu, apenas meu. Todos os erros do passado haviam sido completamente superados.


E eu era dele. Só dele. Enfim.


 


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 Narrado por: Marlene McKinnon


Dois anos e meio depois


 


A ideia de dizer adeus me assustava. Ser estudante da AEHS era tudo o que eu conhecia há anos. Era como uma identidade. “Sou Marlene, tenho 18 anos, estudo na Albert Einstein High School.”


Seria especialmente difícil perder parte da minha identidade.


Enquanto limpava meu armário pela última vez, ia lembrando o que havia vivido por aqueles corredores. As aulas que matei com Lily e Katie para seguir intercambistas, as detenções que peguei por discutir com a professora de biologia, os micos que paguei quando Sirius dirigia a palavra a mim. Bons tempos!


Reuni minhas coisas e, sem pensar muito no que estava fazendo, dirigi até a casa de Lily. Recrutei Katie pelo telefone, então as duas já estavam me esperando quando cheguei.


- O que foi? – me perguntaram, parecendo preocupadas.


- Fui limpar meu armário – anunciei, e suas expressões alteraram-se para compreensivas.


- Sábado de manhã? – Lily perguntou, revirando os olhos.


- Olha o que encontrei. – disse, ignorando-a – Marlene: qual o babado? Katie: ele me chamou pra sair sábado. EU TENHO UM ENCONTRO!!! Marlene: AAAAAAAAAH! Que lindo! Ai, amiga, vou ficar torcendo por você. Uma de nós vai desencalhar!!


- Uma de nós vai desencalhar? – Katie perguntou, entre risadas.


Por que você ia “torcer litros” por ela? – perguntou Lily, fazendo graça.


Não sei! Adorávamos usar essas expressões originais no primeiro ano. Achávamo-nos altamente criativas.


- Éramos meio retardadas – disse Katie, e tivemos que concordar.


Tem uma parte que tá apagada. Isso tava no fundo do armário. Mas dá pra reconhecer a letra da Lily aqui – continuei. – Marlene: Lils, A KATIE TEM UM ENCONTRO!!!! Lily: verdade? MELDELS, com quem? Com o Remus? Quando? Por que ninguém me disse nada? Já sabe o que vestir? AAAAAAAAAAAAAAAAH!


- Eu escrevi “meu Deus” com L no lugar do U, não foi? – confirmei, provocando mais risadas.


- Vou sentir falta da escola. Foi nossa definição particular de inferno na terra por muito tempo. Mas vou sentir falta – Lily disse.


- Eu sei. Mesmo que tenha sido bastante ruim depois que os meninos se formaram – Katie disse. – E Remus foi pra Oxford.


- E James saiu de casa.


- E Sirius ficou bêbado em uma das festas da faculdade e comeu uma vadia italiana – o sangue me subia à cabeça só em lembrar o que havia ocorrido há seis meses.


- Foi um golpe muito baixo. Aquele cachorro – Lily disse. – Temo por James. Sabia que aqueles dois dividindo apartamento no centro da cidade não resultaria em boa coisa.


- Ao menos James ainda mora em Londres – Katie reclamou. – Com tudo o que já gastei indo pra Oxford, compraria um Smart pra mim.


- Coisa que você não quer, porque é importante que um carro tenha espaço pra suas pernas e para suas duas melhores amigas – ressaltei. Adorávamos reclamar de nossos namorados/meu ex desde que eles haviam se formado e proclamado liberdade.


- Alguma novidade da Petúnia?


- Nenhuma. Ela não faz questão de dar sinal de vida. Eu já não agüento mais ouvir sobre como a Universidade de Cardiff é o paraíso, de qualquer forma.


- Só tem cara lindo lá – Katie disse. – Deve ser mesmo o paraíso.


- Paraíso é saber que ela está bem longe, no País de Gales.


- Ainda é no Reino Unido – voltamos a rir.


- Espero que você não pense assim quando eu estiver em Oxford – a birra de Katie era desnecessária. Já havíamos discutido e chorado sobre aquilo mil vezes, ela sabia quanta falta faria.


- Katie, vá para Oxford esquentar o seu namoro. Mas quando estiver quente o suficiente, não esquece o dinheiro guardado pro Smart. Vai ser mais útil gastá-lo em passagens de trem pra Londres. 


- Eu sei, eu sei, é claro que venho visitá-las. E vocês também podem ir quando quiserem. Mas não estou indo pra Oxford por Remus. Vocês sabem que sempre foi meu sonho.


- Sabemos disso – respondemos, a caminho da piscina. Um dia de sol era raro em Londres e não podia ser desperdiçado.


- Hey! Hoje é o aniversário do Sirius. – Lily lembrou, horas depois.


- Parabéns pra ele – respondi, automaticamente, fazendo as duas rirem.


Ficar de molho na piscina em sábados ensolarados virara hábito. Vivíamos na casa de Lily. Ela se sentia sozinha o tempo todo depois que James e Petúnia haviam se mudado.


- Ele já te deixou em paz? – Katie questionou.


- Ele manda três mensagens por dia. Já recebi uma hoje... “Minha festa de aniversário aqui no meu apartamento hoje, às 22h. Não deixe de vir, James conseguiu um barril de cerveja. Seu Sirius”


- Seu Sirius? – Katie perguntou. – Ele exagera nos pronomes possessivos.


- Eu sei! – Lily exclamou. – Que tipo de pessoa assina uma mensagem de texto?


- O mesmo tipo de gente que assina cada frase no twitter. Tipo a princesa Catherine Middleton – Katie divagou.


- E a Emma Watson – Lily respondeu.


Soltei uma gargalhada.


- Ele realmente acha que somos amigos – resolvi voltar ao assunto.


- Pior do que isso. Ele age como se vocês ainda estivessem juntos.


- É a nova estratégia dele, já que se humilhar não deu certo – viramos automaticamente ao ouvir uma voz masculina.


- James! – Lily exclamou, saindo da piscina e correndo a seu encontro. – Quanto você ouviu?


Ele riu.


- O suficiente para nunca assinar uma mensagem de texto. Ou um tweet. Oi, meu amor, senti saudades.


Katie e eu automaticamente fizemos nossa expressão de “que fofos” enquanto eles se beijavam. Expressões estas que logo se alteraram para “arranjem um quarto”, quando eles não se soltaram.


- Vim convidá-las para a festa de aniversário que estou organizando para Sirius hoje à noite em nosso apartamento. E vim matar a saudade de você, também – acrescentou, quando Lily fez biquinho.


- É, fiquei sabendo da festa – apontei para meu celular. James riu.


- Vocês vão?


- Vamos – respondemos automaticamente.


- Ótimo. Até lá. Tenho que ir buscar o barril de cerveja que consegui – dizendo isso, beijou Lily outra vez e foi embora.


- Você vai? – Katie perguntou, surpresa.


- E vou levar o Chris – suas expressões outra vez alteraram-se para a mais pura compreensão.


*


O apartamento de James e Sirius não era exatamente grande. Era tão bagunçado quanto qualquer lugar administrado por homens. Lily e eu sempre costumávamos dar uma arrumada quando passávamos os finais de semana por lá.


Entretanto, eu não havia pisado no lugar desde a fatídica manhã de domingo em que trouxera uma cesta com café-da-manhã para comemorarmos nosso aniversário de dois anos juntos. Ao invés disso, os ingredientes da cesta acabaram sobre Sirius e Giulia, a italiana que também cursava Administração na UCL de Londres e que vinha se atirando nele desde o primeiro dia de aula.


Espantei os pensamentos da minha cabeça, segurando com força a mão de Chris – o garoto com quem eu estava ficando há um mês. Não gostava dele como, infelizmente, ainda gostava de Sirius, mas estava mesmo dando um tempo em sentimentos. Não se pode ter tudo na vida.


Todo o amor que eu sentia por Sirius transformou-se em ódio. Lágrimas de ódio, ataques de ódio ao telefone, flores devolvidas, cartas de amor rasgadas e até um tapa dado com precisão quando ele acordou minha família com uma serenata às três da manhã.


Minhas irmãs, agora com dez e doze anos, acharam tudo incrivelmente romântico e fizeram um coro de “beija, beija, beija”, que inclusive foi acompanhado por minha mãe, por James (que estava ao violão), por um colega de universidade (que além de tocar violão, ajudava Sirius a cantar) e por um vizinho.


