Revelações e revelações



Capítulo 7 -Revelações e revelações


 


Abri os olhos devagar, tentando evitar que a claridade ferisse meus olhos. Mas não havia claridade. Já era noite quando eu acordei na ala hospitalar. Sentei-me na cama e procurei por rostos conhecidos. Malfoy estava a duas camas de distância da minha e Lestat estava na cama da frente. Sem sinal de meus pais por ali, relaxei um pouco.

Minutos depois de acordar, James entrou na enfermaria. Estava sozinho. Respirei aliviada.

-Eu não morri. – Disse para ele, sorrindo.



-É claro que não.


 


-Por um momento pensei que tinha morrido. Sabe, quando minhas pernas bambearam e tal...



-Até parece... Você só desmaiou.



-É, mas quando você disse que ele ia ter que se resolver com meu pai... Pensei que fosse o meu fim, mas como ele não está aqui agora, acho que não corro mais perigo.



-Ele não está aqui agora... – alguma coisa na voz dele causou um arrepio na minha espinha. – Mas ele sabe já sabe do incidente. A diretora avisou.



Gelei. A ideia da morte não parecia tão ruim agora. Maldita diretora.



-Ah, por favor, diga que ele não esta vindo pra cá! – choraminguei



-Desculpe Rose, não tive como impedir. Ele está um tanto... furioso.



-Ótimo, era tudo o que eu precisava no momento, de um pai furioso...



-Sua mãe também está sabendo, mas não sei se ela vem. – Completou. Estava escrito em sua testa: culpado.



-Ok. Corrigindo. Era tudo o que eu precisava no momento: de um pai furioso e uma mãe que provavelmente está surtando. Você tem noção de que esse é o meu fim, não tem?



-Não exagera. Esse, talvez, seja apenas o fim dele. – e apontou Lestat com a cabeça.



-Dá no mesmo. Vou me sentir culpada por ter provocado a morte dele. Sem contar no castigo que vou receber. Se eles forem generosos comigo deve durar só até a minha próxima encarnação.



-Isso seria bom. Pelo menos eu não teria que brigar com o meu melhor amigo por te colocar em perigo.



-Ele não me colocou em perigo. Esse idiota do Malfoy que apareceu sem ser convidado e começou a brigar. Lestat estava tentando me defender.



-Ele te levou para a casa dos gritos. Não sei se você sabe, mas nós só levamos garotas àquele lugar quando queremos coisas a mais com elas.



-Coisas a mais? Tipo o quê?



-Ah... Você sabe, uns amassos mais quentes e.... ah, esse tipo de coisa. – engraçado como ele ficava envergonhado em falar sobre essas coisas comigo.



Eu ri.



-Rose, diga que ele não fez nada com você... Por favor, diga que ele não...



-Dizer que ele não me beijou? Ou que ele não me convidou para ir a Hogsmead com ele? Desculpe, não posso dizer isso.



-Ele beijou você? – Esperou pela minha resposta. Assenti com a cabeça e ele prosseguiu. – Filho da mãe! Eu sabia que tinha alguma coisa estranha nessa amizade de vocês.



-Alguma coisa estranha? Qual é Jam, acho que ele gosta de mim. E eu talvez goste dele também...



-Ahh...que nojo! – Disse. Sua expressão era de alguém prestes a vomitar.



-Isso não é nojento. – Protestei.



-Claro que é! – disse, arregalando os olhos como se eu tivesse dito alguma barbaridade.



-Por quê?



-Porque parece que o Lestat está pegando um garoto... – respondeu como se o que ele tivesse dito fosse óbvio demais.



-Mas eu sou uma garota. – Protestei, horrorizada.



-É? – Perguntou, levantando uma das sobrancelhas, como se duvidasse do meu sexo.



-Claro que sou. Eu tenho peitos! – Respondi apelando para a baixaria e apontando para meu próprio corpo.



-E daí, o John Meyer do sétimo ano também tem peitos. – não creio que ele disse isso.



-Isso porque ele é gordo. – Não, nada contra gordos. Eu não gostava era desse gordo em especial, esse tal de John Meyer, porque ele quase me matou em um treino de quadribol. Ele e seus 150 quilos (ta, devia ser menos) caíram em cima de mim e quando ele foi rebocado de cima do meu corpo pequeno e frágil, nem ao menos pediu desculpas.


