Assuntos estranhos



      Foi uma semana de trabalho intenso para Harry Potter no ministério. Não ficava atolado de tantos problemas assim; desde a vez em que um bando de bruxos adolescentes teve a idéia maluca de contrabandear um dragão e acabaram mostrando o animal para os trouxas. Ou talvez aquela vez em que ocorreu um assalto no banco de Kempstom onde tragicamente o casal de bruxos Ganthof morreu. E também teve aquela vez em que alguns alunos de Hogwarts sofreram alguns ataques esquisitos durante o período letivo, o ministério naquele caso nunca conseguiu descobrir o que realmente havia acontecido.


    Deu alguns passos do local que havia aparatado e subiu as escadinhas de sua casa. Era tarde, quase meia noite, com certeza Gina e seus filhos deviam estar dormindo. Girou a maçaneta e abriu a porta.


   Como era de se esperar, estava tudo escuro, estavam dormindo. Virou-se para trancar a porta quando sentiu algo tocando seu rosto. As mãos de alguém haviam tampado seus olhos.


   - Mas o que... – ia começando Harry quando foi interrompido por alguém.


   - Não vale abrir... – disse uma voz suave ao pé de seu ouvido, era a voz de Gina.


   - Não deixa... – disse uma outra voz feminina, a voz de Hermione.


   - Ele não vai... né amor?


   - Que diabos vocês estão fazendo? – perguntou.


   - É uma surpresa amor


   Beijo no rosto dele.


   - Rony acende isso logo! – mandou outra voz conhecia mais ao longe.


   - Não me apresse Jorge. – respondeu rapidamente a voz de Rony aborrecida.


   - Com essa lerdeza o Harry vai chegar no próximo aniversario e você ainda vai estar ai – retrucou Jorge.


   - Ora, cale essa boca.


   - Pode abrir? – perguntou Gina.


   - Pode! – disseram os outros.


     As mãos macias de Gina saíram da frente de seus olhos verdes.


   - Tcharam! – um coro de Gina, Rony, Hermione e Jorge – feliz aniversario!


   Quase caiu de costas. Tinham colocado um letreiro bem grande no meio da sala escrito “Parabéns Harry Potter”, pouco embaixo miniaturas de bonecos voavam em pequenas vassouras soltando fogos para todos os lados, na mesa um bolo enorme feito de chocolate com uma foto estampada dele e de Gina com uma vela em cima, alguns balões terminavam de decorar o lugar.


   - Ual – disse recebendo um beijo de Gina – obrigado, eu nunca vou...


   - Não precisa agradecer sócio – disse Jorge caminhando – só promete não beijar a Gina na minha frente.


   - Deixe de ser besta Jorge, eles são casados – disse Rony olhando para o bolo.


   - Sei que são, mas ela ainda é a minha irmã – o ruivo riu alto chegando perto de Harry e lhe dando um abraço com umas palmadas fortes nas costas.


   - Ciumento agora? – perguntou rindo


   Agora Hermione que veio o abraçar.


   - Que nada – respondeu Jorge metendo a mão em um dos bolsos – eu trouxe até um presente pra você – disse estendo-lhe um pequeno papel que parecia mais um convite.


   - O que é? – perguntou olhando para o papel.


   - Isto meu caro, é nada menos do que entradas para assistir a partida mais eletrizante do campeonato nacional de quadribol desde ano. Harpias de Holyhead contra os Pegas de Montrose.


   - O que! – exclamou Rony pouco ao lado olhando para o ingresso – esse jogo está com a bilheteria esgotada, como conseguiu isso?


   - Sendo quem sou caro irmão, eu consigo tudo – se gabou Jorge.


    O Harry adulto não estava muito diferente do que era antes, Hermione sempre dizia que a juventude dos bruxos era mais prolongada devido que os mesmo podem viver até 150 anos. Ele tinha crescido um pouco e ficado mais forte. Nesses dezenove anos desde a queda do Lord das Trevas, tinha se tornado chefe do departamento dos Aurores e trabalhava no ministério da magia no segundo piso.


