O Desafio



Harry trabalhava no computador, e um terrível cheiro de tinta impregnava a sala de estar, quase tomando conta do apartamento inteiro.

E pensar que acreditara que ficar uma semana na casa de Luna seria um refúgio adequado para trabalhar...

Enganara-se, sem dúvida. Se soubesse que haveria toda aquela problemática atual, jamais teria vindo. Já que Luna não sabia da permanência de Hermione no apartamento, se pelo menos Rony tivesse lhe dito algo, decerto ele teria ido para um apart-hotel ou um hotel qualquer para cuidar de seus afazeres.

Agora tudo o que via era Hermione, andando de lá para cá, pintando paredes aqui e ali. Ela parecia ainda mais graciosa e atraente que nunca envolvida na decoração, Harry não podia negar.

Ele forçou a vista para focalizar apenas a tela do monitor. Afinal de contas, necessitava de total concentração. Todavia, por mais que tentasse, seu olhar divagava. E a concentração almejada era dispersa a todo momento. Era difícil concentrar-se com uma figura delgada e esguia rodopiando pelos aposentos. Ainda mais quando ele a desejava tanto.

Hermione usava um corpete branco que deixava grande parte de sua barriga de fora na altura do estomago, e cada vez que passava o rolo de pintar nas partes altas das paredes, a peça subia um pouco mais.

Mas aquilo não era nada perto do short jeans azul desbotado. Como era curto! Seria provocação ou era o jeito dela mesmo?

Quando Hermione se curvava para despejar mais tinta no recipiente a seus pés, pouca coisa sobrava para a imaginação de Harry. Não era preciso mais imaginar, a visão era pura realidade.

As nádegas femininas eram perfeitas e arredondadas, tanto que ele tinha vontade de apalpá-las, massageando as curvas deliciosas. Os seios firmes e bem formados pareciam se oferecer para ele num convite explícito.

E o que dizer das pernas bem torneadas? Céus, aquilo acabaria levando-o à loucura... se é que já não estava meio louco.

Não agüentava mais, e tinha de encontrar um meio de deter os pensamentos eróticos.

Abriu os olhos e posicionou-se num ângulo de tal maneira que Hermione ficava fora do seu campo visual. Tinha que direcionar toda a energia para seu programa de computação. Aquele acordo poderia acabar com ele.

Se a configuração dos ângulos direitos fosse aumentada um mínimo, ele poderia alcançar uma solução para o problema que estava enfrentando no manuseio do programa.

O suave zunido de Hermione flutuou em suas figuras matemáticas, causando um embaralhado de números.

Aquilo não era trabalhar! Harry passou uma mão nervosa por sobre os cabelos negros. Hermione apareceu dentro de sua linha de visão... e parou.

Ele se inclinou para trás em sua cadeira giratória e a observou de soslaio.

Hermione limpou uma mancha de tinta em um dos rodapés, agachando-se, e Harry pôde apreciar as pernas longas, delgadas e sensacionais.

Era demais! Acabaria sucumbindo. Não era justo o que o destino lhe aprontava. Aquela exposição de partes do corpo curvilíneo e sensual iria mandá-lo para o manicômio.

Não pôde evitar imaginar aquelas pernas entrelaçando-se em sua cintura, puxando-o para ela, pressionando-o contra seu ventre, cada vez mais forte, em contrações contra sua excitação poderosa. E ele contendo-se para não explodir de prazer antes do momento exato.

Harry sentia que a testa gotejava de suor. Tinha medo de que Hermione tivesse ultrapassado seu status amador. Ele transpirava e esforçava-se para voltar a tenção para a tela do monitor. Mas não conseguia. Era inútil. Na realidade, achou que , se afastasse a cadeira giratória para um pouco mais longe do computador, conseguiria enxergá-la muito melhor.

Com o conto dos olhos, arriscou uma outra olhada para Hermione. "Não faça isso!", ordenou a si mesmo, contrariado. Pigarreou e mudou de novo de posição. Melhorou. O contorno de um armário impedia-o de vê-la.

Hermione se esticou para alcançar um dos cantos superiores do mesmo armário. O corpete branco tornou a se erguer, desnudando ainda mais a pele macia da barriga.

Harry podia ver o interior do sutiã. Inclinou-se para trás. A cadeira em que estava sentado vacilou, e ele soube num breve minuto que ia cair e não havia nada que pudesse fazer, exceto sentir-se um completo idiota.

Assim desabou no solo, com estrépito.