 


-Ah, você pode ser um garoto com elefantíase nessa parte aí, não tenho garantias de que é mesmo uma garota...



Olhei para ele, embasbacada.



-Queria saber de onde você tira tanta besteira... – Inacreditável o nível de idiotice que uma única pessoa podia dizer em uma só frase.



-Não é besteira, é só que eu não consigo enxergar você namorando um garoto.



-Você fala como se fosse possível me imaginar namorando uma garota. – Disse repelindo uma risada.



-Isso seria estranho, mas seria mais fácil. – Credo! Impressionante a idéia que os meus familiares tinham a meu respeito.



-Ahh, que nojo! – Não que eu tenha alguma coisa contra a opção sexual alheia, mas eu gosto meeeeesmo de homens.



-Isso soa muito preconceituoso, priminha. – Disse com cara de “politicamente correto”.


 


Totalmente cínico, eu diria.



-Claro, porque dizer que vê sua prima como homem não é nem um pouco preconceituoso. – Sim, estava sendo irônica.



-Não acho que seja. – Defendeu seu ponto de vista.



-Definitivamente, não sei por que diabos ainda dou ouvidos ao que você diz...



-Porque eu sou seu primo mais velho e a pessoa mais sensata da família.



-Jam, acho que precisa rever seus conceitos. Não acho que alguém que burla tantas regras e faz uso indiscriminado da popularidade como você faz possa ser sensato.



-Sou muito mais sensato que o Lestat. Se fosse ele, não teria nem chegado perto de você. Não sabendo quem é seu pai.



-É, isso é verdade... Mas ele anda com você, toda a sensatez que ele tinha se foi há muito tempo.



-Ah, Rose, você não sabe como é ser alguém como eu. Um formador de opinião, um líder nato, um gênio incompreendido. – Disse com a expressão sonhadora.



-Uma pessoa tão modesta também! – Exclamei com sarcasmo.



-Exatamente. - concordou, rindo da falta de modéstia que possuía.

Rimos juntos.



Era tão fácil falar com James. Engraçado também. De certa forma podia entender o que ele sentia. Ele sempre fora o mais ciumento entre os irmãos. Tinha o gênio muito parecido com o do meu pai e por isso eu sempre depositei muita confiança nele apesar de tudo... Era como ter meu pai por perto, só que sem aquelas paranóias típicas dele.

Depois de uma longa crise de riso, nos calamos por um tempo. Madame Pomfrey quebrou o silêncio trazendo a noticia de que eu podia ir embora. Fiquei feliz por não precisar passar o resto da noite ali. Só me preocupei ao pensar no domingo, quando provavelmente, receberia a visita furiosa de meus pais. Bem, aí eu ia preferir estar dentro da enfermaria já que lá eles não poderiam gritar tanto.



James me acompanhou até a sala comunal. Percebendo a aflição contida em meu silencio, começou a falar:



-Hei, não se preocupe. Não acho que seu pai vá ser muito cruel amanhã. – disse, afagando minha cabeça.



-Eu até que gostaria que ele fosse cruel, mas não comigo ou com Lestat e sim com o Malfoy.



-Acho que o pai do Malfoy será cruel com ele...



-O quê, o Malfoy - pai também foi comunicado?



-Claro que foi. Rose, a confusão foi grande. Seu pai não foi avisado que você estava se agarrando com Lestat na casa dos gritos, ele foi avisado que você estava no meio de um duelo na casa dos gritos e foi ferida.



-Quer dizer que ele não sabe sobre Lestat?



-Não.



-Então ele só vai me castigar por ter me metido em uma briga – estava quase sorrindo.



-E você não parece mais tão preocupada. Estou cada vez mais convicto de que os membros dessa minha família são todos loucos. – disse, com uma expressão de confusão no rosto.



-É, minha preocupação maior era sobre o que ele ia fazer quando descobrisse que eu e o seu amigo bonitão estamos saindo juntos.



