Capítulo VII



Harry emergiu da água com os olhos em Hermione, que também o fitava.

– Agora, isso é uma fantasia.

Ela usava apenas a camisa de camuflagem dele e segurava o rifle.

A visão das pernas nuas sob a camisa folgada o deixou muito excitado.

– Isso porque estou acompanhada de um fuzileiro naval muito potente. – O olhar dela baixou significativamente por seu baixo-ventre.

Ele riu, parando a alguns metros de Mione e curvando-se para beijá-la. Ela entregou-se sem reservas, correspondendo ao beijo, a mão livre deslizando pela pele nua e molhada de Harry, acariciando-lhe a masculinidade vibrante.

– Menina má! – Ele se abaixou para apanhar suas roupas do chão. – É hora de sairmos fora da vista... está ficando escuro muito depressa, e é arriscado permanecermos aqui, expostos ao ar livre.

Hermione lançou um longo olhar para a cachoeira. Já se banhara outra vez, mas estava muito mais frio na água.

– No entanto, não há outra vila dentro de trinta quilômetros, você mesmo disse.

– O que não quer dizer que os rebeldes não estejam por perto – Harry ajeitou a calça, calçou as botas e checou as armas. – Eu encontrei uma caverna.

Ele gesticulou para além da cachoeira.

– Fica a apenas alguns metros. É uma boa cobertura... será mais seco lá, e verifiquei que não tinha cobras.

– Meu herói! – Hermione o cobriu de beijos. – Meu lindo Tarzã!

Colocando a mochila sobre os ombros, Harry a conduziu para a caverna.

O local era pequeno, e o teto, muito baixo. Nenhum deles podia ficar ereto ali dentro. Embora estivesse enfiada bem dentro da floresta de tal modo que eles podiam se arriscar a acender uma fogueira, Harry foi cauteloso. Além do mais, achar madeira seca seria um outro problema. E a última coisa que queria era lutar de novo contra traficantes de drogas ou rebeldes.

Ele tinha outros planos...

Em minutos, Harry estendeu a esteira no chão, colocando o poncho sobre ela.

Hermione descansava contra a mochila, sentindo uma forte dor nos ombros. Usava short limpo, um pouco úmido, e uma das camisetas de Harry. E nada mais.

Harry achou que ela parecia um jogador de futebol. Hermione achou que ele parecia um trapo.

– Dê-me um trabalho para fazer – Mione sussurrou, vendo Harry entrar e sair da caverna sem dizer quase nada.

– Sente-se e fique quietinha. Isso já ajudará muito. E guarde sua energia para mais tarde...

Harry foi juntar água fresca e roupas descartáveis, e quando voltou de sua última viagem para dentro da caverna, trazia uma braçada de frutas silvestres.

Sim, senhor, seu caçador branco era demais, pensou ela, divertida.

Harry sentou-se do lugar oposto a Mione, pegou sua comida enlatada e apetrechos de cozinha.

– Vou preparar um frango indiano.

Em poucos minutos, a caverna recendia ao aroma de um restaurante quatro estrelas.

– Este cheirinho delicioso está me dando água na boca! – Mione comentou.

Ele a encarou, e seus olhos expressavam algo que Hermione não podia decifrar.

– Não é nada de sensacional, mas também não é ruim. Pegue algumas bolachas de água e sal...

Eles não se alimentavam desde a noite anterior.

Hermione rasgou o pacote e ofereceu-lhe alguns biscoitos.

Em segundos, um dava comida ao outro, lambendo molho indiano nos dedos.

– Precisarei de outro banho depois disto. – Mione dava risada.

– Eu a lamberei para deixá-la limpa, meu bem. – Harry a trouxe para perto e tirou-lhe a camiseta pela cabeça. Em seguida, enterrou o rosto entre os seios firmes, massageando-os.

Abraçada à mochila, Hermione se arqueou, querendo-o mais uma vez..

– Você é como droga, Harry. – Mione se inclinou para beijá-lo – É meu vício, sabia?

– Ótimo, porque eu sou viciado. Meu Deus, como sua pele é macia!

Harry acariciou-lhe os seios, lambendo-os com sensualidade ao redor, até que ela começou a tremer e a ofegar.

– Harry?

Ele agitou um preservativo no ar.

Mione meneou a cabeça.

– Hora de cumprir aquelas promessas...

Harry cobriu de beijos sua barriga, abriu-lhe o short, provando lhe o gosto. Os músculos dela contraíram-se.

Hermione ergueu os quadris, e Harry aproveitou o movimento para remover-lhe o short.

