Um Estranho no Ninho



Inicialmente, eu quero pedir imensas desculpas pela demora da atualização. Alguns problemas de ordem pessoal me impediram de postar antes, mas espero que o capítulo valha a pena. E momentaneamente, eu pretendo colocar um capítulo novo por semana. Agradecendo muitissimo aos comentários recebidos, torço para estar correspondendo a altura. Então é isso, boa leitura!


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Capitulo 1 – Um estranho no ninho

_ Alta!?! – exclamou sem poder conter o nervosismo o antigo professor de Defesa Contra as Artes das Trevas, Remus Lupin.

_ Algum problema quanto a isso, Remus? – ironizou a auror Nimphadora Tonks.

_ Mais que pergunta, Tonks! É claro que não, eu apenas...

_ Acho bom, muito bom! – cortou-o a auror.

Lupin, apesar do semblante cansado, não negou uma risada a desconfiança infundada da namorada. Seria no mínimo repugnante da parte dele sentir algo diferente de alívio ou tranqüilidade ao saber que o afilhado seria liberado do hospital depois de tantos meses entre a vida e a morte.

Afilhado! Ainda soava estranhamente aos seus ouvidos ser chamado de padrinho por alguém. Zelar por alguém além de Tonks era algo novo e completamente apavorante para ele. O destino era mesmo engraçado, justamente ele, Remus Lupin, que tanto fez para sempre estar e viver sozinho agora via-se prestes a herdar involuntariamente uma família. E em que situação, logo quando uma guerra era iminente...

_ Amor, ele acordou. Vem, eu quero contar de uma vez que ele vai poder sair daqui! – foi a voz da auror que o fez despertar para a realidade.

O novo “chefe de família” limitou-se a acenar positivamente com a cabeça e ensaiar um sorriso para a jovem que o conduzia pela mão para dentro do quarto de hospital.

_ Dormiu bem, meu gato? – falou carinhosamente Nimphadora enquanto depositava o rotineiro beijo na testa do jovem recém-acordado.

_ É deu pra tirar um cochilo sim, meu cheiro! – entrou na brincadeira o garoto recebendo uma olhada feia de Lupin.

_ Vixi... Esquenta não, padrinho. Eu não mexo com a mulher dos outros, não. Pelo menos não com a do meu padrinho.

Incrível como aquele menino, apesar das tragédias serem ainda tão recentes, mantinha sempre o sorriso estampado no rosto e o jeito moleque de ser. Não foram mais do que cinco meses de convivência e ele soubera cativar todos ao seu redor.

_ Pelo visto o engraçadinho já está mesmo pronto para receber alta, não é? – pronunciou-se pela primeira vez o “sereno” padrinho.

_ Alta? Ah! Não me diz que eu poder finalmente sair daqui? – disse o rapaz levantando as mãos para o céu.

_ Se você realmente não quer, eu não digo mais nada! – fez-se de desentendido Remus fazendo com que o garoto saltasse da cama e avançasse contra ele – Você ouviu, não ouviu?

_ Merlin deve estar me castigando! Eu não mereço ter que agüentar dois palhaços como vocês. E isso é tudo culpa sua, jovenzinho! Você tem sido uma influência muito negativa para o meu lobinho.

O comentário da amada fez o aprendiz de comediante corar ferozmente, o que resultou em mais e mais gargalhadas da Nimphadora e do misterioso afilhado.

_ Nimphadora! – o nome ocasionou uma drástica mudança na expressão de Tonks, agora bufando de ódio – Hora de irmos, você não acha? E caso você tenha esquecido, minha “Ninfa”, - vingou-se o lobo, ou melhor, o lobisomem – nós, três, temos um casamento para comparecer.

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_ Crianças, crianças! Onde vocês estão? CRIANÇAS! – berrava a plenos pulmões uma nervosíssima Senhora Weasley.

_ Pela vigésima vez nos últimos quinze minutos nós estamos aqui em cima, mãe! – respondeu Rony enquanto terminava de abotoar sua nova camisa social.

_ Por Merlin, andem ligeiro senão vão atrasar todo o casamento! – afligiu-se Molly Weasley.

_ Como se eu realmente me importasse! – cochichou um raivoso Rony – Ta bom mamãe, eu e o Harry já estamos descendo. – berrou o ruivo.

Menos de quarenta minutos depois, o jovem amigo de Harry Potter teve que dar a cara, em termos mais corretos, sua declaração à tapa ou, ao menos, a correção. Vira no pequeno altar um semblante que ele julgou perdido para seu irmão após os horrendos ataques de Greyback.

Apesar dos recentes feridos ainda cobrirem boa parte de seu corpo e rosto, Gui Weasley transbordava alegria, uma alegria que se intensificou ao extremo quando o mesmo contemplou a entrada de sua exuberante noiva: Fleur Delacour.

Perplexos também Ron e Harry perderam-se admirados pela beleza estonteante da veela que muito além de ingressar no recinto matrimonial, ingressaria também como membro efetivo da família Weasley. Tamanha apreciação por parte dos garotos resultou, como não deixaria de resultar, em um ciúme básico nas suas respectivas, ou nem tanto, “acompanhantes”. Gina e Hermione, estampando na testa, o completo descontentamento ora desdenhavam a futura mulher de Gui, ora implicavam com os meninos.