-Certo, quando você for se dirigir ao Lestat, eu lhe peço encarecidamente, que não use mais termos como “bonitão” ou “gostoso”. É constrangedor. – disse irritado. Ele tinha razão, era constrangedor até para mim.



-Er...desculpe. Não pude evitar. – respondi, envergonhada.



-Hei Rose, quero te falar uma coisa. Senta aqui. – Disse me puxando para um sofá. – Eu só queria que você soubesse que não importa muito o que disse sobre você e o Lestat serem dois garotos sob meu ponto de vista. Se você está feliz com ele, é o que importa para mim. E tem mais, se aquele trasgo fizer alguma coisa que te magoe, eu arrebento aquela cara bonitinha dele. – Disse sério.



Sorri e abracei-o.



-Obrigada Jam.



-Não me agradeça. Só estou facilitando um pouco as coisas para vocês. Ou se esqueceu de que ele ainda vai ter que enfrentar Rony Weasley se quiser mesmo namorar você? – A felicidade dele quando se tratava de fatalidades como essa era impressionante.

Fiz uma careta ao imaginar meu pai e Lestat conversando. Era tão... embaraçoso. Preferi por um momento não ter beijado aquele bonitão, forte, engraçado... Oh Mérlin! Balancei a cabeça na tentativa frustrada de afastar aqueles pensamentos. Queria que minha vida fosse um pouco mais fácil. Bem, talvez se fosse mais simples não teria tanta graça. E do que eu estava reclamando? Eu tinha o coração do cara maaais cobiçado do colégio, muitas garotas teriam vendido o pâncreas para estarem no meu lugar. Enfrentar meu pai seria um preço pequeno a se pagar. Acho que podia agüentar o tranco.

“Pior seria se Malfoy estivesse no lugar de Lestat”, pensei. É, Malfoy era quase inimigo da família.Tá legal, não era. Mas se minha família saísse por ai arranjando inimigos, ele estaria na lista. Um relacionamento com ele seria algo realmente difícil. Acho que a família dele não gostava muito de mim. Talvez a mãe dele não me odiasse, mas o pai...
Bom, o pai dele não podia me odiar, ele estava vivo graças ao meu pai!

Mas o que diabos eu estava fazendo? Primeiro, para Malfoy estar no lugar do Lestat eu teria que estar muito doidona. Completamente doidona, sob efeito de alucinógenos fortíssimos. Ainda assim seria difícil, porque Scorpius me odeia. Odeia de verdade (ainda bem que é um sentimento recíproco). Nosso relacionamento terminaria com uma tentativa de suicídio de ambas as partes. Isso se não terminasse com o homicídio cometido por um dos dois. Uma simples equação matemática poderia definir muito bem os resultados desse relacionamento perigoso e improvável: Scorpius + Rose = Azkaban para um dos dois.



Okay, pensar nisso foi estranho. Por um momento eu consegui me ver beijando Malfoy (eu sei, isso quase aconteceu uma vez, não é tão complicado imaginar) sem sentir nojo ou repulsa e então toda aquela teoria sobre como nós somos incompatíveis explodiu em minha mente. Agradeci por pensar tão rápido. Reavaliei meus sentimentos por ele. Vasculhei nos confins da minha alma. Não encontrei nada de bom. Nada exceto a gratidão que sentia por ele ter salvado minha vida.



Lily trouxe minha atenção de volta para a sala comunal. Estava muitíssimo interessada na história que eu tinha para contar. Eu estava totalmente sem vontade de falar sobre o ocorrido. Contei superficialmente a ela e, com a desculpa de que estava exausta e precisava descansar, fui para o dormitório. Deitada em minha cama macia e confortável, fiquei imaginando o que aconteceria no dia seguinte. Malfoy e toda a sua canalhice não saia da minha mente também. Talvez eu tivesse certo prazer em sentir dor. Devia ser isso, eu era um p**a de uma masoquista!



Nem sei muito bem como e quando peguei no sono, o fato é que acordei com Darcy ameaçando jogar um balde de água fria na minha cabeça. Demorei uns segundos para entender que já era de manhã e que não havia Salgueiro Lutador nenhum correndo atrás de mim – até porque já e bastante bizarro o fato de uma árvore se rebater, imagina se essa mesma árvore tivesse a capacidade de correr atrás de suas vítimas. Levantei-me cheia de preguiça enquanto ouvia minha amiga/colega de quarto reclamar sobre eu dormir demais e outras coisas que não consegui captar, pois meu cérebro estava funcionando muito devagar.



