Insanidade em uma semana ruim



Capítulo 8-Insanidade em uma semana ruim


 


Era segunda feira de manhã e eu nem ao menos havia conseguido fechar os olhos para descansar. Toda vez que eu tentava vinha uma imagem diferente na minha cabeça, a maioria mostrava Malfoy morto e aquilo realmente me deprimia ainda mais. As outras imagens mostravam Lestat e meu pai duelando.Lestat sempre caia no final...

Como se já não bastasse toda a tragédia em que minha vida tinha se transformado eu tinha um teste de runas antigas para o qual não havia estudado e por isso não tinha a menor condição de faze-lo.Eu estava me sentindo dentro de um dramalhão mexicano com direito a dublagem mal-feita e tudo o mais.

Arrastada por Darcy, fiz o teste de runas e freqüentei todas as aulas.Tudo bem que eu mais parecia um zumbi do que a Rose de verdade, mas era melhor que simplesmente sumir do mapa.Uma morte já era o bastante para Hogwarts,pelo menos naquele período. Por falar em morte, não me dei conta naquele dia - devido ao meu estado de inércia mental - mas ninguém comentou sobre a morte de Malfoy. Nem sequer falavam de seu desaparecimento repentino. Será que ninguém sentia falta dele? Isso era desprezível!

Lestat tentou aproximação comigo durante todo o dia, mas eu simplesmente não conseguia olhar para ele sem que a palavra assassino viesse à minha mente. Nem para ele, nem para James. Minha raiva só aumentava quando eu olhava para a cara cínica de cada um deles. A única satisfação que tive naquela segunda-feira foi saber que Hugh também estava de castigo; e quase consegui sorrir quando ele recebeu um berrador da mamãe em pleno almoço.

A segunda-feira demorou a acabar. É estranho quando você perde alguém muito especial, nada mais tem graça, não existe diversão, o tempo parece que para (odeio essa coisa de queda de acento diferencial!). É uma sensação horrível de impotência. Você não pode fazer nada para mudar aquela situação, você se torna uma marionete nas mãos do destino. Eu achei que ficaria louca até o fim daquela semana e ela estava apenas no início.

Nem vi quando consegui pegar no sono e quando dei por mim já estava na sala de transfiguração, primeira aula da terça-feira. Era aula com a Sonserina. Malfoy não estava lá e ninguém parecia notar. Era como se não fizesse diferença. Nem ao menos os amigos dele estavam tristes. ‘Que gente mais asquerosa’ eu pensava ‘Como pode... O garoto morre e eles estão sorridentes, nem parecem estar de luto’. Bem, talvez eles não estivessem de luto. Talvez eles estivessem felizes por se livrarem de Malfoy.

Credo. Com amigos assim ele nem precisava de inimigos. Ele não precisava de mim como inimiga dele. Senti aquela dorzinha no peito ao pensar nisso. ‘Mas que droga!Nem depois de morto você me dá sossego!’. Será que eu nunca ia me livrar dele? Da lembrança dele? Taí, Malfoy ia me assombrar por anos a fio e um dia, quando eu morresse velha e caquética, íamos nos encontrar e falar sobre coisas tolas e sem sentido, exatamente como essas que eu estava falando agora.
-Rose você não vem? A aula já acabou. – O que? Primeiro sinal de que eu estava surtando completamente: a aula acabou e eu nem participei ativa ou passivamente dela.

-Já? – Perguntei idiotamente (isso existe?).

-Por Mérlin, em que galáxia você estava? –Perguntou Al

-Na galáxia: não é da sua conta!- Disse dando língua para Al. Fiquei embasbacada com meu comportamento infantil.

-Você está estranha. Vai me contar o que aconteceu? –Al perguntou preocupado.

-Não. –respondi mal-humorada. –Só me acompanhe até a próxima aula e prenda minha atenção. Não me deixe pensar.

-Isso vai ser meio difícil.

-Eu sei que você consegue. Vai dar o melhor de si, não vai? –Olhei para Al, quase implorando.

-É, vou sim. – Respondeu sorrindo.

Saímos da sala em direção à próxima aula. Al passou o caminho inteiro falando no meu ouvido, fazendo perguntas que exigiam minha concentração. A tática ajudou bastante e eu desviei minha mente de Malfoy por algum tempo. As aulas se seguiram tranquilamente e eu quase prestei atenção em todas elas.

E então, mais um dia havia acabado antes que eu percebesse. Durante o jantar Lestat tentou, novamente, falar comigo. Mais uma vez eu o ignorei. Não ia conseguir fugir dele por muito tempo, sabia disso, mas quanto mais eu o fizesse esperar, melhor seria. Pelo menos minha raiva estaria mais controlada e o risco de eu transformá-lo em um chimpanzé bebê seria quase nulo. Ao fim do jantar me arrastei até a sala comunal, que estava repleta de jovens estudantes alegres e sorridentes. Aquilo me deixou enjoada. ‘Eca, pessoas felizes!’. Então, me enfurnei no dormitório e só sai de lá no dia seguinte.

‘Quarta-feira. Hoje tem poções. Hum... Posso fazer a minha dar errado e explodir na minha cara, aí terei que ir para o St. Mungus, mas será tão grave que morrerei a caminho do hospital. ’ Pensei dramaticamente. ‘Não, sua idiota. Se cometer suicídio você não vai pro céu. Aí não vai poder encontrar o Malfoy!’ Disse uma Rose com asinhas nas costas. ‘E quem garante que Malfoy está no céu?’ Disse a Rose de chifrinhos na cabeça. ‘Verdade. Não creio que ele tenha ido pro céu’ disse a Rose de carne e osso. Mais um sinal indiscutível de que minha sanidade estava indo para o ralo: eu estava confabulando sobre ir ou não para o céu (e encontrar ou não Malfoy por lá) com a minha consciência. ‘Tolinha, ele tem saldos positivos com o Criador. Ou você se esqueceu que ele salvou sua vida por duas vezes?’ Disse a Rose de asinhas. ‘Isso é verdade. ’ Disse a Rose de carne e osso, envergonhada. ‘Ai, que idiotas vocês duas... E quanto ao que ele fez na casa dos gritos? Ele agrediu o Lestat!’ Disse a Rose de chifres. ‘Cara, ele pagou por isso!’Disse a Rose do bem. ‘Uma ova! Nada disso estaria acontecendo se não fosse por ele. ’ Disse meu eu do mal. ‘Eu estou meeeesmo enlouquecendo!’ Pensei, tentando me livrar daquelas duas malas que imitavam minha consciência. ‘ É obvio que está enlouquecendo. Por acaso se estivesse sã, acharia que ama aquele diabrete do Malfoy? Bem, eu respondo por você, queridinha: não mesmo!’ Esse meu lado diabinha era tãaao irritante! ‘Ora essa! Ela sempre amou Malfoy, só você não percebeu isso. ’ Okay, esse lado anjinha também não era lá muito bacaninha. ‘Está enganada. Ela sempre sentiu um ódio incontrolável por ele. ’ Oh my... Elas não iam começar a discutir isso na minha cabeça, iam? ‘Que pode ser traduzido como: amor incompreendido. Ta na cara... ’ Céus, elas. iam discutir na minha cabeça. ‘Não, não. Era ódio!’. ‘Amor’. ‘Ódio’. ‘Amor’ ‘Ódio’ Aaaaaaaaaaaaahhhhhhhhhhh!