Lembro de ter caminhado suavemente até Sirius com o mais doce dos sorrisos e ter acertado um tapa tão forte que fez até meu pai acompanhar o coro de “uuuuhhhh” liderado por James. Em seguida, entrei em casa sem nem olhar pra trás e recoloquei minhas irmãs na cama.


Chorei um pouco quando parei para pensar no que significava aquilo, depois de três meses de rompimento, mas o sentimento foi embora assim que encontrei meu pai. Ele estava tão orgulhoso no dia seguinte que me deu “cem libras pra você nunca esquecer de que é o orgulho do papai”.


James e Sirius estavam especialmente felizes porque Remus estava em Londres para a festa.


- Que saudades de você! – abracei-o, quando Katie e Lily finalmente o soltaram. – Quando começam suas férias de verão?


- Em duas semanas. Estarei de volta no dia vinte de junho para atentar vocês por dois meses inteiros.


- Ai de você se não voltar – ele me beijou no rosto, dizendo que também sentira saudades. Seu sorriso apagou-se assim que Chris se ausentou para buscar bebidas para nós dois.


- Quem é ele? – perguntou, usando o famoso tom de voz “não-acho-que-você-deveria-estar-fazendo-isso”.


- Chris – respondi, sem detalhar nosso grau de relacionamento.


- Sirius já viu que você trouxe alguém?


- Você já viu que a Giulia está aqui? – rebati, e dei as costas a ele, procurando Chris.


Eu conhecia Remus, Sirius e James bem demais pra saber que sempre se encobertariam. E, do jeito que Remus sabia ser persuasivo, eu era capaz de acabar chorando em seu ombro na metade da noite, implorando pra voltar com Sirius.


Deus me livre.


- Trouxe sua bebida – Chris disse, reaparecendo, com seu jeito calado, mas atencioso. – Essa é a festa do seu ex?


Fiz cara de culpada.


- Mas James é o anfitrião. E Remus está aqui...


- Eu sei. Mas Black não vai nos trazer problemas, vai? Porque se ele tiver preparado uma serenata, sinto muito, mas vamos ter que ir embora.


- Ele vai se comportar – minhas palavras soaram mais como um pedido aos céus do que como garantia. Chris sorriu meio contrariado.


- Quem é você? – James perguntou, sendo imediatamente repreendido por Lily, que explicou que ele e Sirius estavam bebendo desde que o barril havia entrado no apartamento, há quatro horas, e que, por isso, já não estavam assim tão bem.


- Chris Grant – apresentou-se, apertando a mão de James. Sirius apareceu em seguida.


- Você está com a Lene? – perguntou, falando de forma enrolada. Chris acenou positivamente.


- Todo mundo odeia o Chris – Sirius o informou, citando um de seus seriados de TV preferidos. James caiu na gargalhada. Lily segurou o riso. Revirei os olhos.


Chris soltou um sorriso torto mínimo. Provavelmente já ouvira aquela piada várias vezes antes.


- Eu não o odeio – parti em sua defesa.


- Mas também não ama – Sirius rebateu, sem sorrir.


- Quem disse que não? – revidei, caindo na provocação dele. Puxei Chris pela mão, para perto de onde Katie e Remus estavam. – Desculpa por isso.


Chris suspirou.


- Não consigo entender como alguém como você agüentou um cara como ele por tanto tempo – apontou para Sirius, que agora dançava com duas garotas, abraçado a uma garrafa de uísque. Revirei os olhos para a cena.


- Ele era diferente quando estávamos juntos – comentei, lembrando de como ele havia me pedido em namoro segurando uma rosa, no topo da Torre Eiffel.


- Claro. – Chris não acreditou em mim, mas não podia culpá-lo.


Sirius e eu nos evitamos pelo resto da noite. Eu estava ofendida pela “questão Giulia”, como James nomeara o ato. Ele estava ofendido por eu ter levado Chris.


Não consegui me concentrar na festa. Aquele lugar trazia inúmeras lembranças de bons momentos. Mesmo assim, dancei com Lily, Katie e Chris por boa parte da noite. Correspondi a todas as demonstrações públicas de afeto do meu acompanhante. Bebi, cantei e tentei me divertir ao máximo.


Mas quando a madrugada avançou muito e Chris precisou ir para casa, me deixando a sós com James-e-Lily e Katie-e-Remus, sabia que a abordagem de Sirius seria inevitável.


- Cadê seu namoradinho? – Sirius voltou a usar o tom de voz provocativo.


- Foi pra casa.


- Não agüenta uma festa, eh?


- Na verdade, ele tem que estudar para um teste de Bioestatística amanhã – respondi, evitando contato visual.


- Estuda biologia, é? Bicha.


- Medicina – retruquei. Sirius fez uma careta. – Por que isso importa, de qualquer forma?


- Por que você não responde minhas mensagens? Nem atende meus telefonemas? – o tom presunçoso havia ido embora. Ele agora soava sincero, além de um pouco desesperado. Esforcei-me para ter paciência e falar calmamente:


- Sirius, nós não estamos mais juntos, lembra? Você quis assim.


- Lene, você tem que me perdoar. Eu não... eu não sou mais o mesmo sem você.


- O que você quer dizer com isso?


- Que o que houve com Giulia não significou nada! Eu estava bêbado e carente, e ela estava literalmente se atirando em mim...


- Se você estava carente, então está tudo bem – falei com sarcasmo.


- Baixinha, você não muda – dizendo isso, saiu para buscar mais cerveja.


Estava sentada há alguns minutos, quando ele voltou.


- Dança comigo – pediu, me puxando pelo braço.


- Não – fui irredutível.


- Qual é, Lene. Só uma música – James intercedeu pelo melhor amigo.


- Não estou bêbada o suficiente para isso.


- Garçom! – Remus gritou, para ninguém, já que obviamente não havia garçons na festa. Ri dos esforços deles para mudar minha opinião e da expressão de cão-sem-dono no semblante de Sirius, mas não me convenci.


- Pelo meu aniversário? – tentou uma última vez. Diante do argumento, e considerando que ainda não havia feito nada além de brigar com ele até então, resolvi aceitar.


Desejei parabéns a ele enquanto dançávamos abraçados ao som de Let There Be Love, do Oasis. Tentei disfarçar a lágrima que rolou pelo meu rosto enquanto ele sussurrava a letra da música em meu ouvido.


Uma parte de mim queria esquecer o orgulho ferido e aceitá-lo de novo. Mas então eu me lembrava da italiana loira e de sua expressão sarcástica quando a encontrei na cama de Sirius e todo o ódio voltava.


Às cinco e meia da manhã, todos os convidados já haviam ido embora. O apartamento estava, outra vez, nas mãos de nós seis.


- Vamos pra casa? – perguntei às meninas.


- Hm, Lene, acho que vamos ficar mais um pouco... – o tom de voz de Lily sugeria que iriam dormir ali. No fundo, eu já sabia que aquilo aconteceria. Arrependi-me de não ter ido com meu carro.


- Não vá agora – Sirius implorou. Lancei-lhe um olhar de desconfiança. – Agora é que a festa vai começar de verdade.


- Vamos jogar “eu nunca...” – James explicou.


- Que jogo é esse?


- É bem simples. – Começaram a explicar, entregando-nos shots de tequila. Aquilo não podia dar certo. – Alguém diz uma frase que comece com “eu nunca”.


- Eu nunca beijei James Potter – Sirius disse, nos fazendo rir. – Quem já beijou James Potter, vira seu shot de tequila.


- Ainda não está valendo, Lils – James brincou, quando a garota pegou o copo. Voltamos a rir.


- Eu começo – Remus disse – Eu nunca passei mal de tanto beber.


Entreolhamo-nos, com expressões marotas. Em sincronia, viramos a tequila. Sirius riu mais do que todo mundo, acusando-nos de sermos “perdidos”. Como se ele fosse diferente.


- Eu nunca fiz uma serenata pra alguém – James disse, zoando Sirius. Corei automaticamente quando passaram a fazer piada com o acontecimento e a imitar o tapa que eu havia dado no garoto.


Sirius, assim como James, que também participara do malfeito, viraram seus respectivos copos.


- Eu nunca beijei um completo desconhecido – Katie disse. Mais uma vez, todos beberam.


- Eu nunca saí com alguém para fazer ciúmes para outra pessoa – Assim que Lily terminou sua frase, entreolhamo-nos brevemente. Ela provavelmente também estava pensando no pobre Matt.


