O 1° dia



Fechando os olhos, Harry encostou-se na porta do quarto e exalou um profundo suspiro. Mas de nada adiantou. A escuridão formada pelos olhos cerrados não escondia a visão de um pedaço de perna nua seguido por um braço também nu.

Suas pálpebras entreabriam-se pouco a pouco. Hermione estava gravada em sua memória, ela e sua estonteante beleza. Mas a imagem segurava um enorme leque de penas brancas, escondendo-lhe o corpo.

Hermione exibia-se para ele, provocando-o com um vislumbre de sua pele macia como a de um gato e branca como marfim. A curva das nádegas era arredondada, os seios fartos tinham uma rigidez que o enlouquecia. Quase não a ouviu chamá-lo:

- Harry, eu preciso...

Que coisa! Ela o estava chamando. Seus olhos abriram-se de vez.

- Só um minuto, por favor.

Harry se afastou da porta. Sua calça jeans ficara muito apertada, e ele quase não podia se mover. Evidente que não poderia aparecer para Hermione naquele visível estado de excitação. Olhou em torno.

A toalha de banho que usara antes agora jazia jogada sobre a cama. Apanhou-a, segurou-a diante de si e por fim girou a maçaneta.

- Precisa de alguma coisa, Hermione

O olhar dela pousou sobre a toalha e, quando o encarou, havia uma pergunta nos olhos castanhos.

- Sempre me exercito antes de ir para a cama – Harry tentou explicar. – Isso me ajuda a ter um
bom sono. Sabe como é, flexões, esse tipo de coisa.

- Isso explica por que você está suando – ela não perdeu a oportunidade de provocá-lo.

- Era só isso o que queria me dizer? – Harry de imediato s arrependeu das palavras rudes. Não queria começar algo com Hermione que não pudesse terminar, mas não pretendia amedrontar a pobre garota também. Assim, suavizou a entonação: - Desculpe-me. Deseja algo?

- Apenas vim aqui avisar que usarei o carro de Luna pela manhã, se você não se importar. Rony me disse que eu poderia dispor dele à vontade.

Ela fez um beicinho, ou aqueles lábios sensuais pareciam beijáveis o tempo todo? Harry afastou da cabeça os pensamentos traiçoeiros.

- Sem problemas, use-o. Vim para cá no meu próprio automóvel.

- Ótimo. Imagino que o verei ainda antes de sair, amanhã cedo. Boa noite, Harry. – Por um triz não acrescentou: “Durma bem e sonhe comigo”.

- Boa noite para você também.

Harry tornou a fechar a porta, atirando a toalha sobre o leito depois que a passou na testa.

Hermione estava certa. Ele transpirava como uma virgem num clube de strip-tease. Uma semana! Sete dias! Esse era o período durante o qual precisava se controlar Poderia fazer isso. Claro que poderia. Afinal de contas, era um homem ou um rato?

Tão logo ouviu a porta do banheiro se fechar, deixou o aposento à procura de um drinque qualquer. Teria de entorpecer o cérebro para poder parar de pensar nela e dormir um pouco.

Passou em frente ao banheiro O som da água caindo do chuveiro aberto soou em seus ouvidos. Imaginou-a nua sob a água quente.

“Não se atreva a ir lá!”, ordenou a si mesmo. “Não seja louco. Não ponha tudo a perder.”

Bloqueou o som e a visão de Hermione sob a ducha, e apressou-se em direção da cozinha. Quando já não escutava mais o ruído da água, respirou fundo.

Adentrou a cozinha e abriu o primeiro armário que viu. Depois mais um e enfim mais outro, tentando achar uma bebida possante para amortecer o raciocínio. Um uísque com cubos de gelo seria soberbo, pois vira sobre uma bandeja uma dúzia de copos de cristal apropriados para uísque on the rocks.

Irritou-se por não encontrar uma única garrafa de bebida alcoólica. Dirigiu-se então ao refrigerador e abriu a porta Encontrou garrafas de cerveja em uma das prateleiras Maravilha! Cerveja serviria também para o objetivo almejado. Mesmo que tivesse que tomar algumas delas. Pegou uma long-neck e torceu a tampa, atirando-a na lata do lixo.