-CHEGAAAAA! SUMAM DAQUI, SUAS PRAGAS DE MERDAAAAAA! – explodi em voz alta. Muuuuito alta.

‘Ai estressadinha!’ E essa versão falsificada da minha consciência boa ainda tinha coragem de me desacatar... ‘Ui looouca! Não sabe brincar então não desce pro play!’ E essa demônia paraguaia me tirando? ‘Tudo bem então. Fui!’ Disseram as duas ao mesmo tempo, me deixando sozinha novamente.

Peraí, eu disse sozinha? Er... Não, não estava sozinha. Na verdade, estava na mesa da Grifinória, no salão principal e todos, eu disse todos, olhavam assustados para mim. Certo, eu havia acabado de anunciar minha loucura para toda a escola e agora estavam todos cientes de que Rose Weasley era pirada. P-I-R-A-D-A! Isso significava suicídio social. Sim, porque que tipo de pessoa ia querer se aproximar de uma maluca? Pensei que nem mesmo Lestat fosse querer falar comigo depois daquele surto. Bem, me enganei redondamente. Ao perceber que todos olhavam para mim sem compreender o motivo de meu chilique, Lestat levantou-se e começou a gritar, como se estivéssemos tendo uma discussão. Em seguida James fez o mesmo. Eles estavam salvando minha pele. E minha reputação também.

-AH, AGORA EU SOU UMA ‘PRAGA DE MERDA’?- Lestat perguntou, aos berros.

-E EU? QUER DIZER QUE É ASSIM QUE VOCÊ TRATA O CAPITÃO DO TIME DE QUADRIBOL DA GRFINÓRIA? – Disse James, estufando o peito ao pronunciar as últimas palavras.

-É, É ASSIM, SEUS IMPRESTÁVEIS! – berrei, entrando no esquema e olhando para os dois com a gratidão estampada em minha face. -EU DISSE QUE QUERIA MEU SUCO DE ABÓBORA SEM AÇUCAR! – bem, se era para salvar minha reputação, que fosse muito bem feito. As meninas das outras casas iam me achar A fodona por mandar nos dois caras que estavam entre os mais pops/hotties da escola.

-O que está havendo aqui?-perguntou o professor Slughorn ao notar a gritaria.

-Nada não, professor. É só a Rose de TPM. – disse Al, se metendo na história.

-Ora, senhorita Weasley, tente controlar seus impulsos. – advertiu-me o professor. Eu encarei-o furiosa e ele disse - Bem, talvez a senhorita queira se ausentar das aulas por hoje, o que acha? -Bem... Acho uma excelente idéia, professor. Assim não corro o riso de ferir ninguém que atravessar meu caminho.

Slugh olhou-me assustado e prosseguiu: 

-Estamos combinados. Volte para o seu dormitório e só saia de lá quando tiver certeza de que pode conviver novamente em paz com as pessoas. - Uhh... clausura total. Podia demorar décadas para que eu voltasse a conviver pelo menos em harmonia com as outras pessoas.

-Farei isso, professor. Ao ouvir minha confirmação de que não causaria danos às pessoas, Slugh voltou para seu café-da-manhã na mesa dos professores. Enquanto colocava a mochila sobre os ombros, agradeci a Lestat, James e Al por limparem minha barra.

-Valeu mesmo, gente. Serei eternamente grata.

-Imagina... Eu só queria saber o que está acontecendo, porque você não é do tipo que sai gritando pro nada. – Disse Al.

-É eu estou apenas... estressada, ultimamente.É isso...

-Rose sua maldita! Você surta, a gente tenta te ajudar, você nos humilha publicamente e ainda ganha um dia inteirinho de folga... O que você faz para ter taaanta sorte? – perguntou James, irritado.

-Simples, nasci com a bunda virada pra lua. - respondi secamente. - Agora,se não se importa, vou voltar para meu humilde dormitório para que você não seja obrigado a ouvir mais respostas tortas saídas desses lábios rosados que a terra um dia há de comer.

-Rose, espere. Eu vou com você. Esqueci um livro em cima da minha cama. - Disse Lestat, me segurando pelo braço para não me deixar escapar.

Droga! Ele ia ficar me interrogando. E eu não estava com paciência para interrogatórios. Mas não seria nada fácil me livrar dele.

-Goleira, o que está acontecendo com você?-perguntou demonstrando preocupação.

-Nada, Lestat, eu juro que está tudo... bem. - Rezei para que ele não tivesse notado que eu hesitei para dizer a palavra ‘bem’.

-Não, não está... -insistiu

-Se você não acredita, eu só tenho a lamentar. – Rose estúpida! Ele só está tentando entender... Ele não sabe que você gostava do cara que ele ajudou a matar!

-Bem, eu não acredito. -disse me agarrando pelo ombro e me fazendo encara-lo. -Rose, há algo muito estranho com você desde domingo.

-Juuuura?

-Olha, eu sei que seu pai proibiu o nosso namoro, mas... Mas eu gosto de você. Gosto de verdade e...Por Mérlin, como está sendo difícil pra mim ser totalmente ignorado por você quando eu sei que você também gosta de mim!- Ai droga! Era mais sério do que eu pensava. Ele não ia me interrogar, ele ia ficar se humilhando pra me fazer ‘voltar’ pra ele.

-Eu... - ‘odeio você por ter matado Malfoy’ - Eu estou meio confusa no momento e achei que seria melhor não... não passar essa confusão para as outras pessoas. Especialmente para você... - impressionante como eu estava me acostumando a inventar histórias ridículas para enganar as pessoas.

-Acho que você fracassou nessa tola tentativa de não me confundir... Porque eu estou entendendo cada vez menos as coisas em relação a nós dois.

Então ouvir aquela declaração dele me fez ter vontade de chorar. Ele estava certo. Eu estava estragando tudo! Estava me confundindo e confundindo a ele. Talvez fosse melhor cortar o mal pela raiz. Ia fazer o que meu pai desejava. Não seria mais namorada de Lestat...oficialmente. Quer dizer, qual seria o futuro daquela relação? Se eu terminasse logo, era provável que ele não sofresse tanto.

-Lestat... acabou. – eu disse friamente e sai correndo, deixando-o ali, petrificado enquanto tentava processar o que eu acabara de fazer.

Eu devia estar me sentindo beeeem melhor, afinal estava tirando um peso imenso de minhas costas, mas ao contrário do que imaginei, estava me sentindo péssima. Terminar com ele só provava o quão egoísta e masoquista eu era. Quero dizer, eu não terminei com ele para não faze-lo sofrer, eu terminei porque era difícil ficar ao lado do assassino do garoto que achava que amava. Sim, achava porque eu não tinha certeza de mais nada. Qual é, você confiaria no que sua mente pensava depois de pegar sua consciência discutindo com ela mesma? Não. Foi o que eu pensei.

Droga, eu terminei com um garoto para ficar com meras recordações de outro. Minha sanidade estava em baixa. Muuuuuito baixa. Resolvi que só sairia do dormitório novamente quando tivesse recobrado minha consciência. Talvez as coisas melhorassem para mim em mais dois ou três dias. Ou talvez eu enlouquecesse de vez em dois ou três dias. Se eu ia ficar trancafiada em um quarto, precisava de algo que distraísse minha mente.

