<b>Capítulo 6 – Gaby.</b>

Capítulo 6 – Gaby.

Fernanda ainda podia sentir o seu rosto quente. Folheando o relatório, ela procurava cobrir o eventual rubor que vinha ao seu rosto todas as vezes em que ela pensava no que poderia ocorrer se Pomfrey tivesse adentrado àquela sala apenas alguns segundos mais cedo...

A sua frente, a voz aveludada de Severus ressoou:

– Obrigado, Madame Pomfrey. Você pode se retirar.

– Sim, claro, professor... Ah! Eu juro que baterei mais forte antes de entrar, na próxima vez. Com licença.

Ambos paralisaram com o comentário cheio de malícias da enfermeira. Já podiam imaginar os comentários que circulariam no dia seguinte, caso ela decidisse comentar o que quase vira. E o coração de Fernanda pareceu acelerar mais – muito embora ela pensasse que jamais o sentiria tão veloz quanto a minutos atrás. Mas o motivo não foi o comentário; na verdade, era a simples idéia de ficar novamente sozinha com Snape após o ocorrido que a fazia estremecer dos pés a cabeça.

Porém, foi inevitável ouvir os passos tímidos de Pomfrey e, em seguida, a porta se fechando.

Estavam sozinhos.

Um tanto incerta sobre o que fazer, Fernanda estendeu o relatório para Severus; seus olhos sempre presos no chão, para que não houvesse a menor possibilidade do seu olhar cruzar com o dele.

– Você realmente devia dar uma olhada nisso.

Lentamente, Snape pegou o relatório e folheou-o rápida e superficialmente. Porém não havia a menor possibilidade do professor se concentrar em suas pesquisas naquele momento: os seus pensamentos não conseguiam desviar-se da sensação dos lábios quentes e macios que há pouco foram dele... e que ainda estavam molhados pelo seu beijo.

E também não conseguia parar de pensar nas implicações que aquele ato poderia trazer.

Antes que conseguisse segurá-las, as palavras escaparam pela sua boca:

– Srta. Porcel, sobre o que aconteceu, eu queria...

– Nós somos amigos, Severus – Fernanda interrompeu. – Será melhor se nós simplesmente... esquecermos o que acabou de acontecer, ok?

Snape reprimiu um suspiro desapontado e, com a sua usual máscara de indiferença, simplesmente disse:

– Essa era a minha proposta.

– Então... ao trabalho?

Fernanda respirou fundo e levantou o rosto, finalmente fazendo com que seu olhar se encontrasse com o de Severus. Forçou um tímido sorriso em seus lábios, desesperada para que ele acreditasse que tudo estava bem, que ela não fora atingida por aquele beijo... Mas ela jamais poderia ignorar as mãos trêmulas ou o doce sabor da boca dele, que ainda estava impregnado em seus lábios.

Mas não colocaria em xeque a difícil amizade que conquistara. Jamais.

E num incomum silêncio passou-se aquela noite de trabalho.

Mais tarde, em seus quartos, os dois se reviravam inquietos na cama. Passaram horas revivendo o beijo trocado naquela tarde noite, as lembranças ainda tão vivas... Houve horas que rezavam para que a tensão tão obviamente percebida por Madame Pomfrey não acabasse virando notícia, dando maior embasamento aos rumores que já circulavam pela Escola.

Mas aquela escola era Hogwarts... E em Hogwarts nenhum segredo é mantido por muito tempo...

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