Sorriu quando levou a garrafa até os lábios. A cerveja estava bem gelada, do jeito que gostava. Encostando o quadril contra o balcão, tomou outro longo gole, perguntando-se como pudera se meter naquela situação inusitada. Como era mesmo aquele velho ditado? “Cuidado com aquilo que você quer...”

Sem dúvida queria Hermione. Agora, naquele exato momento, ela deveria estar deitada no quarto ao lado do seu. Ele seria até capaz de ouvi-la rolando entre os lençóis. Hermione devia ser do tipo que se aconchega a um travesseiro macio, ou a um corpo sólido de homem.

Tomou outro grande gole. Tinha uma semana inteira para sobreviver à presença daquela linda mulher. Uma semana toda sabendo que a garota dos seus sonhos estava na mesma casa, muito, muito próxima.

E o pior: uma semana toda sabendo que tinha uma promessa a cumprir. Ele e Luna haviam até cruzado os dedos mínimos numa promessa solene. Aquele gesto era sagrado entre eles. Lógico, não houvera sangue para selar a cerimônia de juramento. Desse modo, Harry se perguntou se o acordo valeria de fato, uma vez que não selaram o pacto com sangue. E, do fundo do coração, esperou que não.

Naquele exato momento, a porta da cozinha se abriu.

Hermione apareceu e parou... surpresa.

- Perdão, não imaginei que estivesse aqui.

“Meu Deus, isso não é nada bom...” Harry apreciou cada centímetro do corpo feminino. A minúscula camisola de renda preta de Hermione era estonteante, porém, imoral nas atuais circunstancias. Além de curta, revelando por inteiro as coxas mais do que sensuais, era transparente Se não fosse pelas borboletas bordadas em seda aqui e ali, toda a nudez dela seria exposta. Harry não precisava de muita imaginação para preencher as partes que não via.

Por que não fora direto para a cama? Aquilo era um inferno em vida. Uma tentação torturante e avassaladora.

Hermione esperou que Harry terminasse de examiná-la dos pés a cabeça. A camisola de renda com as borboletas de seda que escolhera era curta, direta e provocativa, ela sabia muito bem disso. O tecido não deixava nada a vista, mas em vez disso insinuava o que existia sob as borboletas.

- Achei que você já estivesse na cama – Hermione mentiu e puxou o penhoar rendado ao entrar, deixando-o solto e desatado na altura da cintura.

- Eu estava com sede. O calor está insuportável no quarto.

Abrindo o refrigerador, ela se inclinou para pegar uma cerveja, deixando ao frio o trabalho de arrepiar-lhe pele. Hermione podia sentir os olhos dele queimando sua pele através das roupas sumárias. Não era o tipo dele, dissera o infeliz. Ela o faria engolir aquelas palavras.

- Sempre as roupas desse tipo para dormir? – Harry quis saber.

Hermione empertigou-se, fechando a geladeira. Não respondeu. Torceu a tampa da garrafa e passou por ele para jogá-la fora. Harry respirou fundo, e ela percebeu que ele ofegava.

Ótimo, o sutil toque de seu perfume sensual estava funcionando também....

Encaminhou-se para a mesa e puxou uma cadeira.

- Tem algum problema com meus trajes de dormir, Harry? – Sentou-se e cruzou as peras.

A camisola arregaçou-se e o penhoar abriu-se, revelando de novo aquele espetacular par de coxas. Hermione apanhou a ponta do penhoar e as cobriu, sabendo que o tecido rendado não escondia quase nada.

Harry esticou o braço na direção dela.

- Não acha que é um pouco extravagante, uma vez que dorme sozinha?

- Oh, não, muito pelo contrário! Em minha opinião, temos de nos sentir bonitos para nós mesmos, ainda mais para nós, mulheres, independente de estarmos sozinhas ou acompanhadas. – Fitou-o e sorriu. – Não sou o tipo que só se enfeita para dormir com alguém. As roupas certas, a fragrância adequada e o ambiente certo podem fazer maravilhas para a atitude de uma pessoa. Para a auto-estima.

-Sim, está fazendo maravilhas para a minha atitude neste minuto – Harry sussurrou.