– Não sei por que você se preocupa em usá-lo.

– Bem, deitar-me aqui nua e dizendo “venha e me possua” parece-me uma atitude um tanto devassa, você não acha?

Ele sorriu..

– Você é devassa.

– Uma garota precisa de alguns segredos.

Harry a estudou.

– Não para mim. – Ele abriu a calça e se despiu.

Hermione mordiscou o lábio.

Harry era o homem de mais deliciosa aparência. Peito forte e coberto de pêlos aveludados, lisos e macios, que desciam numa trilha reta até o baixo-ventre, passando pelo umbigo.

As coxas grossas e também peludas eram um convite a fantasias inimagináveis. Os pés, fortes e grandes, a punham endoidecida, querendo acariciá-los com a boca.

Hermione fez tudo o que podia para que Harry fizesse um ataque frontal imediato. Ele a ignorou. Seus ombros largos forçaram-na a abrir as pernas enquanto ele lambia a parte interior de suas coxas, sua barriga. A língua úmida percorria pedacinho por pedacinho de sua anatomia, mas sem nunca tocar a intimidade feminina, sua essência.

Aquilo a deixou ainda mais louca de desejo. Mione saboreava cada momento, cada toque.

Sentia uma forte pulsação entre as coxas, quentes e úmidas pela volúpia. A respiração de Harry aquecia, de propósito, seu lugar mais íntimo.

Ele a beijou em cada milímetro, inclinando-se para trás para levantar-lhe o pé e provar o torso dele, a panturrilha, o joelho. Deitando-se no chão, abriu-lhe mais ainda as pernas. Então, tirou-a do solo e trouxe-a para si.

– Ah, meu Deus...

Hermione sentiu derreter-se quando Harry passou a lamber seus pontos mais eróticos. Ver a cabeça dele entre suas coxas era mais excitante do que os sentimentos que ele provocara.

Ela arfava, gemia num estado absurdo de prazer e desespero. Quando Harry a beijou, o corpo todo de Mione tremeu em espasmos ininterruptos.

– Harry! – implorou, deslizando os dedos sobre a masculinidade dele, que demonstrava toda a potência de sua excitação. – Quero você. Agora!

– Não.

A única palavra tinha um som sinistro quando ele, de repente, segurou-a pelos quadris e a fez virar-se de costas, jogando-a sobre a imensa mochila. Era uma posição vulnerável, que a deixava sem ação, mas, no instante em que Harry tocou seus quadris, sensações deliciosas apagaram todo e qualquer receio.

Hermione rasgou o envelopinho que estava a seu lado, provocando-o:

– Fico tão feliz por vocês, fuzileiros, estarem sempre preparados para qualquer coisa...

Harry beijou-a com sofreguidão e sem demora colocou o preservativo.

– Sejamos um pouco selvagens.

Em pouquíssimos movimentos, ambos atingiram o auge numa explosão de ondas espasmódicas, gemidos arquejantes e palavras confusas e desordenadas.

O coração dele batia descompassado contra o peito, o suor escorria-lhe de todos os poros.

Harry fez uma última investida poderosa, subindo aos céus, ao maior paraíso que já conhecera.

Ambos pulsavam como se estivessem recebendo descargas elétricas.

Harry a prendeu junto a si e enterrou o rosto na curva do pescoço de Hermione, e pouco a pouco foi se acalmando, voltando para o mundo terreno.

Os músculos de Mione tremiam. Harry ficou exaurido. Ela ergueu os braços, pegou a cabeça dele e torceu-se para beijá-lo.

Ele soube, naquele instante, que se apaixonara por Hermione.

E era para sempre.

Não pelo sexo, e sim porque ela era a única. Única porque uma mulher que tinha mais para oferecer num simples olhar que todas as outras que Harry conhecera teriam para a vida inteira.

Aquilo melhorava tudo.

Harry questionava-se se era coisa de sua cabeça, ou devido ao sexo alucinado na selva quente. Ou se Hermione sentia o mesmo.

Lá fora, na escuridão da floresta, ouvia-se apenas o pio de uma coruja e o uivo longínquo de um lobo.

Eles dormiram abraçados, vencidos pelo cansaço do ato de amor que haviam praticado, exauridos, porém saciados, em pleno estado de felicidade, esquecendo-se dos momentos adversos e perigos que estavam vivendo.

Harry despertou antes do raiar da aurora, numa tal disposição que não tinha nada a ver com os fuzileiros navais dos Estado Unidos. Meio segundo após, percebeu que Hermione pusera a cabeça sobre sua barriga, pronta para mais um ato de amor.

