Uma nova guerra




    Sangue, vermelho, pessoa caindo a sua frente...


   Era a segunda noite que passava encarando o teto daquele quarto do St. Mungus. A imagem de Morgan caindo a sua frente pelo seu próprio feitiço ainda latejava em sua mente. Por que? Por Merlim por que ela tinha que aparatar bem naquela hora. Sentia-se culpado. Culpado por tudo, se não fosse a cabeça dura de ir atrás de Alvo que nem louco talvez Morgan ainda estivesse viva, talvez Marsden estivesse vivo... era fato, estava acontecendo de novo, as pessoas que ele gostava estavam novamente morrendo por ele.


     Muitos que lutaram contra os comensais da morte estavam ali no St Mungus, a maioria saiu com cortes feios e azarações de alto nível.  Outros estavam em estado realmente grave como Sr. Weasley e Neville.  Ficou sabendo que a Sra. Weasley tinha aparecido duas horas depois de terem se refugiado no hospital fazendo o maior escândalo para ver seu marido. Jorge que tinha ficado na escola de prontidão também estava lá, parecia muito abalado, assim como Gui e Carlinhos que vieram um dia depois, alias, o St. Mungus nunca esteve tão cheio nos últimos tempos, eram aurores para todos os lados e famílias querendo saber informações do ocorrido.


   Victoire com leves arranhões tinha sido mandada de volta a Hogwarts, ela parecia muita abala pelo fato de seu melhor amigo ser um comensal da morte...


   - Ele era uma bosta de dragão – ficava repetindo Ted sempre que podia.


   Seu afilhado estava bem, algumas poções e curativos e estava novo em folha. Rony ainda estava de repouso numa cama poucos metros da dele, Hermione parecia um coruja ao lado do rapaz, rosnava para qualquer um que se atravesse a tirar ela dali de perto de seu marido. Kingsley e alguns membros da ordem tinha sido liberados um dia depois de chegarem da luta, todos já estavam no ministério tentando pensar na melhor maneira de expressar que o Lord das trevas havia voltado sem causar pânico na população. Ficou sabendo que seu filho Alvo receberia alta dentro de uma semana, e que estava se recuperando bem, apesar de ter chegado ali num estado crucial segundo os medibruxos.


   Nem Harry mesmo sabe como ele ficou sabendo tanta coisa, os dois dias que passou ali olhando para o teto sem falar uma palavra tinham sido um dos piores de sua vida, alguns até acharam que ele tinha ficado louco, mas Gina afirmava que ele apenas precisava descansar... e precisava mesmo, porque a cena de Morgan caindo em seu colo morta ainda era chocante demais. Sempre que lembrava da cena, lembrava também que não tinha ouvido falar nela nesses dois dias, isso era outra coisa frustrante.


   Ainda era noite, logo estaria chegando em sua terceira manhã naquela cama, o silencio dentro aquele hospital era absoluto, com exceção da respiração de uma Hermione, que estava dormindo numa cadeira ao lado de Rony, que roncava, e de sua amada Gina, que tinha adormecido debruçada sobre seu peito. Ela parecia tão em paz que nem teve coragem de acordá-la e mandá-la ir para casa, apesar de duvidar que ela fosse, pois a ruiva ficava plantada na cadeira vinte quatro horas por dia, como se temesse que o roubassem, algumas vezes seu pensamento dizia que ela estava numa competição com Hermione para ver qual agüentava mais tempo ali. Deu um leve sorriso fechando os olhos para adormecer.


 


   Os raios solares entraram pela grandiosa janela de seu quarto e se encontraram com seu rosto. Abriu os olhos levemente, e não escutou nenhuma respiração perto dele, apenas os roncos de Rony que pareciam ter aumentado desde a madrugada. Gina não estava ali perto, muito menos Hermione, achou estranho. Do lado de fora do quarto dava para se ouvir alguns ruídos e falatório.


   -... não me venha com essa! – escutou alguém falando.


   - Continua arrogante como sempre Bertoldo! – essa era voz de Kin.


   - De fato continuo! – respondeu o dono da primeira voz.


   - Deixe-nos trabalhar nisso, acha que não conseguiríamos? – perguntou a voz de Hermione.


   - Não é uma questão de simplesmente deixar, sabe que o lugar é delicado – disse Bertoldo.


   - Claro que sabemos, e é exatamente por isso que queremos continuar os estudos dela – respondeu Hermione.