Tomou o último gole de cerveja e atirou a garrafa no lixo antes de ir ao refrigerador e pegar uma outra.

- Mas não, você está certo Harry. Não uso este traje para ir para a cama todas as noites.

- Ah! Foi o que eu imaginei.

Ele bebeu de uma vez um terço do conteúdo da nova garrafa. Quando voltou a olhá-la, Hermione sorria com satisfação.


- Algumas vezes uso uma vermelha, branca ou preta, e adoro meu ursinho azul... Mas na verdade não costumo usar nada, em absoluto. – Parafraseando Marilyn Monroe ao falar aos repórteres que lhe perguntaram o que vestia para dormir, Hermione disse: - Ponho apenas uma gota de meu perfume favorito. Adoro sentir os lençóis de seda acariciando meu corpo nu, minha pele sensível.

E umedeceu os lábios, bem devagar.

O sorriso desapareceu do rosto de Harry, ao mesmo tempo em que a frente de seu jeans esticou-se apertado. Que mulher ousada! Estava fazendo aquilo de propósito, para provocá-lo, para excitá-lo.

“Meu plano funcionou”, Hermione concluiu. Ninguém poderia dizer que ela não era capaz de seduzir um homem e levá-lo para sua cama. Agora deixaria Harry lhe dizer que ele era imune ao seu charme.

Alegrou-se, mesmo que também estivesse ficando um tanto excitada com o jogo de sedução que se propusera. Só de olhar para o estado dele, tão evidente, desejou remover-lhe o jeans, abraçá-lo contra si, e experimentar o efeito da rígida protuberância que visualizava sem a menor dificuldade.

Mordiscou o lábio com força e cerrou as pálpebras, enquanto a imaginação corria solta, enlouquecida. Aquela fantasia a estava levando a loucura: Harry puxando-a de encontro ao peito, erguendo-a nos braços e escorregando para dentro dela, preenchendo-a, satisfazendo todo seu desejo por ele.

-Acho que já tive o bastante por uma noite.

Os olhos de Hermione se abriram, a imaginação evaporando-se de imediato.

- O quê? – indagou, distraída.

- Cerveja. Já bebi o suficiente. – Harry descartou a garrafa e se foi em direção a porta giratória. – Boa noite.

Ah, aquilo não era justo, pensou Hermione, cruzando as pernas outra vez. A fricção a fez gemer. O corpo inteiro pulsava, ciente da sensualidade despendida... de desejo incontido.

Apressou-se para o quarto e se fechou lá dentro, buscando controlar a pulsação.

Seu olhar varreu o ambiente... e parou. Céus, até mesmo as pilastras do leito com suas pontas arredondadas sugeriam erotismo. O que seria da sua vida dali em diante? O que faria daquela situação inesperada? Como saciar seu desejo ardente?

Não queria uma pilastra da cama ou... algo sem um cérebro. Desejava um homem de carne e osso. Aquele vínculo especial de dois seres humanos no espasmo de uma incrível experiência sexual. E, mais do que tudo: tinha de ser com aquele homem fascinante que no momento habitava o mesmo espaço que ela.

Gemendo, deitou-se. A única coisa que podia fazer naquele instante era sofrer. E tinha um pressentimento de que viria muito sofrimento pela frente.

Por que não conseguia parar de pensar em Harry? Será que ele ficara mesmo excitado com a camisola? Ou será que ela imaginou a saliência em sua calça? Talvez ele não se sentisse de fato atraído por ela.

Mas por que não se sentiria? Era sexy, vibrante, cheia de vida... E era muito, muito desejável.


*_*_*

Na manhã seguinte, Harry acordou exausto de tanta agitação durante a noite inteira. Aquela não era a maneira como planejara começar o primeiro dia no apartamento da irmã. E sabia muito bem quem estava por trás de sua insônia.

Hermione. Pura e simplesmente ela. Embora não tivesse parecido assim tão pura na véspera. Mostrara-se, na realidade, magnífica naquele traje de renda preta que deixava pouco à imaginação. Sem sombra de dúvida, aquela ia ser uma longa semana.

E ele estava perdido. Tinha de se conter, ou não responderia pelos seus atos. Ou pela palavra empenhada.