– Garota, você é incansável!

Ela riu para si mesma, sem, entretanto, parar. Nenhuma mulher fizera aquilo. Nenhuma se entregara tão livremente.

Harry continuou deitado de costas, aproveitando as carícias. As mãos femininas manipulavam-no, tornando impossível pensar em outra coisa, senão a explosão que se aproximava da decolagem vertical de uma espaçonave.

– Minha pequena tigresa...

Hermione o puxou, cerrou as pálpebras e atirou a cabeça para trás. Então, fortes braços agarraram as pernas dela, e ele a puxou para cima de seu corpo. Hermione sentou-se sobre ele.

– Harry, não, eu queria...

– Aposto tudo o que tenho que você não pretende parar agora. Confie em mim... Isto vai ser mais divertido.

– Será uma coisa de mútua satisfação?

– Você não poderia fingir um clímax para mim ainda que quisesse. Eu já a conheço muito bem.

– Acha mesmo?

– Eu provarei isso, minha querida.

De novo eles se entrelaçaram, distribuindo carícias ousadas e inovando em outras. O duplo êxtase atingido foi instantâneo.

Momentos depois, os dois desmoronaram como se fossem bonecos de pano, vencidos pela exaustão e pelo deleite, e com os corpos escorregadios de suor e calor.

Mione rolou para o lado e fixou o olhar no de Harry, passando a língua nos lábios, bem devagar. Harry a trouxe para cima de si outra vez e beijou-a, enlaçando-a e prendendo-a com força. Hermione relaxada, toda lânguida, deitada no peito dele, com a cabeça encostada nos pêlos macios, os quais acariciava, passando a língua com carinho.

As mãos de Harry deslizavam por sua coluna.

– Bom Deus, que maneira de despertar! – brincou ele, ainda respirando com dificuldade.

Mione ergueu-se, apoiando os braços no tórax largo.

– Seja sincero, sargento Potter. Não é bem melhor do que o toque do clarim?

Harry soltou uma gargalhada estrepitosa.

– Você é impossível, minha gata selvagem!


Eles saíram da caverna e maravilharam-se com o dia esplendoroso que lhes surgiu pela frente.

Hermione anunciou que se afastaria um pouco, para efeito de suas necessidades fisiológicas matinais.

– Pensei que depois de tamanha devassidão desta noite lá dentro você teria perdido esses caprichos – Harry murmurou, sorrindo.

– Uma coisa não tem nada a ver com a outra, rapazinho!

Rindo, Mione se embrenhou pela mata virgem.

– Cuidado com as cobras. Não se agache demais! – gritou ele, às gargalhadas.

Quando Hermione voltou, encontrou Harry escovando os dentes e lavando o rosto, usando seu capacete como cuia.

– Boa idéia, sargento. Também preciso escovar os dentes. Estou com um gosto horrível na boca.

Exploraram a área ao redor, encontrando bastantes frutas, sobretudo bananas, pois era o que abundava naquele local, para durar até o próximo dia.

Hermione achava que, quando retomasse à civilização, passaria anos sem comer uma banana sequer. Tinham de alimentar-se muito, por causa da energia que vinham gastando. Ela nunca tivera um sexo tão ardente e maravilhoso em toda sua vida.

“Nada se comparará aos últimos três dias”, pensava, com tristeza: Nem na memória, nem em seu coração. Quanto mais conhecia Harry, mais se apaixonava por ele.

Harry era tudo o que Hermione sempre acreditou que não quereria. A última coisa no mundo que esperava era vir a amar um fuzileiro naval. Ainda mais no meio da floresta, sem ninguém por perto. Era como se estivessem namorando fazia meses. E não escondiam nada um do outro.

Bem, em termos. Exceto a patente do pai dela e o detalhe de que era o general comandante de Harry.

E se alguém soubesse o que eles dois haviam feito ali na mata, Hermione podia jurar que Harry iria sofrer por causa disso. Ela estava acostumada a falatórios. Mas ele estaria?

Era absurdo, mas Mione não queria que o helicóptero chegasse para apanhá-los.

Quanto mais a hora de fazer contato por rádio e de partir se aproximava, pior se sentia.

Harry descobriria a verdade e ficaria furioso. Ele não a perdoaria, afastar-se-ia para sempre, e Hermione já se sentia ferida mesmo antes de chegar o momento. Afligia-se por antecipação.

– O que está acontecendo com você, minha gata selvagem? – indagou ele, com carinho.

– Nada.

Harry parou o que fazia e foi até ela.