- Você está bem? - Hermione pôs o rolinho de pintura na lata de tinta e correu para o lado dele.

Quando se abaixou para ajudá-lo a se erguer, seu corpete branco abriu-se, e Harry viu o sutiã de renda branca em sua totalidade. "Bem, devo admitir que a queda valeu a pena."

- Estou bem - murmurou, sem fôlego.

Quando começou a levantar-se, Hermione segurou-lhe a mão, e seus dedos, estavam tão quentes que Harry sentiu-se como se estivesse ardendo em febre.

- O que aconteceu? - Hermione falava com incrível doçura.

Harry experimentou uma leve tontura quando ambos os corpos se roçaram no momento em que ela o conduziu em direção ao sofá. E aquela sensação era conseqüência de desejos refreados com sacrifício, ele sabia.

Tentando dar rumo ao raciocínio desordenado, Harry improvisou uma resposta:

- Hum... Eu estava tentando pegar um lápis que caiu, mas acho que estendi demais o braço. A cadeira giratória escorregou, e eu acabei caindo.

Talvez ela acreditasse em sua desculpa esfarrapada.

- Sente-se no sofá, Harry. Você bateu a cabeça? Será preciso levá-lo até um pronto-socorro? Creio que até neste prédio haja uma sala de emergência.

- Não é necessário. - Harry adorava vê-la preocupada com seu bem-estar. - Acho que apenas fiquei um pouco atordoado por um instante.

Ele se sentou, descansando contra uma almofada. Um suspiro profundo escapou-lhe da garganta quando a proximidade dela invadiu seus sentidos.

Aquela aproximação íntima lhe era mais dolorosa do que o aturdimento rápido que sofrera.

- Deixe-me ver. - Hermione enfiou os dedos entre os cabelos escuros de Harry, verificando se o crânio não sofrera nenhum dano.

Em seguida, massageou-lhe de leve a cabeça, enquanto uma leve queimação tinha início nas entranhas de Harry. Se Hermione continuasse, ele entraria em combustão. Por isso, tentou de todas as maneiras disfarçar seus gemidos,mas não teve sucesso.

- Você está machucado, Harry. Em minha opinião, deveria ir a um médico. Nunca se sabe...

- Não é necessário. Juro. Sinto-me bem.

Aquilo não podia ser interpretado como uma quebra da promessa feita à Luna. Afinal, eles não estavam fazendo amor. E se Harry de fato quisesse sucumbir à intenção dela, era Hermione quem o seduzia. Não havia a menor dúvida.

- Quero apenas me sentar aqui por um instante até que a tontura passe.

- Você está tonto? Atordoado? – Ela ficou ainda mais ansiosa.

Harry fez que sim. Tudo bem, então mentiria apenas um pouco sobre a parte da vertigem. Uma mentirinha boba e inocente.

- Você podia ter sofrido uma concussão. Mas não sinto nenhum calombo em sua cabeça.

Hermione moveu-se no sofá e inclinou-se para mais perto. O perfume doce o envolveu por completo, inebriando-o.

Harry abriu os olhos. Os seios dela estavam logo ali, mexendo-se bem diante de seu rosto. Podia até ver o contorno dos mamilos quando fizeram pressão contra sua camisa.

Ele temeu desfalecer de tanta excitação.

- Ao que tudo indica, está tudo em ordem, graças a Deus – disse Hermione. – Não, não sinto nada fora do normal.

- E seus ombros? Como estão? – ela quis saber.
Hermione moveu as mãos sobre ele. Apertando e tocando. Verificou os braços, deslizando as palmas de modo provocativo por seu peito, depois para os quadris, balançando-o e fazendo com que o tecido do abrigo o roçasse e o excitasse ainda mais. Quando ela tocou-lhe as coxas, Harry não pôde mais suportar a sensacional tortura que lhe infligia.

Aquilo era demais. Insuportável. Pior que tortura chinesa, por assim dizer. “Será que ela pensa que não tenho sangue nas veias?! ” Era um homem, ora bolas, e cheio de saúde e paixão.

Agarrou os pulsos dela, segurando-os firme.

-Estou bem. Pode crer no que digo.

Um olhar intrigado faiscou nas pupilas dela.

- Tem certeza absoluta? – Hermione o fitava como uma gata gulosa. – Posso beijar o local da cabeça onde você bateu, como se faz com as crianças. Juro que se sentiria melhor.