Rolou para o lado do colchão e sentou-se com as pernas cruzadas. Levou apenas alguns minutos para as têmporas pararem de latejar. Quando parou, pegou uma calça de moletom cinza e a vestiu. Uma xícara de café e então direto para o computador da irmãzinha.

Harry se perdera, não reunindo os últimos elementos de seu programa, que se achava nos estados iniciais, mas alguém com um pouco de imaginação seria capaz de var o que tinha de ser feito. Respirou fundo e se levantou. Pelo menos esperava que os dois patrocinadores que iria encontrar pudessem ver o potencial.

Pegou uma camiseta de algodão puro e vestiu-a antes de deixar o dormitório. Embora o par de tênis que calçou fosse de grife, não pôde deixar de se sentir um executivo despojado.

A porta do quarto de Hermione estava entreaberta. Ele parou, coçou a cabeça e deu uma olhada furtiva para dentro. Ela já arrumara a cama. A camisola de renda jazia sobre a colcha, como uma lembrança doentia da noite anterior.

A excitação acelerou seu sangue, causando uma sensação estranha e prazerosa no seu baixo-ventre. Apressou-se pelo hall.

Que coisa! Tudo já recomeçando naquela manhã. Podia até mesmo inalar a fragrância dela espalhada pelo hall. Tentou não aspirar e continuou seguindo avante, como um corajoso soldado marchando para a guerra.

Encontrou a sala de estar vazia. Talvez Hermione estivesse na cozinha. Empurrou a porta giratória. Para sua decepção, naquele ambiente também não havia ninguém.

Voltou para a sala de estar e viu um pedaço de papel em cima da mesinha de centro. Dando passos largos e ansiosos até ali, pegou o bilhete.




Bom dia, companheiro de quarto.
Espero que tenha dormido tão bem quanto eu. Como lhe avisei ontem, peguei o carro de Luna e estarei de volta tão logo termine minhas tarefas. Até mais tarde.
Hermione





Ótimo! Fantástico! Talvez assim fosse capaz de ter algum trabalho concluído naquele dia.

Olhou para a folha, irritado. Companheiro de quarto! Fora a idéia mais tola que já tivera. Talvez devesse tentar obter um quarto de hotel. Mesmo hospedar-se em algum lugar barato seria melhor do que repetir a tortura que Hermione lhe impusera na noite anterior. Mas nesse caso, não teria acesso fácil a um computador.

E não veria Hermione. E gostava muito de olhar para ela.

Rasgando o papel, procurou o armário, pretendendo preparar o café, mas sua mente estava ainda e Hermione.

Ela era alguma coisa de especial. Ardente, calorosa, fogosa, ousada. Harry adorava o modo como se movia pela sala. A maneira como arqueava as sobrancelhas para ele. O som da voz doca e meiga. A risada rouca e sensual. O traje que vestira para dormir.

O coração de Harry disparou. Mesmo naquele instante queria que Hermione tivesse entrado em seu quarto. Achava-a bonita e fascinante, diferente de todas as garotas que já conhecera e...
Sua mão parou sobre a lata de pó de café.

Ora, ora, ela estava tentando seduzi-lo. Os olhos dele se arregalaram. Como pôde pensar que a ida dela à cozinha fora acidental? Que absurdo! Hermione lhe preparou uma armadilha. Quis que ele visse o que estava perdendo. Na certa porque Harry lhe afirmou que ela não era seu tipo. Ele mentira, e Hermione, muito segura de si, decidiu provar-lhe o contrário.

“Quer dizer que esse é o plano dela...” Um leve sorriso surgiu no canto da boca. Se não fosse por sua promessa a Luna, Harry já teria feito amor com Hermione, gemendo e pedindo por mais.

Prosseguiu com a tarefa de fazer café.

Harry soube, desde o primeiro instante em que a viu, que Hermione seria excitante e diferente de outras mulheres que chegaram e se foram de sua vida. Ela estava armando um jogo de sedução para ser mais do que ele regateara, e gostava muito de imaginar o que Hermione faria em seguida. As tentativas dela foram um pouco amadoras, mas as fez com grande estilo.

