A Hora da Verdade



- Do que está falando, Rony? Viktor e eu somos amigos, só isso.
Ela percebeu tarde demais que chamar o búlgaro pelo primeiro nome não ia ajudar, detalhe que Rony não deixou passar.
- Viktor – repetiu ele, zangado. – Eu ouvi você dizer à Gina que ele ainda te manda corujas...
- Então você deve ter ouvido também que eu não quero nada com ele.
Os dois haviam começado a namorar há apenas algumas horas e já tinham um problema. Hermione se deu conta que era exatamente por isso que não haviam ficado juntos antes, porque eles nunca conversavam para resolver os problemas, nunca esclareciam as coisas. Eles apenas ficavam emburrados e deixavam de se falar até que alguma coisa grave acontecesse e os forçasse a conversar novamente, mas nunca tocavam no assunto que os fizera brigar. Se agora eram namorados essa situação tinha que mudar. Eles iriam ter que conversar e resolver as coisas juntos, ou a relação nunca daria certo.
Ela respirou fundo antes de começar a falar.
- Rony, não vou negar que ele me pediu em namoro algumas vezes, assim como não posso negar que até pensei em aceitar...
As orelhas de Rony ficaram muito vermelhas, quase pegaram fogo.
- Não acredito que pensou em namorar aquele babaca exibido!
- E o que você queria, Ronald? Que eu passasse a vida toda sozinha, esperando você me pedir em namoro? Eu achava que esse dia nunca ia chegar porque do jeito que você é, sinceramente...
- É, mas o dia chegou – disse ele, seco.
- Graças a Deus, e sou a garota mais feliz do mundo por ser sua namorada.
Lágrimas silenciosas molharam o rosto de Hermione.
Rony bem que tentou continuar impassível, mas era impossível vê-la chorar e não sentir vontade de protegê-la, de abraçá-la e dizer que tudo ficaria bem. Além do mais, se ela não o amasse, poderia estar com Viktor Krum ou qualquer outro garoto. Mas ela estava ali na sua frente, dizendo que queria estar com ele.
- Também não precisa chorar, Mione.
Pelo menos ele já a chamara de Mione outra vez, pensava ela enquanto secava as lágrimas no lenço que o ruivo acabara de lhe entregar.
Rony olhava para ela se sentindo o maior idiota do mundo por ter começado com aquele assunto e ter estragado um momento perfeito.
- Rony, eu te amo. E foi por isso que eu nunca disse sim ao Krum. Embora por tantas vezes eu tivesse pensado que você e eu nunca teríamos nada, a única coisa que eu tinha certeza é que eu nunca seria feliz ao lado dele pensando em você. Ele é legal, merece uma garota que o ame e eu jamais poderia ser ela.
Rony finalmente desamarrou a cara e abriu um sorriso.
- Como sempre, você está certa! Me perdoa, Hermione, fui um idiota. Sabe, eu espero que ele volte pra Bulgária pra procurar a tal garota.
- E eu espero que ele encontre, pelo bem de todos nós.
- Ou eu vou quebrar a cara dele!
- Eu sei que vai, mas agora esquece o Krum e me dá um beijo?
- Não precisa pedir duas vezes.
Ele a deitou na grama e a beijou. O beijo começou calmo e foi ficando mais rápido, as línguas dançando em perfeita sintonia e os lábios se devorando. Por um momento eles esqueceram completamente onde estavam, esqueceram de todo o resto. Era como se só existissem os dois e mais ninguém, mais nada.
Hermione passava as mãos pelos cabelos de Rony, as mãos dele passeavam pelas pernas dela embaixo do vestido. Ela se lembrou de repente de onde estavam.
- Rony? – disse ela com a respiração ofegante, tentando afastá-lo.
- Que foi? – perguntou ele, parando de beijar-lhe o pescoço.
- Estamos no jardim da sua casa, lembra? Se nossos pais nos virem assim eles vão nos matar!
- Tem razão – disse o ruivo, saindo de cima de Hermione e deitando-se ao lado dela na grama. – Desculpa, não consegui me controlar.