Enquanto virava meu terceiro shot da noite, lembrei do quão relutante ele estava em ir estudar nos Estados Unidos, durante nosso desastroso encontro. No entanto, aquilo foi exatamente o que aconteceu. Da última vez em que soube dele, estava morando em Boston.


Sirius também teve que virar seu copo. “À Emmeline”, disse. Revirei os olhos só por ter que ouvir tal nome. O garoto não perdeu o movimento.


- Então você está saindo com Chris só para me fazer ciúmes?


- Não foi o que eu disse – por algum motivo, eu estava na defensiva. Sirius não perdeu esse detalhe, também.


- Eu nunca disse para meu ex-namorado que não o amava, apesar de amá-lo. – provocou. Ao invés de virar o conteúdo do meu copo, como ele esperava que eu fizesse, rebati com outra afirmação:


- Eu nunca traí.


Sirius olhou-me longamente, com uma expressão séria que não combinava com ele. Então, lentamente, levou seu copo à boca e bebeu a tequila. Remus e James o acompanharam.


  


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Narrado por:
Lily Evans


O resto do verão passou como um flash.


Festas, viagens à praia, duas semanas no Château da mãe de James, eu vomitando todo meu cachorro-quente depois de andar nas montanhas-russas da Euro Disney – James segurando meu cabelo enquanto isso; as irmãs gêmeas de James pedindo vinte euros para não contarem o que encontraram no lixo do meu banheiro, corrida de bicicleta no Hyde Park, Petúnia voltando para passar um mês em casa, Petúnia brigando com nossa mãe e voltando para Cardiff, Petúnia ficando sem dinheiro e voltando para casa outra vez; Chelsea instalada na minha casa por quatro dias seguidos, Chelsea e eu nos ignorando, Chelsea chorando de raiva ao flagrar James e eu no quarto dele; Katie, Marlene e eu com insolação após sete horas seguidas na piscina, Remus voltando pra Oxford, Sirius dormindo na porta da casa de Marlene, pai de Marlene chamando a policia, Sirius preso, Marlene desesperada, pai de Marlene retirando as acusações, Marlene chorando bêbada, confessando  que não consegue esquecer Sirius; Katie chorando bêbada porque vai embora de Londres; nós três bêbadas, chorando pela partida de Katie; Chris pedindo Marlene em namoro, Marlene aceitando, Marlene terminando o namoro no dia seguinte por não gostar dele, James chegando bêbado em casa às quatro da manhã e me acordando para declarar seu amor por mim, eu cuidando da ressaca de James no dia seguinte; minha mãe e tio Jason indo passar férias na Itália, James e Sirius dando uma grande festa na casa, vôo cancelado, James de castigo por uma semana, James voltando para seu apartamento para fugir do castigo, eu indo para o apartamento dele para fugir de Petúnia, James e eu flagrando Sirius outra vez com Giulia, Sirius implorando para mantermos segredo, Katie indo embora, dois dias de lágrimas e luto, último fim de semana antes da faculdade começar, visita surpresa à Katie e Remus em Oxford, nós seis sendo expulsos do Pub mais famoso de Oxford por fazer muita bagunça, Sirius se humilhando para Marlene outra vez, Marlene dormindo com Sirius (!!!!!!!!!), Marlene arrependida; nós quatro acordando tarde e perdendo o trem para Londres, mais umas garrafas, enquanto o próximo trem não chegava, primeiro dia de aula na faculdade com uma ressaca infernal.


Ao contrário de James, que saíra de casa assim que a escola terminou, resolvi continuar morando com minha mãe e meu padrasto por uns tempos. No entanto, após um mês de faculdade estava completamente exausta. A Universidade de Londres ficava do outro lado da cidade, e eu tinha que acordar de madrugada para enfrentar todo o trânsito e chegar a tempo para a primeira aula. A ideia de alugar o apartamento que estava disponível no prédio de James e Sirius era tentadora e precisava ser estudada, apesar de eu saber que aquilo não agradaria minha mãe.


Marlene, a quem eu dava carona todos os dias, estava passando pela mesma situação e também estava considerando mudar para o centro, mas estava relutante em ser vizinha de Sirius.


- Quero distância dele – afirmou, em uma cinzenta manhã de fim de outubro. Estávamos presas no engarrafamento, a caminho da faculdade. Marlene estava cursando Jornalismo, enquanto Katie e eu cursávamos Arquitetura e Engenharia Civil, respectivamente. – Você sabe o que acontece quando ficamos perto tempo demais. O que aconteceu em Oxford não pode se repetir.


- Mas se vocês se amam...


- Você voltaria pra James se ele te traísse com a Chelsea? Não venha dizer que é diferente. Traição é traição.


- Eu sei – disse, suspirando. Ela tinha razão. Meus argumentos a favor de Sirius já tinham se esgotado desde que o flagrei na cama com Giulia, no verão.


Na sexta-feira à noite, Marlene e eu vestimos nossas fantasias de anjo e pirata e dirigimos até a casa de alguém chamado Peter Pettigrew, colega de classe de James, para o Halloween.


Não estávamos animadas, como costumávamos ficar. Aquele seria o primeiro Halloween em muitos anos sem Katie, que resolvera apreciar a data em Oxford com Remus.


No caminho, Marlene ia me contando sobre o concurso em que estava pensando em se inscrever. A faculdade de Jornalismo mais conceituada do mundo, que ficava em Paris, estava oferecendo dez bolsas completas de estudos. A concorrência seria enorme, mas ela estava tentada pela ideia. “Seria horrível partir e ter que sobreviver do meu francês precário... mas seria uma experiência incrível. O curso dos meus sonhos na melhor universidade do mundo!”.


Eu disse a ela que não custava nada se inscrever e fazer as provas. Se ela fosse selecionada, só tinha a ganhar. Se não fosse, não perdia nada. Marlene disse que iria pensar, e mudamos de assunto.


A festa de Halloween estava ótima. Era uma verdadeira festa de universitários. Não tão promíscua quanto as dos filmes americanos, mas bem diferente dos últimos Halloweens escolares.


Na escola, o ambiente era homogêneo. Praticamente todas as pessoas pensavam, agiam e se vestiam da mesma forma. Estavam sempre à procura de aceitação e inclusão. Aqui, a diferença era valorizada. As pessoas vinham de todos os lugares para estudar em Londres, e isso fazia diferença.


Diferentemente da festa que James ofereceu em nossa casa, há três anos, aqui realmente havia diversidade e criatividade na escolha das fantasias. A noite exalava diversão e descontração. Não parecia um concurso de beleza.


Assim que chegamos, encontramos James, Sirius... e Giulia. James havia dito que eles "estavam se vendo frequentemente", mas não soltara mais detalhes, mesmo com muita insistência.


Marlene fingia que não se importava. Sorria das piadas que contávamos a mesa, brincava, bebia e dançava, sempre com um sorriso no rosto. Ela havia enganado a todos - menos a mim. Eu sabia como ela estava se sentindo, mas sua determinação em mostrar indiferença me impedia de falar qualquer coisa sobre o assunto.


Em algum momento da festa, Marlene encontrou duas amigas de faculdade e sumiu de vista. Giulia aproveitou para arrastar Sirius até a pista de dança.


- Não vou com a cara da italiana - informei a James. Ele riu.


- Eu já sabia.


- Sério. Ela me lembra... Chelsea.


- Lá vamos nós de novo... - ele disse, parecendo irritado. Eu sabia que, na verdade, ele estava se segurando pra não gargalhar. Sempre ficava assim quando citávamos o nome da garota. Segundo ele, "minha expressão de ciúmes e irritação era adorável".


- Mas você não acha? - insisti.


- Não acho nada. Não me intrometo mais na vida amorosa do Sirius há muito tempo. Ele nunca ouve ninguém.


- Nem o melhor amigo dele?


- Nem a mim - afirmou, bebendo outro gole de cerveja.


- Mas ele ainda ama Marlene e a quer de volta, não quer?


- Lils, acredito que sim. Mas você conhece Sirius. O caso Giulia aconteceu em Dezembro. Já estamos em Outubro. Ele passou quase um ano inteiro se humilhando para Marlene. Alguma hora ia acabar desistindo.


- É verdade. Mas é triste. Eles se amam, mas não sei se ela vai conseguir perdoá-lo. É difícil demais.


James concordou. Ficamos em silêncio alguns instantes, até ele me convidar pra dançar. E então fomos nos divertir.