Terminou de coar o café dentro do bule. Sorveu uma xícara, pegou uma cadeira e , sentando-se, refletiu sobre a situação em curso.

Se Hermione persistisse naquele esquema para seduzi-lo, ele acabaria por se render, quebrando a jura feita a Luna. Jamais quebrara uma promessa a sua irmãzinha. Mas podia muito bem ver-se pedindo por misericórdia.

Portanto, o que fazer quando uma bela jovem dispunha-se a encantá-lo? Sorriu. Sedução co sedução se paga. Talvez ele a amedrontasse. Pelo menos até que Luna chegasse e Harry pudesse achar um meio de escapulir daquela promessa tola.

Bebeu o resto de café e pôs a xícara sobre a pia. Indo para o quarto, vasculhou sua maleta de executivo e foi para o computador que Luna instalara num canto da sala de estar.

Ainda pensava em Hermione quando começou a trabalhar.

Por fim, com muito esforço, foi capaz de empurrá-la para o fundo de sua mente e dedicar-se tão-só a burilar seu programa de computação.

As horas se passaram.

Harry teve um sobressalto quando a porta da fr5ente bateu forte.

- Ah, desculpe-me! – Hermione depositou no sofá a caixa que carregava. – Eu não sabia que a porta ia bater quando a segurei com o pé.

Esquecendo o que fazia, Harry comprimiu os olhos para ver melhor a incrível criatura parada no meio da sala. A calça preta realçava todas as deliciosas curvas. Três botões do meio da blusa estavam desabotoados, deixando o umbigo exposto, assim como um pedaço de pele macia da cintura.

Pulseiras de prata tilintavam nos pulsos finos, e anéis brilhavam nos dedos. Brincos em forma de argolas e os cabelos soltos e sedosos finalizavam o quadro que Hermione apresentava de uma garota vibrante e sexy.

- Não fiz de propósito, acredite.

A voz dela flutuava através da sala como um beija-flor procurando néctar.

- Não fez de propósito o quê?

- Bater a porta. E perturbar você. Interromper seu trabalho solitário. Perdoe–me mais uma vez.

Harry consultou o relógio. Trabalhara por três horas.

- Na realidade, eu precisava de um intervalo. Esqueço de tudo quando estou trabalhando. – Levantou-se da cadeira e esticou os braços acima da cabeça.

Hermione prendeu a respiração. A gola em V da camiseta pólo dava-lhe uma boa visão dos pelos sedosos e escuros que brotavam do decote. Superexcitantes.

Mordeu o lábio para conter-se. Seria aquilo uma vingança dele pela noite anterior e sua camisola de renda? Será que Harry queria que ela babasse por ali, a sua frente? Se fosse assim, o plano dera certo. Estava sentindo até uma leve tontura de tanta volúpia.

Bem devagar, ele baixou os braços. Hermione esforçou-se para manter uma expressão inocente, como se a exibição de um pouco de pele peluda não lhe causasse efeito algum.

Porém, por mais que tentasse, não conseguia desviar o olhar daquele corpo lindo e másculo. Ficou fascinada, hipnotizada por ele.

Se partes da anatomia de Harry Potter causavam tamanho desvario, ela podia imaginar o que aconteceria se visse o corpo inteiro nu. Se bem que já vira coberto com uma toalha, uma imagem difícil de esquecer.

Como pelo visto ele fora direto da cama para o computador, seus cabelos estavam ainda despenteados, e a barba por fazer dava-lhe uma feição bastante atraente. A camiseta tinha as mangas cortadas e a estampa desbotada de alguma faculdade, mas assim mesmo modelava indecentemente, ao menos para ela, o torso musculoso. E mesmo que a calça do abrigo fosse bem larga, caíam-lhe como uma luva... acentuando cada um de seus magníficos atributos.

“Deus do céu...” Tudo que Hermione desejava era uma boa noite de sexo ardente. Casual, nada mais do que isso. Será que era pedir muito?
Tê-lo junto a si o tempo todo não ajudaria. Como poderia concentrar-se em sua tarefa? Harry era lindo e tentador demais.

- Você não tem algum lugar para ir? Uma das convenções ou algo assim?