Harry ofegou, imaginando onde os lábios dela pousariam. Hermione era uma rápida aprendiz no jogo de sedução, mas se esquecera de uma regra importante: eram necessários dois para se jogar.

Ele olhou para o alto da cabeça dela, então examinou-lhe as faces e percorreu os seios. O calor daquela inspeção pareceu acariciá-la. Mas Harry não a tocou. O corpo de Hermione tremia desassossegado.

-Estou certo de que você poderia fazer algo ainda melhor. – sussurrou ele, rouco.

Entreolharam-se. Harry passou o indicador sobre os lábios dela, quase perdendo o controle quando a língua de Hermione lambeu a ponta. Sem considerar as conseqüências, puxou-a para seu colo e baixou a boca até beijá-la com desespero.

Hermione tinha o exato gosto que ele imaginara. E era ardente, como se uma labareda queimasse em seu interior. Um fogo que deveria, no entanto, ser extinto.

Ela se aconchegou-se com mais intimidade e confirmou uma das suspeitas dele. Era uma mulher que gostava de se aconchegar.

Mas quando Hermione baixou a mão entre seus corpos, Harry logo opôs resistência. Os lábios dela emitiram uma lamúria de protesto.

A razão, mais do que a luxúria, trouxe-o de volta à realidade. Por isso, interrompeu o beijo.

Hermione descansou a cabeça contra o tórax largo. Harry queria continuar, experimentando-a, afagando-a.

Naquele exato momento esteve prestes, por um triz, a quebrar o juramento.
- Você me quer... Admita isso. – Hermione o encarava fixo.

As palavras soaram tão baixo que Harry quase não as ouviu. Sentiu-se inseguro. Como ser capaz de mentir e, assim, feri-la?

- Sim, eu te quero – por fim confessou. – E, para ser franco, quase com desespero.

Hermione suspirou aliviada e sorriu.

- Nesse caso, faça amor comigo.

Ela se recusou a encará-lo dessa vez, mas Harry pôde ver que ficou vermelha como um tomate. Ele teve a nítida impressão de que não era com freqüência que Hermione pedia a um homem que a levasse para a cama.

- Não posso – murmurou. – Não posso de jeito nenhum, Hermione. Acredite no que digo.
Hermione não o olhou naquele momento. Arregalou os olhos e saiu depressa do colo dele, pondo-se de pé. Sua expressão era da mais completa incredulidade.

- Pensei que você fosse um jogador. – Cobriu a boca com a mão. – Ah, não, você é gay! Sinto muito, Harry. Apenas pensei que com sua reputação... jamais poderia imaginar que tivesse atração por homens.

- Não sou gay – afirmou com veemência. – Um calor subiu-lhe ao pescoço quando ele se levantou.

- Tudo bem – insistiu ela. – Não se aflija. Não contarei nada a ninguém. Você sabe, neste mundo de decoração conheço inúmeros designers de interiores que são homossexuais, e aqueles que não se assumem. Aceito-os sem problema algum, e somos amigos sinceros. Aliais, um amigo gay é milhões de vezes melhor do que uma amiga íntima.

-Pare com esses argumentos bobos, Hermione. Não é o que está pensando. Fiz uma promessa a Luna que permaneceria afastado de você.

- Como é que é?! E por que, pelo amor de Deus, você fez uma promessa dessas?!

- Eu não a teria feito se soubesse que estaríamos alojados sob o mesmo teto. Acha que gosto de ser casto, tendo você se atirando em meus braços, num jogo de sedução que me tirou de órbita?

- Mas você não precisa ser casto. Queremos a mesma coisa. – Sorriu. – Nada mais do que sexo ardente e apaixonado. Você não gosta de encontros casuais?

Harry a afastou de si.

- Nada disso. Não quebrarei minha promessa a Luna.

Hermione voltou-se para o sofá e sentou-se, cruzando as pernas, parecendo provocante e indiferente ao mesmo tempo.

- Quer dizer que acha que poderá cumprir sua palavra por uma semana inteira? Duvido que possa cumpri-la por quarenta e oito horas.

O que faria?, pensou Harry, desesperado. Mesmo que sentisse que Hermione era principiante no jogo, era ousada demais e ele não poderia submeter-se àquilo.

- Você não pode me vencer.

- Quer apostar?

Harry franziu a testa, enquanto a estudava. Hermione o desafiava, sem sombra de dúvida.

- O primeiro a transgredir dentro de quarenta e oito horas perde.