Troquei de roupa e desci para o salão Principal a fim de ainda pegar o café-da-manhã. Fui obrigada a ouvir Darcy se lamentar por todo o caminho sem nem ao menos saber do que ela estava falando, pois minha cabeça estava longe dali, mais precisamente na ala-hospitalar. Mecanicamente, passei os olhos por todas as mesas do salão e por alguma razão, parei na da Sonserina e procurei por Malfoy. Ele não estava lá. Senti uma sensação estranha, como se tivesse que me acostumar com aquele vazio na mesa da outra casa, como se Malfoy não fosse voltar para seu lugar.



Procurei por Lestat na mesa da Grifinória, mas não ele também não estava lá. Talvez eles ainda não tivessem sido liberados.



Decepcionada, sentei-me ao lado de Darcy, que finalmente havia parado de reclamar, e me servi com bacon e ovos mexidos. Comecei a comer compulsivamente quando uma voz masculina disse atrás de mim:



-Você vai morrer comendo desse jeito, Goleira.



Parei de mastigar instantaneamente e olhei para cima, senti que minhas bochechas começavam a corar. Tentei sorrir para Lestat, mas minha boca estava cheia demais para isso. Ele riu de minha cara e sentou-se ao meu lado, abrindo espaço entre mim e Darcy. Passado o susto, tratei de voltar a mastigar e engolir tudo, só então falei:

-Está impressionado com a forma que eu como? Espere só para ver como eu bebo. – Brinquei. – Hei, como você está se sentindo, está melhor hoje?



-Estou bem. Só alguns hematomas e nada mais. Sou forte, sabe como é...- disse, piscando e em seguida rindo para mim. – Fiquei mais preocupado com você do que comigo. Se tivesse acontecido alguma coisa ruim a você, esse Malfoy não estaria vivo hoje. – Havia aflição em sua voz. Percebi que ele falava serio, ele era mesmo capaz de matar Scorpius. Estremeci ao pensar nessa hipótese.



Afaguei a palma de sua mão carinhosamente, como uma forma de dizer “está tudo bem, não se preocupe, estou aqui”. Meus olhos escaparam para olhar a mesa da Sonserina, ainda sem sinal de Malfoy. Então voltei minha atenção para o garoto ao meu lado, cheguei minha boca perto de seu ouvido e sussurrei:



-Não se preocupe, estou bem aqui do seu lado e você não precisa matar ninguém.



-Goleira, quero pedir desculpas por ter forçado você a invadir aquele lugar e tudo o mais. Acho que no fundo, todo aquele seu medo era na verdade um aviso de que não acabaria bem.



-É, eu costumo ser muito intuitiva. – Sim, eu era uma pessoa com o sexto sentido aguçado. Ahaaam.



-E eu costumo ser muito teimoso... – disse cabisbaixo.



-Então não seja tão cabeça-dura da próxima vez. – disse dando um tapinha de leve em sua testa.



-Está dizendo que vai haver próxima vez? – perguntou, me encarando com um olhar alegre.



-Lógico que sim. Você ainda me deve uma rodada de cerveja - amanteigada.



-Você é realmente incrível, sabia? Achei que depois de tudo você não fosse nem ao menos querer olhar na minha cara.



Eu ri e falei docemente:


 


-Isso seria muito difícil. Não consigo ficar muito tempo sem olhar para você.



-Não devia ter dito isso.



-Realmente não. Agora revelei um dos meus pontos fracos.



-Então eu vou revelar um dos meus para ficarmos quites. – Chegou mais para o lado, para poder falar em meu ouvido – Adoro berinjela.



Fiz uma careta e mostrei a língua.



-Ecaa! Odeio berinjela



-Eu percebi. Você não é do tipo adepta da alimentação saudável.



-Claro que sou. Sou adepta da alimentação saudável... para o paladar.



Ele riu da minha fala.



