Enfim a despedida



Quando chegaram à frente da casa, Harry e Gina perceberam que não haviam perdido muita coisa. Tudo parecia estar igual ao momento em que ele saíra de dentro d’A Toca depois da conversa com Kingsley, exceto pelo fato de que agora Rony e Hermione estavam muito bem comportados, sentados ao lado de Jorge.
- Segurando vela, Jorge? – perguntou Gina, assim que ela e Harry se aproximaram do grupo.
- Na verdade estou vigiando o novo casal. Mamãe diz que não devemos deixá-los muito tempo sozinhos.
- Ela não disse isso! – protestou Rony, indignado.
- É, mas ela teria dito.
- E então, Gina, pronta para voltar à Hogwarts? – perguntou Hermione, antes que Gina pudesse concordar com Jorge.
- Ah, é. A escola vai ser um saco esse ano sem vocês por lá! – respondeu a ruiva um tanto mal-humorada.
- Isso é jeito de uma mocinha bem educada falar? – perguntou Jorge, em uma imitação perfeita da voz da mãe.
- Desculpe, mamãe – respondeu Gina, fazendo todos rirem.
A conversava continuava animada quando a Sra. Weasley fez levitar até eles uma tigela de torta de maçã.
- Maravilha! – exclamou Rony com a boca cheia, depois de já ter repetido o doce algumas vezes e tornando a se servir. – Então você começa na semana que vem?
- É, Kingsley me disse pra ir lá acertar os detalhes, mas que tenho vaga garantida, assim que completar o curso e que por enquanto vou fazer um estágio – respondeu Harry, servindo-se também de mais um pouco da deliciosa torta da Sra. Weasley.
- Era óbvio que você conseguiria, Harry – afirmou Hermione. – Kingsley sabe de tudo que você passou, que nós passamos.
- E você, Hermione, o que pretende fazer agora? – perguntou Harry, empurrando a tigela para o lado da mesa.
- Vai ser dentista como seus pais? – arriscou Jorge.
- Não, definitivamente não – respondeu ela. – Daqui a duas semanas vão começar os concursos para as novas vagas do Ministério e eu vou me candidatar já que tenho os N.O.M.s necessários.
- Ta brincado, não é? – perguntou Rony ao lado dela, incrédulo. – Mione, Kingsley te conhece muito bem, é só pedir que ele te coloca lá dentro, em qualquer departamento.
- Mas eu não quero entrar assim, não seria justo e depois eu já comecei a estudar.
Quando percebeu o que tinha dito, Hermione corou ligeiramente.
- Desculpe, Harry, eu não quis dizer... bem... com você é diferente.
- Tudo bem, Mione, eu entendo.
Ele olhou para Rony e percebeu que o amigo devia estar pensando a mesma coisa. Eles vinham de uma família bruxa, ou parte bruxa, no caso de Harry; mas Hermione era nascida trouxa e ele sabia que para a amiga era muito importante provar sua capacidade a todos no Ministério e não entrar lá por ser conhecida do ministro.
- E a loja, Jorge? – perguntou uma Gina um pouco sonolenta, deitada no ombro de Harry.
- Ah, não poderia estar melhor! Graças a popularidade do Rony, posso dizer que as vendas praticamente triplicaram!
Rony lançou um olhar de censura ao irmão mais velho, quase exigindo que ele calasse a boca. Hermione ajeitou-se na cadeira, parecendo muito interessada.
- Estamos vendendo milhares de frascos de poções do amor todos os dias – continuou Jorge, ignorando os olhares do irmão mais novo. – As garotas entram enlouquecidas, todas querendo ser atendidas pelo herói que ajudou Harry Potter a derrotar Aquele-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado.
- Quer calar a boca? – perguntou Rony, furioso.
- Do que ele está falando? – perguntou Hermione, virando-se para Rony.
Gina prendeu a respiração e endireitou-se na cadeira. Parecia que todo o sono havia passado.
Jorge percebeu que havia falado demais e desculpou-se.
E Harry agradeceu intimamente por não ter que ir todos os dias ao Beco Diagonal.
- Não é bem assim, Mione – disse Rony, nervoso.
- Então como é que é, Ronald? – disse ela, levantando-se de um pulo.
Jorge soltou um assobio e saiu apressado da mesa. Harry e Gina o acompanharam.
- Me lembre de acabar com você depois, Jorge! – gritou Rony ao ver o irmão se afastar e levantou-se também. - Bem, Mione, o que acontece é que... bem...
- Pare de enrolar, Ronald Weasley.
Se já tivesse sido interrogado alguma vez na vida, Rony saberia que a sensação era exatamente essa. Um passo em falso e você pode ser condenado.
- Você sabe que nós, inclusive você, agora somos muito conhecidos e...
- Mas eu não fico me aproveitando disso.
- Nem eu, Mione, mas eu não tenho culpa se aquelas garotas histéricas ficam atrás de mim...
- Atrás de você?!