   - Pegas de Montrose é o time em que Zacharias Smith “joga” não? – lembrou Rony – ele esquenta bem o banco – riu alto.


   - É esse sim – respondeu o irmão.


   - Valeu mesmo Jorge, esse jogo vai aliviar a tensão que venho tendo naquele ministério ultimamente – disse Harry começando a cortar o primeiro pedaço de bolo – pra quem...


   - Pra mim é claro, sou seu melhor amigo e estou morrendo de fome Harry... AI – Hermione pisou no pé de Rony.


   - Vá com calma Ronald – advertiu ela enquanto o marido pegava o pedaço.


   - Vou levar alguns pedaços para as crianças – disse Gina cortando três pedaços e em seguida saindo em disparada escada acima.


   - Bom – Jorge olhou seu relógio – acho que já vou indo... Angelina deve estar maluca lá em casa.


   - Deve estar, o pequeno Fred e a Roxanne são terríveis – comentou Hermione – não sei como eles não explodiram sua casa ainda.


   - Eu ficaria orgulhoso se explodissem – disse o ruivo com os olhos brilhando indo até a porta – Hermione – falou antes de abri-la – juízo com meu Ronyzinho.


  - Mas que mer... JORGE! – gritou Rony tacando um brigadeiro no irmão que já havia aparatado.


   - Jorge contou que Hermione nem estuda mais, só fica ocupada com vo... – ia comentando Harry quando foi acertado por um outro brigadeiro atirado.


   - Harry! – advertiu Hermione corando.


   - Boa mira – elogiou rindo.


     Um barulho nas escadas e Gina reapareceu com os três pedaços de bolo na mão.


   - Eles estão dormindo – disse ela – quem ai queria bolo?


   - EU! – gritou Rony correndo.


   - Por Merlim, parece que não tem comida em casa – disse Hermione balançando a cabeça.


   Hermione trabalhava no ministério também, no Departamento de Execução das Leis da Magia onde foi uma voz ativa que garantiu o fim das opressivas leis a favor dos bruxos puros-sangues. Tinha a mesma expressão de juventude que os outros.


   - Vai com calma Rony – disse Gina levando um pedaço para a outra.


   - O que? Eu to com fome.


   Rony havia se tornado um homem forte e alto, trabalhava no mesmo departamento de Harry, era auror, apesar de tudo sua cabeça continuava sendo aquela mesma de Hogwarts de uma pessoa brincalhona.


   - Ele é sempre assim? – perguntou Harry a amiga.


   - Às vezes pior – disse Hermione – ele e o Hugo são dois sacos sem fundos.


   - A não exagera amor – disse o ruivo pegando mais um pedaço de bolo.


   - E como vai a Rosa? – perguntou Gina.


   Gina fizera muito sucesso no time de quadribol Harpias de Holyhead, mas abandonou a carreira de jogadora para cuidar de seus filhos.


   - Está ansiosa para ir a Hogwarts – disse Hermione sorrindo.


   - Que maravilha, Tiago anda assustando o Alvo nessa questão – comentou Gina tomando algo que parecia suco de laranja – mas espero que ele se de bem por lá – ela virou-se para o marido – alias Harry, poucos antes de você chegar a casa foi invadida por vários tipos de corujas diferentes trazendo presentes. – ela apontou para o canto da sala onde no mínimo umas dez caixas de presentes estavam depositadas.


   - O famoso Harry Potter, todos querem presentear-lhe – riu Rony começando o terceiro pedaço de bolo.


   Harry se levantou de onde estava sentado e caminhou até as caixas. Pegou a primeira e começou a abri-la. De lá tirou uma imensa torta com seu nome gravado em cima, ah sim, aquele devia ser o presente de Hagrid.


   Revirou as coisas e abriu a segunda, está continha nada menos do que um suéter cor vermelha preparado pela sua sogra Sra. Weasley.


   - Mamãe sempre se supera – comentou Rony observando.