Nos braços de James, era demasiado difícil me preocupar com qualquer coisa. Enquanto dançávamos, ríamos, bebíamos e nos beijávamos, só conseguia pensar na sorte que eu tinha por tê-lo ao meu lado. Amava meu namorado com cada fibra do meu corpo. Os quase três anos em que estávamos juntos haviam sido repletos de momentos memoráveis e agradáveis.


Nossa relação era simples, afetiva e saudável - e estar em um relacionamento longe do drama adolescente era incrível.


- Minha ruivinha... - ele sussurrou em meu ouvido, antes de me beijar apaixonadamente. Mais uma vez, tive certeza de que ele era tão louco por mim quanto eu era por ele.


Sorri, sem conseguir conter minha felicidade, mais ou menos quando Marlene reapareceu. Estava de pé, em frente a mim, e tinha uma expressão confusa no rosto. Demorei a entender que ela encarava Sirius. Subitamente, virou de costas e caminhou apressadamente até sumir de vista. Não hesitei em segui-la.


- O que aconteceu? - perguntei assustada, ao constatar que seus olhos estavam marejados.


- Só me abraça - pediu. Seu tom de voz quebrou meu coração. Abracei-a forte, reafirmando que o que ela sentia ia passar. - Não sei por que ver os dois juntos me afeta tanto. Já faz dez meses, e mesmo assim não consigo esquecer ou perdoar.


- Eu sei, amiga. Eu sei. Mas vai passar, sabia? Você vai ficar bem. Eu tenho fé em você. Você é forte e eu estou aqui pra qualquer situação.


Ainda estávamos abraçadas quando Sirius e James sentaram-se à mesa conosco. Marlene fez menção de levantar, mas Sirius a segurou.


- Vamos ter uma conversa definitiva - ele anunciou. Estava tão sério que cheguei a pensar que aquele era outro homem. - Vocês ficam - completou, quando James e eu tentamos nos retirar. - Vocês são as testemunhas da minha última tentativa.


- E se eu não quiser conversar com você? - Marlene tentou desafiá-lo, mas o choro em sua voz a denunciava.


- Você quer – afirmou. - Marlene, por que você está fazendo isso conosco? Com nós dois. Você está infeliz. Eu estou infeliz. Olhe pra você! Chorando em pleno Halloween. Olhe pra mim! Tenho ficha policial por você. Eu sei que eu errei e estraguei tudo, mas eu ainda te amo! E eu sei que você ainda me ama, ou não teria dormido comigo no verão.


- "Eu" não estou fazendo nada conosco. Você nos colocou nesta situação.


- E cabe a você nos tirar dela. Eu já fiz tudo o que podia pra te ter de volta. Já fiz uma serenata, já te mandei flores, escrevi cartas de amor, já me declarei em público, já dormi na porta da sua casa, já fui preso, já me desculpei um milhão de vezes. Você já teve dez meses inteiros para esfriar a cabeça. O que mais preciso fazer para que você me perdoe?


Marlene lutava contra as palavras. James e eu estávamos divididos entre a curiosidade de saber o que resultaria dessa conversa e a inconveniência de estar ouvindo algo tão particular. Evitávamos até trocar olhares.


- Eu sei disso... sei de tudo isso, Sirius. Mas tem um lado em mim que estaria sendo violentado se eu simplesmente esquecesse o que você fez, em primeiro lugar, para ter chegado aos extremos que chegou. Eu fui fiel a você. Fui carinhosa, amorosa, compreensiva. Briguei com meu pai, com meu irmão, com minha família inteira para que aceitassem você. E tudo isso, pra que? Pra dois anos depois você me trair, sem motivo nenhum. Quase nunca brigávamos! Eu nunca desrespeitei você ou te dei motivos para duvidar de mim. E é assim que você me agradece: comendo a primeira italiana que se oferece pra você! E vindo pedir desculpas, dez meses depois, cheio de razão, como se o fato de ela ser sua acompanhante fosse irrelevante! Você sabe quão humilhante isso é?


- Eu errei. Mas não fui o único, Marlene. Você arranjou um namorado um mês depois! E o levou para minha festa de aniversário na minha casa. Isso também não foi certo.


- Primeiro: Chris não era meu namorado. Segundo, comecei a sair com ele em Maio. Cinco meses depois do nosso término, não um mês.


- Tanto faz.


- Responda só uma coisa, Sirius. O que você pretende com esta conversa? Você me quer de volta ou quer anunciar que está desistindo de mim? Porque suas palavras dizem uma coisa, mas suas atitudes dizem outra.


- Eu não vou mais me humilhar - Sirius respondeu. Ele parecia realmente ofendido e triste, apesar de tentar parecer durão. - Eu estou te informando que esta é minha última tentativa de te ter de novo. Quero uma resposta definitiva, por nós dois. Se você ainda me ama, nossa chance é agora. Eu esqueço Giulia, esqueço o que você me disse nos últimos meses, esqueço o quanto sua indiferença me magoou, e nós podemos recomeçar. Mas se você não me quiser, me diga agora, e nós podemos viver nossas vidas em paz.


James e eu prendemos a respiração. A hora era agora.


Marlene, apesar de consciente desse fato, não se deixou intimidar. Sua expressão não se alterou em nenhum momento durante o contato visual que estabeleceram.


- Sinto muito – a resposta dela provocou diferentes reações. James socou a mesa, eu escondi o rosto entre as mãos, Sirius quebrou o contato visual, me passando a impressão de que seus olhos encheram-se de lágrimas. - Eu perdi toda a confiança que tinha em você. Mesmo que voltássemos a namorar, não seríamos felizes. Eu nunca mais vou conseguir olhar pra você como antes. Sinto muito.


Marlene e Sirius se encaravam. Era claro que as lágrimas rolavam de ambos os rostos.


- Eu também sinto muito - ele respondeu. Simultaneamente, levantamo-nos. James e Sirius se encaminharam ao bar. Marlene e eu deixamos a festa.


 *


Quando acordei, James estava lá em casa para o almoço. Tio Jason estava conversando com seu filho sobre Halloween, e minha mãe estava ao telefone com Petúnia. Aproveitei para ligar para Marlene. Ela não atendeu nenhuma das cinco ligações. Mandei mensagem de texto, pedindo para ela me ligar. Estava realmente preocupada com minha amiga.


- E Sirius, como está? - sussurrei pra James, quando minha mãe e o pai dele estavam conversando distraidamente sobre trabalho.


- Nada bem. E Marlene?


- Ainda estava chorando quando a deixei em casa. Acho que ainda não acordou.


- Eu estava tão confiante que eles se entenderiam ontem. Não acredito que terminaram assim - ele disse, realmente lamentando o ocorrido.


- Nem eu, amor. Nem eu.


Não consegui falar com Marlene o dia inteiro. Ninguém atendeu em sua casa, então presumi que a família havia saído. Na segunda-feira, ela me mandou uma mensagem dizendo que havia pegado uma forte gripe e não iria para a faculdade durante toda a semana. Mandei melhoras, e perguntei como ela estava. Não recebi resposta.


Na quinta-feira, o silêncio dela já estava sendo desesperador. Resolvi passar lá. Apenas a mãe dela estava em casa.


A Sra. McKinnon estava extremamente preocupada com o estado da filha, e me deixou muito aflita ao relatar como Marlene se recusara a levantar da cama ou mesmo trocar o pijama por três dias inteiros. Por duas noites seguidas, ela havia passado em seu quarto no meio da noite e a encontrou chorando. Chegamos à conclusão de que aquelas eram lágrimas acumuladas.


Ela havia ficado com tanta raiva em Dezembro, quando flagrou os dois, que ainda não havia se permitido sentir tristeza... até agora. E então, quando a Sra. McKinnon fora deixar café-da-manhã no quarto para Marlene, encontrou um bilhete na cama informando que ela havia ido para Oxford. Disse que estaria com Eric ou Katie, mas que voltaria. Não informava datas.


Ao deixar a casa, liguei imediatamente para Katie. Marlene não estava lá, mas Remus dispôs-se a procurar por ela na casa de Eric.


Naquela manhã, não consegui ir para a faculdade. Ao invés disso, dirigi-me até o apartamento de James. Esperaria duas horas até ele chegar da aula, e contava com seu poder de persuasão para me impedir de pegar o próximo trem para Oxford atrás de Marlene.