_ Bem...Ela está bem bonita... – o ruivo sentiu-se gelar ao verificar a face extraordinariamente fechada de Hermione – Digo, os noivos parecem estar bem...Muito bem! – tentou remendar tardiamente.

_ Ah certamente, os noivos. Obviamente, os noivos! – bufou Hermione.

Com o primeiro pânico ultrapassado, o futuro familiar da moça em discussão sorriu satisfeito, e escondido claro! Desde o melancólico funeral de Dumbledore, ele havia calculado o quanto desperdiçara entre ciúmes redundantes e brigas sem fundamentos. Amava-a era evidente não apenas a si, mas, ao mundo! Mundo...Triste e sôfrega comparação, diretamente ligado com a situação deste momentaneamente era que Rony empreendia um novo jeito de ser e se envolver quando próximo a ela. E movido e encorajado por esse estreante motivo, ele contornou a desfavorável situação dizendo a meia voz:

_ É, o noivo está bem e a noiva bem, bem bonita... – iniciou confiante, perdendo a altivez e corando a cada palavra – Só que você está mais!

A menina pasmou e tímida sorriu-lhe como resposta silenciosa. O vermelho do cabelo, e agora, do rosto dele “refletiram” na face de Hermione reluzindo felicidade e vergonha. Como penetra ao impecável e fugaz instante romanceado, Harry não conteve um pigarreio de comédia e fugiram-lhe duas ou três gargalhadas, agravando mais o quadro de embaraços dos seus inseparáveis amigos. Gina, outra testemunha da incomum gentileza do irmão, encarou pelo canto dos olhos o já atípico e inconfundível, para ela, sorriso do menino-que-sobreviveu. Ela discretamente acompanhou o amado, ainda que separado, com um risinho que aumentou substancialmente ao roçar leve e inesperadamente seus dedos com os dele. O eleito surpreendido teve que refrear o impulso de quase cair, ou seria um contrário pular, do banco ocupado pelos quatro jovens. Nervoso, Harry, simulou tirar e limpar alguma suposta sujeira dos óculos e ao coloca-los, concentrou todas as suas e rogos as mágicas, forças, que o auxiliassem a fixar olhos e pensamentos única e exclusivamente no casamento que acontecia logo a sua frente.

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_ Graças a Merlin, esse casamento chegou ao fim! – deu vivas um Rony muito mais a vontade com a gravata já frouxa e a camisa com a gola solta.

_ Ronald, isso lá é coisa de se falar sobre o casamento do seu irmão? Francamente, você continua com a sensi... – retrucou pela metade Hermione.

_ Sensibilidade de uma colher de chá! Poupe-me sim, Hermione!?! – cortou-a Ron.

Rendida diante da impaciência e intransigência, Hermione rolou os olhos e virando-se para Harry, flagrou o amigo decorando cada movimento de uma certa ruiva sentada em uma das mesas a direita da deles. Idiota, estupidamente idiota a razão pela qual os dois mantinham a aparente e frívola amizade. Idiota, estupidamente idiota a razão pela qual, ela, uma nascida trouxa, era discriminada. Idiota, estupidamente idiota a razão pela qual se dispusera ao risco de abandonar casa e escola com a pretensão de que na companhia de seus dois melhores amigos, pudessem, revolucionar o mundo. Idiota, estupidamente idiota a razão que levava nascidos trouxas e nascidos bruxos a se odiarem. Idiota, estupidamente idiota a razão pela qual uma guerra estava às vésperas de ser declarada. Idiota, estúpida, ridícula, cretina, obtusa e tantos outros adjetivos ofensivos que, vocês possíveis leitores, armazenam na memória seriam ainda insuficientes para designar a aberração de justificativa e ideologia adotada e defendida por seres como Voldemort e seus Comensais da Morte.

Tão entretida em enumerar obscuridades da raça bruxa e humana que ela precisou de leves e breves cutucões de seus amigos para voltar a realidade e a conversa que os dois travavam a respeito de um desconhecido rapaz acomodado na mesa de Lupin, Tonks e da Professora McGonagall. Trajando vestes unicamente negras, ele despertava o interesse, e o interesse duvidoso, de boa parte dos convidados. O que não fazia jus à desconfiança era o sorriso fácil e até franco e a inquestionável intimidade com os três a sua volta.

_ Vocês também repararam naquele lá sentado com a Tonks? – compartilhou a curiosidade a recém-chegada Ginevra Weasley.

_ Ninguém comentou nada sobre ele? Papai e mamãe não têm idéia de quem possa ser? – questionou o irmão.

_ Sim...Mamãe disse que ele poderia ser o afilhado do professor Lupin. O que não me ajudou muito, porque nunca soube de nada disso. Pelo visto vocês também não, não é?

_ Não, estranho isso! Você não acha, Harry? – solicitou a intervenção do amigo, Hermione.

_ Mais estranho do que isso é o Remus nunca ter comentado e nem deixado escapar algo do tipo. – respondeu pensativo.

_ Hum, por via das dúvidas não seria melhor ficarmos de olho nele? – alertou o ruivo.

_ Sinceramente, a meu ver, não. Ele não me parece perigoso, ao invés disso...Ele tem uma fisionomia carregada, esgotada. Parece, ele, ter vivido ou sobrevivido a algo perigoso. – confessou Hermione.