   Abriu a terceira caixa e de lá tirou alguns livros. Falar “alguns” era elogio, no mínimo uns doze livros saíram de dentro da caixa, Como falar com seu Elfo”, “A magia sem fala”, “Feitiços para inimigos”, “Encatamentos e Poções”, “Pottere Dominatore, a nova magia”, “Animais das trevas”, “Os Segredos mais secretos de todos os tempos”... uma dúzia de livros que só podia ser presente de Hermione.


   - Bom eu não quis exagerar muito, mais achei esses livros na floreios e borrões bem interessantes pra você aprimorar a sua magia – comentou a amiga lhe sorrindo.


   Definitivamente aqueles eram seus amigos de verdade.


 


 


 


      A cem quilômetros dali, em um pequeno vilarejo, um bruxo saia de uma cabana mal iluminada. O lugar estava deserto, já era noite, o único som que se ouvia no meio da rua era dos sapatos do bruxo que caminhava nervosamente em direção de uma floresta próxima. A floresta era feia e escura, seus galhos balançavam lentamente com a brisa.


   A luz da lua que iluminava a capa acima de sua cabeça desapareceu instantaneamente quando ele se afundou dentro da floresta. O pequeno vilarejo não estava mais visível. O homem deu um toque com o dedo na varinha e ela se acendeu como uma lanterna. Outro toque e do nada apareceu uma mesa bem à frente dele. O bruxo conjurou uma cadeira e se sentou frente à mesa. Com um outro movimentos fez alguns papeis aparecerem.


   - Yorgo é do clã dos vampiros estou certo – falou o bruxo sozinho, sua voz grave saindo por debaixo do capuz.


   - Sim, Bartok está cuidando desse assunto – respondeu uma voz feminina no ar, mas não havia mais ninguém ali alem do bruxo.


   O bruxo não respondeu, apenas passou o papel que estava em cima para baixo e olhou o próximo.


   - Novecentos e noventa e quadro, tem certeza que está ai? – perguntou o bruxo olhando para o papel desconfiado.


   - Absoluta! Esse vai ser o inicio para o nosso plano – respondeu a voz feminina – eu só preciso que se aprese.


   - Cuidarei disso o mais rápido possível – disse o bruxo – porém tenho que conseguir permissão para entrar na escola de Mirabella ainda, não está sendo nada fácil... sendo quem eu sou.


   - Você não é ninguém – debochou a voz feminina.


   Mais ao norte, a mais de duzentos quilômetros daquela floresta, uma fumaça verde cortava o ar lentamente. A fumaça manteve o curso por uns dez segundos quando começou a descer mirando o chão. Em pouco tempo a fumaça se dissolveu e um bruxo se revelou dela.


   O bruxo trajava uma veste verde escura, seu rosto estava imerso pela escuridão, seus passos eram largos em direção de um casarão ao fundo. À medida que andava os portões do casarão brilhavam mais fortes. Quando estava bem perto sacou sua varinha e fez um movimento no ar, andou mais um pouco e atravessou o portão como se ele não existisse.


   Os jardins daquela casa estavam totalmente destruídos, as folhas e arvores estavam mortas, não havia flores nem nada, o cheiro forte era a marca daquele lugar.


    Chegando mais perto da entrada o homem de verde avistou uma outra pessoa parada bem em frente à porta. O outro trazia uma veste muito negra, rosto pálido, expressão vazia com cara de poucos amigos.


   - Bem na hora Bartok – disse o homem que estava parado frente à porta.


   - Quais as noticias Yorgo? – perguntou o homem de verde que se chamava Bartok.


   - Temos boas e más noticias – respondeu o outro.


   - Espero não ser tão más assim – disse Bartok em um tom ameaçador.


   - Não é nada grave – retrucou Yorgo calmamente – a má noticia é que ainda não encontramos o corpo da escolhida...


   - Maldição, você e seus homens são uns incompetentes.


   - Sim é claro... mas tenho a boa noticia.


   - Então fale logo.


   - Andrew está se infiltrando no ministério, em pouco tempo conseguiremos ter um de nós lá dentro, bem debaixo do nariz de Harry Potter.