- Não. Estarei aqui todos os dias. – Harry gesticulou com a cabeça em direção ao computador. – Trabalhando. Por que, algum problema?

- Não, nenhum. – Mas acrescentou: - Trabalhando aqui? O dia inteiro... todos os dias?

Hermione meneou a cabeça. Não, aquilo seria pior de que supusera. Como seria capaz de decorar o apartamento? Sem dúvida o veria nas paredes pintadas com cores vivas, nas janelas transparentes. Havia muita coisa para criar e muito que comprar. Um serviço que requeria concentração, foco.

Apesar de ter fornecedores bons que a atendiam ao simples toque de um telefonema, Hermione era uma decoradora que primava pela perfeição, portanto ela mesma gostava de escolher toda a matéria-prima e todos os objetos para embelezar um ambiente. Ainda mais que o referido ambiente era o lar de seu melhor amigo.

Ma aquele homem diante dela a colocou fora de esquadro, em total desequilíbrio. Resoluta, virou-se em direção da porta.

- Espero que não esteja saindo por minha causa.

- Nada disso, Alex. Tenho que ir buscar mais caixas no carro. Aliás, sabia que você é um tanto presunçoso? – Hermione não pôde resistir ao comentário.

- Mais caixas?

Ela parou com a mão na maçaneta.

- Sim, mais. Há cerca de mais seis caixas. Além das tintas, apetrechos para pintura, como pincéis e brochas, tecidos para cortinas...

Hermione ainda murmurava a lista quando atravessou a soleira e foi até o automóvel na garagem.

Talvez devesse pintar os cabelos de louro, pensou, irritada. Então ele iria querer fazer amor louco e apaixonado com ela, tudo terminaria e poderia então cuidar do apartamento com tranqüilidade. Contudo, aquilo não mudaria o fato de Harry achar que era magrinha demais e também muito alta. E se mantivesse uma postura de andar com os ombros arqueados? Aumentasse as maçãs do rosto com uma plástica? Oh, Senhor, o que era aquilo?! O que estava acontecendo com ela?

Hermione visualizava suas idéias quando o elevador chegou ao subsolo. Andou em volta do carro de Luna, acionando o botão que abria o porta-malas. Enfiou a cabeça dentro, e segurou uma caixa de papelão. Como decorar o apartamento com Harry lá dentro? Ignorá-lo não era uma possibilidade.

Fechando os olhos por um momento, deixou todas as suas fantasias aflorarem.

Fantasiou Harry decidindo que não poderia viver outro dia, outro minuto, sem fazer amor com ela. Com os braços fortes, ele a ergueria e conduziria para a cama. Bem devagar, a despiria... desabotoando os botões de sua blusa até que a arrancasse por cima dos ombros. Com um som de fina seda, o tecido flutuaria até o solo, aterrissando aos pés dela.
Depois, Harry desabotoaria seu sutiã, livrando os seios de tal modo que poderia tomá-los nas mãos e massagear os mamilos sensíveis com a ponta dos polegares.

A língua quente percorreria seu corpo todo, começando na ponta do nariz, descendo para os lábios e explodindo num beijo tórrido. E seguindo pela curva dos seios, fixando-se por algum tempo sobre os mamilos, deixando-a excitadíssima. Aí, vendo-a contorcer-se sob a úmida língua, Harry brincaria com seu abdome até atingir o âmago de seu ser, que, aquela altura, ansiaria por ele.

Hermione ainda se encontrava nesse devaneio sensual quando ouviu uma mãe gritar para o filho:

- Randy, volte aqui! Juro que, se não parar agora mesmo, contarei para seu pai e você não assistirá à televisão por uma semana!

Assustada, Hermione encolheu-se e olhou por cima do porta-malas. O sonho evaporou-se. A mulher deteve seu filho levado.

Apanhando as caixas, endireitou a coluna e virou-se, batendo no peito de Harry, que acabara de chegar e se postara a seu lado. Ela gritou de susto e quase derrubou uma caixa.

Mãos quentes e fortes cobriram as suas, para ajudá-la. “Deus meu! Como as mãos dele são fortes e bem feitas!” Mãos de um homem que sabia amparar uma mulher no momento certo. Mãos de um homem que...