   - E qual seria o interesse de você-sabe-quem nisso? Ele não se interessou da ultima vez, por que se importaria com um...


   - Sabe muito bem que não nos preocupamos só com isso – rosnou Kin – ouvi boatos que o lugar guarda segredos grandes...


   - Grandes e perigosos – ouviu-se a voz de Gina.


   - E por que você acha que... Voldemort... não se interessaria por algo tão magnífico? – Hermione parecia irritada – ora vamos Sr. Cary, a alguns dias atrás era impossível trazer os mortos a vida, e hoje estamos presenciando o retorno do bruxo das trevas mais poderoso, você não acha que seja possível tal coisa com...


   - O Burdock não vai querer gente xeretando dentro...


   - Não me venha com essa – voz de Ted – sabemos muito bem que ele deu permissão para a Morgan, só vamos trabalhar no lugar dela!


   - Claro que podemos ver o assunto com mais cautela, sabendo que a Sra. Wilson encontra-se em tal estado...


   - Exatamente – Hermione disse num tom mais leve – veja isso por favor, Sr. Cary, sinto que tem algo naquele lugar, tenho impressão de ter ouvido vozes conhecidas.


   - E melhor ver direitinho, senão lhe arranco uns dentes com meu punho – rosnou Ted em ameaça.


   - Verei – disse Bertoldo.


   - E sobre os Ganthof? A Srta. Weasley parecia muito abalada com tal assunto... – disse Kin.


   - Claro que parecia, ela descobriu que ele era um babaca, eu vivia dizendo isso a ela, babaca – disse Ted num tom mais animador.


   - Estamos levantando a ficha de Roran Ganthof e de Zacharias Smith – disse Bertoldo parecendo mais aliviado de terem mudado de assunto.


   Ganthof, esse sobrenome não era estranho para Harry, tinha ouvido uma vez o professor Slughorn mencionar, e tivera a mesma impressão. Ficaria satisfeito se pudesse ver a ficha dele também.


   -... temos muito a resolver, voltaremos mais tarde, espero que Potter até lá já tenha voltado a seu estado normal.


   - Ele vai voltar sim, Harry sempre se recupera – disse Gina – precisaria de muitos você-sabe-quem para derrubá-lo.


   - E como anda o Weasley?


   - Bem... dormindo como sempre – respondeu Hermione – acredito que ele está se fazendo para ficar mais tempo deitado numa cama sem fazer nada.


   - Não seria nada fora do normal não é? – comentou Ted.


   - O que quer dizer com isso Ted Lupin?


   - Foi só um comentário, café?


   - Não mude de assunto, você tem andado muito com o Harry seu mal criado...


   E as vozes sonoras atrás da porta foram ficando mais baixas à medida que se afastavam do quarto dele. Olhou para o teto novamente querendo sair daquele lugar logo...


   - A curiosidade mata não é Potter...


  Revirou os olhos para ver Draco Malfoy encostado na parede com os braços cruzados o encarado.  De fato preferia que ao acordar visse Gina ao seu lado, não um Malfoy que mais parecia uma assombração ali perto.


   - O que foi? O lord das trevas arrancou sua língua?


   - Cale essa boca Malfoy, não me torre.


   - Vai ficar com esse mal humor até quando? Ficar se culpando por uma tragédia não leva a nada.


   - Estou apenas refletindo.


   - Vejo que sim, esqueceu até de falar com sua esposa ultimamente.


   - E desde quando você se importa?


   - Não me importo.


   - Então o que você quer?


   - Apenas te colocar a par de umas coisas, você parece uma múmia nessa cama há dois dias!


   Harry suspirou, era frustrante ter que concordar que Draco Malfoy estava certo, tinha que acordar para a vida, esquecer o que havia acontecido com Morgan, não podia ficar se refugiando em pensamentos e esquecer de viver.


   - O que aconteceu nesses dois dias? – perguntou.


   - Estão preocupados com você Potter, não se mexe, não fala...


   - Eu sei...


   - Vive murmurando, eu a matei, eu a matei.


   Não se lembrava disso, alias se lembrava de poucas coisas, só alguns fatos que ele escutava uma hora ou outra. Os dois ficaram em silencio.


   - Ainda não noticiaram que você-sabe-quem voltou – contou Draco – não quero ver o caos que vai ser quando todos souberem.


   - Não quero ver a multidão querendo me matar quando souberem que foi culpa minha – disse baixo.