Em meio às minhas tentativas inúteis de me manter ocupada, fiz amizade com uma aranha que tecia sua teia perto da minha cama. E o mais bizarro é que eu herdei de meu pai uma aversão incondicional a aranhas. Eu odiava aranhas e estava falando sobre minha vida sentimental com uma-e aranhas N-Ã-O falam! Meu dia foi dividido em conversar com minha nova amiga aracnídea, leitura trouxa bem-comportada-mas estava pensando em substituir meus livros por outros no estilo auto-ajuda-, fiz anotações inúteis e minha tarefa de casa.

Não me lembro muito bem quando foi que dormi-de novo. Sério, isso tava ficando chato-mas acordei no meio da madrugada, completamente sobressaltada. Mais um sonho ruim... com Malfoy-mas não conseguia me lembrar muito bem dele. Desci até a sala comunal depois de olhar no relógio e descobrir que eram três horas da manhã. Ela devia estar vazia, mas quando cheguei à sala, havia alguém lá.

Aproximei-me do indivíduo e levei um susto quando descobri quem era.

-Lestat? – Perguntei hesitante.

-Ou o que restou dele. – respondeu com a voz embargada. Estaria ele chorando? E Por minha causa? Ah não, era demais pra mim.

-Posso me sentar aqui? – perguntei amigavelmente, apontando para o espaço vazio no sofá ao, ao lado dele.

Permaneceu calado, mas como não fez objeção alguma, sentei-me.

-Podemos conversar? – perguntei esperando ouvir um ‘não’ como resposta. – Sabe, a aranha lá no meu quarto já se cansou de ouvir minha voz... e confesso que cansei de ouvir a dela também.

Consegui arrancar uma breve risada dele. Bom sinal. Ele não me odiava tanto quanto pensava.

-Você vai me explicar porque terminou comigo?

-Não consegui explicar nem para mim mesma.

Então me perdi em pensamentos e ele, aparentemente, também. Estar em companhia de Lestat era melhor que estar sozinha no dormitório. Talvez eu tenha cometido um engano ao terminar com ele. Mas não tive tempo para pensar no assunto, pois ele quebrara o silêncio e meu raciocínio.

-Engraçado isso. Há algumas noites nós estávamos nessa mesma sala, nos beijando e agora estamos desolados, pelo menos eu estou, por não estarmos mais juntos. – disse, sua voz saiu um pouco rouca.

Mais uma vez uma vontade incontrolável de chorar se apossou de meu ser. Não conseguiria segurar por muito tempo. Meu peito doía, como se meu coração estivesse se partindo em dois. E cada parte dele fora cruelmente tatuada, uma com o nome de Malfoy e a outra com o nome de Lestat. Olhei para minha blusa temendo que o sangue que jorrava de meu coração divido estivesse manchando-a, mas não havia nada ali. O ferimento permanecia interno. Interno e dolorido. Levei a mão ao peito e Lestat, percebendo meu movimento desesperado, abraçou-me.

Em resposta ao seu toque, estremeci e não consegui mais conter ás lagrimas. Eu estava ficando louca, amava meu inimigo número um-que estava morto; amava também um de meus melhores amigos-que era um dos assassinos do outro. Como se não bastasse, estava chorando no ombro de um dos caras que amava, mas que havia chutado e havia me tornado uma histérica insuportável que conversava com aranhas.

-E-eu...n-não...a-guento ma-maaais...-disse entre um soluço e outro. Lestat afagava meus cabelos enquanto me ouvia lamentar.

-Rose, acalme-se... – ele dizia com a voz contida.

-Q-quero minha... minha vi-vida de voltaaa...

-Não, não chore assim. Por favor, não faça isso. Goleira, eu é que devia estar chorando por ter levado o fora e você é quem surta? – disse na vã tentativa de me animar.

Ao ouvir o que ele dissera, chorei ainda mais. Mais uma vez eu estava sendo uma puta de uma egoistasinha mimada. Quer dizer, eu estava sendo consolada pela pessoa que devia estar chorando. Eu era má e insensível... Tal qual Malfoy! Éramos perfeitos um para o outro então.

-Droga, v-você é... é bom demais pra mim...

-Você está brincando, não está?

-Nãaao! Você não me merece!-respondi chorando ainda mais.

-Pelas barbas de Mérlin, Rose, nunca mais diga isso!-falou sério demais para que eu pensasse que estava brincado.

-A cada segundo eu acredito mais e mais que você é superior a mim e que eu não mereço você e esseéomotivopeloqualnãopodemosficarjuntos!.-vomitei aquela frase e escondi meu rosto no peito de Lestat, que ainda me abraçava.

-Foi por isso que terminou comigo?-perguntou incrédulo

-F-foi – gaguejei - mais ou menos. - mas essas últimas palavras foram ditas tão baixo que somente eu consegui ouvir.

Ao invés de brigar comigo ou reclamar do meu motivo fútil, Lestat simplesmente soltou uma risada deliciosa e me abraçou ainda mais forte.

-Rose sua tolinha, acho que eu poderia decidir sozinho se você é ou não boa para mim.

Encarei-o sem acreditar no que ouvia. Todas as minhas tentativas de mantê-lo longe de mim eram inúteis. Ele estava rindo da situação!

-E tem mais - completou, quando eu permaneci calada. - eu não aceito que você continue longe de mim por esse motivo ridículo.

Eu apenas sorri, com a face enterrada em seu peito.

-Goleira, -ele sussurrou - sempre achei você melhor que eu. Em tudo.

Depois daquele momento, permanecemos calados. Cada um com seus pensamentos. Não sei ao certo quando pegamos no sono, mas o fato é que adormecemos ali mesmo. Devia ser umas seis horas da manhã quando Lestat acordou. Eu permanecia abraçada a ele e com a cabeça sobre seu peito. Ele afastou delicadamente seu braço de meu corpo enquanto tentava se levantar, mas aquele movimento me fez acordar sobressaltada.

-Desculpe, Rose. Acho que assustei você.

-Não, tudo bem. Huum... que coisa hein, acabamos dormindo aqui. - comentei timidamente.
-Pois é.- Lestat respondeu secamente. Ele estava estranho. Talvez tivesse repensado sobre o que conversamos e decidido que eu não valia a pena.

-Acho melhor sairmos daqui antes que o pessoal acorde. – disse me levantando do sofá.

-É, não quer que nos peguem na cena do crime, certo? – Ao ouvi-lo pronunciar tais palavras, meu coração palpitou. Malfoy já havia dito aquilo pra mim em outra ocasião e por motivos completamente distintos.

-Certo.- concordei. – Vamos. – disse pegando-o pela mão.

-Parece que voltou a ser você mesma, finalmente. – disse com um tom um tanto ressentido na voz.

-Não, estou longe de voltar a ser quem eu era. – disse vagamente, como se ele não pudesse ouvir.

-Então conversamos depois. Vá se trocar. – disse secamente enquanto soltava sua mão da minha.

Eu ia deixá-lo partir com raiva de mim, mas a parte de meu coração em que o nome dele fora gravado estava doendo e sangrando muito. Percebi que precisava dele tanto quanto precisava de Malfoy.

-Espera! – minha voz saiu alta, clara e enérgica. – Não vá ainda. Você não acha que muda de idéia muito rápido?

-Como é? Eu mudo de idéia muito rápido? – perguntou incrédulo. – Num dia você quer ser minha namorada, no outro termina comigo,depois age como se nada tivesse acontecido... Honestamente, Rose, a única pessoa que muda de idéia muito rápido aqui é você.

-Talvez tenha me enganado a seu respeito. – disse ressentida.