– Mione, muito embora tenham sido só alguns dias, já sei quando alguma coisa a aborrece. Abra-se comigo, meu bem.

Mione achava que podia contar. Aliás, quanto mais cedo melhor.

– Estou muito relutante em retomar.

Harry esfregou-lhe os ombros, de leve, e então a puxou para seus braços.

– Eu também.

– Só porque tivemos um sexo formidável na selva? Como Tarzã e Jane?

Ele se inclinou para fitá-la nos olhos e deparou com uma grande tristeza.

– Por Cristo, Mione! Pensa mesmo que sou esse tipo de homem?

– Não, de modo nenhum.

– Então por que disse isso?

– Puro medo – confessou.

Harry segurou-lhe o rosto entre as mãos.

– Ouça-me. Não sou como a maioria dos rapazes que conheceu. E se não quer que eu a procure depois que voltarmos, basta me dizer. Isso me arrasará por cerca de vinte anos, não tenho dúvida, mas sobreviverei. Entretanto, diga-me agora, com toda a honestidade.

Ela cobriu as mãos dele com as suas, as pupilas brilhando.

– Eu quero que você me procure.

Harry sorriu com ternura e estava prestes a beijá-la quando o rádio emitiu sons de chamada. Virou-se para o aparelho, falando para a base e pondo-se a desenrolar o mapa.

– Câmbio – disse ele. – Cento e dez.

Harry conferiu o relógio.

– Cavaleiro Branco fora. – Dirigindo-se a Mione, afirmou: – Temos uma hora. O helicóptero pousará num campo a uma milha daqui.

O semblante de Hermione mostrava uma expressão melancólica. Limparam todas as evidências de sua permanência na caverna.

– Se é assim, vamos andando – ela sussurrou.

Harry franziu o cenho diante da repentina frieza em sua entonação, mas assentiu com um movimento de cabeça.


Começaram a caminhar para o local do pouso. O trajeto durou de fato quase uma hora.

O som do helicóptero soou a distância, e Hermione o fitou. Harry a encarava, curioso e confuso. Então, aproximou-se mais e tomou lhe os braços.

– Eles nos verão juntos, Harry.

– Você tem vergonha de mim? – perguntou ele, a dúvida estampada no rosto.

– Não! Claro que não. Isso é impossível!

– Nesse caso, me beije.

– Oh, meu querido! Quero mais do que apenas beijos. Quero você para sempre. Para toda a eternidade.

Hermione o beijou. E levou um grande susto. A paixão primária e arrebatadora a fez querer desnudar-se e deitar-se no chão para o que quer que ele tivesse em mente.

Harry agia como se nunca mais fosse ter a chance de beijá-la de novo, e não parou até que helicóptero chegou bem acima dos dois.

– Se você por acaso tiver a impressão de que a estou ignorando, saiba que não é nada disso. Estarei apenas pensando em sua reputação, não na minha. Entendeu?

– Lógico que entendi, fuzileiro.

Relutante, Harry deu um passo para trás.

O helicóptero desceu, a porta escancarou-se e uma metralhadora surgiu posicionada na soleira. A atenção de Harry voltou-se para ela por um segundo, antes de encaminhar-se para a aeronave. Harry a ajudou a subir e depois se acomodou a seu lado. O grupo dele se achava lá dentro.

– O quê? Vocês, rapazes, imaginaram que eu precisava de ajuda?!

– Bolas, fuzileiro, calculamos que era um passeio livre num ótimo dia!

Fitaram Hermione. Harry os encarou, fechando carranca. O grupo a observava com ar estranho. Ele não gostou disso, e podia apenas se perguntar o que se passaria nas cabeças daqueles homens.
O helicóptero alçou vôo com destino ao lar de todos ali.

E Hermione temia cada milha percorrida.

Pela janelinha, via a Cordilheira dos Andes desaparecer aos poucos.

Seu coração se apertando cada vez mais.

Pousaram numa base segura na Venezuela, depois foram transferidos sem demora para um transporte, rumo a Camp Lejeune.

Hermione não teve sequer tempo para trocar de roupa. Pelo visto, o general a queria em solo americano o mais breve possível.

Ainda bem que ela estava num avião de carga, num assento que se desprendia, e ficaria ali pelas próximas duas horas.

Harry se mantinha ocupado falando com seus soldados, e ao rádio com seu comandante, mas toda vez que a olhava, Hermione experimentava novo aperto no peito. De longe, ele piscava-lhe. Ela corava e sorria.