- E o que apostaremos? – ela quis saber, com um sorriso maroto nos lábios.

- Se eu vencer, você ficará longe de minhas vistas pelo resto da semana.

Era o único meio de manter a sanidade, Harry concluiu.

- Mas como farei para decorar o apartamento de sua irmã, nesse caso?

Lê assumiu uma expressão pensativa e respondeu com orgulho de quem sabia achar soluções:

- Revezaremos em cada aposento. Você pode decorar um dos quartos enquanto eu estiver na sala e vice-versa.

- E se eu ganhar... você esquecerá a promessa que fez a Luna e nós faremos amor, certo? – Hermione quis se certificar.

- Não perderei, mas tudo bem, prometo fazer amor com você.

Com cada uma das palavras, a voz dele ia diminuindo até chegar a um sussurro, à medida que caminhava e colocava-se diante dela. Então, estendeu-lhe a mão.

Hermione engoliu em seco e deu um passo para trás.

- Sem toques – decidiu ela. – Pelo menos não nas partes importantes.

- Que eu saiba, cada pessoa tem suas partes vulneráveis ao toque. Essas que você chama de importantes. Tenho que saber quais são as suas.

- Os lábios, a nuca, o lóbulo das orelhas, os seios... É necessário descobrir mais?

- Pelo que vejo, sobra pouca coisa para a imaginação. Combinado, Hermione, mas você não pode fazer nada fora do comum, como desfilar nua pelo apartamento. Ou de camisola rendada – acrescentou, com um quê de cinismo.

- Combinadíssimo.

Aquela seria a aposta mais fácil que Harry já ganhara. Ele lhe daria vinte e quatro horas, e Hermione estaria pedindo-lhe que voltasse atrás. Imploraria para Harry recuar. Seria uma mamata. Ah, seria mesmo!








Logo...


Harry gemeu com o esforço que fazia ao arrastar a caixa com alteres de diversos pesos para dentro do apartamento. Quando alcançou o local do computador, estava com a respiração ofegante. Qual fora a última vez que se exercitara com pesos?

Um sorriso perverso aflorou em seu rosto. Que mulher resistiria a um homem levantando pesos? E extensores que deixavam o corpo brilhando com uma película de suor? Hermione desmoronaria. Não havia dúvida quanto a isso.

Deu uma olhada em volta na sala de estar. O relógio na parede era novo. Simples e bonito. Hermione terminara de pintar aquele ambiente também. Quando começara a pintura da parede, Harry meneara a cabeça em desaprovação... escuro demais.

Agora podia ver o quanto a cor marrom aquecera o cômodo. Como é mesmo que ela chamara aquela tonalidade? Sépia. Ele gravou o nome, pois recordou-se de que certa vez lera um romance de uma escritora chilena famosa que se chamava Retrato em Sépia. Para Harry, parecia mais mingau de aveia, mas ficara muito bom e combinava à perfeição com a mobília de Luna. Sua irmã iria adorar, tinha certeza.

Droga1 Não tinha tempo a perder admirando as habilidades decorativas de Hermione. Não sabia quando ela iria retornar. Se quisesse ganhar a aposta, teria de armar logo o palco e ir à luta.

Desencaixotando os pesos, posicionou-os perto do computador de tal maneira que pudesse apanhá-los rápido. Em seguida, encheu com água uma garrafinha de borrifar.

Por Deus, ele era bom mesmo! Hermione nunca deveria ter concordado com a recompensa da aposta. Tirou a camisa e colocou-a no espaldar da cadeira. Estava pronto para a luta. Pronto para o jogo.

Pelos vinte minutos seguintes, trabalhou em seu programa.

De repente, ouviu o barulho de uma chave sendo introduzida na fechadura.

Harry saltou da cadeira e borrifou-se com água. Atirando a garrafa pra o lado, pegou um par de alteres dos mais pesados e começou a erguê-los, cada um de uma vez, junto ao peito.

Fingia total concentração quando Hermione adentrou, depositando as compras no chão. Ela abriu a boca e depois, bem devagar, fechou-a sem emitir um único som.

Sucesso total, Harry concluiu. Atingira e cheio o ponto de admiração dela.

E uma boa coisa, também. Os alteres escolhidos eram pesados. Quando cursava o colégio, podia levantar aqueles pesos o dia inteiro sem nem quase respirar.

De soslaio, observou-a. Os olhos dela estavam estreitos, e as mãos, dentro dos bolsos.

- Boa tentativa – comentou Hermione, com sarcasmo.