-Bem, se imaginou que eu fosse agüentar tudo isso calado e simplesmente agir como se nada tivesse acontecido imagino que sim, tenha se enganado muito a meu respeito.

-Eu... – mas percebi que não tinha palavras para rebater. Ele estava certo e eu errada. Fatãaao.

-Rose, - disse ele colocando sua mão sobre minha face – eu não retiro nada do que disse antes, mas acho que nós dois estamos...confusos. Acho que você ainda está bastante confusa, então seria melhor esfriarmos a cabeça e conversarmos mais tarde. Tudo bem pra você?

-Tá – respondi tentando não demonstrar meu desespero.

De que ia adiantar esfriar a cabeça se eu já sabia o que seria dito naquela conversa? Mas antes que eu pudesse protestar ou qualquer coisa do tipo, ele deu as costas para mim e partiu em direção ao dormitório masculino. Eu fiquei olhando para a escada enquanto ele ainda estava nela e pensando em minha estupidez e em como eu gostaria de estar morta no lugar de Malfoy. Aquele ser ignóbil tinha provocado toda aquela balburdia em minha vida. Ao pensar nisso, o sentimento nobre que tinha em relação a ele transformou-se novamente em ódio. O único culpado por sua morte fora ele mesmo, quero dizer, ele procurou aquele desfecho. Lestat não tinha culpa. Malfoy era o único responsável por sua própria morte. Retirar a culpa de cima de Lestat me fez enxergar tudo sob uma nova perspectiva. Eu fui egoísta todo o tempo. Sempre pensando em como me sentia triste e desolada pela morte de meu amado, que por acaso jamais me amou.

‘Idiota, perdeu os dois bonitões de uma só vez.’ Disse a voz da minha consciência má. ‘Dessa vez tenho que concordar com você, essa garota foi totalmente estúpida.’ Essa era a consciência boa falando. ‘Não acredito que vocês vão começar mais uma vez com isso.’ ‘Se não quer ouvir a gente, se mata benhê.’ Disse a consciência má. ‘Não dá idéia.’ Disse a boa. ‘Vocês deviam me ajudar a resolver meus problemas e não ficar falando deles como se não tivessem mais solução!’ eu disse. ‘Mas querida, sempre há solução’. ‘Jura?’. ‘Claro, mas a morte é a sua melhor opção. Vai por mim.’ ‘Você não ajuda, ne?’. ‘Meu papel aqui é mostrar para ela os caminhos mais fáceis, ué!’. Ia começar tudo de novo, eu sentia isso. ‘Basta, vocês nunca me ajudam em nada mesmo. Sumam daqui! A-go-ra!’ eu disse antes que elas tornassem a fazer aquela zueira toda na minha cabeça. ‘Ingraaaaata!’ disse a diabinha antes de partir. ‘Não se preocupe, você irá encontrar a resposta que procura.’ Foram as ultimas palavras do meu eu do bem antes de virar pó na minha mente.

‘Espero que esteja certa’ pensei. Como não ia adiantar ficar parada ali, voltei para o dormitório e me aprontei para as aulas. Seria um longo dia. Muuuito longo. Mas eu não sabia de nem metade do que estava para acontecer naquela quinta-feira chuvosa. 


O salão principal ainda estava vazio quando cheguei para o café-da-manhã. Enquanto via o salão se encher de alunos mal-humorados, sonolentos e famintos, muitas coisas passaram pela minha cabeça. Além de ter que me preocupar com a morte de Scorpius e com o fato de estar dividida entre ele e Lestat, tinham também os NOM´s e o quadribol. Seria eu capaz de suportar tudo sem simplesmente sucumbir?


A resposta veio mais cedo do que esperava, mais especificamente na hora do almoço. Eu me sentei à mesa, ao lado de Al, Lily e Darcy, como costumava fazer. Estávamos comentando sobre figurinhas repetidas de sapos de chocolate quando meu raciocínio foi cruelmente interrompido pela imagem que se formara diante de meus olhos.


Lestat entrara no salão com uma loira da lufa-lufa que estava no sexto ano também. Tudo estaria bem se eles não estivessem agarrados. Não, agarrados não. Ela estava pendurada no pescoço dele e ele  não parecia se importar. Os dois caminharam grudados daquela maneira até chegarem perto das mesas, então ela lascou um beijo na bochecha dele e saiu saltitando para encontrar as amigas. Ele, na maior cara-de-pau de todos os tempos, sentou-se na minha frente e teve a capacidade de perguntar se eu estava me sentindo bem, pois estava com uma estranha expressão no rosto.


Não me dei ao trabalho de responder a ele. Fechei a cara durante todo o almoço. Se eu estava com ciúmes? É, muuuito. Mas não era só ciúme. Havia raiva e indignação se apossando de meu ser. Se a intenção de Lestat era despertar aquele tipo de sentimento em mim, pode apostar que alcançara seu objetivo com êxito. E se era mesmo aquela a intenção dele, então estava agindo como um imbecil. Mas aí se encontrava o problema, nunca consegui imagina-lo agindo como um imbecil, ele não desse tipo de garoto.


Então mais uma vez, mergulhei naquele mundinho cheio de inseguranças e frustrações que conhecia tão bem. Não conseguia entender mais nada. Estava tudo completamente fora de controle. Fora do meu controle. Eu estava fora do meu controle. Mas as coisas voltariam logo logo ao normal. Sim, porque eu estava dizendo que voltariam. E se não voltassem eu já tinha um plano em mente: fugir.


Para onde, como e quando ainda eram questões a definir, o mais importante era que eu tinha um plano para o caso de as coisas piorarem pro meu lado. ‘Isso é coisa de gente covarde’ disse aquela metade boa da minha consciência. ‘ Pelo menos ela não está pensando em suicídio’ falou a metade não tão boa da minha consciência. ‘Tem razão. Ainda assim, acho que fugir é coisa para covardes.’ ‘E quem disse que eu sou uma pessoa corajosa?’ resmunguei para a Rose do bem. ‘É claro que você é corajosa, caso contrário não estaria na Grifinória’ ‘Foi um erro de cálculo do chapéu seletor. Ou então meus pais subornaram o chapéu para eu parar aqui’ ‘ Não seja ridícula! Seus pais não teriam dinheiro para subornar o chapéu. E além do mais, o que um chapéu faria com alguns galeões se não pode comprar nada pelo simples fato de ser um chapéu!’


-Rose, vai matar aula ou o que? – Al me chamava ao longe, livrando-me daqueles projetos infernais de consciência.


-Já vou. Espera aí. – disse a Al enquanto colocava atrapalhadamente a mochila nas costas.


-Hei Rose, o James te avisou do treino hoje depois da aula? – Lily perguntou enquanto corria para me alcançar.


-Não, ninguém me falou de treino nenhum. – Ah, ótimo! Treino. Pelo menos uma coisa para distrair minha mente exaurida.


-Bem, estou falando agora. Nos vemos no campo. Boa aula para vocês. – falou Lily, correndo escadaria acima para alcançar meu irmão.


-Rose, você e Lestat não estavam namorando? – ai Al, não faça perguntas desse tipo...


-Sim... Eu acho. – Respondi encabulada.


-Não estão mais?


-Al, por que está perguntando isso? – fui diretamente ao ponto, sem me importar se estava sendo grosseira ou não.


-Porque ele... Não sei se devo contar. – falou Al, hesitante.


-Alvus Severus Potter, o que você sabe e eu não sei, mas devo saber? – indaguei utilizando aquele tom de voz que as mães costumam usar com seus filhos.