   O outro riu.


   - Se forem armar algo para matar você por isso eu vou ajudar, pode apostar Potter.


   Harry riu também.


   - Afinal como soube onde estamos na hora...


   - Ministério... estava de passagem no elevador quando vi o ministro um tanto nervoso falando sobre montanhas de Scafell Pike com o outro grandalhão ex ministro...e que aquela tal Morgan tinha ido para lá.


   - Morgan... por que eles não vieram junto com ela?


   - Eu é que sei? Devem ter ido chamar os aurores, pelo jeito já suspeitavam que você tinha feito merda, não é – riu baixo e caminhou para perto da janela – apenas ouvi sobre as montanhas e pelo nervosismo do ministro já imaginei que tinha haver com o Edgar e seus seguidores.


   - Você foi atrás de vingança, não foi Draco?


   - Com certeza, sabia que encontraria o Lucio lá, e eu teria acabado com ele se aquela maldita da Lestrange não tivesse me atrapalhado.


   - Ela livrou você de cometer o maior erro de sua vida...


   - Não me venha com essa Potter, você também tentou matar alguém, foi detectado na sua varinha sabe.


   - Encontraram minha varinha?


   - Encontram quando foram buscar o corpo de Matthew Marsden algumas horas depois.


   - Maldito Voldemort...


   - Ele terá um funeral digno, a família já foi avisada.


   Harry não disse nada, apenas encarou o outro que ainda olhava a janela por alguns segundos e disse:


   - Desde quando somos amigos Draco, para ficar preocupado em me passar informações?


   - Não somos, não pense que somos Potter, ainda te odeio como sempre – disse o outro virando-se – mas estava te devendo essa, por aquele dia.


   - Entendo, uma família rica como a sua não gosta de ficar devendo.


   - Como se você não fosse rico Potter.


   Harry riu, mas se calou em seguida, novamente olhou para o outro e perguntou.


   - E como será o funeral de Morgan?


   - Funeral? – repetiu Draco fazendo uma careta.


   - O que há de errado? Não trouxeram o corpo de...


   - Ela está aqui no hospital Potter, antes de responder sua questão eu quero que me acompanhe, se ainda tiver pernas é claro.


   - Claro que tenho – rosnou Harry – mas não sei se estou em condições.


   - Se deu conta que é humano agora?


   - Se deu conta que você é um metido – sentiu seu corpo mais pesado que o normal, estava fraco, muito fraco ainda.


    - É melhor você andar direito porque eu não vou te carregar – disse Draco indo até a porta – faça silencio, os medibruxos vão surtar se ver que o paciente precioso deles está andando sem permissões.


   - Cala boca Malfoy.


   Então o acompanhou, com passos arrastados, o corredor estava vazio, ele andava como se cada passo fosse o primeiro, devagar, Draco abriu a porta de um quarto três portas a direita daquele em que Harry estava, ele entrou arrastando os pés até olhar quem estava estendido na cama.
  
   - Morgan... – disse baixo, aquilo de alguma forma o tocou apesar da visão ser desesperadora...
  
   - Sim Potter, a tal Morgan está viva, ou quase... por enquanto sem condições de retornar pelo que soube, mas ainda conserva um suspiro de vida, os medibruxos ainda não sabem exatamente o que a acertou, sua amiga Granger falou que o feitiço veio de você. 
  
   - Um Rictus feito à queima roupa – disse sem tirar os olhos dela – de cima para baixo... – podia rever em sua cabeça, ela caindo. 
  
   - Feitiço das trevas – disse Draco colocando uma das mãos no queixo – de fato você está ficando bem eficiente nisso.


   - Ora não comece.


   - Os medibruxos vão gostar de saber que você finalmente abriu a boca para ajudar sua amiga.


   Não respondeu, continuou olhando para a outra que mais parecia uma boneca desconjuntada, apesar do lençol cobri-la podia ver enormes curativos e inchaços deformadores, o rosto dela estava num tom de branco arroxeado, os olhos semi-abertos tinham um ar mórbido, apenas o braço esquerdo estava por cima do lençol, era tão branco como se estivesse olhando uma escultura de mármore.


   - É melhor voltar para sua cama Potter, o lord das trevas não tem direito de acabar com você antes de mim.


   Harry revirou os olhos e olhou Malfoy por alguns instantes, fez um esforço pra colocar a mão no ombro do outro e dizer:


   - Obrigado Draco, obrigado por me fazer acordar para realidade.


