Capítulo V



O coração batia descompassado dentro do peito. Harry jamais imaginara ouvir uma mulher gritar seu nome daquele jeito.

– Hermione!

Ela não respondeu.

– Mione, fale comigo, pelo amor de Deus!

A possibilidade de um milhão de desastres diferentes invadiram sua cabeça de uma vez só, ameaçando enlouquecê-lo. Harry transpirava de nervoso, o pulso disparado, o sangue batendo forte nas têmporas.
Subiu um pouco mais na elevação inclinada, como se estivesse tentando ser mais bem ouvido por ela, enquanto a chamava sem cessar.

A chuva fizera a montanha virar um escorregador de parque infantil, liso e íngreme. Harry dava dois passos para cima e um para baixo, deslizando no barro. Cada vez que enfiava as botas no chão lamacento, custava para desenterrá-las. A mochila molhada pesava uma tonelada.

– Mione, responda-me! – continuava gritando.

De repente, ouviu Hermione respirando com dificuldade, como se estivesse asfixiada, e esforçou-se através da subida como um animal selvagem, arranhando a sujeira, as pedras e plantas.

– Mione! Querida, por favor, diga alguma coisa!

– Harry... – A voz dela era abafada e rouca. – Estou aqui embaixo.

Hermione soava sem fôlego, como se tivesse acabado de correr uma maratona.

– Embaixo? Onde?!

– No penhasco.

“Não é possível!” Harry ficou parado na elevação, procurando por ela, por um sinal.

Além da tempestade, o sol brilhava ao norte, muito longe. As nuvens negras eram densas, deixando cair água como uma cortina sobre a floresta.

A chuva corria em volta de suas botas e desaparecia sobre a margem da terra.

Havia uma fenda recém-aberta no solo, e raízes tomavam-se visíveis.

Harry vira o mapa, sabia o que existia lá: nada. Um declive acentuado para o rio e só.

“Por favor, Deus, não!”, implorou, em silêncio.

Caminhando em direção à margem, olhou para baixo, para o rio. A sua esquerda, viu homens movimentando-se para a ladeira, bem dentro da vegetação. Seu único alento era que eles estavam tendo tanta dificuldade quanto ele em subir a montanha.

Harry deu um passo em direção à margem. O chão continuava escorregadio, e ele se desequilibrou. Tirando a pesada mochila dos ombros, largou-a e deixou-se cair de joelhos, deitando-se em seguida.
Rastejando, escrutinou por sobre a margem.

Água lamacenta passava a sua volta, em uma tremenda corrida para escoar-se por centenas de metros abaixo, formando uma cachoeira.

Pelo aparelho de escuta, podia ouvi-la, porém, não vê-la. Avançou mais um pouco. E então a avistou.

– Você está ferida, Hermione?

– Não, mas meus braços parecem que vão se desprender das articulações.

Hermione segurava-se pendurada em uma raiz enorme, ambas as mãos agarrando com firmeza. Balançava os pés de um lado para o outro, a fim de tentar alcançar o pedaço de rocha. Abaixo dela não havia nada, exceto ar, pedras e água... e um longo precipício.

Ela olhou para cima e encontrou o rosto de Harry, oferecendo um sorriso corajoso.

– Desculpe-me – murmurou.

– Fique calma e agüente firme, Mione. Pensarei em algo
.
Hermione trazia consigo a mochila e o rifle pendurado no peito. Um peso extra.

– Não quero parecer ingrata, mas não sei por quanto tempo mais poderei agüentar.

Harry se afastou um pouco e procurou a corda de náilon em sua mochila, que estava no chão. Era bastante grossa para Hermione agarrar, mas sustentaria o peso dela. Porém, não podia garantir que suportaria o peso de ambos.

– Estou descendo, Mione.

– Não, é muito instável! Pelo menos dez metros de terra abaixo de mim. Não faça bobagem, Harry.

Ele a ignorou.

– Pode pôr seus pés em algo estável? – Harry amarrou a corda em uma árvore e verificou sua resistência.

– Estive tentando. É muito distante.

Tirando o capacete e o colete à prova de balas, Harry passou a corda por seu cinto de guerra, ouvindo os baixos resmungos de Mione quando fez uma nova tentativa.

Então, ela conseguiu colocar os pés num pedaço de terra. Um segundo depois, a terra dilacerou-se. Ela gritou.

O coração dele quase parou de bater.

– Mione! Você está bem?

– Continuo aqui. Meu Deus, Harry! Acho que vou morrer!

De costas, ele começou a descer o íngreme penhasco.

– Não vai não, Hermione. Não vou deixá-la cair, querida, pode acreditar.