No entanto, ao entrar no apartamento com a cópia da chave que eu tinha, encontrei Sirius largado no sofá. Na mesa central, havia todo tipo de bebida - algumas, consumidas pela metade. Outras, vazias. Ele parecia miserável enquanto assistia à TV.


- Titanic? - perguntei, entrando no apartamento. Ele se surpreendeu quando me viu. - Por que você está aqui sozinho?


- Porque obriguei James a ir pra aula.


- É, soube que ele faltou para cuidar de você nos últimos dias. Como você está?


- Como acha que estou? - perguntou seco.


- Nada bem.


- Olha aqui, Evans, se você veio até aqui me culpar por ter fodido a vaca da italiana e ter acabado com tudo, perdeu seu tempo. Não preciso me sentir pior, tá bom? Você pode ir...


- Sirius! - tentei não me ofender com suas palavras. Ele estava se sentindo culpado. - Claro que não vim até aqui pra fazer você se sentir pior. Sou amiga da Marlene, mas também sou sua amiga, ok?


Abracei-o forte, desejando poder fazer algo pra melhorar a situação. Era terrível ver meus amigos em estado tão lamentável e não ser de grande ajuda.


- Como ela está? - perguntou, deprimido.


- Ela fugiu pra Oxford esta manhã. Estamos muito preocupados.


Depois de mais conversa e mais algumas filosofias, consegui fazer com que ele tomasse um banho, fizesse a barba, e parecesse humano outra vez. Enquanto conversávamos mais, cozinhei o almoço.


- Você está no curso errado - disse a mim, quando consegui arrancar uma risada dele - Devia estar fazendo Psicologia.


- E lidar com gente como você todos os dias? Deus me livre! - brinquei, beijando-o no rosto fraternalmente. Queria poder estar cuidando de Marlene do mesmo jeito.


Quando James chegou, ficou feliz com a surpresa. Quando Sirius foi dormir um pouco, contei a James tudo o que ouvira da Sra. McKinnon. Ele me convencera de que não era mesmo uma boa ideia ir até Oxford.


Acalmei-me quando Katie mandou mensagem, informando que estava cuidando de Marlene, e que tudo estava razoavelmente sob controle. No entanto, só consegui falar com ela duas semanas depois, quando finalmente ligou o celular e atendeu minha ligação.


Informou que estava de volta a Londres e que precisávamos conversar com urgência. Dirigi até sua casa o mais rápido que pude.


- Você está bem? – perguntei, aliviada em finalmente poder abraçá-la depois de tanto caos. – Eu estou extremamente chateada com você, sabia? Como pôde passar duas semanas sem... espera, você está se mudando?


Interrompi nosso abraço quando reparei na quantidade de caixas espalhadas pelo quarto.


- Lils, eu... – Marlene me encarou. Seus olhos azuis estavam apreensivos. Eu conhecia aquela expressão. Algo grande havia acontecido. Eu só não sabia ainda se era algo bom ou algo ruim. – Primeiro, desculpe por ter sumido assim. Eu fiquei arrasada com tudo, você sabe... só precisei de um tempo. Eu estou bem agora.


- Você emagreceu bastante. Não tem se alimentado? Ficou na casa da Kate ou com seu irmão?


- Uma semana em cada. Eric foi até bastante compreensivo. Acho que ele ficou meio assustado com minha versão mangueira humana.


- Todo mundo ficou – respondi. – Pra onde você está indo agora? Seus pais compraram outra casa?


- Lily, eu fui aceita na Université Paris 1 Panthéon-Sorbonne. Lembra que te falei do concurso?


- Espera. O que? Parabéns! – abracei-a outra vez, soltando gritinhos excitados. – Eu sabia! Você é demais, que orgulho!


- Obrigada! Recebi o e-mail ontem. Foi meio em cima da hora porque passei como excedente, mas três pessoas desistiram e eu entrei. As aulas começam semana que vem.


- Já? Mas não deviam começar ao menos depois do Natal? Estamos em Novembro! – perguntei, sentindo a felicidade diminuir quase totalmente.


- Deveria, mas eles adotaram um calendário diferente. Só sei que estou me mudando para Paris. Você me odeia?


Precisei sentar para respirar fundo e absorver tudo o que estava acontecendo. Minhas duas melhores amigas estavam indo embora, talvez para sempre. Como tudo poderia ter mudado tão subitamente?


É claro que estava feliz pelas conquistas das duas. Oxford era maravilhosa, assim como conseguir uma bolsa completa de estudos na melhor universidade do mundo para seu curso. Mas tinha que ser tudo tão longe?


- Claro que não te odeio – respondi o óbvio. – Só não entendo porque você tem que ir imediatamente. Não pode ser semestre que vem?


- Não, a vaga é pra agora... – comentou, ainda com a excitação na voz, o que me irritava. Queria que ela estivesse arrasada como eu estava.


Era um sentimento completamente egoísta, eu sabia, mas eu tinha esse direito, ao menos por hoje. Depois ela podia ser feliz o quanto quisesse em Paris. Só queria que agora demonstrasse tristeza por me deixar pra trás.


- Estou meio aliviada de sair daqui. Novos ares é do que eu preciso agora.


- Marlene, você está se mudando por causa do Sirius? – perguntei, em tom repreensivo.


- Claro que não! – respondeu imediatamente. – Até parece. Estou me mudando porque recebi uma chance incrível, que vai me abrir oportunidades de emprego em qualquer lugar do mundo depois. Lils, eu não sou rica. Nunca fui. Meus pais têm quatro filhos e lutam diariamente para nos sustentar. E minha profissão não vai me deixar rica, também. Quero uma vida melhor pra mim. E, quando uma oportunidade dessas aparece, você não recusa.


- Eu sei. Estava sendo boba. É claro que você tem que ir. É só que... eu vou sentir tanto a sua falta!


- E eu a sua, Lily. Mas vou estar à uma hora e quinze minutos de voo daqui. Virei o tempo todo, ok? E não é pra sempre. São apenas quatro anos.


- Eu sei disso – respondi, tentando transparecer normalidade.


- Você não está chorando, está? – perguntou, soltando uma grande gargalhada. Aquela era a Marlene que eu conhecia. Sempre achando tudo tão engraçado.


Era uma pena que a situação exigisse a Marlene-mangueira-humana de volta.


- Não – respondi, caindo no choro em seguida. Ela sentou do meu lado, me abraçando, mas sem deixar de rir. – Sua insensível.


- Não sou não. É que já chorei todas as minhas lágrimas dos próximos dez anos nesse último mês. Agora só sobrou coisa boa.


- Pois eu ainda tenho muita lágrima acumulada – resmunguei, limpando os olhos. Ela voltou a rir.


- Katie está vindo pra cá. Liguei pra ela há pouco. Vamos fazer uma festa do pijama pra comemorar e nos despedirmos. Como nos velhos tempos.


- Adorei a ideia – respondi já mais animada. – Você quer ajuda com as caixas?


- Adoraria.


 


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Narrado por: Katherine Mackenzie


 


- Não acredito que essa é você, Lily Evans! Cadê aquele bronzeado todo do verão?


- O outono levou. Só sobrou a velha e sem graça pele branca – a ruiva respondeu, antes de me abraçar muito forte e ressaltar o quanto sentira minha falta nos três meses em que ficamos sem nos ver.


- Você de novo – brinquei, ao reencontrar Marlene. Ela estava muito melhor do que na última vez que nos vimos, há poucos dias. A notícia de sua mudança para Paris havia sido uma injeção de ânimo.


- Bom te ver também, bruta – respondeu, fingindo indignação. Sorri. Estava em casa.


- E então, qual a boa de hoje? Vejo que vocês já empacotaram praticamente tudo? Onde você vai morar, mesmo?


- Consegui um quarto individual no alojamento da universidade. Muito prático.


- Muito mesmo. Eu adoro morar no campus, é muito divertido – comentei.


- Estou me sentindo excluída. Quero minha liberdade também – Lily reclamou.


- Vá morar com James – sugeri, brincando.


- E de quebra ter que conviver em tempo integral com Sirius? Não, muito obrigada.


- Alguém tem notícias dele? – perguntei, sem ter muita certeza de que poderia falar naquilo. Para minha surpresa, foi a própria Marlene quem respondeu:


- Vi que a italiana atualizou o status no facebook para “em um relacionamento enrolado com Sirius Black.”