- Desculpe-me, não entendi. – Tentou olhá-la com inocência.

Ela acenou o braço em direção a ele.

- Os pesos. Bela apresentação de músculos... a quantidade certa de suor. Usou uma garrafa d’água com spray ou esteve de fato fazendo exercícios?

Tudo bem, então ela não era a tolinha que ele imaginara. Agora Harry tinha de sair daquela enrascada.

- Eu sempre me exercito, Hermione. Adoro musculação. Ajuda a me concentrar. Minha exposição de músculos e pele a incomoda?

Ela sorriu candidamente.

- De modo algum. Coisas de homem... – Pegou o que parecia ser um pedaço de pano esticado sobre uma moldura de ferro batido e caminhou até ele.

“Não havia dúvida de que eu seria o vencedor!” Harry podia jurar que a visão de seu corpo erguendo barras de ferro seria demais para ela. Agora tinha de permanecer firme, ser forte. Não se render à súplica feminina para que fizessem amor. Não podia se esquecer da promessa.

- Achei que você tivesse dito que não poderíamos desfilar nus pelo apartamento... – Hermione parou a alguns metros dele.

- Não estou nu. Ainda visto a calça do meu abrigo de ginástica – argumentou, levantando o peso com a mão direita, depois, devagar, descendo o braço. Os músculos gritavam em protesto, mas Harry continuou sorrindo. – Por acaso eu a excito?

- Sem sombra de dúvida. – Hermione passou a língua pelo lábio inferior de maneira sensual. – Mas não o bastante para me fazer perder uma aposta.

Ela girou a moldura de metal até que ficasse na posição certa, de pé, e a desdobrou, transformando-a num biombo original que a escondia da visão de Harry, protegendo-a da tentação.

Harry arqueou as sobrancelhas e pôs os pesos no tapete, esfregando os braços.

- Poderia me dizer o que vem a ser isso?

- Não está vendo, Harry? Um biombo. Minha primeira idéia quando entrei aqui foi achar algo que escondesse a feiúra dos componentes de um computador.

- Ah! Entendi. Pensei que fosse para esconder um homem semidespido, exercitando-se com pesos. – Piscou, irônico.

- Se isso é tudo o que você tem – disse ela, do outro lado do biombo – pode muito bem desistir agora, porque não tem chances.

Ele perscrutou em volta da proteção de ferro enquanto ela agitava-se entre os pacotes, pegando um deles e seguindo para o quarto.

Incrível! Mesmo ouriçada, Hermione era graciosa. E o que pretendia, afinal? Ele vira as etiquetas dos pacotes. Lojas de grife, de velas... mas houve um que lhe sugeriu pensamentos eróticos: Prazeres Culposos era o nome do estabelecimento O que poderia conter aquele pacote?

A risada dele soou alta. Criatura insolente e atrevida... Hermione estava fazendo planos por conta própria. Quando foi a última vez que uma mulher o energizou tanto assim?

Harry teve uma idéia. Mesmo se perdesse... não, não perderia. Talvez pudesse ligar para Luna e pedir para quebrar o juramento feito. Não. Ligar para um cruzeiro decerto não seria muito fácil... ou barato. Só lha restava mesmo sofrer, pensou, resignado.




Hermione fechou a porta do quarto e encostou a cabeça contra ela. Quanto tempo mais teria que suportar? Como estava difícil resistir1 Aquele corpo reluzindo... Músculos contorcidos...

Mordiscou o lábio. Se mantivesse os olhos fechados e não se movesse, sua fantasia se tornaria real. Podia quase retratar. Harry caminhando seminu em sua direção. Um andar e porte belos, altaneiros e muitíssimo sexy.

Exalou um suspiro profundo, quase audível no apartamento todo.

Sua imaginação era fértil. Cada passo que ele dava, os músculos flexionavam. Harry parou a centímetros dela. Tão perto que Hermione pôde sentir o hálito dele fazer cócegas em sua face, o aroma próprio misturando-se a uma deliciosa colônia após a barba. Os olhos cor de esmeralda , penetrantes e profundos, fitando-a com intensidade. Harry baixou a boca e roçou-lhe os lábios com os dentes, momentos antes de beijá-la com sofreguidão.

Hermione entreabriu a boca para umedecer os lábios secos.

As mãos grandes começaram a explorar suas curvas. Tocavam os seios, apertando-os e massageando-os. Uma delas moveu-se mais para baixo, fazendo pressão no lugar onde ela ardia de desejo. Sua respiração acelerou quando Harry investiu contra ela.