- Cuidado Hermione! – murmurou ele, com suavidade. – Ou acabará quebrando alguma coisa.

Os olhos verdes e profundos dele fixaram-se nos dela. Hermione começou a tremer. Apesar de sua aparência mostrar estupefação pela presença inesperada dele ali ao seu lado na garagem, no íntimo vibrava com sensações prazerosas.

- Você está bem? – Harry se mostrava preocupado.

“Não, preciso de sexo”, ela quase falou, mas sabia que não teria coragem para tanto. Era ousada, sim, mas quem gostava de ser rejeitada, afinal?

Tentou puxar a caixa das mãos dele, mas o objeto não se moveu.

- Eu estaria melhor se você parasse de andar atrás de mim. Poderia, por favor, me deixar em paz? Ou melhor, quer largar minha caixa? Tenho um trabalho enorme a fazer. A lua de mel de Luna e Rony não será longa, e prometi a ele que o apartamento estaria redecorado quando voltassem, prontinho para surpreender Luna.

Harry sorriu, e o coração dela deu um salto. O sorriso dele deveria ser licenciado como uma arma letal. Por pouco Hermione não desfaleceu com a luxúria que brotava daqueles dentes brancos e perfeitos. Aí estava uma fonte de atração para sua libido.

- Você chama de trabalho decorar a casa deles?

Harry não largou a caixa. Cruzou os braços em volta dela, apertando-a contra o peito.

Teria ele deduzido o que Hermione pensara? Lido sua mente?


Ela colocou a caixa sobre o pára-choque.

- Levo minha profissão muito a sério, Harry. E acontece que ainda sou uma excelente decoradora de interiores, mesmo que não faça isso em meu tempo integral.

- Desculpe-me. Não pretendia ofende-la. E também não sabia que você trabalhava como decoradora. Achei que tivesse outras pessoas a seu serviço. Perdoe-me se feri seus sentimentos.

- Está perdoado. E tenho mesmo muita gente que trabalha para mim, mas este projeto é importante demais. Para ser sincera, tenho mais que uma dúzia de profissionais a minha disposição, sem contar os diversos fornecedores.

Harry franziu o cenho, numa expressão interrogativa.

- Existe mesmo quem pague por este tipo de coisa? – indagou, curioso.

Ele não poderia ter dito aquilo. Ela devia ter ouvido mal.

Hermione abriu a boca para dar certo tipo de explicação, mas logo a fechou, batendo os dentes. Havia momentos em que era melhor ficar calada.

- Desculpe-me.

- Será que vai passar o tempo todo a meu lado desculpando-se, Harry? Olhe, quer saber de uma coisa? Mudei de idéia. Não o desculpo, não. Você deveria pensar duas vezes antes de falar.

Ela o circundou, sem lhe dar a mínima atenção, e dirigiu-se para a escadaria.

Harry adorava o modo como aqueles fabulosos olhos castanhos se estreitavam quando Hermione era repreendida. A paixão ardia dentro daquela mulher. Sim, ela possuía um fogo interior intenso.

Ele já conhecera e se relacionara com muitas mulheres, de todas as idades e de todos os tipos, mas nenhuma fora assim tão determinada, tão centrada e sempre com a resposta certa na ponta da língua. E de modo nenhum tão sexy quanto Hermione.

Pegou uma caixa e seguiu para a escadaria. Os quadris de Hermione meneavam, sedutores, de um lado para o outro a cada passo que ela dava. Harry subiu os degraus admirando a visão privilegiada.

Naquele exato momento, em que a seguia com mil sonhos sensuais na cabeça, a mãe de Randy, sua vizinha, chamou Harry, desesperada, pedindo que a ajudasse a carregar o menino, que tropeçara e se espatifara no cimento do piso da garagem.

O sangue jorrava abundante da perna da criança. Apesar de Harry praguejar baixinho, não pôde deixar de ir socorrer mãe e filho. Seu caráter nobre era mais forte do que momentos de lascívia atrás do balanço dos quadris de uma mulher.




N.A.:Bom, aí está! Espero que gostem!

Respondendo:

Teresa: 1. Tenho sim.
2. O nome é Brincando com fogo.
3. Não, não é em inglês. É português mesmo.

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