- Acho que acabei de piorar as coisas, não é?
- Eu diria que sim. E eu digo mais: você também é um exibido, ou vai me dizer que não gosta de ser apontado como herói?
- É, mais ou menos - na verdade mais para mais do que para menos, pensou ele, mas não ousou dizê-lo. – Mas uma hora elas vão esquecer disso e vão parar de agir como idiotas.
- Tudo o que aconteceu em Hogwarts não vai ser esquecido tão facilmente, pelo menos enquanto houver gente que leia livros de história.
- Tem razão, mas você tem que confiar em mim. Temos que confiar um no outro. Eu atendo aquelas garotas com educação porque esse é meu trabalho.
- Então por que não arranja outro? Você pode fazer as provas comigo daqui a duas semanas.
- Não posso, Mione. Não acho que as provas para entrar no Ministério sejam tão fáceis quanto as de Hogwarts, e essas já eram difíceis. E depois, como eu vou deixar o Jorge sozinho lá na loja? Sabe, ele faz o tipo engraçado como sempre pra dizer a todo mundo que está bem e principalmente pra não deixar a mamãe preocupada, mas eu sei que nenhum de nós superou completamente a perda do Fred e que nem vamos superar, mas pra ele é ainda mais difícil. Ele nunca admitiria, mas precisa de mim.
Hermione então abraçou Rony muito forte, sentindo que o amava ainda mais, se isso era possível. Essa era uma das qualidades de Rony que ela mais admirava; seu grande coração, o fato de se preocupar com os outros e não só consigo mesmo. Afinal de contas, fora isso que a fizera tomar a atitude de beijá-lo pela primeira vez, quando ele finalmente falara a favor dos elfos domésticos.
- Estou orgulhosa de você – disse ela com lágrimas nos olhos, pendurando-se no pescoço do ruivo para beijá-lo.
- Eu te amo, Mione – disse ele no ouvido dela, o que provocara um arrepio que a fez se sentir como se alguém a tivesse desiludido. – E não se preocupe com elas, você é a única garota que eu quero, que eu sempre quis e sempre vou querer.
Eles se beijaram novamente e nem deram atenção aos passos apressados que vinham em sua direção.
- Parece que está tudo resolvido – disse Jorge.
- É, mas ainda não esqueci que tenho contas a acertar com você – disse Rony, parando de beijar Hermione e olhando para o irmão.
- Fica calmo, Roniquinho. Só vim avisar que mamãe mandou chamá-los, já está tarde e os pais da Mione querem ir.
- Que horas são? – perguntou Hermione, lembrando-se do propósito do jantar daquela noite.
- Duas da manhã – respondeu Rony, consultando o relógio de ouro que ganhara dos pais quando fizera 17 anos.
- Nossa, eu nem vi o tempo passar! – disse ela, acompanhando Rony e Jorge até onde se encontravam os demais.
- Vamos, querida? – perguntou a Sra. Granger, quando a filha se aproximou.
- Antes quero perguntar uma coisa ao Sr. e a Sra. Weasley.É que eu vou fazer as provas para ocupar uma das vagas no Ministério daqui a duas semanas, o senhor sabe – disse ela, olhando para o sogro. – E bem, eu gostaria de saber se posso ficar aqui n’A Toca.
- Mas é claro, Hermione, você é da família.
- Se seus pais concordarem você pode vir morar conosco, assim como o Harry, querida – completou a Sra. Weasley.
- Vamos morrer de saudades – disse o pai da garota - , mas se você quer seguir uma carreira no mundo bruxo, então o ideal é que fique morando aqui.
Gina abriu um largo sorriso e disse a Hermione que sentiria saudades, mas que ficava feliz em saber que logo a amiga viria morar com ela.
Jorge despediu-se pedindo desculpas mais uma vez e dizendo que ficaria de olho em Rony enquanto Hermione estivesse fora.
Harry abraçou a amiga e desejou que ela fizesse uma boa viagem.
Por fim, Rony puxou Hermione para um canto para que pudessem se despedir.
- Vou ficar com saudades – disse ela, beijando-o rapidamente.
- Eu também – disse ele. – E não se preocupe, prometo que vou me comportar.
- Eu sei que vai, Jorge vai vigiar você por mim – disse ela rindo.
- Divirta-se! – disse ele, triste com a idéia de que ficaria longe dela agora que haviam se acertado.
- Não vai ser tão divertido sem você, mas eu vou escrever todos os dias. Agora é melhor eu ir, meus pais já estão me esperando.
- Espera – disse Rony, puxando-a para junto de si e tascando-lhe um beijo digno dos filmes que garotas trouxas adoram assistir. Depois de despedir-se de todos, Hermione entrou no carro com os pais.
Os Weasley foram entrando em casa e Rony ficou ali fora, contemplando o céu estrelado.
- Rony, você não vem? – perguntou Harry. – Ah, não precisa ficar desse jeito, ela vai voltar logo, vamos – disse ele empurrando Rony para dentro da casa.

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