   - Sem sentimentalismos – disse o outro se afastando – é melhor não contar para ninguém que estive aqui com pena de você.


   - Eles não sabem?


   - Acha que sua esposa Weasley deixaria eu entrar? Nem pensar, entrei como animago.


   - Desde quando você é animago?


   - Não te interessa Potter, é melhor não sair soltando sua língua grande por ai, não sou registrado – Draco abriu a porta para sair.


   - Você ainda vê aquele seu guardião?


   - Obviamente não é?


   Harry ficou quieto, apenas deixou umas lembranças passarem por sua cabeça enquanto refletia.


  


   “- Entendendo... sabe alguma coisa sobre guardiões de bruxos?


   - Um pouco, cada bruxo tem um guardião que protege você, ele te ajuda nas horas mais difíceis, mas você nunca o vê, é raro as pessoas que viram seus guardiões, normalmente as que viram, morrem uns três meses depois.


   Sentiu um nó na garganta, a imagem de Draco Malfoy apareceu em sua cabeça. Estaria ele condenado à morte em três meses?”


 


   - Uma vez... fiquei sabendo que... pessoas que vêem os guardiões...


   - Morrem em três meses? – cortou-o Malfoy – já ouvi esse conto de fadas, e quer saber? Eu não acredito, quero ver quem vai me matar, em todo caso se esse conto de fadas for verdade, tenho um mês de vida, o suficiente para dar uma surra em você ainda.


   - Tem sim – disse rindo – vai para onde Malfoy?


   - Ver minha mãe, ela está se recuperando aqui no St.


   - E como ela está?


   - Se recuperando bem, logo vai estar andando.


   - Ficou realmente sentimentalista Draco.


   - Lave sua boca com sabão Potter, posso te lançar um feitiço para você cair morto de vez – dizendo isso o loiro saiu e fechou a porta.


    Harry voltou a ficar olhando para Morgan, ela parecia em paz, podia ouvi-la respirando de leve, estava viva... viva! Perdeu a noção do tempo quando escutou alguém atrás entrando na porta do quarto, se assustou e virou-se para ver quem era.


   Não era alguém que ele conhecia. Na porta do quarto de Morgan se encontrava uma mulher com uma cara tão assustada quando a dele. Ela usava um longo vestido vermelho e preto que chegada até a parte dos joelhos, estava com uma sandália preta, seu cabelos eram lisos cortados até pouco abaixo dos ombros num tom vermelho com leves mexas pretas, olhos verde vivos, lábios carnudos, a mão segurava uma pequena bolsa preta junto com uma varinha, pode notar uma cicatriz no braço da moça. Congelou ao ver, de leve virou o rosto para o braço de Morgan que estava em cima do lençol e viu uma cicatriz semelhante... não podia ser, era ela.


   - Alô, você é um curandeiro? – perguntou a moça que tinha uma voz leve entrando no quarto fechando a porta.


   Não respondeu, era como se tivesse saído de seu corpo e voltado no tempo junto com uma Morgan que falava sem parar.


 


“...lutei bravamente, mas sempre tentando não feri-la, era minha irmã... mas ela não me deu chance... seus talentos que vinham se desenvolvendo desde que ela era criança foram comprovados... fiquei arrebentada, eu ia morrer... estava ofegante, sangrando muito, tentei lançar um ultimo feitiço pra imobilizá-la, mas sem sucesso... ela se aproximou, ia me matar... disse que eu não devia ter matado as crianças... que eram amigas dela... percebi então que foi uma emboscada... tentei falar... mas o máximo que emiti foi o som...comensais... foi então que ela percebeu quem era... que era eu... arregalou os olhos pra mim... me analisou de ponta a ponta... apesar de tudo acho que ela não estava pronta para me matar... não eu... a irmã dela... ela correu, fugiu da casa... e eu fiquei lá... desmaiei”


  


    Olhou para a moça a sua frente que ainda estava calada esperando alguma resposta dele, olhos na cicatriz do braço dela...


 


- E onde ela está?
- Por ai, minha irmã não tem moradia, ela sempre está andando e se mudando, não sei o que ela pensa, mas é bom saber que tenho um meio de achar ela – Morgan indicou a cicatriz – com o tempo aprendi a entrar na mente dela através disso... posso localizá-la, mas normalmente só faço isso quando ela está com raiva.”