-Sienna Sprinsgten espalhou para Hogwarts inteira que passou a manhã com ele no banheiro interditado do sexto andar. – Al vomitou aquele absurdo em cima de mim e, ao perceber minha expressão, que era um misto de fúria, indignação e dor, completou – Mas Rose, por Mérlin, não sei se é verdade. Ele não parece ser esse tipo de cara...


-Aquele vira-lata! – foi o primeiro quase-xingamento que veio à minha cabeça.


-Rose, já disse que não sei se é verdade; aquela garota pode estar inventando. – falou meu primo, já ficando nervoso com o que tinha feito.


-É bom que ele tenha um álibi. – disse no maior estilo serial killer.


-Você não vai ficar maluca com essa história, vai? – perguntou Al, desesperado.


-Al, caso não tenha notado, estou maluca há tempos. Um problema a mais ou um problema a menos não faz diferença no meu estado. – Respondi. Minha voz soou histérica e estava com o olhar vidrado.


-Então vai deixar pra lá, certo?


-Claro que não. Eu mereço ao menos uma explicação.


-Ta, mas vai pedir essa explicação só depois da aula.


- Acha mesmo que vou conseguir assistir alguma aula sabendo da possibilidade de estar sendo... chifrada? – pronunciei essa última palavra tão baixo que talvez nem Al tenha conseguido ouvi-la.


-Sim, você vai. Não vou deixar você cometer nenhum ato impensado. Agora entre nessa sala de aula e não dê nem mais um pio sobre o assunto.


Seria meio difícil livrar-me de Al, então tudo o que restava para mim era assistir a todas as aulas e esperar a hora do treino chegar. Meu plano era pegar Lestat pelos cabelos e arrasta-lo até o armário de vassouras mais próximo, lá dentro ele me contaria tudo o que estava acontecendo entre ele e aquela loira nojenta da Sienna. Se resistisse em falar a verdade, teria que apelar para a magia. Nada muito sério, mas torturante o suficiente para obter resultado.


Passei a aula dupla de herbologia, que fora transferida para a estufa por causa da chuva, pensando no encontro iminente com Lestat. Estranhei o fato de que Malfoy não fizera parte de meus pensamentos durante todo o dia. Teria eu finalmente superado sua morte? Bem, era provável que a resposta fosse negativa, mas ainda assim, era um avanço considerável não pensar nele naquelas 24 horas. Tudo bem que eu preferia ocupar minha mente com Malfoy a ter que ocupa-la com a incerteza de uma traição. Se bem que, tecnicamente falando, não havia traição, visto que eu dera um chute em Lestat, chute esse, que ele não aceitou ter levado. Aquela história toda estava uma confusão dos diabos. Fato.


Acabado o dia letivo, fui até o dormitório, troquei de roupa, catei minha vassoura e em dez minutos estava tagarelando com Lily no campo de quadribol. Logo James surgiu carregando o baú que continha as bolas de treino. Quando se aproximou de nós, parecia irritadíssimo. Olhando para mim com uma expressão de pena, começou a falar:


-Pode apostar que ele vai se ver comigo, Rose. Pode apostar.


-Ele quem? – perguntei confusa


-Lestat... eu avisei que se ele fizesse qualquer coisa que te magoasse ele ia se ver comigo. Eu avisei.


-James, do que está falando? É sobre o boato de que ele e Sienna passaram a manhã juntos no banheiro?


-Não, não era isso. – respondeu calmamente e em seguida arregalou os olhos como se só então tivesse compreendido o que eu dissera. – Ele e Sienna o que?


-Do que você estava falando? – perguntei sem disposição alguma para repetir o que acabara de dizer.


-Você não viu, ne? – disse, abaixando a cabeça e balançando-a negativamente.


-James, responda minha pergunta. – exigi nervosamente.


-Eles estavam vindo juntos pra cá. De mãos dadas e tudo. Rose, eles se beijaram no corredor, pra todo mundo ver.


Eu imaginei minha expressão naquele momento: olhos esbugalhados e cheios de ódio, boca aberta ao máximo e o rosto vermelho feito...sei lá o que. A única palavra com um pouco de decência que vinha a minha mente era maldito. Muito bem, agora minha suspeita fora confirmada. Lestat não era tão bom rapaz quanto imaginei que fosse. Senti algo latejar em meu peito. Era meu coração; a parte que pertencia àquele energúmeno estava doendo como se uma ferida enorme tivesse acabado de ser aberta.


Sem emitir um único som, comecei a andar em direção ao vestiário. Ignorando os chamados histéricos de James e Lily, só parei quando fiquei cara a cara com Lestat. Ele me olhava assustado, eu devia estar realmente dando medo. Não precisei dizer nada para ele simplesmente começar a pedir perdão pelo que fizera.


-Rose, por favor, não me odeie. Eu fui um idiota, sei disso, mas fiz o que fiz para provar que aquela sua teoria maluca sobre você não me merecer estava totalmente errada... – tentava desesperadamente se explicar.


-Ah, talvez não estivesse tão completamente errada. Quero dizer, eu realmente não mereço você, mas dessa vez o motivo é diferente. Dessa vez quem não é bom o bastante é você.


-Isso! Era exatamente isso que queria fazê-la entender. Eu disse que não era tão bom quanto você dizia e que sempre te achei milhões de vezes melhor que eu...


-Você inventou essa explicação ridícula agora e realmente espera que eu vá acreditar nela? – perguntei indignada.


-Não precisa acreditar se não quiser, mas é a mais pura verdade.


-Honestamente, essa foi a pior mentira que alguém já inventou. Pensei que soubesse inventar historias menos estúpidas, tendo em vista que é amigo de James...


-Goleira...me perdoe – pediu com o olhar suplicante, pegando minha mão e se ajoelhando.


-Não seja ridículo. Levante-se. – foram as palavras que me limitei a dizer enquanto soltava minha mão da dele.


-Não vai me perdoar? – perguntou com os olhos marejados de lágrimas, já de pé.


Eu apenas fitei-o por tempo suficiente para sentir pena dele e então o deixei para trás. Por mais que tentasse, não conseguia sentir ódio de Lestat e podia até estar sendo uma panaca, mas acreditava que talvez ele pudesse ter dito a verdade. E depois nós mulheres é que somos complicadas... Enquanto caminhava pelo campo, Lestat corria atrás de mim, implorando por meu perdão. Aquilo me irritou tanto que quando dei por mim, estava à beira das lágrimas, segurando minha vassoura pronta para montar nela e sair voando por aí.


-Rose, por favor, tente entender... – suplicava Lestat, desesperado.


-Por Mérlin, me deixe em paz! – disse quando ele tentou novamente um contato corporal.


-Não posso! Preciso que me ouça...


-Tudo bem, - falei montando em minha vassoura – se não deixa por bem, vai deixar por mal.


E então, alcei vôo. Não fazia a menor idéia de para onde estava indo, desde que ficasse longe de Lestat e da escola. Meu plano de fugir fora, enfim, posto em prática. Pena que o tempo não estivesse muito bom, com uma chuva fina começando a cair novamente, e estivesse perto de anoitecer. Não tive coragem de olhar para baixo ou para trás para me certificar de que não estava sendo seguida.


Levei quase uma eternidade para deixar de sobrevoar a propriedade de Hogwarts. Logo alcancei os limites entre Hogwarts e o povoado de Hogsmead. Decidi aterrissar no povoado, pois a chuva começara a engrossar e logo não conseguiria mais ver um palmo diante de meus olhos e isso não seria agradável para uma menina em fuga.  