-Adoro isso, sabe... – disse colocando uma mecha do meu cabelo atrás da orelha.



-O quê?



-A forma como você é simplesmente... você. É isso, eu adoro você... Acho que acabei de revelar meu ponto fraco de verdade.



-Huuum, interessante. Eu sou seu ponto fraco.



-Por alguma razão em seu tom de voz, acho que teria sido melhor não ter dito isso.


-Só estava imaginando como poderia usar isso a meu favor.



-Ah é? Vou me lembrar disso. – disse enquanto me agarrava pela cintura, trazendo meu corpo para mais perto do seu. Quando voltou a falar, sua voz era séria. – Sabe Goleira, eu estive me perguntando se você...bem, você gostaria de ser minha...namorada?

OMFM! Ele estava me pedindo em namoro oficialmente.



Demorei um pouco para conseguir processar a pergunta. Meu cérebrozinho não estava acostumado a esse tipo de surpresa. Lestat me olhava, apreensivo. Eu estava feliz. Tão feliz que talvez estivesse transbordando felicidade pelo sorriso. Era felicidade demais pra mim. Será que eu merecia? Quer dizer, tanta alegria de graça, totalmente 0800? Será que não teria um preço a pagar por aquilo?



“Ah que se dane o preço! Responda Rose, ele está esperando”, meu subconsciente gritava.

-E então, Goleira, você aceita? – perguntou Lestat, chamando-me de volta à realidade.



Então, antes que eu pudesse abrir a boca para responder, - para a música romântica e as pombinhas brancas caem no chão - o pentelho do meu irmão aparece, cortando todo o clima.

-Ei, Rose! – disse, dando um tapa na minha cabeça.



-Ai! Seu pentelho! – resmunguei, esfregando o local em que ele acertara. - O que você quer?



-Meu pai está aí. – MERDAAA! Eu estava prestes a dar a resposta mais importante da minha vida e esse fedelho me aparece com essa bomba!



-O QUÊE? ONDE? – Sim, eu estava surtando. Dava para notar pelo tom da minha voz.



-Na sala do professor Longbottom, no quarto andar. Disse que quer falar com você. – Ta, agora conta uma coisa que eu não saiba, maninho! – E está furioso. – Acrescentou com prazer.



-Droga. – gemi – Estou indo. – disse e me levantei rapidamente.



-Quer falar com você também. – Dirigiu-se a Lestat. Oh céus! Era meu fim. E o dele também.



-Certo, certo. Sai da frente. – disse com a delicadeza de um elefante no cio.



Passei empurrando Hugh para o lado. Caminhei nervosa demais e um tanto furiosa, sem olhar para trás. Chegando ao primeiro lance de escadas fui impedida de continuar por Lestat, que me segurou pelo ombro, me obrigando a esperá-lo. Abraçou-me pela cintura e subimos as escadas juntos.




-Sim. – falei de repente.



-Sim o quê? – perguntou confuso.



-Sim, eu aceito. Sabe, ser sua... namorada. – a última palavra saiu quase como um sussurro. Senti que minha face corava.



Um sorriso iluminou seu rosto. Ele me abraçou mais forte e beijou o alto de minha cabeça carinhosamente. Não disse uma única palavra enquanto nos aproximávamos do quarto andar. Só quando entramos no corredor que dava para a sala do professor Longbottom foi que entendi o motivo de seu silêncio. Hugh estivera atrás de nós o tempo todo. Com a minha sorte, ele provavelmente ouviu quando eu disse sim a Lestat. Ele contaria ao meu pai se eu não fosse rápida o suficiente para suborná-lo ou algo do tipo. Ta, seria besteira eu tentar manter tudo em segredo porque mais cedo ou mais tarde meu pai ficaria sabendo do meu namoro. Mas eu preferia que fosse mais tarde, muito obrigada!