Apunhalado em seu íntimo aquela análise tão profunda dela quanto a um desconhecido lhe caiu como couraça de traição. E a dor multiplicou por cem quando observou ao longe o alvo de suas suposições sendo cumprimentado calorosamente por um antigo desafeto: Vitor Krum, dando a tênue aparição de que ambos eram velhos e bons amigos. Suficiente para Ronald Weasley amargar mais e mais suposições referentes ao misterioso afilhado de seu ex-professor de Defesa Contra as Artes das Trevas.

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_ Remus, você já notou que os meninos não tiram os olhos do nosso afilhado? – Tonks cochichou ao pé do ouvido de Lupin enquanto dançavam.

_ Nosso afilhado? – sussurrou em resposta o lobisomem.

_ Nosso, sim! Por que você está pensando em outra para apadrinha-lo com você? – protestou a auror parando de valsar repentinamente.

_ Por certo que não! Você é a única “Ninfa” de que eu preciso e quero. Quanto a sua observação, devo acrescentar que a curiosidade afetou muito mais gente do que apenas eles. Ao que parece o NOSSO – frisou bem a palavra coletiva – afilhado se tornou o centro das atenções.

_ Boa hora para as apresentações, não concorda lobinho? – provocou marota Tonks.

_ Concordo plenamente, Nimphadora. Será bom para ele conhecer os futuros colegas grifinórios.

Conduzindo a namorada gentilmente pela mão, Remus aproxima-se discretamente, não o bastante para despistar o interessante insaciável do “trio de ouro” de Hogwarts e Ginevra Weasley. Sem maiores subterfúgios, o último remanescente dos marotos inicia o assunto:

_ Então, como vão? – pergunta como quem não quer nada.

_ Tão bem quanto o possível, Remus. E você, muito trabalho na Ordem? – responde Harry.

_ Há mais do que podemos dar conta. Com o Ministério totalmente perdido e inutilizável, somos como baratas tontas tentando adivinhar e paralisar os movimentos de Voldemort. – entristece o homem.

_ Se é sério o que o professor diz, o Ministério está mesmo a um passo de se render! – amedrontou-se Hermione.

_ Hei, as coisas estão bem ruins, mas ainda não jogamos a toalha! Sempre haverá quem seja fiel a Dumbledore e a você também, Harry! – animou-os Tonks.

_ A-a Mim? Er...Eu não sei o que dizer...Hum! Obrigado de qualquer forma. – congelou o menino eleito.

Pessoas fiéis a ele? Oh, isso sim era uma grande novidade, tanto mais quando provinda de residentes do Ministério de Magia Inglês que durante toda a sua vida bruxa trataram-no como melhor lhes conviu. Agora acreditavam, muito além disso, eram leais a ele...Analisando criticamente a afirmação da acompanhante de seu antigo mentor, Harry deu-se conta de que dentro de toda a estrutura política corrupta e oportunista do Ministério, nunca lá dentro lhe faltaram aliados. Olho-tonto, Arthur Weasley, Tonks eram provas incontestáveis disso.

_ Bom, eu sei quem sabe e tem muito a lhe dizer, garoto! Minerva quer muito conversar com você, Harry. Ao que tudo indica trata-se de algo a respeito do saudoso Dumbledore. E como eu sei que é impossível manter segredos entre os quatro, creio que ela não fará objeção em falar a todos. Ah! Eu também gostaria que vocês conhecessem uma pessoa... – concluiu em tom misterioso Aluado.

Rony e Harry se encararam e sem nem pestanejar pularam das cadeiras, sendo seguidos por Hermione e Gina, que não disfarçavam a curiosidade sobre os assuntos e a identidade do convidado que logo seriam descobertos.

Ao estarem a uma mínima distância da mesa em que, estranhamente, uma professora McGonagall dialogava entusiasmadamente com o então, pelo o que as meninas confirmaram por elas mesmas, atraente desconhecido. Hermione foi a primeira do grupo juvenil a reparar nos trajes dele. Eram formais sim, todavia, a moda trouxa. Calça, camisa e um peculiar blazer preto, quebrando a tendência de terno e gravata adotada pela maioria masculina da festa. Destacando-se também pela morenice que provava ser nata, os cabelos tão pretos quanto à vestimenta, eram encaracolados com cachos espessos que caiam cobrindo-lhe quase por completo a nuca. Pela combinação negra, o olhar de um azul, clássico, vivo ganhava intensidade. Outra singularidade da figura eram os incomuns colares: um prata de família e um patuá de crença. Pulseiras e anéis delineavam o enigma em torno do rapaz que não deveria ultrapassar os 16 anos. Mais em órbita, Hermione como veredicto final, em conjunto com Gina, decretou que aquele quase 1,80 impressionava sim, senhor, sim senhora!

_ Prazer em revê-lo, Potter! Prazer redobrado ao perceber que o senhor está bem. – cumprimentou a professora grifinória.

_ Digo o mesmo, professora McGonagall. Pena que o bem eu deixo por conta de suas impressões. – respondeu abatido o eleito.

_ Devo concordar que nenhum de nós está gozando de suas plenas forças e humor. E é justamente sobre esse difícil assunto que eu venho ter com vocês. Harry, Dumbledore lhe deixou algo estritamente precioso e importante.

O rapaz mencionado pasmo pela revelação olhou para cada um de seus inseparáveis e mais singelos aliados e com dúvida se remendava ou silenciava pela continuação de sua mestra; sorriu compelido e permitiu uma vez mais o sutil entrelace de mãos, sua e da irmã de melhor amigo. A aliança cálida e calma contendo a eternidade naquele segundo intocável por receios ou interrogações.