- Que biscate – Lily disse, revoltada. – Que tipo de pessoa usa esse status no facebook? Praticamente diz: “é só sexo, tanto faz”.


Marlene e eu rimos, concordando.


- Não sei, mas, hoje à noite, não vamos falar deles. Hoje a noite é sobre nós! – exclamei, e as duas concordaram animadas.


- E sobre os futuros franceses que estão à minha espera!


- Um brinde a eles – Lily disse, rindo. – Outra mensagem do James. Ele está alucinado querendo saber pra onde vamos e por que Katie está em Londres.


- Você não contou a ele que estou me mudando, certo? Não quero Sirius me causando problemas.


- Claro que não contei – a ruiva se defendeu. – Só descobri há três horas.


- Amanhã à tarde, quando eu estiver no avião, você pode contar.


Enquanto nos arrumávamos, Marlene contava sobre a relutância que seu pai estava tendo em deixá-la morar sozinha em outro país. A mãe dela tivera que relembrá-lo diversas vezes que a garota era legalmente adulta e, portanto, apta a tomar as próprias decisões.


Julie havia ficado triste, e até derramara algumas lágrimas. Já Brittany não escondia a felicidade. Com Eric em Oxford e Marlene em Paris, ficaria com o quarto da irmã mais velha para si. Quando se tem quase treze anos, não ter que dividir o quarto com a irmã menor é tão importante quanto ter a discografia completa do Justin Bieber em casa.


Já eu morria de saudades da minha irmãzinha. Little Lucy, já não tão little agora que estava prestes a completar sete anos, estava cada vez mais parecida comigo. E mais atentada também. Outro dia havia quebrado o braço ao tentar escalar uma árvore. Ela era um espírito-livre que, por engano, nascera no meio do caos urbano.


- Hm... Remus também está querendo saber onde eu estou. Estranho. Ele não é assim.


- Nem James. Espera. Será que é o Sirius por trás disso? – Lily perguntou, mordendo os lábios em sua conhecida expressão pensativa.


- Vai ver eles querem te ver – Marlene disse a mim. – Você não vem desde o verão.


- Vai ver Sirius quer te ver. Vocês não se vêem desde o Halloween – rebati. Ela fez careta.


- Isso foi só há duas semanas – falou, sem interromper a maquiagem que concluía – Além do mais, ele está em um “relacionamento enrolado”.


- A italiana não chega a seus pés – Lily afirmou. – Sirius te ama.


- That’s bullshit and you know it – a citação a Tom Fletcher me fez rir.


- Não vamos falar nisso, certo? Hoje a noite é nossa, conforme o combinado.


E assim foi. No momento em que entramos no táxi que pedimos, fizemos o possível pra esquecer todo o drama entre Sirius e Marlene que dividira nosso grupo ao meio, para deixar de pensar no quanto eu sentia falta de conviver com minhas melhores amigas diariamente e quanta falta Marlene faria nos quatro anos que passaria na França.


Entramos em uma boate exclusiva para maiores de vinte e um anos com identidades falsificadas – segundo as quais éramos três francesas chamadas Sophie, Claire e Amélie. Aproveitamos pra falar em francês pra ajudar Marlene, que iria precisar bastante dele.


Demos boas risadas durante a noite inteira, fingindo não entender o que os caras ao redor falavam conosco.


J'ai un petit ami! – repeti pela milésima vez para um garoto bastante insistente que estava me chamando para dançar.


- Tudo bem você ter namorado. Eu só quero dançar – insistiu, com um sorriso maravilhoso. Olhei para Lily e Marlene, que também estavam cercadas por outros dois bonitinhos.


Je vais danser avec lui. Je suis célibataire – Marlene avisou que ia dançar com o dela, já que era solteira. Justo. Lily e eu já havíamos esgotado nosso vocabulário francês, então tive que apelar para o inglês. Com sotaque britânico.


- Escuta, eu realmente não quero dançar, muito obrigada.


- Quer dizer então que você fala inglês. Quase me enganou – disse, sorrindo.


- Somos inglesas, só estamos treinando nosso francês. Nossa amiga ali está se mudando para Paris amanhã – Lily disse.


- Que pena, meu amigo vai ficar triste – o “acompanhante” de Lily falou, indicando Marlene, que era beijada com entusiasmo.


- Acho que estou namorando há tanto tempo que desaprendi a lidar com os chatinhos das baladas, como você – falei, brincando. O bonitinho sorriu, sem demonstrar qualquer sinal de ofensa.


- Chatinho de balada. É. Já ouvi coisa pior. Sou Luke, por sinal, se você quiser saber.


- Luke? Não é um nome tão britânico assim.


- Minha família é americana, mas meu pai foi transferido para cá quando eu tinha uns cinco anos, então nos mudamos.


- E você? – Lily perguntou ao bonitinho número dois.


- Sou Jeremy, o irmão mais novo. E então, não vão se apresentar?


- Somos Sophie e Claire – eu disse, rápido demais.


- Não, Sophie e Amélie. Marlene é a Claire – Lily me corrigiu, mandando ver no Martini que tomava. Soltamos uma risada escandalosa.


- Tinha esquecido quão divertido é sair entre amigas e conhecer gente – falei, ainda entre risadas. – James e Remus nunca nos deixariam conversar com vocês a sós.


- Namorados ciumentos? – Jeremy desdenhou. – Não se garantem?


Lily riu, sem motivo aparente. Mas percebi que Jeremy estava brincando com os cabelos dela. Ela provavelmente estava bêbada demais pra fazer algo a respeito. Não muito diferente de mim.


- E então, Sophie... – Luke riu.


- Katie – o corrigi.


- Ah, viu, a loirinha tem um nome! E bem americano, por sinal, sabia?


- Não, não é – rebati.


- É sim, é um nome tão popular nos Estados Unidos quanto Sophie na França.


- Pois “Katie” é inglês. Quantas rainhas com esse nome já tivemos aqui? Aliás, meu nome é Katherine. E é um nome grego.


- Grego?


- Significa imaculada – comentei.


- Duvido que uma garota tão linda quanto você seja imaculada – disse, dando uma risada safada.


- Você é horrível! – respondi, tentando parecer ofendida, mas estava concentrada demais na minha bebida para me importar. E ele meio que tinha um ponto.


Pouco depois estávamos todos na pista de dança. Mantive certa distância de Luke para evitar fazer algo que pudesse me arrepender depois. Mesmo bêbada, ainda era racional. Lily, por outro lado, havia trocado celular com Jeremy, que prometeu ligar sem demora.


Seis Martinis e quatro horas depois, nos rendemos. O dia estava quase nascendo outra vez, e, com ele, a partida de Marlene se aproximava.


Estava sentada no bar, descansando os pés, quando ela sentou ao meu lado:


- Não me deixe ligar pro Sirius.


- Por que você faria isso? – perguntei, sem ter certeza se devia rir ou me preocupar.


- Porque estou bêbada pra caramba – confessou. – E pensando nele – acrescentou, antes de virar mais um copo.


- Acho que já está bom de bebida pra você por hoje – ela me ignorou.


- Sei que esgotei sua capacidade de ouvir sobre isso enquanto estive na sua casa...


- Imagine... – respondi, prevendo o que viria a seguir.


- Mas você acha que eu deveria ligar pra ele agora e contar que estou indo embora? No caso de ele querer se despedir?


- Não! – a ideia era péssima e precisava do reforço de Lily pra tirá-la da cabeça de Marlene, mas a ruiva ainda estava dançando com Jeremy. – Lene, ou você vai para França, ou você fica na Inglaterra; ou você está com o Sirius, ou não está com o Sirius; ou você ainda o ama, ou não o ama mais; ou você o perdoa, ou não perdoa. Seja como for, você tem que fazer suas escolhas. Não dá pra ter tudo ao mesmo tempo, infelizmente.


- Eu sei... é só que não é nada fácil perdoar, é? Queria ver se fosse com você.


- Eu perdoei – disse, e ela desviou o olhar de seu copo e me estudou com atenção. – Remus dormiu com a Susan quando nosso relacionamento já estava sério. Tentamos ficar separados, tentamos ser só amigos, mas aquilo estava consumindo nós dois. Não estou dizendo que foi fácil. Mas foi o certo. Eu fiz o que meu coração pediu. Lene, eu sei que já te disse isso, mas você tem que seguir seu coração. E eu sei que você tem um coração enorme e redentor. Sempre teve. Sei que você não sente mais rancor pelo ocorrido. O que te impede de ficar com quem você ama é seu orgulho ferido. E, quanto a isso, sinto muito, mas não posso ajudar. Isso é algo que você tem que superar sozinha.