Então, enquanto sobrevoava o povoado em busca de um lugar seguro para descer, avistei alguém familiar saindo do Três Vassouras. Aquele ser de porte atlético e andar imponente fazia eu me lembrar de Malfoy, ainda mais porque ele era tão loiro quanto Malfoy.  Mas eles jamais poderiam ser a mesma pessoa, pois Malfoy estava mortinho da silva e esse garoto transbordava vitalidade. Mesmo sabendo que os dois não eram a mesma pessoa, não consegui deixar de observá-lo enquanto caminhava pela cidade chuvosa.


Infelizmente não pude observá-lo por muito tempo, pois em meio à minha distração, não consegui desviar de uma coruja que vinha ao meu encontro. Desesperadas, eu e a coruja, nos chocamos com certa violência. A ave, instintivamente, atacou meu rosto e a única reação que tive foi tentar tira-la de cima de mim. Mas não foi nada inteligente de minha parte simplesmente usar as mãos para me livrar do bicho e parar de controlar a vassoura.


Em segundos estava estatelada no chão, a vassoura a metros de distância e a coruja já voltando a fazer o trajeto que eu interrompi. Aturdida e com a face ardendo pelas bicadas proeminentes da maldita coruja, levantei-me. Olhei ao redor e não havia ninguém. ‘Ainda bem que ninguém viu isso’ foi a primeira coisa que me veio à cabeça, mas tão logo ouvi passos se aproximando, percebi que me enganara.


-Hei garota, você está bem? – alguém perguntou às minhas costas. Reconheci aquela voz quase de imediato, porém não era possível que pertencesse a quem imaginava.


-Acho que estou inteira – respondi virando-me para encarar o estranho. –E muito provavelmente bati a cabeça. – disse quando percebi que ele era idêntico  ao Malfoy.


-Weasley? – perguntou o garoto, surpreso, que pelo visto me reconheceu.


Ops... Ele me reconheceu?


OMFG!


Eu estava cara a cara com Malfoy! Isso só podia significar uma  coisa: eu... ESTAVA MORTA!


-M-malfoy? – perguntei para me certificar de que era mesmo ele.


-Sim. O que diabos está fazendo aqui? – ao ouvir sua confirmação, meu coração deu um salto dentro do peito.


-Bem, meu tombo foi mais trágico do que imaginei. Pelo menos não senti muita dor...e foi bastante rápido também. Não sabia que morrer era tão simples e quase indolor. – falei calma demais para alguém que acabara de descobrir que estava morta.


-Acho que bateu a cabeça com força, hein... – disse colocando a mão sobre minha cabeça.


-Devo ter quebrado o pescoço...


-Se tivesse quebrado o pescoço, estaria morta. – disse ele impaciente.


-Já estou morta. Só gostaria de saber onde está meu corpo... – falei olhando para os lados, procurando por um corpo inerte e sem vida.


-Caramba garota, você andou bebendo de novo? – falou Malfoy, pasmo. Fiquei estranhamente feliz ao saber que ele se lembrava daquela noite em que fui embebedada.


-Claro que não. Quando você morreu, conseguiu ver seu corpo?


-Mérlin, sabia que você era louca, mas não tinha noção de que era tanto.


-Não sou louca. Oh meu deus, você ainda não fez a passagem. – disse histérica - Vem, vamos procurar pela luz. – disse puxando-o pela mão, olhando para o céu, como se fosse surgir alguma luz que nos levaria para o além.


-Garota, o que deram pra você fumar? – perguntou, incrédulo. – Vê se presta atenção em mim. Nós não morremos e não há luz alguma! – falou, com meu rosto espremido entre suas mãos. Por mais que estivéssemos na mesma situação, não consegui olhar dentro dos olhos dele.


-Ora essa, tem que acreditar em mim, precisamos fazer a passagem...


-CARAMBA WEASLEY, JÁ CHEGA! – berrou – É o seguinte: está chovendo muito, estou morrendo de frio e não vou ficar aqui discutindo com uma garota que caiu de uma vassoura e muito provavelmente bateu a cabeça tão forte que está delirando!


-Tudo bem, se acha que estou louca, o problema é todo seu. Vou continuar procurando pela luz.


-Faça como quiser. Eu vou voltar para o Três Vassouras.


-Ainda acho que devia ficar e fazer a passagem. Ou será que você tem algum assunto inacabado aqui na Terra?


-É, acho que o meu assunto inacabado é você. Devia ter lhe deixado morrer quando tive a oportunidade, agora estou pagando pelos erros do passado...


-Isso não faz mais diferença mesmo...


-Tudo bem,já que insiste nessa maluquice, vou deixa-la à vontade para procurar a tal luz e fazer a maldita passagem.


E dizendo isso, deu as costas para mim e voltou para o Três Vassouras. Fiquei ali, sozinha e na chuva olhando para o nada, esperando que viessem me levar embora para a terra dos mortos. De repente me dei conta de que Malfoy havia dito a verdade. Não estávamos mortos. ELE não estava morto.


Estupefata com minha ignorância e cansada de minha imaginação ultra fértil, deixei-me cair sentada no chão. Remoendo todas as maluquices pelas quais tinha passado durante aquela semana pelo simples fato de pensar que Malfoy fora assassinado por meu pai, meu primo e meu namorado. Depois de analisar meu comportamento insano, fiquei me perguntando o que diabos me fez imaginar que eles haviam matado o garoto.


 


-Weasley, não vou deixá-la nessa chuva. Se quer esperar pela tal da luz, que espere dentro do Três Vassouras. – disse Malfoy, interrompendo minhas divagações, parado de pé ao meu lado, segurando minha vassoura-que por mais incrível que possa parecer, estava inteira.


-Não estamos mortos. – exclamei bobamente, encarando-o.


-Mesmo? Estava começando a acreditar nessa sua sandice. – debochou. –Ficarei grato se você se levantar e me acompanhar. Já disse que estou com frio.


-Eu sou uma idiota. – choraminguei irritada com minha ignorância.


-É, você é sim. – ele concordou, zombeteiro.


-Malfoy... Está sendo tão gentil,sabe, querendo me proteger da chuva. – falei, sentindo minha face corar levemente.


-Vou deixar de ser se você não se levantar agora. – disse Malfoy com seu habitual mal-humor.


-Me responde uma coisa, onde você esteve todo esse tempo? – essa era a pergunta que não queria calar. Precisava de uma resposta para ela, imediatamente!


-Só respondo lá dentro, perto de uma lareira, onde eu possa falar sem engolir água da chuva. – e dizendo isso, estendeu a mão para que eu pegasse.


Sem pensar duas vezes, agarrei a mão estendida de Malfoy e me levantei. Não tive coragem de soltar a mão dele - mesmo já estando de pé-e entramos daquela maneira no pub. O garoto me arrastou até uma mesa longe da entrada e puxou uma cadeira para mim. Sentei-me e permaneci calada.


-Em casa. – disse Scorpius, repentinamente.


-Como? – eu disse, confusa.


-Você perguntou onde eu estive todo esse tempo. Estive em casa. Levei uma espécie de suspensão. Mcgonagal conversou com meu pai e chegaram à conclusão de que seria melhor para todos se o caçador de confusões aqui se ausentasse do colégio por alguns dias. – explicou, com o olhar vago, fixo em uma parede atrás de mim.


