Capítulo XIV



Berte os acomodou em um quarto privado, em­bora antes tivesse expressado sua incredulida­de por Hermione ser a companhia escolhida por Harry. Ela não escondeu seu desdém quando os dois retornaram para o salão, principalmente pela jovem.

— Harry, meu amor — disse ela. — Você não passa de um grande brincalhão, querendo que acreditemos em uma história tão boba. Ainda bem que eu o conheço muito bem e sei que ela não é o tipo de mulher que você escolheria como sua, mesmo que somente por uma noite.

Harry segurou a mão de Hermione e apertou-a com força, im­pedindo-a de responder ao desaforo. Para seu alívio, ela não parecia ter se abalado, lhe entregara sua confiança.

Nunca mu­lher alguma lhe dera presente como esse. O amor que sentia por ela era tão grande que sua única vontade naquele momento era levantá-la e beijá-la até tirar-lhe o fôlego.

Berte, notando a comunicação silenciosa entre o casal, apro­ximou-se, lançando um olhar nada amigável para Hermione.

— Posso até entender uma atitude como essa vinda de Ron — falou Berte, olhando para o canto onde ele abraçava a chorosa e pálida Luna — mas de você nunca. Vamos, meu que­rido, pague essa mulher e deixe-a partir. — Ela chegou ainda mais perto e passou um dedo sedutor no peito de Harry. — Eu senti muito a sua falta, e não vou suportar esse tipo de joguinho. Não vamos perder tempo com tolices.

Harry pegou-lhe a mão e colocou-a de lado com firmeza.

— Eu a conheço melhor do que você me conhece, Berte, e foi por isso que Hermione conseguiu conquistar meu coração e você não. Todavia, como somos amigos há muitos anos, eu ignorarei os insultos que fez à srta. Hermione, desde que não se repitam.

Berte deu um passo para trás e olhou para Harry com uma expressão ameaçadora. Estava prestes a perder o controle e fazer um escândalo que toda a Cardigan escutaria.

Sabendo bem como impedi-la, Harry tirou um pequeno saco de feltro do bolso e estendeu-o para ela.

— É ouro. — A palavra teve um efeito milagroso, e o humor de Berte se transformou de imediato.

— Você nunca teve mais do que algumas moedas para aque­cer seu bolso, Harry Potter.

Ele abriu o saco e deixou-a olhar para dentro.

— Nós lhe pagaremos muito bem se nos hospedar aqui por alguns dias e não comentar com ninguém sobre nossa presença. Eu tinha plena certeza de que, quando Ron e eu trou­xéssemos a Srta. Hermione e sua criada para cá, você e suas me­ninas nos receberiam muito bem.

O comportamento dela mudou na mesma hora, e Berte até esboçou um sorriso para Hermione.

— Claro, Harry. Afinal de contas, para que servem os amigos? Eu lhe darei os melhores aposentos, e mandarei uma das ga­rotas buscar pão fresco e vinho. Fique quanto tempo quiser e saiba que ficará seguro em minha casa.

Meia hora depois, Harry e Hermione estavam em um quarto bem menor que o de Berte, mas com a mesma decoração extra­vagante. Harry conhecia o aposento, como todos os outros da­quele bordel, e ficou contente com o fato de que ficariam juntos durante o tempo que demorasse para encontrar Caswallan. Ou pelo menos até que Daman os descobrisse, o que ele torcia para não acontecer. Mesmo que tivessem apenas alguns dias juntos, valia a pena correr o risco.

Estavam sentados juntos em um dos tanques de banho de Berte, a maioria dos quais ela fizera para acomodar duas pes­soas, alguns até três. Harry pediu que colocassem um em seu quarto e enchessem com toda a água quente que houvesse dis­ponível. Por sorte, os clientes do bordel gostavam muito das banheiras, então ela mantinha sempre um caldeirão de água no fogo.

Um lavou o corpo do outro em um ritual silencioso, tocando e sentindo cada parte, como se quisessem se conhecer por in­teiro. Depois Hermione aninhou-se no peito de Harry, relaxada.

— Sinto muito pelas palavras de Berte. Ela está acostumada a ter tudo do seu jeito e, se não for assim, faz o possível e o impossível para conseguir — disse ele.

— Não precisa se desculpar — murmurou Hermione, sonolenta, movimentando-se para ficar mais confortável. Harry descan­sou as mãos na pele sedosa no abdome de Hermione. — Ela não o conhece como acreditava que conhecia. Você é um homem de muita honra para mentir sobre um assunto sério como o amor.