Teria que pensar no suborno de Hugh depois, porque tínhamos acabado de chegar à porta da sala. Estava fechada. Não ousei abrir ou bater na porta. Coloquei-me nas pontas dos pés e espiei pela janelinha da porta. Estavam todos lá. Meu pai, o Sr. Malfoy, um homem alto e esguio que devia ser o pai de Lestat e a diretora. Todos reunidos e aparentemente furiosos. Eles pareciam discutir; Meu pai falava e gesticulava muito. Péssimo sinal. Sr. Malfoy apenas balançava a cabeça e ouvia. Quando pareciam ter terminado, Sr. Malfoy disse alguma coisa e saiu da sala, quase batendo a porta em mim ao passar. A diretora o seguiu.



Permaneci parada na frente da porta até meu pai me chamar. O pai de Lestat nos deixou a sós quando entrei e fechou a porta ao passar. Eu estava tensa, mal conseguia me mover na cadeira em que sentei. Minha coragem para abrir a boca e falar qualquer coisa que fosse era nula. Temi que meu pai explodisse a qualquer momento. Esperei que ele começasse o discurso.



-Você está bem? – foi a primeira coisa que perguntou. Tão calmamente que nem parecia ser ele.



-Sim – respondi com toda a força que tinha para falar.



-Então, querida, vai me fazer entender melhor o que aconteceu? – aquela calmaria dele estava me irritando. – Porque, sabe, você não é do tipo que invade casas e se mete me brigas com garotos.



-É, eu sei. – falei, envergonhada.



Contei a ele tudo o que acontecera, editando algumas partes, afinal ele não precisava saber quando Lestat me beijava ou me provocava. No final, ficou parecendo que Malfoy era o vilão da história.




-Então Malfoy ameaçou você? – perguntou meu pai, depois de ouvir toda a história.



-Sim. – era verdade, ué!



-E por quê? – ai credo, que interrogatório mais chato. Talvez ele não estivesse convencido que a culpa de tudo era de Scorpius.



-Ah, sei lá... Você sabe pai, ele me odeia, sempre odiou. – Espero não ter gaguejado demais. Não era muito boa com mentiras. Tudo bem, não era totalmente mentira, mas eu estava omitindo alguns fatos.



-E você não o odeia? – Por que diabos ele estava fazendo esse tipo de pergunta?



-É, eu não gosto dele. – Não ia dizer que o odiava. Já mentira demais para um dia só.



-Sim, sim sei, você não gosta. – falou, sem parecer acreditar em mim.



-É bom que saiba mesmo. – respondi rispidamente.



-Rose, eu quero falar com James. Pode chamá-lo para mim? E aquele garoto também, o Lestat.



Certo, certo, certo, estava tudo muito estranho. Quero dizer, meu pai não era calmo daquela forma e o que ele queria com James e Lestat? E tem mais, eu nem precisei me explicar muito, ele nem ao menos brigou comigo. Tinha algo muito errado acontecendo.



-Certo, vou chamá-los. Hum... pai...



-O quê?



-Não, nada. – Eu ia pedir para ele pegar leve com meu namorado, mas lembrei que ele não sabia que eu tinha um namorado.



Antes de sair, abracei-o carinhosamente. Fazia tempo que não o via, estava com saudades. Ele retribuiu meu gesto um pouco confuso, mas acho que também estava com saudades então demorou um pouco para me soltar. Mandei que Lestat entrasse na sala e quando chegava perto do fim do corredor, Hugh apareceu trazendo James. Aquele fedelho adorava ouvir atrás das portas. James passou por mim sem dizer uma única palavra e entrou na sala, fechando a porta.



Estava sozinha com meu irmão. Era hora da chantagem.



-Então, você sabe de tudo não é? – perguntei sem muitos rodeios.



-Tudo o quê?



-Eu e Lestat.



-Ah, isso. – e sorriu, maligno. – É, sei. Acho que papai vai gostar de saber...ou não.Essa vai ser a melhor parte, sabe, se ele não gostar desse seu namoro. – Ele falava em seu tom mais cruel. Seus olhinhos brilhavam cheios de maldade. Ta, ele não era tão mau como eu descrevi.



-Hugh, eu sei de muitas coisas sobre você que papai não ficaria feliz em saber. Mas eu só seria capaz de revelá-las se você, por um acaso, abrir o bico e contar pra ele do meu namoro.



-E o que você sabe?



-Coisas que fariam você receber um berrador a cada cinco minutos.