Naquele momento, Harry bateu na porta.

A imagem torturante desapareceu, e Hermione acordou para a realidade, esfregando a testa e as pálpebras.

- O que você quer? – perguntou, com frieza.

- Tenho de correr para a loja. Precisa de alguma coisa?

- Sim, sexo – murmurou, sincera.

- Desculpe-me, não ouvi.

- Nada, esqueça. Não preciso de nada, Harry.

- Tudo bem. Então, até daqui a pouco. Não fique triste com minha ausência – brincou. – Se sentir muita saudade, ligue para meu celular.

Hermione quase falou: “Convencido! Prepotente!” Mas achou melhor fazer de conta que não escutara a provocação.

Minutos depois, a porta da frente se fechou e ela ficou sozinha. Deixou o aposento.

Por que fez aquela aposta tão tola? Sentia-se pior do que antes. Agora ainda tinha que agüentar Harry tentando seduzi-la. Um pouco mais dessa agonia e não sobreviveria nem mais um dia. Era capaz de jurar que, se ele a fitasse com um olhar apaixonado, alcançaria o clímax sexual sem mesmo ser tocada. Aliais, mais de uma vez.

Hermione deitou-se no sofá e esticou as pernas. Harry era engraçadinho... e charmoso. Ergueu os braços sobre a cabeça, sorrindo. Quase havia perdido o controle quando entrou na sala de estar e o encontrou levantando pesos.

Não, não sucumbiria. Deixando o sofá, ajeitou com as mãos as laterais da calça de sarja.

- Concentre-se. Pense em seu trabalho. Respire fundo. Expire – dizia a si mesma. – Relaxe.

A cor da pintura ficara melhor do que imaginara. No inicio, temeu que aquela tonalidade ficasse escura demais Assim como Harry. Ela não perdera a expressão de desgosto no semblante dele quando viu a lata de tinta.

Agora era preciso se concentrar nas cortinas. Telefonara para seu escritório e dissera a Parvati que queria o tecido com bordas desfiadas e estampa em tons de manchas de chá que acabara de chegar na semana anterior. E dera à assistente as medidas e o estilo, dando ordens de alta prioridade.

As cortinas, junto com o varão de ferro preto, chegariam dentro de alguns dias. Elas seriam perfeitas para as grandes janelas duplas da sala de estar. As janelas eram os olhos da sala, e Hermione nunca poupava despesas, decorando-as com a devida dedicação. Suas preferidas eram as de sacada, mas seria impossível reformar as daquele apartamento.

Quando Rony e Luna retornassem de lua-de-mel para iniciar uma vida nova, seu lar estaria caloroso, aconchegante e convidativo. Hermione tinha o espaço inteiro planejado, Um tapete persa com franjas, tipo oratório, diante da lareira, e outros de diversos tamanhos em sua gloriosa policromia, espalhados pelo assoalho.

Preferia diversos pequenos a um só grande, porque permitiam entrever as tábuas corridas em peroba do assoalho. Também disporia de quadros, de preferência abstratos, para contrastarem com a cor sépia da pintura. Vasos com flores naturais, pois detestava arranjos artificiais. Muitas velas perfumadas e coloridas para encher o ambiente com uma fragrância picante.

Sobre a lareira, não poderia se esquecer de suporte para incenso. Para contrastar com a mobília clean, moderna e de linhas retas, comprara em uma loja de antiguidades um par de mouros em mármore negro com seus braços direitos erguidos, segurando o par de tochas.
Evidente que necessitava de algo para deixar a sala com um aroma convidativo, pois o cheiro de tinta fresca permanecia forte.

Dirigiu-se para as janelas e as ergueu. Uma brisa suave soprou para dentro. Fechou os olhos por um momento e deixou a quentura invadi-la. Delicioso, mas era melhor desligar o ar-condicionado.

Quando alcançou o termostato, parou e sorriu, maldosa. Uma imagem se formou em sua mente. Era uma excelente idéia. Não era à toa que era designer de interiores. Sabia criar situações.

Dessa vez, ela o teria. Como Harry poderia ser capaz de resistir?

Desligou o ar-condicionado e ligou o aquecedor.



N.A.:Para todos que passaram um bom tempo esperando... Foi mal, galera! Eu tava tendo problemas para logar no site mas agora já tá tudo resolvido. Foi mal mesmo!!!




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