- Eu o amo – confessou, enquanto duas lágrimas rolaram discretamente de seus olhos. – Nunca deixei de amá-lo. Meu maior erro foi não ter confessado isso quando eu tive a chance, no Halloween. Mas foi melhor assim. Se estivéssemos juntos de novo, talvez eu não estivesse tão certa sobre me mudar para Paris. Eu vou sentir falta dele e de todo mundo, mas meu coração sabe que estou fazendo a coisa certa.


- Então vai com tudo, sem olhar pra trás. Eu fiz isso e não me arrependi. Não tem nada melhor do que realizar um sonho.


- Obrigada por tudo – disse, outra vez, e me abraçou forte.


- De nada.


E então decidi que já era hora de sair dali, antes que Lily não conseguisse mais desviar das investidas de Jeremy e Marlene acabasse mesmo ligando pro Sirius. O que seriam daquelas duas sem mim? Haha.


Pedi que o motorista de táxi nos deixasse em um parque que ficava entre a minha casa, a de Marlene, e a que Lily morava antes de se mudar. Aquele parque fora cenário de muitas das nossas travessuras de criança. Adorávamos pedalar nossas bicicletas até lá, rodar no gira-gira até ficarmos completamente tontas e comer cachorro-quente antes do jantar, escondidas de nossas mães.


- Own, por que você nos trouxe aqui? – Lily perguntou, já correndo pros nossos balanços preferidos. Marlene e eu sentamo-nos nos outros dois e começamos a nos embalar, como se nada houvesse mudado.


Só que tudo havia mudado.


Não éramos mais menininhas de nove anos despreocupadas com a vida. Agora tínhamos obrigações. Vivíamos por conta própria e, em caso de fracasso, também teríamos de lidar com as conseqüências de nossas ações.


Mas é isso que significa crescer, no fim das contas. Já tinha quase dezenove anos, e os dez anos que separavam a Katie criança da Katie adulta estavam transparentes em cada brinquedo daquele parque que eu já não reconhecia.


- Parece que outro dia você caiu da bicicleta ali – disse a Lily –, ralou o joelho e chorou. E Remus apareceu de lugar nenhum para se certificar de que você estava bem.


- Ele virou meu melhor amigo instantaneamente. E Marlene se apaixonou por ele.


- Bem lembrado! – Lene disse e soltou uma risada. – Meu primeiro amor platônico.


- Eu trouxe vocês aqui porque queria ter um último momento entre irmãs antes de cada uma seguir seu caminho. Mas eu quero que a gente prometa antes que, não importa o que acontecer, nunca vamos nos separar.


- Katie, você não está sugerindo que furemos o dedo e façamos outro pacto de sangue, não é? – Lily perguntou, rindo. – Porque, na ultima vez que fizemos isso, Petúnia contou para minha mãe e eu fiquei uma semana sem poder sair para brincar à tarde.


- Foi uma única vez, na quinta série! Estávamos obcecadas com a série Charmed e queríamos nos sentir bruxas também – Marlene lembrou.


- Claro que não quero fazer outro pacto de sangue – não consegui deixar de rir com a lembrança.


- Bem, não precisa. Porque é claro que eu prometo que, se depender de mim, vocês sempre vão ser minhas irmãs preferidas. Que Brittany e Julie não me ouçam, mas não quero perder vocês jamais, ok?


- Pra mim também. Não gosto muito da Petúnia mesmo, haha.


- Eu amo a Little Lucy, mas acho que tem espaço pra amar vocês também, certo?


- Certo – responderam e vieram em meu encontro para um abraço forte em grupo.


O momento foi ainda mais perfeito do que o planejado na minha imaginação. Não, eu não sabia o que seria da minha vida, morando sozinha no alojamento universitário, desempregada e em uma cidade em que eu conhecia apenas, basicamente, meu namorado e ex-“namorado”.


Não, eu não sabia o que seria da vida de Marlene, morando sozinha no alojamento universitário de uma faculdade nova na França, onde ela não tinha amigos, família ou namorado.


Não, eu não sabia o que seria da vida de Lily, morando com a mãe e o padrasto por puro medo da solidão, afastada das melhores amigas e emocionalmente dependente de James.


Mas o tempo diria. E pra quem tinha uma amizade tão forte quanto a nossa, o futuro poderia sim ser assustador, mas era, sobretudo, um desafio tentador. Quem poderia dizer o que ele guardava pra nós? Em que ponto nossas vidas se reencontrariam?


Aquelas perguntas martelaram minha cabeça durante todo o trajeto até o aeroporto, e me deixaram inquieta como frequentemente faziam, mas não foram suficientes para deixar de desejar a Marlene toda sorte do mundo na nova vida que começaria. E de chorar muito, abraçada a Lily, durante todo o caminho de volta. E durante todo o caminho até Oxford. E de passar quinze minutos inteiros chorando nos ombros de Remus quando nos reencontramos.


Mas ainda tínhamos umas as outras. A distância não seria suficiente para diminuir a admiração, o companheirismo e o respeito que havíamos construído durante a vida inteira.


- Ela vai estar de volta antes que você perceba. E nós também estaremos de volta a Londres – Remus tentou me consolar. – “Nós temos de perder as pessoas que amamos. De que outra forma saberíamos quão importante elas são para nós?”.


Afaguei meu rosto com ainda mais ternura em seus ombros. Ele estava citando uma das minhas frases preferidas de Benjamin Button, que eu amo, só para fazer com que eu me sentisse melhor. Eu tinha muita sorte de ter me apaixonado por alguém tão humano quanto ele.


Ele passou as mãos em meus cabelos, em um gesto carinhoso.


- No que você está pensando? – perguntei.


- “Eu estava pensando no quão a vida é efêmera. Que pena que seja assim” – sorri ao notar que ele havia feito outra citação ao filme. Respondi:


- “Algumas coisas duram” – beijou-me no topo da cabeça ao ouvir minha resposta.


- Eu te amo e você nunca vai me perder.


- Eu também te amo pra sempre – eu disse a ele, e o beijei apaixonadamente, como já fizera tantas vezes antes.


* 


N/B: ****prantos****


Caralho. Gotta love Elisa Melo. Esse foi o capítulo mais sensacionalmente incrível que tu já escreveu. Eu esperava que a Katie o Remus se reconciliassem logo, mas CERTAMENTE não esperava esse tanto de coisa que veio depois. Morando juntos em Oxford, onomnomnom. E QUE VERÃO FOI ESSE? Ainda bem que eu tinha acendido uma vela de cada cor, porque, ufa. Por um minuto achei que o Sirius ou a Marlene iam cometer suicídio. E TU NÃO ME APAREÇA GRÁVIDA, MARLENE (vai saber eu nem calculei os meses ali).


Tem que ver isso aí da Lily. Mulher, força nos ovários. Não vai sair passando o telefone pros random na boate. Tu tem homem, vamo respeitar.


Sirius a minha amiga ganhou uma garrafa de jose cuervo passe aqui e vamos afogar as maguas eu comprei os limão


Já reuni os baby panda tudo pra golfar em vocês que não comentarem. To surtada no aguardo do próximo capítulo. Ficou fantástico, Elisa. De verdade.


Nanda.


 


 


N/A: HELLO!!!!!!!


YAY, TO VIVA. Enganei vocês, ne? pensaram que eu não tava mais por esse mundo. Pura brimks, to de volta!


Eu não tenho mais nem cara de voltar aqui depois de tanto tempo... só sei que atualizei pela ultima vez quando faltavam dois meses pro Enem porque tava estressada (E COMO TAVA!) e agora já tá chegando outro Enem uhauhahuahua ok, nem tanto, mas sério mesmo... desculpem! É só que aconteceu tanta coisa que eu até escrevi, mas não com a freqüência necessária. Alem disso, agora tenho escrito bastante, só que artigos, trabalhos, seminários, resumos, essas coisas agradáveis que todo universitário sabe bem. Ah, é, já ia me esquecendo de mencionar... PASSEI! Hehe


Passei pra Jornalismo na federal (UFMA) e pra Direito na estadual (UEMA), e até comecei a cursar as duas, mas ficou muito pesado e larguei jornalismo.. foi bom porque eu tava com essa duvida sobre o que fazer, e agora sei com certeza que quero Direito. Só que não na estadual, quero na federal. Então vou continuar cursando, mas acho que em julho ou agosto vou pro cursinho estudar pro Enem. Wish me luck!