-Mas eu sei que você não contaria nenhuma dessas coisinhas a eles.



-Experimente falar sobre meu namoro e verá do que eu sou capaz. – certo, até eu fiquei com medo de mim.



-Hum... Podemos discutir esse assunto mais tarde? É que eu estou realmente interessado em ouvir a conversa deles. – falou, tentando mudar de assunto.



-E como vai fazer isso? – perguntei interessada.



-Orelhas extensíveis. Eu e Al achamos uma caixa dessas belezinhas na casa da vovó, no natal. – e dizendo isso retirou do bolso da calça um par de “orelhas” ligadas por uma espécie de fio cor de carne.



Passou uma das orelhas por debaixo da porta e segurou a outra próxima à própria orelha. Eu apenas observava pela janelinha da porta. Os três estavam sentados formando um triangulo com as cadeiras. James parecia falar, devia estar contando sua versão dos fatos. Meu pai ouvia com atenção e Lestat vez ou outra falava alguma coisa, como que para complementar a fala do meu primo. Em alguns momentos meu pai se mostrava extremamente irritado. Eu ali, completamente aflita, sem ter a menor idéia de sobre o que se falava dentro da sala. Já estava até roendo as unhas. Deviam ter se passado uns dez minutos quando decidi que não agüentaria mais um minuto sequer sem saber o que estava acontecendo.



-Ô tampinha, - naquela época ele ainda era mais baixo que eu. – Também quero ouvir.



-Espera aí! É a parte mais interessante agora...



-Hugh, me deixe ouvir! – ordenei. – Não se esqueça, sei dos seus podres. Berradores a cada cinco segundos...



-Ah, que saco. – Resmungou, entregando-me a orelha que segurava.



Coloquei a orelha próxima ao meu ouvido. Era Lestat quem falava.



-O que você queria que eu fizesse?



-Não sei, mas podia ter se controlado mais. – esse foi James falando.



-Acha que ele vai nos culpar? – Lestat perguntou.



-Talvez. – disse James.



-Não acho que Draco colocaria a culpa do que aconteceu em vocês. Talvez em mim... – esse era meu pai se pronunciando.



“Culpa do que aconteceu? Mas o que aconteceu?” Eu me perguntava.



-Em você?



-Claro. As pessoas sabem que quem mexe com minha família dificilmente sai impune e Scorpius mexeu com minha Rose, logo recebeu o que merecia.



Do que eles estavam falando? O que ele recebeu?



-É, até que foi bem feito pra ele. – disse James.



-Não fale assim, menino. - meu pai disse, reprimindo-o.



-Acho que a Rose vai gostar de saber, sabe, ela me disse que estava torcendo para que você fosse cruel com Malfoy. – disse James.



-Mas foi tudo tão rápido, nem tive tempo para ser cruel. – disse meu pai, se pudesse ver seu rosto diria até estava sorrindo.



Do que eles estavam falando, afinal? Do que eu ia gostar de saber?



Tentei me lembrar de ter dito a James que gostaria que meu pai fosse cruel com Scorpius, mas só me lembrei de desejar que ele estivesse morto.



Então veio o estalo na minha cabeça. Era isso! Todas as peças se encaixavam com perfeição. Primeiro o fato de Malfoy não estar no salão principal pela manhã, depois a forma como o pai dele saíra furioso daquela mesma sala pouco tempo atrás; a forma como meu pai estava agindo e agora aquela conversa...



Pelas malditas cuecas sujas de Merlin! Malfoy estava morto e meu pai era o responsável. Aliás, não só meu pai como também meu primo e meu namorado! Eles eram cúmplices de um homicídio!



Larguei a orelha extensível e me levantei rapidamente. Minhas mãos estavam trêmulas e meu coração estava disparado. Meu cérebro funcionava a mil por hora. Estava entrando em desespero, mas não podia deixar que eles notassem. Fechei os olhos tentando impedir que as lágrimas escorressem pelo meu rosto.



-Rose, o que você tem? Está tão...pálida. – disse Hugh, olhando-me assustado.



-Eles...Oh meu deus, o que eles fizeram? – eu sussurrei sem olhar para meu irmão.



-Do que está falando? – Perguntou meu irmão, exasperado.