-Então era disso que eles falavam... – murmurei.


-Então, não acho que você estava voando por Hogwarts e se perdeu por esses lados...Diga-me, por que fugiu? – indagou, parecendo interessado em meu iminente relato.


-Porque enlouqueci. – respondi vagamente.


-Ah, eu notei. – disse ele, esboçando um sorriso cheio de cinismo.


-Achei que você tinha morrido. – comentei. Mais uma vez meu coração saltou.


-Deu azar, não foi dessa vez. – brincou sorrindo, mais uma vez, em seguida.


-Não queria que estivesse morto. – exclamei com uma sinceridade notável. –Na verdade, no primeiro momento desejei ardentemente a sua morte, mas depois, quando percebi que você não estava em lugar algum pela escola... ah, Malfoy, cheguei a chorar pensando que tinha lhe perdi... que tinha...hum...Sabe, me senti culpada por ter desejado aquilo. – Prontofalei!


Ele, por sua vez, não disse nada, apenas fitou-me com seriedade. Fiquei desconcertada com seu silêncio. O que significava, afinal, aquela falta de...palavras?


-Bem, essa nossa conversa está muito estranha. Sem nossas costumeiras agressões verbais. – comentei, rindo da situação.


-É que você bateu a cabeça, não seria uma competição justa. E não gosto de brigar quando estou com a vantagem. Gosto de lutar de igual para igual.


-Huuum, Malfoy, acabou de me comparar a você?  Não faria isso se tivesse juízo. – avisei-o em tom de brincadeira.


-Juízo é realmente algo que não tenho. Caso contrário teria deixado-a tomando chuva lá fora.


-Obrigada pela parte que me toca... – disse fazendo-me de ofendida.


-Disponha. – respondeu, mais uma vez com aquele sorriso sarcástico na face.


-Quando vai voltar para Hogwarts?


-Amanhã. E você?


-Se não se importar em me acompanhar, volto amanhã também.


Malfoy me encarou mais uma vez e disse:


-Sabe que me importo. – ele respondeu com sinceridade, mas notei um estranho pesar em sua voz.


-Isso quer dizer que toda essa gentileza e simpatia que emana de seu ser, vai ter simplesmente evaporado amanhã? – perguntei tentando não deixar que a mágoa que senti transparecesse.


-Isso quer dizer que para todos os efeitos, nunca fui gentil ou simpático com a sua pessoa. – ele disse, como se fosse óbvio demais.


-Aonde pretende chegar com esse teatrinho? – perguntei furiosa.


-Ao topo. – disse Malfoy, rindo-se.


-Eu falo sério. – exclamei aborrecida.


-Eu não falo sério com quem não merece minha seriedade... – novamente Malfoy esbanjava petulância.


-Oh... Um insulto. – disse sarcástica.


Malfoy riu do meu tom de voz.


-Cansei de você. – falei irritada.


Levantei-me com intenção de deixar o recinto, mas o fiz rápido demais e acabei ficando tonta. Percebendo que cairia, Malfoy segurou-me pela cintura e me guiou de volta à cadeira em que estava sentada.


-Obrigada. – agradeci de má-vontade.


-Vamos combinar uma coisa: amanhã voltamos a ser hostis e competitivos um com o outro. Por hoje, sejamos educados e agradáveis.


-Você é que começou. – resmunguei.


-Certo, a partir de agora voltarei a ser gentil e educado.


-Quero só ver...


-Weasley, sua cara está péssima. – disse ele, após encarar-me por uns instantes.


-Ok, agora eu vou embora. Você não cumpre seu próprio combinado. – falei indignada.


-Não vá, desculpe-me. – pediu em tom de remissão.


-Uhum. – murmurei aborrecida.


-Só queria deixá-la ciente de que tem alguns cortes e arranhões no rosto. – falou com uma inocência que não combinava com ele.


-Foi aquela maldita coruja que me atacou! – disse, minha voz saiu esganiçada.


-Coruja?Vai dizer que foi uma coruja que a fez cair da vassoura?


-Foi – respondi constrangida.


 


Malfoy começou a rir freneticamente.


-Não achei graça.


-Pois eu acho que tem muita graça. – ele disse, ainda rindo.


-Você está doidinho para eu ir embora, né?


-Tudo bem, vou parar. Mas há de convir comigo que foi um motivo bastante idiota para cair da vassoura.


-É foi sim, mas você tem uma parcela de culpa nessa história.


-Tenho? Explique.


-Eu fiquei olhando para baixo, porque pensei que estava vendo o seu fantasma e não vi a coruja. Nós nos chocamos e ela começou a me bicar. Fiquei apavorada e tirei as mãos da vassoura para tentar afastar a ave de meu rosto... E o resto da história você já conhece.


Malfoy nada disse, apenas riu.


-Será que você pode parar de rir de mim? – pedi zangada.


-Claro. Quando você parar de fazer coisas ridículas que me dão vontade de rir...


-Tô pra conhecer pessoa mais irritante que você, sabia?


-Mesmo? Bem, eu conheço uma e ela está bem na minha frente. Veja que coincidência, ela está sentada no mesmo lugar que você. Oh, espere um pouco... Ela é você!


-Não está colaborando, Malfoy. – falei calmamente, tentando controlar a vontade crescente de proferir uma azaração contra ele.


-É, eu sei. – concordou, abaixando a cabeça, fingindo-se envergonhado.


Ninguém falou mais nada por um tempo. Ele pediu uma cerveja amanteigada para cada um - o que foi realmente excelente para esquentar, pois estávamos com muito frio - e bebemos em silêncio. Meus pensamentos não saíram dali nem por um segundo sequer. Não havia Hogwarts em minha mente, nem Lestat ou minha família. Todas as minhas atenções estavam voltadas para a cerveja amanteigada que tomava ao lado de Scorpius em uma mesa do Três Vassouras no povoado de Hogsmead. E, Mérlin, como estava gostando de estar ali.


Quando terminamos nossas cervejas, Malfoy levantou-se ainda em silêncio e foi até o balcão falar com a dona do estabelecimento. Demorou-se por alguns minutos e voltou trazendo um molho de chaves.


-O que é isso? – perguntei, apontando curiosamente para as chaves que ele segurava.


-As chaves do seu cativeiro.


-Cativeiro? – repeti assustada.


-É, estou sequestrando você. Espero que sua família tenha muitos galeões para pagar seu resgate. – falou, muito sério. Estremeci ao ver a expressão dele de quem não estava brincando.


-Pare com isso. – ralhei.


-Se eu fosse você não falaria assim comigo... – disse em tom desafiador, sacudindo o molho de chaves na mão.


-Não brinque com isso, Malfoy.


-Não estou brincando. Vamos, levante-se. – dizendo isso, pegou meu braço, forçando-me a obedecer a sua ordem.


-O que está fazendo comigo, seu maluco? – perguntei apavorada.


-Cale-se. – ordenou e eu fui medrosa o bastante para obedecer.


Ainda me segurando pelo braço, Malfoy praticamente me arrastou até uma porta – que ficava atrás do balcão – que escondia uma escada. Subimos por ela e logo avistei um longo corredor. No fim dele havia uma porta de madeira e algo me dizia que era para lá que estávamos indo. Enquanto atravessávamos o corredor, pude notar que havia mais de uma porta ao longo dele, duas de cada lado para ser mais exata. Parecia que em cima do pub funcionava uma pequena hospedaria.