Harry beijou-lhe a testa, imaginando se algum dia sentira tamanha alegria.

— Você me conhece bem melhor, mesmo depois de apenas alguns dias. Esperei a minha vida toda para encontrar uma mulher como você. E já estava começando a acreditar que ela não existia.

— E não existe. — Hermione riu, divertindo-se com a situação. — Duvido que seja possível compreender um homem como você, Harry James Potter, mas eu te amo mesmo assim.

Harry acariciou-lhe os seios, o estômago, o ventre, em um ato de carinho, e não para excitá-la. Hermione estava fraca demais para fazer amor novamente. Todavia, ele não se cansava de tocar aquele corpo delicioso, e a água espumante tornava a sensação ainda mais agradável.

Esperaria um pouco mais para amá-la. Um bom jantar, o conforto e o calor da grande cama que estava no centro do quar­to, e uma manhã cheia de prazeres.

— Amanhã cedo começaremos a procurar por Caswallan — disse Harry.

— Está bem.

— Estou falando a sério, Mione. Por mim, você ficaria se­manas e semanas aqui neste confortável quarto, mas temo que seu irmão nos encontre se demorarmos demais. E pretendo man­tê-la a salvo das garras de Daman. Amanhã partiremos para as montanhas, onde você acha que Caswallan está.

— Não, amanhã, não — discordou ela, bocejando. —Amanhã vamos para Pentre Ifan, nas colinas Presili. Será um dia inteiro de viagem de ida e volta, porém teremos certeza de onde Caswallan está quando retornarmos.

— Quer dizer que vamos para o cemitério sagrado?

— Tenho de ir sozinha até as colinas quando chegarmos lá — explicou ela. — Caso contrário não saberei.

O sorriso sumiu dos lábios de Harry na mesma hora.

— De jeito nenhum! Você não irá a lugar nenhum sozinha. Nem que seja daqui até a esquina. Como poderei saber onde Sir Draco está, ou se colocou homens a nossa espreita, como fez antes? O que quer que você tenha de descobrir nas colinas Pre­sili, será na minha companhia.

Devagar, Hermione levantou-se da água e olhou para ele.

— Eu preciso estar sozinha para que a resposta venha até mim.

— Mais uma das mágicas da sua família?

— Não há mágica — disse ela, firme. — É que… algumas coisas podem ser sentidas em locais sagrados, não apenas em Presili, mas em qualquer outro lugar… se a pessoa souber escutar.

— E você possui esse dom da escuta?

— Suponho que sim. Quando criança, sempre que minha família ia aos lugares sagrados em Gales, eu escutava coisas que as outras pessoas não escutavam. Acredito que se trata de um truque do vento, mas meus parentes, alguns deles, achavam que eram os espíritos falando comigo. — Ela ficou vermelha.

— É tudo bobagem, mas vou até lá para ver o que acontece. Imagino que Caswallan esteja por perto e, além disso, há outras descobertas a serem feitas.

Harry sorriu, passando o dedo molhado no rosto dela.

— Você sabe mais do que supõe sobre mágica. Só gostaria de saber por que tamanha determinação em não acreditar.

— Porque não há magia, — começou Hermione, olhando-o nos olhos —, e ter uma família que a segue me separa do resto do mundo. Meu irmão e eu. Você deve saber bem o que é isso.

— Sim, eu sei o que é ser excluído — concordou Harry, beijando-lhe os lábios entreabertos. — Todavia, o dom da magia não se compara a um nascimento ilegítimo. E para ser sincero, não imagino algo que possa fazer Sir Daman Granger sentir-se rejeitado. Ele é bem visto pela coroa, pela igreja e pelos se­melhantes. Mas vamos deixar esse assunto de lado. A água está começando a esfriar. — Pegando-lhe a mão, Harry saiu da banheira. — Vamos ficar na cama até nos aquecemos e depois que você dormir um pouco voltaremos a falar de Caswallan e dessa viagem às colinas Presili. Falando a sério, não posso per­mitir que você vá sozinha até lá.

— Eu não escutarei nada se houver outra pessoa comigo — teimou Hermione.

— Fique tranqüila, eu encontrarei uma maneira de seduzir os espíritos. Será que algum deles é mulher? — perguntou ele, deitando-a na cama.