O dispersar coletivo foi quebrado pelo som estridente e incômodo de uma cadeira sendo arrastada e um corpo se levantando:

_ Vixi, que por esse aperreio todo a prosa deve ser séria por demais! Oxi, eu vou tomar o meu rumo e deixa cês sossegados. – o afilhado do lobisomem dá as costas aos sete e antes que alguém pudesse protestar ele, maroto, se vira – Ah! Minerva, esquece não da nossa dança, hein!

Pela inédita vez em sete anos desde que adentraram ao castelo de Hogwarts, e necessariamente, a casa da Grifinória, os garotos encontraram um rastro de constrangimento disfarçado na face levemente rosada e corada da diretora da casa de todos ali. Fosse quem fosse aquele estranho e até petulante apadrinhado por Lupin, ele não era normal, ele, em verdade, era terrivelmente insano! Rony teve que se segurar e levar alguns básicos beliscões de uma “caridosa” Hermione para não perder a compostura e rir do acanhamento da respeitável bruxa a sua frente.

_ Como eu estava lhe informando, senhor Potter...Há pouco mais de quatro dias soube através de um quadro de um dos falecidos diretores de Hogwarts que algo surgiu do nada na sala de Dumbledore e era destinado a você. – sem piscar ou respirar, exagerando em termos naturais, os jovens decoravam cada palavra ou suspiro da professora – Prontamente, eu lhe entregaria tal “presente” senão fosse um impedimento, quiçá, aos seus olhos, inconveniente.

_ E o que seria, professora? – perguntou sem pestanejar Harry.

_ Desde o enterro de Alvo, a sala dele foi, como direi...Intocada! Nós do corpo docente achamos que seria um absurdo viola-la. Modifiquei meu pensamento exclusivamente para poder lhe repassar o artefato como, supôs, ser à vontade de Alvo. Contudo, o empecilho a qual me referi corresponde à impossibilidade de se penetrar nos aposentos de nosso finado diretor.

_ Peraí! A senhora quer dizer que não conseguiu entrar na sala de Dumbledore!?! – trocou em miúdos a incapacidade narrada pela ilustre feiticeira.

_ Exato, senhor Weasley! Aparentemente com a morte de Alvo a sala ficou selada. – e antes que Harry proferisse qualquer ruído, ela prosseguiu – Escapando por um único e crucial detalhe: pelo que me foi relatado, cabe apenas a você, Potter, a reabertura daquele aposento. – encerrou a explicação.

_ Mas...Mas, com todo respeito, professora McGonagall, como a senhora crê que o Harry saberá abrir a sala? – questionou Hermione.

_ Perspicaz como sempre, senhorita Granger! Sinto lhe desapontar, não será por mim que o senhor Potter achará a chave, por assim definirmos, para a diretoria. Mas, estou segura que antes de partir Alvo deu pistas ou conselhos valiosos indicando a trilha a ser seguida. Também compreendi que no momento adequado tudo fará sentido, por enquanto nos resta aguardar e apreciar essa magnífica festa!

_ Você está coberta de razão, Minerva! Harry, por hora fique tranqüilo, sim? Quando retornarem a escola terão tempo suficiente para averiguar toda essa história! – apaziguou os ânimos, Remus.

Harry, Ron e Hermione buscarem-se aflitos pela tênue afirmação do membro da Ordem. Voltar? Interinamente, esse é o que mais cobiçavam, no entanto, haviam combinar de abandonar tudo pelo busca desenfreada pelas horcruxes. E agora a encruzilhada: Hogwarts ou a Guerra? Apesar dos pesares, o ruivo e a menina “nascida trouxa” tinham plena consciência de que essa decisão era de inteira responsabilidade do garoto profetizado. E na esperança de alguma paz para refletir tais questões, Harry Potter momentaneamente afrouxou o laço invisível que sustentava a sua mão permanentemente ligada a da pequena Weasley e afastou-se.

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_Venha cá, meu gato. Há quanto tempo você não faz um chamego na sua adorada madrinha? – pediu uma manhosa Nimphadora Tonks.

_ Oh! Isso tudo é saudade, meu cheiro!?! – brincou o rapaz.

_ Saudade e irritação! – disse ela entre um abraço e um tapa na cabeça dele – O que deu em você pra sair daquela maneira?

_ Odoiá, minha protetora, Iemanjá! Deixa de ser abestada, arre, madrinha. Sai de lá, porque, ué...Porque pelo que eu assuntei a prosa ia ser importante e sigilosa. – reclamou o adolescente.

_ É, sigilosa! Você me ouviu pedir para que você se retirasse? Eu queria apresentar você ao Harry e os outros. – justificou Remus.

_ Ah! Sossegue, viu padrinho? Deixe que eu mesmo me apresento. – sorriu matreiro.

_ Hum, então devo supor que você irá falar com ele? – desconfiou o homem.

_ Com elas, padrinho, com elas. – disse dando as costas aos dois enamorados.

_ Você me saiu a cópia idêntica de seu pai, garoto! E como ele, você não presta! – debochou Tonks. – LEMBRE-SE MUITO BEM do que eu lhe contei sobre as garotas! – implicou Lupin.

_ Ei, deixa pra mim! – piscou virando-se para eles.