Paramos em frente à porta no fim do corredor. Malfoy puxou uma das chaves e abriu a porta praticamente me atirando quarto adentro. Olhou fixamente para mim e saiu trancando a porta por fora. Nem ao menos pensei em usar o feitiço que abre portas trancadas, o alorromora, fiquei apenas ali, presa e sozinha num quarto desconhecido.


Então, antes que eu me apavorasse de verdade, Malfoy voltou para o quarto trazendo um roupão e algumas peças de roupas, nos braços. Colocou-as sobre a cama de casal e me encarou, provavelmente esperando que eu esboçasse alguma reação, mas estava tão atônita que não conseguia.


-Trouxe roupa limpa e seca. É uma camisa minha, acho que vai ficar grande, mas é melhor que essa roupa molhada. Tome um banho e vista-se. Deixe sua roupa secando para voltar para o colégio amanhã.


-C-certo. – consegui responder com muito custo.


-Weasley, você está pálida. Está com medo de mim?


Eu não respondi. Apenas abaixei a cabeça e encarei meus pés. Não estava com medo, de fato. Estava surpresa com toda aquela preocupação que ele demonstrara, isso sim.


Malfoy soltou uma risada ríspida e falou:


-É bom mesmo que esteja com medo. Mas confesso que estou desapontado, sempre pensei que não se intimidasse com facilidade.


-Eu não... – ‘não estou com medo de você’ era o que eu queria dizer, mas as palavras não saíram.


-Francamente, Weasley – disse, abrindo a porta -, achou mesmo que eu seria capaz de sequestrar você? – e saiu, fechando-a.


Sem reação, desabei sobre cama, tentando processar tudo o que acabara de acontecer. Malfoy fora gentil comigo por quase toda a noite, gentil ao ponto de me emprestar uma roupa dele para vestir. Aquilo me fez sentir tão...bem! Meu coração dava pulinhos frenéticos dentro do peito. Pela primeira vez em uma semana eu me senti inteiramente feliz e...viva! Sim, viva. E por mais estranho que pudesse parecer, estava me sentindo protegida, segura. Como se ele tivesse voltado a ser meu super-herói particular. Eu adorava saber que estava a salvo com Malfoy, por mais rude e mal-humorado que ele fosse.


Tomei um banho demorado e deixei minha roupa secando, estendida em uma cadeira perto da janela. Vesti o roupão que Malfoy trouxera e peguei sua camisa. Não resisti, precisava sentir o cheiro dele. Achei que estava agindo como uma maníaca por fazer aquilo e parei imediatamente, o que foi muita sorte, pois Malfoy entrou no quarto no momento exato em que eu larguei a camisa dele sobre a cama.


-Weasley...Oh, Mérlin, ainda não se vestiu. Desculpe... hum...eu volto depois. – disse Malfoy constrangido por me ver de roupão.


-Hum...tudo bem. – foram minhas únicas palavras. 


Comecei a rir quando ele fechou a porta. A cara dele foi impagável. Ele ficava uma gracinha - isso é algo que minha avó diria para descrevê-lo, mas foi a primeira palavra apropriada que me veio à cabeça - quando se envergonhava daquela forma. Rapidamente vesti a camisa dele e constatei que ele tinha razão: estava grande. A camisa batia em meus joelhos e estava larga, as mangas compridas cobriam minha mãos e tive de dobra-las um pouco para poder mexer os dedos. Antes de chamá-lo de volta, encontrei uma escova de cabelo no banheiro, penteei minhas embaraçadas madeixas e fiz um projeto de trança.


Depois de pronta, sai do quarto e levei um susto quando o vi escorado na parede ao lado da porta. Sem dizer nada, pegou-me pela mão e voltamos para o quarto. Scorpius se jogou na cama e eu continuei de pé, olhando embasbacada para ele.


-Então, está confortável agora? – perguntou passando a mão pelo próprio cabelo.


-Sim.


-Ficou mesmo grande. – comentou.


-O que? – perguntei distraída.


-A camisa. – disse vagamente.


-Ah ta.


-Fica um pouco folgada em mim também.


Não disse nada, apenas sorri.


-Sabe, gosto dessa camisa. Ganhei de um amigo, ele disse que era de um jogador de um esporte trouxa chamado Hockey.


-Você conhece esportes dos trouxas?


-Não. Meu amigo é que é fascinado por eles. – respondeu com uma careta de desaprovação pelo gosto do amigo.


-Entendo. – limitei-me a responder.


-Mas então, a camisa, é sua. – falou de repente.


-O que?  - disse, quase engasgando com as palavras.


-Fica melhor em você que em mim... – disse, como que para justificar seu ato repentino.


-Tem certeza? – estava duvidando da veracidade daquela oferta.


-Claro que sim.


-O que aconteceu com você? Está generoso demais.


-Não sei. Convenhamos que hoje não foi um dia muito comum, quero dizer, teve até mulher caindo do céu. – brincou.


- He he he, tão engraçado!


-Não vamos brigar, nossa trégua está acabando. Daqui a algumas horas amanhece e nosso relacionamento volta a ser como antes.


-Tem razão. – disse, sentando-me ao seu lado na cama de casal. – Amigos por uma noite, certo? – falei estendendo minha mão para ele.


-Certo. – respondeu apertando minha mão.


Só depois de me deitar ao lado de Scorpius é que percebi o quão exausta estava. Minhas pálpebras não podiam mais ficar abertas, eu lutava insistentemente contra o sono. Não queria dormir e perder minhas últimas horas de trégua com Malfoy. Queria conversar com ele, aproveitar cada segundo...


-Rose? – Scorpius me chamava ao longe.


-Hum?


-Está cansada, ne?


-Estou... – falei em uma espécie de sussurro, rezando para que ele tivesse entendido.


-Então vou pro meu quarto, vou deixá-la dormir. – ele disse, fazendo menção de se levantar.


-Não. – disse segurando-o pelo casaco que vestia. – Fica. Não me deixa sozinha.


-Tem medo de ficar sozinha ou o que? – perguntou em um tom divertido.


-É, tenho. – respondi, por mais que não fosse esse meu medo.


-Então eu fico. Só até você dormir, depois vou pro meu quarto.


-Só depois que eu dormir.


-Então feche os olhos e durma de uma vez. Também estou com sono.


-Tá. Boa noite, Scorpius.


-É Malfoy pra você.


-Cala a boca! – reclamei dando um tapa de leve no braço dele.


Fechei os olhos novamente e ajeitei meu corpo em uma posição confortável. Podia sentir o calor do corpo de Malfoy próximo ao meu. Quis chegar mais perto e abraça-lo, mas imaginei que ele iria embora se eu o fizesse, então limitei-me a aproximar meu corpo ao dele. Foi nesse momento que minha mão encontrou a dele. Como se tivesse levado um choque ou algo parecido, retirei automaticamente minha mão do contato com a dele. Mas, surpreendentemente, Malfoy pegou minha mão e segurou. Entrelaçou seus dedos nos meus e disse:


-Boa noite, Rose e durma bem. – sussurrou perto de meu ouvido – Sim, durma bem, porque estou voltando para Hogwarts e você nem imagina o que isso significa.


***


N/A: Heeeeeeeeeeey people^^
taí o fim do capítulo...espero que gostem e... aguardem o capítulo 9!
sim, porque Malfoy volta aprontando...
bjokas

Ps: autora mega empolgada com o tal do twitter!! quem tiver procura eu aeee http://twitter.com/Nat_Moony

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