   - Excelente! – exclamou Bartok – é claro que isso vai ser apenas um pequeno ato...comparado ao que vem por ai.


   - Com certeza senhor, com certeza...


 


 


 


   - Senhor Potter, se eu não tiver a sua garantia de que Hogwarts vai estar segura esse ano...


   - Hogwarts é o lugar mais seguro do mundo – interrompeu Harry antes que começasse outro sermão.


   Sua sala no departamento nas ultimas semanas sempre estava lotada de bruxos e bruxas raivosos, todos querendo saber do mesmo assunto: Hogwarts. De fato, de todos os problemas que havia lhe ocorrendo ultimamente, o assunto Hogwarts apesar de já ter acontecido a dois anos, era sempre o mais lembrado. Há alguns anos atrás a escola tinha sofrido um ataque misterioso onde um professor e alguns estudantes haviam morrido. A noticia repercutiu em todo a comunidade bruxa, não só na Inglaterra, mas também em outros lugares como Bélgica, Noruega e França.


   O ministério nunca encontrou o autor dos ataques em Hogwarts, mas a segurança da escola tinha sido aumentada definitivamente desde o incidente.


   A sala de Harry era bastante aconchegante para trabalhar, havia uma mesa a sua frente onde recebia diversas papeladas dos problemas que estavam acontecendo no mundo bruxo, sua tarefa era investigar, caçar, arrumar, e acabar com o problema rapidamente enviando aurores ou algum bruxo de outro departamento aos locais marcados. Basicamente ele mexia com assuntos que envolviam perigo aos bruxos. Mais ao lado tinha uma estante com vários livros, um mais importante do que o outro, o único que conseguia retirar um livro dali era ele. Pouco mais cedo tinha guardado os livros que Hermione lhe dera de aniversario ali. Pouco mais embaixo havia uma penseira.


   - Eu não quero nenhum filho meu ferido Potter – rosnou um bruxo barbudo a sua frente quase cuspindo.


   - Meus filhos também vão estar lá senhor – disse – mantenha a calma, o ministério está trabalhando fortemente para que tudo fique bem.


   - Besteira – falou o homem se afastando da mesa dele e apontando para o cartaz que tinha na parede do escritório – o ministério só está interessado em pegar este ladrão de jóias barato...


   - Edgar Teobot ladrão de jóias barato? – perguntou Harry rindo olhando para o cartaz que oferecia recompensa pela captura do bruxo que sorria na foto.


   - É isso mesmo...


   - Com licença – soou uma voz da porta que se abriu.


   Da porta um bruxo jovem surgiu, seus cabelos castanhos caiam sobre o seu rosto dando um leve tom de juventude. Seus olhos castanhos olharam diretamente para Harry.


   - Posso interromper? – perguntou.


   - Só um segundo – respondeu Harry – senhor Mallot – começou se levantando – tenho certeza de que seus filhos vão ficar bem no próximo ano letivo em Hogwarts, assim como os meus filhos ficarão – com uma das mãos ele começou a conduzir o homem em direção da porta – e com toda certeza o ministério está de olho em Edgar porque ele não é um simples ladrão de jóias, é o bruxo mais perigoso desde a queda de você sabe quem certo?


   - Confiarei em sua palavra, mas se algo acontecer...


   - Você vem aqui de novo – sem ter um pingo de educação Harry fechou a porta na cara do outro.  


   - Um dia quero ser igual a você tio Harry – comentou o rapaz que estava parado na sala com um sorriso radiante no rosto.


   - Ah você não vai querer não – respondeu voltando para sua mesa e se sentando – então, qual é o problema Ted?


   Ted Lupin deu um passo à frente e estendeu um pequeno frasco para ele.


   - Memória – disse o garoto – de Hogwarts, de dois anos atrás. Acho que tem algo ai que vai te ajudar... nas investigações daqueles ataques sabe.


   - Algo que eu já não saiba? – perguntou Harry pegando o frasco.


   - A meu ponto de vista não, veja você mesmo – disse Ted apontando para a penseira que ficava depositada do lado direito da sala perto a estante de livros.

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