   Sim, não podia ser outra pessoa, era ela... a irmã de Morgan.


   - Alou, se ta me ouvindo? – a moça estralou os dedos para ele.


   - Estou... claro – disse voltando a realidade.


   - Você é o curandeiro?


   - Não, eu só estava...


   - É o que da Morgan?


   - Amigo, eu apenas... – gaguejou, sem palavras.


    Ouviu falar do talento dela, era uma bruxa realmente talentosa e perigosa, se ela souber que foi ele quem deixou Morgan naquele estado, ela pode fritá-lo ali mesmo.


   - Você parece nervoso rapaz – ela disse se aproximando de Morgan.


   - Estou bem, só um pouco cansado... – disse se afastando da cama.


   - O que aconteceu com ela? Me disseram que ela foi atacada violentamente – a moça colocou uma das mãos na mão de Morgan e a outra na cabeça.


   - É verdade, ela foi atacada sim – “se você gosta de viver Harry, feche essa matraca, ela vai te matar” pensou.


   - E você pelo jeito foi atacado também, estava com ela por acaso?


   Sentiu um nó na garganta.


   - Estávamos em trabalho, bruxo das trevas sabe, sou auror e... – parou de falar quando a moça o olhou.


   - Sei... – ela disse – ela vai se recuperar eu creio.


   - Os medibruxos vão fazer o possível...


   - É o que eu espero, ela está bem mal mesmo – voltou a olhar para Morgan – o miserável que fez isso nela me paga.


   - Bom... – “Beleza Potter, logo ela vai descobrir que foi você, saia desse quarto enquanto pode” – e você é...


   - Katherine Wilson, sou a irmã dela – disse a moça saindo de perto da cama indo em sua direção para cumprimentá-lo – e você é... – analisou ele mais de perto, olhos na cicatriz em sua testa – Harry Potter.


   - É um prazer conhecê-la Katherine – disse nervosamente.


   - O prazer é meu, conhecer um bruxo como tal – ela disse – acredito que você devia estar em repouso também não?


   - De fato – “Boa hora para você escapar, vá para o seu quarto” – eu já estava indo.


   - Certo, tenho que falar com os medibruxos – Katherine se dirigiu até a porta, Harry a acompanhou, os dois saíram – até mais ver Harry Potter.


   - Até – disse observando a moça caminhar pelo corredor.


   A irmã de Morgan não parecia ser tão terrível quanto ouviu falar. Parecia calma, ou será que ela estava fingindo? Isso não vem ao caso, o importante é que ele não era um assassino, Morgan estava viva, isso acendeu uma torra dentro de seu corpo que o fez se sentir bem mais leve. Entrou novamente em seu quarto, Rony ainda dormia, andou até as janelas e abriu as cortinas de uma vez para que o sol entrasse calmamente, ficou admirando a paisagem e os trouxas andando de um lado para o outro naquela rua movimentada. O céu estava lindo, os pássaros pareciam cantar com vôos rasantes, como pode esquecer que havia vida ainda, que o tempo não parava. Escutou a porta do quarto se abrindo, não se virou para ver quem era, apenas escutou uma bandeja cair e uma pessoa falar “Ele está de pé!”, correndo pelos corredores.


   - Dez... nove... oito.... sete – começou a contar baixo sem tirar os olhos da rua – seis... cinco... quatro... três.... dois – virou-se – um....


   Um vulto de cabelos vermelhos passou correndo pelo quarto e se chocou contra seu peito num abraço apertado.


   - Você está de pé amor! Finalmente... não me deixa preocupada assim meu doidinho – Gina o apertava forte.


   - E onde estava meu anjo quando eu acordei – disse apertando ela também.


   - Eu sempre soube que você estava bem amor – agora ela começava beijá-lo sem parar – nunca acreditei... – beijo – quando os medibruxos... – beijo – falaram que você estava louco – beijo.


   - Eles não sabem... – mais um beijo – o que falam...


   - Ta, poderia parar essa cena romântica – disse um Ted da porta – também quero cumprimentar meu padrinho tia Gina.


   - Não se meta Ted – disse a ruiva agora segurando o braço de Harry.


   A frente viu Hermione também, tinha ficado observando os dois do lado da cama de Rony.


   - É bom velo bem – ela disse encostando-se numa das camas – agora me diga, você ficou esse tempo todo traumatizado porque matou a Morgan?