Pentre Ifan, o antigo cemitério sagrado celta nas colinas Pre­sili, era um lugar sombrio, porém Hermione nunca sentira medo. Quando criança, adorava o período em que a família dedicava a visitar os locais santos de Gales, e aquele era seu favorito. Sentia-se familiarizada e à vontade, como se estivesse em uma parte de sua casa. E fora ali, naquele mesmo lugar, que escu­tara vozes pela primeira vez. A princípio não compreendera as palavras, todavia, as escutara. Ao contar o ocorrido aos tios e tias, eles se mostraram bastante contentes, bem como seu pai, mas sua mãe e Daman não. A mãe a proibira de comentar o assunto com qualquer pessoa, e o irmão insistira que se tratava do vento constante da região e da imaginação. Nada além disso.

Hermione tinha seis anos de idade na época e acreditava em magia. Fora a partir desse incidente que começara a ter receio, até a questionar se era real ou se seu pai e seus tios fingiam que era. A única certeza que tinha, a julgar pelo comportamento da mãe e do irmão, era que a magia, real ou não, era algo perigoso.

Tendo isso em mente, Hermione aprendera bem depressa que não podia comentar sobre as vozes que costumava ouvir nos lugares sagrados, ou das palavras que compreendia cada vez com mais clareza. O problema era que, normalmente, previam o futuro, algo difícil de ignorar. Por exemplo, que sua mãe fi­caria grávida, mas não que morreria no parto. Ou que seu pai lhe seria tirado, embora ela não tivesse compreendido que seria para sempre. E fora em Pentre Ifan, meses atrás, com a neve sob seus pés, que descobrira que a Pedra da Graça fora roubada de sua família. Por Caswallan.

Pela primeira vez ela quebrara o silêncio imposto e contara aos tios e tias o que escutara. Sentira um grande alívio, apesar de toda a consternação que lhes causara. Todos acreditaram sem questionar, como acontecera quando Hermione era criança.

E lá estava ela mais uma vez, sob a brisa fria da tarde, sentindo o cheiro de mar. Acima, as nuvens corriam pelo céu, escurecendo à medida que a chuva de verão se aproximava.

O cemitério já não era mais o mesmo, pois a terra fora levada para longe pelo vento, deixando nada além das grandes pedras, como em Stonehenge. Os celtas as haviam colocado ali centenas de anos atrás, e ainda continuavam intactas, revelando a mes­ma importância para a família Granger.

— Não é lindo? — murmurou ela, olhando para os lados, deleitando-se com o vento frio em seu rosto.

— Sim — respondeu Harry, de cima da pedra onde estava sentado, segurando a rainha nas mãos. — Muito lindo. E frio. A rainha parece contente — acrescentou ele, olhando fixamente para a peça de xadrez. — Os olhos dela brilham como fogo, está vendo?

Com passos lentos, Hermione se aproximou.

— É verdade. Você não imagina como é estranho vê-lo sen­tado aí, com essa peça nas mãos. Meu tio Culain costumava trazê-la no bolso a Pentre Ifan, e sentava-se nesse mesmo lugar. Ele acreditava que era bom para as fadas. Sei que é tolice, mas lhe dava um imenso prazer.

— Fadas? Aqui? Achei que elas escolheriam um lugar um pouco mais acolhedor do que essas colinas frias.

— Claro, eu também, se é que elas existem. Dizem que apa­recem em Pentre Ifan tarde da noite, embora eu nunca tenha visto.

— Duvido que você tenha estado aqui tarde da noite.

— Eu não, mas minha prima Helen costumava vir quando ia visitar Glain Tarran. Todavia, nunca viu nenhuma fada.

Harry levantou-se e balançou a cabeça.

— Quanto mais escuto sobre sua prima Helen, mais estranha a acho. — Ele beijou-lhe a testa. — Quer que eu a deixe sozinha por alguns instantes?

— Sim. Dez minutos apenas.

— Cinco. E nem um minuto a mais. E ficarei perto o sufi­ciente para socorrê-la, caso precise de mim.

Harry se afastou, deixando-a sozinha. Ela ficou olhando até não enxergá-lo mais, com o coração cheio de amor e admiração por aquele homem tão especial. Suspirando, Hermione apertou a capa contra o peito e olhou para o céu.

Não tinha a menor idéia de quanto tempo se passara quando escutou os gritos furiosos de Harry. Momentos depois viu-o correndo.

— Pegue-o! Faça-o parar!

Hermione olhou ao redor e não viu nada.

— Pegue-o! Depressa! — Harry apontou para a saia de Hermione. — Ele está bem aí! Maldito!

Assustada, ela arregalou os olhos, procurando por algo que justificasse todo aquele nervosismo.