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Com passos curtos e tranqüilos, o rapaz aproximou-se sorrateiramente a mesa em que um solitário Harry Potter aparentava refletir sobre o recém conversado e duas gralhas ranzinzas discutiam a meia voz a fim de não perturbar ainda mais o amigo, necessita-se que eu venha expor os dois brigões!?! Certamente não, porém, como esta tratasse de uma narrativa composta por palavras escritas, apresento-os: Hermione e Rony.

O moreno parou e, contrariado, levou as mãos a cabeça e seu pensamento vôo para as “recomendações” de distância para com as meninas, que ao ver do professor e seu tutor eram “praticamente” comprometidas.

_ Eles se conhecem há sete anos e esse ruivo não tomou nenhuma iniciativa! E, oxi, ainda dizem que baiano que é lesado! – murmurou sua indignação.

Com a guerrinha particular dos melhores amigos de Potter em temporária trégua, o atrevido achegou-se descaradamente a Hermione, sendo fulminando pelos olhares e palavreados nada amigáveis do menor dos homens Weasley.

_ Atrapalho? – disse ele sorridente.

_ Definitivamente, NÃO! – saboreou o momento a filha dos Granger, enquanto via pelo canto dos olhos o faiscar raivoso do amigo anfitrião.

_ Que bom! Então, quer dançar? – sorriu ainda mais o arretado jovem.

_ E porque não? – ousou ela.

Segurando levemente a mão de Hermione, o rapaz levou-os até o meio da pista de dança e dando prosseguimento ao alfinetar dela:

_ Você não se lembra de mim, não é?

_ Eu deveria? – diz Hermione entre um passo e outro de música. Ele dá de ombros e a instiga com tal atitude. – Se você me der algumas pistas...

_ Eu deveria? – brincou ele e como recompensa um belo beliscão – Oxi, ta, ta eu digo! Vamos ver...Hogwarts...Torneio Tribuxo...Baile de Inverno...Vi-... – foi cortado pelo abraço saudosista dela.

_ JOÃO PEDRO?!? – acertou ela pulando no pescoço do enfim, revelado.

_ Exato! João Pedro Andrade...Em carne, osso e muito axé!

_ Me-meu Deus! Como...Er...Digo, três anos! Nossa...Desculpe, eu não, não ter te reconhecido logo...Eu...Espera, então você é o afilhado do Lupin? Mas, como? – desgovernou-se a garota.

_ Vixi, não se aperreie, não! Uma coisa de cada vez...Sim, eu sou o afilhado dele...E eu também descobri isso não faz muito tempo...Pra ser franco contigo, Hermione, a minha vida deu muitas voltas nos últimos tempos. Mais voltas do que eu pude acompanhar... – diz João abaixando o rosto pela tristeza, quiçá, pelas lembranças virem a tona.

Hermione ciente de que tais confidências seriam adequadas para desabafo, em um momento próximo, no entanto, não no presente...E comovida por uma emoção distinta, cessa a dança para abraça-lo, abraçar não a um velho conhecido, e sim a um alguém que de algum modo sofrera privações, o que ela sentia que estaria reservado a seu futuro.

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_ Vocês estão vendo isso? – bradou Rony ao depositar com força o seu copo na mesa em que estavam ele e Harry.

_ Isso o que? Ah! – ironizou Gina ao ver ao longe sua amiga abraçada ao afilhado de Lupin – Pelo menos um garoto que sabe o quer! Você poderia aprender algo de útil com ele, Ronald! – mirou a fúria personificada em seu irmão – Ou melhor, acho que os dois poderiam aprender! – foi a vez dela de alfinetar o ex-namorado.

_ O que você quis... Ginevra! Volte aqui... – chamou inutilmente, já que a caçula estava a metros distante – Garotas! Eu ainda não acredito que Hermione me deixou falando sozinho para dançar com aquele ali! Eu bem que falei que...

_ Que deveríamos ficar de olho nele! Eu já entendi, companheiro. Mas, acho que ele lhe fez um favor, vê quem vinha tirar a Mione para dançar!?! Era ele ou Krum. – esclareceu um estranhamente risonho Harry.

_ Hã!?! Hum, talvez ele não seja tão ruim assim... – coçou a cabeça o confuso ruivo.

_ De qualquer forma ele é afilhado de Remus... – disse ele meio distante

_ É cara, você deve estar certo! Que felicidade instantânea é essa? Peraí, tem haver com a minha irmã? – se alterou Ronald.

_ Er...Pensei que você já havia superado essa fase. – descontraiu em vão o garoto Potter – Só brincando, Rony! Você sabe que abrir mão da Gina foi uma das coisas mais difíceis que eu fiz na vida. – entristeceu.

_ Foi mal, cara. Apenas quero evitar o sofrimento dela e achei que de alguma forma você pudesse estar iludindo-a, mesmo que sem querer.

_ Fique tranqüilo quanto a isso. – afirmou, desanimado. – Eu costumo cumprir minhas promessas, sabe? – sorriu cansado e pesaroso.

_ Com certeza, Harry! E quanto ao que a professora McGonagall nos contou? Quero dizer, o que você decidir, nos te apoiaremos. Por certo que retornar a Hogwarts é tentador, mas se for o oposto enfrentaremos juntos!