- Também quero ficar com você, mas não pode ser aqui debaixo de uma árvore... Qualquer um pode nos ver.
Os dois começaram a rir.
- Nem sei o que mamãe faria – disse ele.
- E não se esqueça que o senhor prometeu ao meu pai que iria cuidar de mim...
- Mas já estou cuidando, Mione! – disse o ruivo em um tom que sugeria outra coisa.
- Você sabe que não é esse tipo de cuidado – disse ela, rindo.
Eles pararam de rir quando ouviram passos. Rony levantou-se de um pulo e ajudou Hermione a se levantar. Ela só teve tempo de baixar a barra do vestido até perceber que os dois vultos se aproximando eram Harry e Gina.
- Ah, são vocês! – exclamou ela entre a vergonha de quase terem sido flagrados e o alívio de não terem sido encontrados por um dos pais.
- Quem pensou que fosse? – perguntou Harry, divertido com a expressão de pânico no rosto de Rony. Mesmo com a pouca luminosidade dava para perceber que o amigo estava escarlate.
- Ninguém – ele respondeu.
- Que foi que aconteceu aqui? – perguntou Gina, entrando no jogo. – Parece que houve um vendaval, seu coque desmanchou todo, Mione. E Rony, você precisa dar um jeito nos cabelos.
Agora os dois estavam vermelhos.
- Eu vou lá arrumar o cabelo – disse Hermione, procurando uma desculpa para sair dali o mais rápido possível.
- Eu vou com você – disse Rony, seguindo a namorada até a entrada dos fundos da casa.
Harry e Gina caíram na gargalhada. Era muito engraçado deixar Rony e Hermione sem graça.
- É óbvio que aconteceu alguma coisa aqui – disse Gina, sentando-se.
- É – concordou Harry, sentando-se ao lado dela.
- Eu quero ver o Rony reclamar da gente agora. Se ele ficar me enchendo vou contar a mamãe o que eles andaram fazendo enquanto todo mundo estava lá na frente conversando.
- Como você é vingativa! – exclamou Harry, brincando. – Espero nunca estar na sua lista negra.
- E você não vai, a menos que seja atencioso demais com as suas fãs – disse ela em tom de ameaça.
- Que fãs? – perguntou ele, se fazendo de desentendido.
- Você sabe muito bem, Sr. Potter. Se antes as garotas queriam te dar poções do amor, agora elas são capazes de te enfeitiçar para se casar com elas.
O tom de voz da ruiva indicava que ela não estava brincando.
- Gina, você está com ciúmes? Eu não tenho culpa se as pessoas me reconhecem e...
- Já estou até vendo como vai ser esse ano pra mim em Hogwarts – disse ela ignorando o que ele acabara de dizer. – Mas vou deixar bem claro pra elas que você é meu namorado. E vou avisar a Mione também, porque essas garotas são muito assanhadas.
Era verdade que desde que eles derrotaram Voldemort, Harry havia ficado ainda mais conhecido no mundo bruxo, agora por seu ato de heroísmo junto com os amigos. E também era verdade que ele e Rony eram assediados por bruxas adolescentes e histéricas. Harry ficava incomodado com toda aquela atenção, pois o que ele sempre quis desde que descobrira que era um bruxo era passar pelos lugares mágicos sem ser apontado. Agora, no entanto, isso parecia praticamente impossível. Já para Rony, aqueles minutos de fama eram momentos realmente agradáveis e ele adorava ser apontado como o herói que ajudara a derrubar o Lorde das Trevas.
- Não seja boba, Gina. Porque eu falo com essas garotas não quer dizer que eu goste delas. Eu amo você. E foi você que esteve ao meu lado e me ajudou. Se eu estou aqui hoje é graças a você, Rony e Mione.
A ruiva se aproximou dele e o beijou.
- Eu sei, mas é que eu odeio ver meu namorado cercado de garotas bonitas...
- Nenhuma delas é mais bonita que você.
Ele lhe deu outro beijo e levantou-se, puxando-a com ele.
- Vamos lá ver o que aconteceu na nossa ausência – disse ele, passando um braço em volta dos ombros dela.
- Vamos, meu herói.

N. da A.

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