— O que foi? Não estou vendo nada!

— Ele fugiu de novo! — gritou Harry, correndo na direção dos arbustos. — Ele pegou a rainha!

Mais uma vez Harry desapareceu, deixando-a completamen­te confusa, imaginando se deveria continuar ali parada ou se­gui-lo. Conseguia ouvi-lo, como se lutasse com alguém, o que a levou a crer que talvez tivesse enlouquecido.

— Seu monstrinho! Vou arrancar a sua cabeça! Arghhh!

— Harry! — gritou ela, correndo em direção às vozes. Luna e Ron apareceram naquele instante, trazendo Nimrod. Ron desceu de seu cavalo e desembainhou a espada.

— O que houve? Onde está Harry?

— Aqui — respondeu ele, saindo do meio dos arbustos aper­tando o dedo. — Aquela coisa me mordeu! Olhem só, está san­grando!

— Ah, meu Deus! — Hermione tirou um lenço do bolso e foi até Harry. — Permita-me fazer uma atadura. — Ela arregalou os olhos ao ver a pequena mordida. — Como isso aconteceu?

— Foi aquele homem pequeno!

— Onde posso encontrá-lo? — perguntou Ron, pronto para ir em busca do sujeito. — Como ele é?

— Um elfo, usando uma capa vermelha -— respondeu Harry. — Mas não adianta procurá-lo. Ele já foi embora.

— Um elfo? — repetiu Ron, fitando-o incrédulo.

—. Sim. Pelo menos ele me devolveu a rainha. Foi ordem dela, caso contrário o elfo teria desaparecido levando-a consigo. Ai!

— Desculpe — murmurou Hermione, beijando o dedo ferido. — Pronto. O sangramento parará dentro de alguns instantes. O que você disse para enfurecê-lo tanto assim?

— Você acredita em mim? — perguntou Harry. — Era um elfo. Ou uma dessas fadas.

— Não sei mais no que acreditar, mas eu não teria coragem de falar sobre isso com qualquer pessoa sã. Enfim, conte-nos o que aconteceu.

— Eu não sei direito — respondeu Harry, olhando para os três companheiros. — Eu estava encostado em uma árvore, olhan­do para a peça de xadrez e contando o tempo, quando um ho­mem pequeno usando uma capa vermelha apareceu do nada. Eu soube imediatamente que se tratava de um elfo ou de algum tipo de fada.

— Ora, Harry, não me venha com tolices. Era apenas um homem pequeno, um caçador ou pastor.

— Não, não era. Ele fez uma mesura e se dirigiu a mim como "milorde". Eu lhe disse que não era lorde, então ele fez outra mesura e me chamou de lorde Eneinoig.

— Como? — exclamou Hermione, atordoada. — Lorde Eneinoig? Impossível.

— Eu lhe disse o mesmo, mas ele sorriu, arrancou a rainha da minha mão e saiu correndo. Fui atrás e, quando tentei tomá-la de volta, o elfo me mordeu. Eu estava prestes a torcer-lhe o pescoço, e foi quando a rainha falou.

— Ela falou? Meu tio dizia que ela falava, mas eu nunca escutei.

— Na verdade não sei se foi a rainha, mas escutei a voz de uma mulher. O elfo olhava para a peça de xadrez como se a voz estivesse vindo dela. Ela lhe disse para me obedecer e para me pedir desculpas. Ele obedeceu no ato, curvou-se diante de mim e pediu-me desculpas, depois entregou-me a peça. Então desapareceu.

— Ora, Harry! — ralhou Ron.

— É sério! E tem mais — continuou ele, virando-se para Hermione. — Ela… a voz também me disse que…

— Fale…

— Caswallan está em Frenni Fawn, perto de Cardigan, e Sir Draco está com ele. Eles uniram forças, Mione. Se pretendemos recuperar a Pedra da Graça, teremos de tirá-la dos dois.

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Tata: Ah, não vale usar a bola de cristal, kkkkkkkk...

Srta Bella Black: A fic é igual a minha por que a Nessinha fez uma adaptação do mesmo livro que eu, e como vc falou ela só mudou o shipper para T/L ..... Não fui eu que escrevi essa estória, eu só peguei o livro e mudei o nome dos personagens do livro A Noiva Prisioneira da autora Susan Spencer Paul para o nome dos personagens do mundo de HP....Entendeu???...

Pessoal desculpa a demora,mais para compensar eu postei 2 capítulos!!!

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