Durante o percurso, um dos homens trouxe-lhe uma xícara de café, por gentileza, e sentou-se perto, engendrando uma conversa amigável, talvez até para distraí-la.

Harry, de longe, observava a cena; parecendo furioso, um brilho de ciúme nos olhos.

Hermione, apesar de preocupada e tristonha, deliciou-se pelo ciúme dele, e deu ao rapazola mais atenção do que deveria ter dado.

Harry não se conteve e, aproximando-se do conversador, deu-lhe ordens com uma expressão tão severa que o pobre jovem desapareceu da vista dela nos fundos do avião.

Então ele se acomodou, mas, porque estavam num meio de transporte e cercados de gente, não ousou tocá-la. Nada de manifestações públicas de afeição.

Ademais, eles tinham quase que gritar para serem ouvidos acima do barulho dos motores.

Mas Harry deixou sua perna roçar nas dela e, num determinado momento, inclinou-se para bem perto e sussurrou que gostaria que ela estivesse em seus braços.

Nua...

Foi a última coisa que ele lhe disse antes de o avião pousar na pista.

Mione precisava lhe contar a verdade antes que a porta se abrisse.

Assim, agarrou o pulso dele, de súbito. Harry a fitou, espantado.

– Há algo que preciso lhe dizer.

A porta hidráulica se escancarou. Os fuzileiros saltavam para fora, carros se aproximavam. Harry se voltou para os outros, afastando-se dela. Os motores faziam um forte rangido no processo de parar.

– Eu também, mas não aqui.

Harry fez sinal para piloto e co-piloto, que deixavam a cabine.

– Mas, Harry, é muito importante! Mais do que possa imaginar. Meu pai, bem ele é...

– Sargento fuzileiro Potter! – uma voz ribombou. – Apresente-se!

Harry deu a Mione um rápido aperto de mão.

– Eu ligarei para você. Este é meu sargento superior, o major Black. – E se foi, pondo-se ao lado da porta traseira da aeronave.

Hermione desceu pela escada móvel na dianteira e pisou no solo da pista.

Harry perfilou-se concentrado diante do major Black. Eles se saudaram e então houve muitas palmadas nas costas e apertos de mão. Hermione conhecia Sirius Black desde criança. Quando “tio Sirius” acenou-lhe, ela sorriu e acenou também.

Harry demonstrou espanto total, mas logo pareceu esquecer-se daquilo. Subiu no jipe que o esperava, parou, virou-se, e olhou para ela. Hermione permanecia no mesmo lugar, o vento forte batendo em seus cabelos castanhos, fazendo-os esvoaçar. Ele deu-lhe um sorriso afetuoso, de saudade e de amor.

Um sedã escuro se aproximava, rápido, em direção a ela.

O sorriso de Harry foi desaparecendo aos poucos, e em seu rosto a incredulidade absoluta surgiu quando avistou as bandeiras com duas estrelas no pára-choque do carro oficial.

Então, o pai dela desceu e foi até Hermione, tomando-a nos braços e apertando-a forte. Ele estava dizendo algo, mas Hermione não o ouvia, pois, por cima dos ombros do pai... fitava Harry. Os olhos verdes estreitaram-se e escureceram.

O coração dele endureceu como uma pedra. Hermione, em seu íntimo, implorava por compreensão.

O general liberou Mione, tocando-lhe a face e depois beijando-a com extremo afeto. Ela o olhou, sorrindo, amando-o muito e desejando naquele momento que ele fosse nada mais que um mero soldado, em vez de um general tão importante.

Quando Mione entrou, no veículo oficial e sentou-se ao lado do pai, de mãos dadas, ainda tentou enxergar pelo vidro traseiro do sedã, e teve uma última visão de Hermione, sua paixão,seu amor, seu amante, seu homem, seu salvador.

Ele, confuso e atordoado, sentara-se no jipe, que aguardava a saída da sedã, para então prosseguir caminho.

Na mente dela, aos trambolhões, as imagens surgiam como que na tela de um cinema. As caminhadas floresta adentro ao som dos arrulhos dos passarinhos e dos guinchos dos macacos, o quase ataque da serpente maligna e venenosa, o acidente quase letal à beira do penhasco, a profusão de bananas digeridas como desjejum, almoço e jantar na caverna diminuta, tudo ao lado dele, como defensor e anjo da guarda. E, acima de tudo, os quase três dias de amor ininterrupto compartilhados em total selvageria.

Seus olhos ficaram marejados quando sentiu seu pai dar-lhe outro beijo em seu rosto, num ato de solidariedade consoladora.

Mal sonhava ele com o que viria a saber...

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