Foi como uma balde de água fria e morna em mistura. Renovar o compromisso de segui-lo aonde quer que fosse, era reconfortante ao nível da possibilidade de voltar a escola, seu eterno refúgio. Adiar o confronto direto aos planos de Voldemort, era como um fôlego tomado em meio ao furacão em que se tornara sua atual realidade. Silenciosamente sua resposta aflorou a um gesto singular de cabeça. Ronald, seu melhor amigo, seu maior e mais fiel escudeiro, não precisou de palavras ou gestos mais complexos para compreender que ele queria e necessitava urgentemente de solidão. A decisão a ser tomada era crucial, crucial...Ao formular a certeira constatação sobre seu respectivo interlocutor, volveu o olhar a sua, então, melhor amiga que ainda bailava, agora alegremente, com o desconhecido. Coincidentemente, ou não, além de Harry, ele também tinha sua escolha crucial pendente. Era hora de agir, era agora ou nunca.

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João Pedro Andrade, o misterioso afilhado de Remus Lupin, enfim, estava livre de sua couraça. Fora identificado! Não que fizesse questão de se manter à surdina, porém, coube-lhe melhor essa sentença. Em meados da sexta música sendo par da conhecida Hermione, ele flagrou a impaciente figura de Ron Weasley os fitando a cada findar de canção. Seguindo as incansáveis recomendações de seu padrinho nada sequer mencionou indiretamente a garota, ele estava reservando seus galanteios para uma vítima já avistada na multidão de convidados.

_ Vixi, to morto! Que tal uma pausa? – assuntou João Pedro.

_ Pedindo arrego, Jota?

_ Oh! Resgatou o meu apelido? Realmente, acho que você está recuperada da amnésia, Hermione Granger. – revidou ele.

_ Eu tenho desenvolvido uma certa afeição aos apelidinhos “carinhosos” da sua querida Lilá. – referiu-se também ao odioso Won-Won inventado por Lavander para Rony, seu antigo paquera.

Com um gesto de dedos, João Pedro despediu-se de seu eventual par dançante cedendo espaço para a ação do afobado Rony.

_ Hermione! – falou Ron em tom de urgência, ela o mirou derrotada – Estive pensando se eu deveria agradecer ou simplesmente azarar esse cara, esse afilhado do Lupin. – satirizou.

_ Ron, por favor, che... – suplicou ela sendo interrompida.

_ E conclui que, primeiramente, eu deveria cumprimenta-lo por me poupar de uma cena tão deprimente como seria você dançando com o “Vitinho”. Por fim eu iria azara-lo mortalmente... – ela fez menção de falar, ele a calou recostando sutilmente a mão aos lábios dela – Caso você tenha gastado todas as suas energias dançando com aquele lá.

_ Oh céus! Onde está o cretino que atende pelo nome de Ronald Weasley? – sorriu ela divertida.

_ Ei! – zangou-se fingidamente ele – Eu vou ficar encabulado se você continuar me elogiando assim em público! – entrou no jogo o ruivo.

_ Isso foi uma ironia? Graças a Deus, ele voltou! – rebateu Hermione.

_ Eu gostava mais quando você era CDF, SÓ CDF. Importaria-se de nos limitarmos a dança? Claro, se o seu par não se importar.

_ O João não é meu par e nem se importa. E se ele se importasse, não importaria nada. Porque o que importa é que eu não me importo nenhum pouco em dançar com você, Ron. – corou ao confessar.

_ Graças a Merlin, ela voltou!

Hermione bem que tentou belisca-lo duas, três vezes, entretanto, desistiu ao sentir o cálido e compassado abraço e passo de valsa de seu melhor amigo e “amor”. Apesar das falhas cometidas por ambos, dos impasses e fases daquele complexo e conflituoso sentimento, era evidente o quanto se queriam bem, um bem querer maior que a amizade que os tomava desde a inocência de seus onze anos. Em verdade, em verdade, vos digo que a epopéia daquela paixão era a última demonstração do amor pueril e infantil, o último indício da menina que brincava de bonecas e do menino que domava as primeiras jogadas de quadribol. A última adoração no Mundo da Lua daqueles que estavam fixados com pés em um mundo em guerra, e com os corações em um Mundo ainda de Faz de Conta. Hermione fazia de conta que não se fascinava com a postura e a desenvoltura impecável dele e Rony fazia de conta que não estava entregue aquele sorriso. Eles faziam de conta desejando ardentemente que o conto deles obtivesse como final um viverão felizes para sempre.

***************

_ E ai, Harry! – saudou de longe o Jota.

_ Harry!?! Eu lhe conheço? – surpreendeu-se pela intimidade, Harry Potter.

_ Oxi, foi mal herói! Eu nunca vou me acostumar com esse costume besta de cês, ingleses, de tratar todo mundo pelo sobrenome. Sou João Pedro, afilhado de Remus. – apresentou-se formalmente.

_ Ah! Eu queria mesmo conhece-lo...Antes, o Lupin comentou que queria nos apresentar a você, mas...Tivemos alguns contratempos! – “explicou-se” Harry.

_ Vixi, sossegue homi! E então...Potter...Aproveitando a festança?

_ Er...Sim, sim e você...Jo-ã...? – gaguejou pela sonoridade diferente da palavra.

_ João Pedro! To pra melhor esse aproveitamento...Se você puder me falar um nome... – apontou para uma jovenzinha loira tão exuberante quanto Fleur.