   - Eu...


   - Você é mesmo muito tonto Harry – Hermione disse rindo – ela não morreu, está a três quartos daqui, mas está bem mal, você não matou ninguém.


   - Poderiam ter me avisado de algum jeito...


   - Amor, você parecia não ouvir nada, nem se mexia – disse Gina.


   - Está bem... está bem... e o Rony?


   - O Ronald está bem... esse traste – disse Hermione olhando para o outro dormindo – está só se fazendo, vou tirá-lo dessa cama hoje mesmo.


   - Quero ver você conseguir – disse Ted.


   - Ah, eu consigo – Hermione se aproximou da cama do outro, se abaixou para bem perto do rosto dele – amor... amor – falou baixo – acorda você tem que tomar café...


   - Hum... – resmungou o outro.


   - Amor... acorda...


   - Ah meu deus, o Rony parece um bebe – resmungou Gina.


   - ACORDA RONY! – gritou Hermione perdendo a paciência.


  O ruivo acordou assustando olhando para os lados, Hermione bem a frente sorria, Gina e Harry começaram a gargalhar, Ted apenas suspirou e disse:


   - Eu amaldiçôo a Vic se um dia ela me acordar assim...


   - Cala boca Ted Lupin – disse Hermione – ou eu que vou te amaldiçoar aqui mesmo – virou-se para o marido – agora levanta Rony, você não ta mais arrebentado, até o Harry já ta de pé.


   - O Harry é saco de pancada Mione, ele já ta acostumado com dores – disse Rony sendo puxado pela outra.


   - Ah, que história é essa de saco de pancada – disse Harry rindo – olha que eu te estuporo e você fica mais uma semana nessa cama.


   - Nem vem Harry – disse Rony se ponto de pé.


   - Agora vamos amor, vamos trocar essas roupas e vamos para casa – Hermione abraçou-o – eu prometo fazer aquele bolo de chocolate que você tanto gosta...


   - Mesmo? – perguntou o ruivo – então vou com você Mionezinha.


   - Mesmo amor – disse ela levando ele para fora do quarto – só promete não ficar mais preguiçoso assim... – as vozes dos dois conversando foram sumindo.


   - Pois é – disse Ted que ainda estava na porta – acho que hoje vou dar uma passada na casa do Rony...


   - Pra comer um bolo de chocolate Hermione? Até eu me animei em ir – disse Harry.


   Gina lhe deu um safanão na testa.


   - Vocês homens não tomam jeito – ela disse.


   - Ah amor... – resmungou ele quando caminharam para sair do quarto também – vamos ver o Alvo, ele está bem não ta?


 


      O salão principal de Hogwarts estava todo decorado com bandeiras da sonserina, que trazia uma faixa preta no meio de luto aos alunos que morreram nos ataques das mortalhas. O final do ano havia chegado mais cedo devido ao incidente, todas as provas foram adiantadas e para alegria dos alunos daquela escola nenhum deles tinha reprovado. Victoire que foi ajudar sua tia Gina naquele dia contra os comensais se dera bem nos NIEM’s, seria futura auror.


   - Eu sempre falava pra você que o Ted era o cara, e que aquele Roran era um traste – dizia Dominique a sua irmã.


   - Você não falava não – disse Tiago comendo o sorvete da sobremesa – falava que o coitado do Ted era um bobalhão, cabeçudo e feioso.


   - Fica quieto Tiago – disse ela - ou te lanço uma azaração.


   - Fica esperta Nique, o Tiago pode acidentalmente colocar uma dose de furúnculos nesse seu suco de abóbora – disse Fred.


   - É – disse o outro num tom ameaçador – ai você vai ficar toda perebenta.


   - Deixem de ser idiotas – disse dano um safanão nos dois.


   - Vocês não tomam jeito – disse Victoire os observando.


   - Nunca vão tomar – acrescentou Molly.


   - Não mesmo – disse os dois juntos – você vai sentir falta da gente ano que vem prima.


   - Vou sentir falta de tudo aqui – disse Vic – Hogwarts é o melhor lugar do mundo.


   - Não – disse Tiago levantando um dedo.


   - Definitivamente não – concordou Fred com o mesmo gesto.


   - O melhor lugar é onde servem aquela comida trouxa... como se chama Fred?


   - Pizzaria!


   - É!


   - Vocês só pensam em comida – comentou Rosa.