“Por favor, Senhor, não faça de mim um mentiroso. Não a deixe despencar lá para baixo!”

– Confio eu você. – Entretanto, Hermione não soou muito convincente.

Com a corda amarrada em torno da árvore e em volta de sua cintura e seu pé, Harry a usou como um alpinista, deixando-a solta o suficiente para que descesse sobre a margem do despenhadeiro. Terra molhada espalhava-se sobre seus ombros e cabeça, a chuva mandando sujeira líquida, cor de chocolate, por cima dele.

O terror tomava conta de Hermione, fazendo-a quase negligenciar o perigo. A única coisa que a impedia de chorar como uma criança medrosa e desesperada era Harry.

Ela tentou erguer-se, mas não tinha nada para funcionar como apoio, e era covarde demais para sair da raiz e agarrar o que quer que fosse. A raiz era a única coisa que a mantinha viva, ali. Não confiava em si mesma para segurar o próprio peso, e isso era tudo o que tinha de fazer. Ou morreria.

“Eu devia ter feito regime”, recriminou-se, angustiada. Foi quando o viu.

– Por favor, tenha cuidado, Harry...

Havia uma corda enlaçando o grande corpo masculino, e Harry afrouxou-a alguns metros de só uma vez, baixando até ela.

A borrasca caía sem piedade e tamborilava contra o penhasco, com trovões ensurdecedores ecoando por todo o vale.

Harry concentrou-se apenas em alcançá-la, nada mais. Todavia, a imagem que viu o desanimou.

A ponta das botas de Hermione mal tocavam a pedra que lhe serviria de apoio. Ela parecia alguém prestes a fazer um mergulho de costas por baixo de um trampolim de rochas e imundície. Não havia nada em que pudesse se agarrar, a fim de permanecer ali.

Hermione estava quase sobre o almejado pedaço. A água caía sobre seus ombros em rajadas fortes como o esguicho, de uma mangueira. A qualquer momento, sob a ação dela, a raiz que lhe servia de único meio de apoio e segurança seria desenterrada.

Harry podia imaginar o que aconteceria então. E isso lhe provocou um calafrio que subiu pela coluna. Afastou rápido o pensamento. Iria salvá-la. Tinha de conseguir.

Hermione estava na ponta do despenhadeiro, a muitos metros de altura do solo lá embaixo, sem perceber que a chuva forçava sujeira e vegetação rasteira a deslizar e formar, na borda da rocha, uma enganosa noção de terreno firme, que cedeu sob seu pé.

Mione teve sorte em poder se agarrar à raiz. Caso contrário, teria despencado na profundeza do abismo.

Harry trabalhou a linha, a corda rasgando sua luva, prendendo a circulação do sangue no pulso. Colocou suas botas numa saliência de pedra e lama, procurando por um ponto de apoio. Os pés se fixaram ali e, com os joelhos dobrados, fez pequenos avanços em sentido perpendicular, sempre agachado. Estava acostumado a isso.

Achava-se a poucos metros dela quando ouviu vozes. Sem dúvida eram os traficantes de drogas chamando uns aos outros. A tempestade o encharcava, sem trégua, mas, enfim, encontrou os olhos de Hermione.

– Agarre-se em mim! – ordenou.

– Não posso. Terei de me soltar.

– Evidente. Não me sobra mais corda alguma.

Hermione meneou a cabeça com veemência.

– Estou com muito medo.

– Você é forte, Mione. Não há outra solução. Terá de fazer isso, ou ambos morreremos!

Ela respirou fundo, esfregou o rosto em seus braços erguidos e o encarou.

– Certo. Eu o alcançarei.

Harry enrolou o pulso direito na corda e estendeu o outro para Mione. Apenas um metro os separava.

Hermione esticou-se, preparando os músculos e a mente para o salto de boa-fé. Havia um apelo em seu olhar para que ele não a deixasse cair. Harry preferiria morrer a falhar naquele momento.

– Contarei até três: Um... dois... três!

Com os braços esticados, Hermione arremeteu para a mão estendida de Harry, quando começou a despencar.

Todavia, ela errou e não conseguiu agarrar o pulso dele.

Com incrível rapidez e destreza, Harry agarrou a camisa de camuflagem que Hermione ainda usava. O corpo de Harry sacudia e contraía-se em violentos espasmos, e teve Mione pendurada em seu pulso, finalmente.

A corda perfurava a terra como uma faca.

– Mantenha os braços abaixados! – gritou ele sobre o ruído dos trovões.

A camisa era tão grande que se Hermione mantivesse os braços erguidos escorregaria direto de dentro dela. Harry torceu o braço, forçando o bíceps para trazê-la para cima.