_ Tem certeza? Aquela ali é a irmã da noiva, Gabrielle. – exclamou surpreso ao ver à ponta de interesse do rapaz em uma garota, excluindo sua melhor amiga.

_ Valeu! – disse João se dirigindo ao meio da pista – E Potter, sabe como é, dizem que até os heróis se divertem. Afrouxa um pouco a gravata, compadre!

Afrouxar a gravata, sem sombra de dúvida Harry entendera o recado do amigo recém-feito. Seguir esse conselho exigia muito mais do que desfazer o incomodo nó que quase o enforcava, era meramente abandonar, temporariamente, as responsabilidades que pendiam-lhe em ombros e usufruir plenamente da companhia daqueles que lhe queriam a salvo e inteiro. E, astutamente, ele definiu quem poderia guia-lo nessa tão perigosa missão.

_ Er...Gi-Gina... – cutucou-a Harry,

_ Oi! Harry, algum problema? – assustou-se a menina ao ser chamada por ele.

_ Preciso de sua ajuda urgentemente...

_ Agora? – ele instintivamente fez que sim com a cabeça – Se não tem remédio, diga. – disse ela rindo a ele como se o encorajasse.

_ Gina...Hum...É...Como é que se diz eu te amo!?! – gaguejou em anos o menino eleito.

A única filha de Molly e Arthur permaneceu estática, perdida em tempo e espaço distintos do qual era realizado o casamento de seu irmão. Mirar aqueles olhos verdes, já era pelo todo poderoso Merlin, tortura em demasia, agora ouvir aquela declaração frágil e simplória em articulação e vasta em persuasão era com certeza sua queda, sua criptonita. Pelo mutismo eterno dela, Harry se viu na obrigação de articular a mandíbula novamente e proclamar de uma vez todo seu fanatismo por aquela pequena diva de cabelos cor de fogo.

_ Hã...É...Bem...Eu acho...Não, não...Eu percebi...Quero dizer, todos pareciam perceber...Mas, não, não que eu não tivesse notado e assumido...Você entende, é que...Oh! Hum, ok! – respirou fundo, estar com ela a sua fronte era uma paralisia maior do que a de ter um dementador plantado em seu caminho – Não é fácil dizer isso, só que, eu acho extremamente injusto você desconhecer algo que o mundo já deu por certo há tempos...Nessa confusão toda eu, eu quero simplesmente te contar que esse cara, o João Pedro...

_ João Pedro? – cortou ela totalmente perplexa diante do despejo de informações desconexas.

_ O afilhado do Lupin...O cara me viu uma vez e nossa, indiretamente deu a entender que sabia da gente, talvez...Talvez o próprio Remus tenha dito a ele, o que eu acho improvável...Porque se for isso, será como se o mundo estivesse sempre um passo a minha frente...E eu não quero que você escute por terceiros, e eu tenho certeza que mais cedo ou mais tarde você acabará sabendo...Que, que eu te amo...É isso! – suspirou ele aliviado.

_ Que eu te amo...É isso! Que porcaria de declaração é essa, Potter? – descontraiu ela ao diagnosticar as intenções do rapazote.

_ Você pensou o que? Eu reconheci que precisava de ajuda... – sorriu plenamente Harry ao abraça-la e reencontrar o seu caminho particular para o céu.

Instantâneo, exato e estrondoso. O tipo de emoção que não se repete, que não se mede. O tipo de coisa que mexe conosco e evapora sem deixar rastro algum. Aquele tipo de sentimento que acontece com poucos felizardos, aquele típico amor correspondido. Como era magnífico retornar ao seu pedaço privado de paraíso, como era espetacular sentir aquilo tudo na fração insignificante temporal que corresponde a um beijo.

_ Da próxima vez, Potter – falou ela apoiando a mão no tórax dele – Tente flores ou chocolate.

_ Oh! O básico...Foi patético, não foi? – escondeu o rosto com uma das mãos.

_ Hum, quase! Foi mais para a situação casual que se torna romântica. – revelou Gina dando um singelo beijo no rosto dele.

_ Razoável para um novato...Ah! Eu volto logo, tá? – avisou Harry depositando um selinho nos lábios dela.

Harry se distancia alguns passos com a felicidade estampada em sua face, possuía uma idéia um tanto quanto lunática que insistia em por imediatamente em prática:

_ Senhora Weasley. A senhora tem um minuto? – solicitou seus préstimos.

_ Oh claro, querido. – respondeu a agradabilíssima senhora.

_ Eu poderia retirar uma das flores dos arranjos? – encabulou-se pelo estranho pedido.

_ Fique a vontade, Harry. Uma flor não fará falta alguma.

Ele, complacente, sorriu e no que se propunha a cumprir o caminho para junto de Gina, dispersou ao avistar João Pedro lhe acenando positivamente tendo a seu lado Vitor Krum, de humor abalado pela constatação da interminável dança entre Rony e Hermione. “Da próxima vez tente flores ou chocolate”, recordou das palavras de alerta a tempo de furtar um doce da mesa.

_ Vem comigo! – murmurou ao ouvido dela e encaminhando-os a um lugar mais ermo. – Flor e chocolate! – disse estendendo a mão que estivera oculta.

_ Oh! Razoável para um novato! – surpreendeu-se a menina Weasley pela gentileza dele. – Não, Harry, calma! Isso não está certo. – ela o afastou repentinamente.

_ Por que? – disfarçou o constrangimento limpando os óculos na camisa social.