Enfim, sobre o capitulo agora.. OBRIGADA, NANDA, PELA BETAGEM LINDA! Tu é minha beta linda desde que tínhamos nossos 14 aninhos e passávamos horas falando coisas sem nexo no MSN, e agora já somos duas velhas de 18, no teu caso, e quase 18 no meu, mas tu ainda apóia, corrige e curte as merdas que eu escrevo (e vice-versa, sempre!) e isso é lindo pra caramba hihihih;


Eu tava meio tensa com o tempo ter passado (na fic, eu digo) tanto assim (e o capitulo ter ficado enorme), mas a Nanda gostou e espero que vocês gostem também! É que eu não agüentava mais narrar eles com 15 anos, to velha e tudo parecia um pouquinho infantil demais hahaha. E ai, o que voces acharam? Não deixem de me avisar!


Esse >>>>era<<<< pra ser o ultimo capitulo, mas saiu coisa demais daí e acho que ainda vai ter mais um... ou uns. Sei lá, quando estiver escrevendo vou saber! Hihi


E desculpem pela Marlene depressiva naquele trecho. E pelo Sirius também. Eu meio que tava inspirada no termino do Michael e da Mia no penúltimo Diário da Princesa, mas, de alguma forma, ficou parecendo mais com o da Bella e do Edward em Lua Nova, né? Sorry! Hahahahaha


Não sei mais o que falar, só espero que vocês curtam esse capitulo tanto quanto curti escrevê-lo, desculpem pela demora e ahhh, esse capitulo é dedicado a minha beta, Nanda, e minha outra amiga Fernanda (M), que me motivou a escrever com suas mensagens fofas no tumblr e com o final maravilhoso de Chiclé Love Story. AMO VOCÊS!

Ahhhh, espero que o tamanho do capítulo tenha compensado a demora! Esse foi o maior da fic até agora, com 25 páginas. 


Beijinhos, fiquem com Deus, até o próximo, que não vai demorar, prometo!


Elisa

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Comentários (6)

  • DanyC.

    Ameii por demaaais, aii que lindo, céus eu me senti tão velhaa!Pqe ao mesmo tempo q lia eu pensava no qnto minha vida mudou tbm, qualé ja to com quase 18, e tipo eu viciei em fanfic com 13!!! Tem noção?Quantas coisas aconteceram, qntos amigos, sentimentos, brigas, risadas..Fora que eu to naquele momento deprê de ultimo mes de aula, sakas? Pouts 2 semanas para acabar de vez, da um aperto enorme no peitoo.Ahh post logoo, eu tava lendo a fic pelo FF, mas ai vim atualizar aqui e vi q a fic ta mais adiantada, não aguentei e lii >.<Essa fic é maravilhosaaaa.Amei demaaais, bom, espero q vc post logo, boa sorte na facul e na 'transferencia'. Advocacia era o curso que eu qria na 8ª, era tipo viciada, mas acabei desistindo com o tempo... Espero q vc esteja gostando da facul, no momento to prestando pra Medicina, mas, qm sabe eu não revivo a vontade de Direito?ahsuahsaushaushasuhBeijoos, parabens pela fic maravilhosa, e post logo por favooor *-*PS: O coment. foi enooorme ja q eu não comentei nos outros cap. mas eu amei toodos, em especial oq  a Lily acha a foto dela debaixo do travesseiro do Jay (quero ele pra mimm)Escreve J/L o prox. cap. pleaaaase.Amei a fic, beijinhooos

    2011-11-13
  • Sany Evans

    Oi tudo bem? Comecei a ler sua finc hoje no ff quando li sua N/A de que a finc estava postada aqui vim direto lê-la. Gostei bastante principalmente desse ultimo capitulo foram tantas coisas que elas passaram e essa mudança que todo mundo passa um dia de ver os amigos do ensino médio seguirem seus caminhos e tudo mais ... Quando a Lene esvazia o armário e encontra o papel  acabei lembrando do meu ultimo dia de aula e a saudade que fica das coisas simples como trocar bilhetes durante a aula. Agora já são 2:40 da madruga poucas fincs me fazem ficar até essa hora, parabéns pela historia estou aguardando o próximo capitulo beijos   

    2011-10-31
  • vitorialarissa

      PUTA QUE PARIU. Lisa, meu corção quebrou agora. só Deus sabe. Nossa é por isso q eu te admito tanto. Voce faz com que tudo seja realista ao maximo. Porque a vida não é só amar e ser feliz. todos nós temos que passar por momentos difíceis e dolorosos, como os de perca e separação. Cá estou eu, apenas uma pequena menininha de 12 anos que não sabe nada da vida a ler fics. Essa foi a fic mais realista q eu já li. Vc é mt foda Lisa.  Bom agora deixando de lado o meu lado filosofo e inspirador eu vou realmente falar da fic. PUTA QUE PARIU² isso ficou D+ Lisa. Girl assim vc me deixa maluca. eu smp olho pra ver se tem atualização das suas fics. girl isso ficou super. Vc é super hiper, sou fãzaça sua sakas'. Ok's bjtorco mt para seu Enem dar certo, pq logo vou prestar o me tbm ne heeheheh  BJÂO  

    2011-05-29
  • mariana radcliffe

    VEI------- ELISA, MULHER PQP O QUE FOI ISSO? na boa, não consigo nem pensar em alguma coisa que faça sentido depois de ler tudo isso, que aliás, acho que nem juntando todas as minhas fics vai dar 25 páginas, mas enfim Lily e james, nem tem discussão, são perfeitos demais. Katie e Remus FINALMENTE voltaram né, e são ainda mais lindos. Agora, Ross e Rachel ali... JU-RO que foi só neles que pensei vendo esse drama, tirando que o Sirius e a Lene não estavam on a break, mas mesmo assim. Eu já tava até imaginando o Sirius correndo pro aeroporto, a falange do avião quebrada, toda a declaração etc etc VAI TER UM 15 NÉ? OU PELO MENOS UM EPÍLOGO porque esses dois não podem acabar assimmmmmmmmmmmm não faça isso comigo 25 páginas e eu não fiquei entediada ou cansada. geralmente eu fico cansada até se a fic tiver sei lá, 5 páginas. Mas, to lembrando que li PCLE em um dia, então acredite que isso é mágica sua mesmo.

    2011-05-29
  • Fernanda M

    Poxa, esqueci: Marlene vai estudar em Sorbonne! UAU, demais! Se não estivesse tão infeliz com minha vida acadêmica e com esse jornalismo dos infernos poderia até ficar com inveja haahah

    2011-05-29
  • Fernanda M

    PUTA MERDA, Elisa, meu coração tá todo despedaçado e ao mesmo tempo estou contente... Por causa desse capítulo. Man, começou lindo e temrinou lindo, cheio de coisas pra gente que lê sentir junto com os teus personagens tão humanos, tão verdadeiros, que nem a gente. Muito esperta você, Elisa, fazendo o tempo passar de uma vez e colocando os personagens no mesmo momento em que você está passando, né? NOVA TEMPORADA, é isso que deveria vir agora haha Esse negócio todo de ficar longe dos amigos, de querer sair da casa dos pais, de ter dúvidas é exatamente como eu estou me sentindo, então, é. O capítulo veio num momento legal. Tirando o drama amoroso, graças a Deus, porque olha... Pobre Lene. E pobre Sirius. Por mais que eu apoie totalmente a Marlene, desculpem aí. He, 'that's bullshit and you know it' <3 haha Depois de uns bons dois anos sem nem chegar perto da comunidade do McFly, sem saber direito o que acontecia com eles, estou vivendo um momento 'sou fã' de novo. Acho que foi o Dougie, ele tava muito gostoso quinta, PQP (e bem alegrinho, hein. Até demais). Devia ter pago os malditos 15 reais pra ser Pioneer mensal naquela SuperCity e agarrar ele UHAUAHAU Não estou nem brincando Enfim, estou fugindo do assunto, que é o quanto seu capítulo foi incrível, o quanto eu amo o que você escreve e o quanto eu fiquei feliz por você ter resolvido me ouvir e vir escrever e por dedicar o capítulo lindo a mim! Obrigada, amiga! Te amo! Beijo.

    2011-05-29
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