Hermione ofegava, em desespero, quando conseguiu segurá-lo.

– Suba! – exclamou Harry. – Use-me como uma escada.

Ela segurou-o pelo cotovelo, seu peso puxando a camisa do uniforme dele. Os músculos tremiam quando atingiu os ombros largos e poderosos.

Harry achou que suas costas iriam arrebentar e esforçou-se para usar a musculatura da barriga, retesando-a para trazer Hermione para cima, de tal modo que o peso dela se apoiasse contra ele, e ele pudesse ter algum equilíbrio.

Quando sentiu o peso de Hermione, disse:

– Ponha seus braços em volta de meu pescoço e prenda a respiração.

Ela, claro, obedeceu.

Em seguida, Harry trabalhou a corda, levando ambos para cima. O movimento forçava sua coluna, fazendo-a estalar. As botas de Harry trocaram de posição na saliência da rocha, e ele avançou mais corda para chegar à beirada do penhasco. Aquilo tudo parecia querer durar para sempre.

Relâmpagos reluziam no céu sem parar, lama e pedras caíam sobre o penhasco.

– Já pode alcançar o solo, Hermione.

Ela tentou..

– Não. Deus, Harry, levarei nós dois para o abismo!

– Não permitirei que isso aconteça. Fique calma – pediu ele, embora também não estivesse muito confiante.

Na verdade, o coração de Harry continuava disparado, mas se controlava o bastante para agir com eficiência. Afinal de contas fora para isso que tinha sido treinado. E salvar Hermione, de repente, tornou-se a missão mais importante que já realizara até aquele dia. Tanto quanto salvar a própria vida, ele compreendeu.

Harry gemeu com o esforço, avançando a mão pela corda acima palmo a palmo, agarrando com segurança e firmeza. Seus dedos quase endureceram pelo movimento. As articulações ardiam como fogo.
Hermione agarrava a corda, as pontas dos dedos ficando brancas com a força que depositava ali. Sua determinação, entretanto, multiplicava-se. Ergueu a mão para alcançar mais alto. A simples tarefa ameaçava sua vida.

– Suba, Mione, eles estão chegando!

Ela não sabia o que era pior: atingir a beira do penhasco ou ser fuzilada. Apoiando o joelho no ombro dele, procurou por terra estável.

Até que enfim, encontrou-a, enfiando as unhas no chão, afundando os joelhos no barro.

Uma pedra escorregou pela borda e atingiu o ombro de Harry, ele praguejou baixinho, levantou a outra mão e, com rapidez e habilidade, pegou na corda de novo, puxando uma distância extra para si mesmo.Hermione jogou-se no terreno sólido e se voltou para ele, segurando a corda. Ela se apoiou o melhor que pôde, enfiando os pés no chão, e puxou com força. E rezou. Então, a cabeça dele alcançou o cume do despenhadeiro.

A tempestade respingava lama e, seu rosto.

Harry atirou a perna sobre a beira e lá estava ela, agarrando sua camisa pelos ombros, puxando, as pernas apoiadas para manter-se firme e não ser arrastada. Ele engatinhou e, quando se viram em solo seguro, ambos se despencaram, parecendo desfalecidos.

Por um momento, apenas ficaram ali, deitados, ofegantes, água e terra tornando-os imundos. Depois, Harry ergueu a cabeça e encontrou o olhar de Hermione.

Os lábios dela tremiam, os olhos lacrimejavam sem cessar. Ele andou de joelhos e, em segundos, alcançou-a.

Jogaram-se um nos braços do outro, com loucura, como se estivessem celebrando a vida, as mãos dele percorrendo com selvageria as costas femininas e depois os cabelos. Harry a apertou contra si enfiando o nariz na curva do pescoço dela.

Harry sentia uma forte dor nos pulmões. Hermione deslizou a mão sobre o cabeça dele, pressionando-o com força. “Obrigada, meu Deus”, agradeceu numa prece silenciosa.

Mãos apalpavam por segurança, para confirmar que estavam vivos. E, de repente, Harry a beijou, quase com desespero, um beijo profundo, ardente e apaixonado que dominou os sentidos de Hermione e inundou-lhe a alma.

Cada uma de suas células correspondia, implorando por mais.

Era emocionante, eletrizante. Relâmpagos faiscavam, torrentes de água caindo sobre eles e, entretanto, Harry a beijava e tornava a beijá-la, sem uma pausa sequer. Com avidez, com loucura.

– Pensei que perderia você para sempre – sussurrou, contra os lábios dela, e então tornou a beijá-la.