_ Eu que quero saber o por que da sua atitude. Por que essa mudança? – repousou a mão no rosto dele.

_ Não há mudança. Eu não mudei a minha decisão, vai acontecer uma guerra ai fora e eu não quero lhe envolver. Escuta Gina, não posso lhe prometer um futuro, sinceramente...Eu não posso lhe prometer nada, o que me resta é o aqui e o agora...

_ Shii! É o suficiente... – a garota calou-o com um beijo.

***************

_ Fantástico! Casamento de minha irmã e eu...Sobrando! Realmente, fantástico! – bufou a impaciente e solitária Gabrielle, adolescente de seus 14 anos.

_ Compartilhamos a mesma condição, então! – puxou a cadeira mais próxima, João Pedro.

_ Ora, quem você pen – brecou a menina ao se deparar com o belo desconhecido – Eu o conheço? – mudando drasticamente a fisionomia.

_ Oxi, ainda não. Mas, eu sei quem cê é. Gabrielle? – escorou o cotovelo na mesa apoiando a cabeça ali para analisa-la de perto.

_ Sim, e você? Hum, seu sotaque é diferente. Você não deve ser inglês! – seguiu cordialmente o dialogo.

_ João Pedro Andrade. É, eu sou baiano. Nasci no Brasil, já ouviu falar? – sorriu satisfeito ao poder ressaltar algo de seu país de origem.

_ Samba? – tentou pronunciar Gabrielle com um falar beirando a comedia.

_ Vixi, que cê acertou, menina! Bahia, minha terra, é praticamente o berço do samba. – retorquiu no mesmo tom – A menina só proseia sobre dança, ou dança também? – assuntou o galanteador.

_ Dançar o seu samba? – empolgou-se.

_ Vexe que não seria mal, não. Mas, por falta do meu axé, eu me contentaria com essa valsa. Que cê acha, Gabrielle? – reforçou o convite.

_ Fantástico! – agora no sentido correto e prodigioso do adjetivo.

Inusitado afirmar que em solos estrangeiros o estereotipo de boêmio sagrou-se eficaz? Não mais do que quatro pés-de-valsas foram o bastante para despertar na irmã de Fleur a curiosidade a respeito da cultura tupiniquim. Se o primeiro contato dos nossos conterrâneos nativos deu-se com o homem branco, em oposição, a pré-adolescente obteve a descoberta do primeiro grau de envolvimento entre menino e menina através de um mestiço e altamente patriota afro-brasileiro.

***************

O dia fora atravessado e reservado a comemoração da união de Gui Weasley e Fleur Delacour, e pela primeira vez em meses ares de verdadeira felicidade preencheram a vida e a rotina daqueles que há tempos tiveram e têm tal espaço tomado por completo por tragédias e feridas.

A noite caiu sem muito tardar, todavia, com muito pesar. Desmanchar a cortina de alegria dos presentes era quase um sacrilégio. E fora exatamente esse o pensamento de Remus Lupin ao concluir que deveria convocar o “levado” afilhado para partirem para a casa dos pais de Tonks. O que acabou por mudar relativamente quando ele flagrou o ligeirinho aos beijos com a irmã da noiva! Para deteriorar definitivamente seu humor, as incessantes piadinhas de sua namorada com um apalermado consolo: “ao menos ele seguiu as suas instruções”. Como a mesma havia vociferado pouco antes: “ele não prestava”.

_ Remus, Tonks. Tão cedo! Vocês têm certeza que não podem ficar mais? – lamentou Molly pela despedida. – Eu acredito que esse rapazinho ficaria mais um pouco de muito bom grado.

_ Bem, em parte sim...Mas, de festança por hoje, oxi...To morto! – entregou-se João Pedro, ainda de braços entrelaçados com Gabrielle.

_ Absolutamente! O senhorito pena recebeu alta, não pode ficar abusando. – argumentou a Nimphadora.

_ Alta? – questionou um esbaforido e exausto Ron.

_ Não é que é, homi! Passei contra minha vontade uma temporada no St. Mungus. – confessou o afetado brasileiro recebendo como conforto um afago da inusitada acompanhante.

_ Vocês terão todo o tempo do mundo para conversar e se conhecer melhor em Hogwarts, vamos então? Ted e Andrômeda estão muito ansiosos para reverem o afilhado “quebra-galho” que a filha deles arranjou. – comunicou o descontraído maroto.

_ Hogwarts??? – pronunciaram em afinado coral Hermione, Ronald, Harry e Gina.

_ Oh! Que cabeça a minha, esqueci de contar a vocês. Atendendo a um pedido póstumo do próprio Dumbledore o João ingressará em Hogwarts, no sexto ano e de acordo com a avaliação da Minerva, será um honrado grifinório. – desejou enquanto falava o padrinho.

_ Meus parabéns, João Pedro! Apesar da problemática fase, a Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts é uma das mais conceituadas do mundo. – felicitou Arthur.

_ Obrigado Arthur, e obrigado a todos vocês por nos convidarem a essa maravilhosa festa. Nos vemos dia primeiro de setembro para o embarque, então? – despediu-se Remus.

Rony e Hermione volveram seus olhos e atenção para o proclame resoluto que Harry estava às vésperas de deliberar:

_ Como nos últimos seis anos, estaremos lá! – afirmou extremamente seguro de si, o menino-que-sobreviveu.

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