   - Escutou algum zumbido Tiago? – perguntou Fred.


   - Zumbido? Zumbido de alguém nerd?


   - Ora, calem a boca – disse Rosa.   


   - É, calem – mais um safanão de Dominique.


   - Quer parar de bater nas nossas testas – disseram os dois juntos.


   - É bom pra relaxar.


   - Você vai relaxar com as perebas depois – rosnou Tiago.


   Flitwick apareceu para anunciar o final de ano letivo, pediu para que todos se mantivessem unidos, para procurar saber exatamente em quem confiar, e não se deixassem levar pelo mal. Deu os parabéns para a casa da Sonserina por ter ganhado a taça das casas daquele ano, e mandou todos para as camas, desejando boas férias para os alunos, que no dia seguinte embarcariam de volta para suas casas.


    


    Na casa de Rony o clima estava perfeitamente bem, Harry, Gina, Hermione, Ted e Rony estavam dentro da cozinha tentando preparar o bolo de chocolate, que a certa altura já tinha virado bagunça.


   - Admita que você não sabe fazer bolo Hermione – disse Ted com a cara toda lambuzada de chocolate por uma explosão acidental de Harry.


   - É claro que eu sei – disse ela rindo sem parar.


   - É claro que ela sabe, é a Hermione... – disse Rony.


   - Ronald Weasley! – a esposa tacou um copo no outro, que desviou.


   - Mionezinha, eu vou tacar fogo em seus livro hein – ameaçou o outro.


   - Se você gosta de viver, você não faria isso – comentou Harry lavando as mãos sujas de chocolate.


   - O que você quer dizer com isso Harry? – perguntou Hermione lhe estuporando só com o olhar.


   - Só quis ser realista...EI.


   Hermione lhe tacou um copo também.


   - Vai acabar mandando os dois pro St. Mungus de volta – riu Gina.


   - Que barulheira é essa? – perguntou um pequeno Hugo aparecendo na porta da cozinha seguida por Lílian.


   - Eles estão fazendo guerra – disse a garotinha.


   - Guerra? Guerra de comida? GUERRA DE COMIDA! – berrou Hugo correndo para dentro da cozinha.


   - Ei que mane guerra de comida... pqp! – Ted foi acertado por Hugo por um saco de farinha que se juntou ao chocolate em seu rosto e deixou a cara dele toda branca e marrom – você me paga moleque – disse correndo atrás do menino que já havia corrido para sala.


   - Ah não, eles vão sujar toda casa de farinha – rosnou Hermione correndo atrás dos dois.


   Harry ria sem parar com aquilo.


   - Ei Harry – Rony o chamou – o que acha de pedirmos uma comida trouxa?


   - Como pizza, esfihas e refrigerante?


   - Com empadas e bolinhos de carne – continuou o amigo.


   - Já é Rony! – disse Harry dando um aperto de mão do amigo.


   Os dois saíram da cozinha sorrindo a beça com a idéia.


   - Essa família é toda desmiolada – disse Gina cruzando os braços olhando sua filha – você não acha?


   - Acho fascinante – disse ela sorrindo.


   - HUGO E TED SEUS TRASTES OLHA A BAGUNÇA QUE VOCÊS ESTÃO FAZENDO – escutou a sonora voz de Hermione no segundo andar.


   - O Ted não sai vivo daqui hoje – comentou Rony na sala com o telefone na mão.


   - Concordo – disse Harry.


   Eram momentos para serem lembrados, apesar de ter certeza que não iam durar muito. Voldemort estava vivo, e logo começaria a agir, assim como eles teriam que agir contra.


   Agora depois de tudo que passou compreendia muitas coisas, os ataques que ele andava investigando em Hogwarts era afinal daquele Roran Ganthof, comensal da morte e amigo de Victoire. Entendeu porque Dumbledore mandou Merlim trazer sua alma para o mundo dos mortos, era para falar dos objetos, que era possível reviver alguém com eles, mas o estrago já tinha sido feito, agora eles terão de lutar de novo, numa nova guerra. Pelo menos Edgar não o incomodaria mais, Voldemort serviu para alguma coisa afinal.


   Eles estavam pensando em continuar os estudos de Morgan, que envolvia o véu do departamento dos mistérios, assunto que ouviu Hermione falando com Bertoldo. Por enquanto tudo estava bem, de leve colocou a mão em sua cicatriz e sorriu.



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FIM      (:

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