Hermione compartilhou as carícias, uma força incontrolável e enigmática fluindo em seu interior.

– Jamais quero sentir tanto medo na vida outra vez. – A boca de Harry deslizou sobre a dela.

– Céus... – foi tudo que ela pôde dizer.

Um tiro explodiu e ecoou pelo vale abaixo. Eles se separaram e estenderam as mãos para se segurar nas árvores. Harry tinha o rifle, e já observava a área ao redor, antes que Hermione soubesse o que estava acontecendo.

– Fique atrás de mim, Mione.

Os traficantes deram meia dúzia de tiros. Hermione sabia que Harry esperava para ver de onde vinham os disparos. Depois de mais três tiros dos bandidos, ele devolveu fogo.

Os estampidos eram desafiadores e rápidos. A sucessão de disparos ecoou pela floresta. Um, dois, três; um, dois, três... Hermione recuava a cada estampido.

Os pássaros agitavam-se e espalhavam-se mais alto nas árvores. Animais selvagens pareciam surgir do nada e corriam, amedrontados. De repente, ela não ouviu mais gritos de dor. Nada. Apenas a quietude. Fúnebre.

Hermione também não olhou. Era uma realidade feia e dolorosa e ela preferia evitar o visual. Era uma luta pela sobrevivência.

– Enrole a corda e fique pronta para partir – Harry instruiu. – Não saia daqui e não se mova.

Hermione assentiu com um movimento de cabeça, enquanto comprimia a barriga. O estômago que estava um tanto dolorido.

Harry aproximou-se devagar, verificando o primeiro homem que caíra com os tiros. Ele tinha um buraco na testa, outro no peito mais um no pescoço, que cortara a veia jugular.

Em seguida, chegou aos demais, recolhendo dinheiro de dentro de seus bolsos e as armas. Em um do bolso, encontrou a foto de uma criança morena, com uma expressão triste e sofrida no semblante. No verso da fotografia, as palavras “Miguel, dez anos” vinham escritas com letras malfeitas. Na certa, um filho distante, um menino inocente.

Era incrível como a vida conseguia ser cruel algumas vezes. Por mais bizarro que pudesse parecer, Harry sentiu um aperto no coração ao devolver o retrato do garoto, jogando-o sobre o traficante inimigo, ali a seus pés. Em algum lugar da Colômbia, um criança ficara órfã de pai sem sequer saber.

Esvaziou os conteúdos de drogas, muita maconha e até cocaína, jogando-as no solo úmido e deixando que a chuva fizesse o resto do trabalho.

Quando voltou para onde Hermione estava, encontrou-a ainda sentada no chão, mirando o céu.

– Mione?

Ela o encarou.

– Eles queriam nos matar – Hermione afirmou, muito triste.

Ódio era uma coisa, intenção de matar era outra bem diferente.

– Sim. – Harry se ajoelhou ao lado dela. – Eles teriam nos perseguido até que conseguissem acabar conosco.

Ele acariciou-lhe os cabelos molhados.

– Mas eu não fiz nada para ajudar você...

Harry sorriu com terna emoção..

– Você se manteve calma, meu anjo, e isso foi fundamental. Nunca esperei que atirasse, querida.

Ainda ajoelhado, Harry analisou o terreno enquanto arrancava o preservativo esfarrapado do cano do rifle e o substituía por um novo.

Hermione sorriu para aquilo, alegre por divertir-se, alegre por estar viva.

E feliz por se encontrar ao lado dele.

Harry era tudo em que Hermione pudera pensar lá embaixo, quando estivera pendurada sobre o rio, imaginando se ele a encontraria. Contudo, no fundo da alma, sabia que Harry não pararia até que a encontrasse.

Era espantoso o tipo de pensamentos que se canalizam através do cérebro quando você sabe que vai morrer. Hermione nunca se vira tão aterrorizada em sua vida, e mais do que isso, temia que jamais tornaria a vê-lo, que nunca o conheceria de verdade. E, acima de tudo, que não o provaria. Que não faria amor com Harry.

Aquela era uma oportunidade que não deixaria passar de novo. “A vida não lhe dá muitas segundas chances e você precisa ficar atenta a tais oportunidades”, disse para si mesma. Acabava de ter uma enorme segunda chance. Desafiar a morte era uma forma verdadeira de abrir os olhos de uma pessoa.

Acima a mochila de equipamento, Harry encontrou o olhar de Hermione, e então, de repente, estendeu a mão, trazendo-a para perto, a fim de beijar-lhe a testa.

Embora estivessem ensopados, enlameados e exaustos, o gesto, ou melhor, o ato de carinho seguiu direto para a sensibilidade de Hermione, atingindo e fazendo-a suspirar, encantada.

– Você é incrivelmente corajosa, Mione – Harry murmurou.

– Só porque você estava aqui. – Ela tocou-lhe o rosto. – Obrigada por me salvar, Harry. Mil vezes, obrigada.

– Não há por quê. – E sorriu-lhe, emocionado.

Hermione pensou em como ele era humilde em seu modo galante, tão diferente de outros fuzileiros que conhecera. Não estava certa se queria analisar qual era a razão pela qual Harry a atraia tanto. Sexo e charme, bravura e valentia... sem dúvida. Mas ele tinha também um coração. E bem grande. Era um homem doce e muito sensível. Já lhe provara isso uma centena de vezes.

Harry tinha caráter forte, também, e ao crer que ele poderia sobreviver aos comentários e escrutínio de sua vida distorcida a fez querer abraçá-lo e não soltá-lo nunca mais.

– Vamos embora daqui. – Hermione se levantou, a mochila encharcada e suja como cada parte ela.

Harry a analisou em detalhes, antes de dizer:

– Mesmo correndo o risco de ser esbofeteado, tenho de lhe informar que está com uma aparência horrível.

Ele estava tão feliz só por olhar para aquela mulher!

Hermione riu.

– Sim, eu sei, mas a lama faz maravilhas para a pele. Não sabia?

– Já ouvi comentários a esse respeito.

– No Brasil, há uma praia aonde as pessoas vão só para tomar banho de lama, pois há provas científicas de que é bom para a epiderme e para a saúde em geral.

– É ótimo saber disso. – Sorriu. – Pelo jeito como estamos, não iremos precisar de cirurgia plástica pelo resto de nossos dias.

Hermione deu um passo e cambaleou ao pisar numa cova.

– Não sou boa nisso...

– Vá devagar. – Harry a prendeu contra si, olhando dentro de seus olhos cor de uísque e castanhas. – Você foi ótima até aqui e estou felicíssimo porque está viva. E orgulhoso de minha menina.

Minha menina? Hermione adorou ouvir aquilo.

– Já imaginou se fosse um ninho de serpentes, Harry?

Ele achou graça.

– Sim, querida, eu pensei.

E Harry roçou os lábios contra os dela, numa tema e deliciosa carícia.

– Ainda sou seu dever? – Mione o fitava com intensidade.

Harry encostou a cabeça na dela com um sorriso breve e muito sensual.

– Não desde que tive minhas mãos entre essas pernas estonteantes e maravilhosas.

Hermione soltou uma gargalhada, os dedos acariciando a face dele, o polegar passando por sua boca antes de se inclinar para beijá-lo.

A ternura foi deixada para trás. Um desejo primário sobressaiu-se naquele momento. Harry puxou-a pelo tecido da camisa de camuflagem, apertando-a contra si, quase derrubando-a no chão.
Um gemido rouco soou em seu peito.

As emoções de Mione vieram à tona sem freios, e causaram-lhe um arrepio que a percorreu do alto da cabeça à ponta dos pés.

Hermione apenas queria mais. Muito mais. Desejava ficar mais próxima dele, senti-lo em seu interior, esperando que seu coração correspondesse aos sentimentos que Harry fizera brotar em seu corpo.
Como que adivinhando os pensamentos dela, ele a puxou ainda mais para si, com uma violência inesperada, e beijou-a com avidez. Começou pelas faces, demorou-se na boca, desceu para o queixo e pescoço.

Mione ofegava e gemia, tentando retribuir as carícias, mas Harry, em seu desespero, não deixava. Desabotoando o primeiro botão da larga camisa de camuflagem que lhe emprestara, agora suja e rasgada, levou os lábios aos seios alvos e depois a ponta da língua sobre os mamilos róseos já intumescidos pela paixão.

Ela se entregou por completo aos afagos dele, abandonando-se, sabendo que chegara a hora da dádiva absoluta.

A excitação de Harry era poderosíssima. Hermione achou que ia cair, uma vez que as pernas tremiam e os joelhos começavam a se dobrar.

Então, Harry parou, e Hermione ficou atônita. Incrédula.

Um macaco guinchou por perto, que se separaram devagar, ambos respirando com dificuldade.

Harry ergueu-lhe o queixo e olhou bem dentro de seus olhos. As íris verdes dele expressavam coisas inimagináveis que poderiam ter feito juntos, numa total troca de carícias e deleite. Hermione rezava para que estivesse certa, decifrando-o daquela maneira.

E, sem dizer uma palavra, Harry a pegou pela mão e começaram a descer a montanha.

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