-Nada, não to falando de nada.



-Ah, já sei...Papai descobriu seu namoro e você está encrencada agora. – falou, quase rindo.



-Não! – gritei.



-Então o quê? – perguntou desapontado.



-Já disse que não foi nada! – Claro que foi! Eles mataram Malfoy!



-Hum, se você diz...




Parei para refletir um pouco. Talvez fosse apenas maluquice da minha mente fértil e insana. Quer dizer, eles não disseram em momento algum as palavras morte, assassinato, corpo nem nada do tipo. Resolvi tirar a prova, Hugh poderia ter visto Malfoy antes ou depois do café da manhã e eu estava fantasiando tudo aquilo.




-Ei Hugh, você viu o Malfoy pela escola hoje? – Perguntei torcendo para que a resposta fosse positiva.



-Malfoy? Não, não vi. - Oh Mérlin!Era verdade. Ele morrera mesmo. – Rose, o que quer que você tenha ouvido, pode apostar que te deixou mais estranha que de costume.

Não tive forças para formular uma resposta torta para dar a ele, pois meu cérebro estava ocupado demais com outros assuntos. Eu tinha bons motivos para estar mais estranha que de costume, afinal meu pai, meu primo e meu namorado eram cúmplices em um caso de homicídio. E a vitima era meu pseudo-inimigo do jardim de infância. Eu devia estar feliz, mas havia a palavra pseudo antes da palavra inimigo indicando que ele era um falso inimigo; que no fundo, nós não nos odiávamos e nem nada disso. Eu não estava nem um pouco feliz com o acontecido.



Na verdade, estava em pânico. Com quem eu ia brigar agora? Quem seria meu concorrente na disputa para ser o melhor do ano? Quem me salvaria quando eu estivesse prestes a bater as botas? Com quem eu sonharia? Ta, tudo bem, eu tinha um namorado para isso, não precisava sonhar com meu pseudo-inimigo... De qualquer forma estava tudo acabado. Malfoy estava morto e eu não podia fazer mais nada.

Uma dor lancinante invadiu meu peito. Eu havia perdido mais que um inimigozinho, havia perdido meu super-herói particular. Meus batimentos cardíacos deviam estar a uns 400 por segundo. O que mais eu havia perdido? De repente me veio a lembrança do nosso quase-beijo e entendi o motivo de tanta dor. Talvez eu ... Era provável que eu... Será? Será que era... amor?




-Rose – A voz de Malfoy me chamava, sua voz distante.



-O que deu nela? – James perguntava, sua voz também ao longe.



-Rose, fale comigo. – Malfoy me chacoalhava de leve.



Olhei para ele, meio atordoada. Era mesmo Scorpius que falava comigo. Pisquei e de repente seu rosto fundiu-se com o de Lestat e no instante seguinte ele não estava mais lá. Só sobrara o rosto lindo e assustado de Lestat, olhando para mim, à espera de uma resposta ou pelo menos de um sinal vital.



-Rose, você está se sentindo bem? – perguntou.



-Uhum. – respondi fazendo um esforço tremendo.



-Por que você faz isso comigo?



-O quê? – Eu queria perguntar “O que vocês fizeram com Malfoy?” mas não consegui.



-Às vezes parece que você entra em uma espécie de transe ou sei lá o quê e não responde, não fala nada, parece até que sai do seu corpo... É bem assustador.



-Hum...Eu faço isso quando fico... nervosa ou assustada, ou com medo de algo. Sabe, eu começo a pensar rápido demais e meu corpo não consegue acompanhar meu cérebro... sei lá. – Até que era uma teoria bastante plausível para ter sido inventada naquele exato momento.



-Mas por que você ficou nervosa, ou assustada, ou com medo? – Perguntou meu pai.



-Ora pai, ela estava morrendo de medo que você descobrisse o namoro dela. – dedurou-me o linguarudo do meu irmão.



-O quê? – disse meu pai, mas não era uma pergunta, era mais uma exclamação.



-Pai eu, eu ia contar. Ia mesmo, sabe, quando tudo isso passasse... – minha voz saiu tremida e em tom de súplica.



-Ia contar, Rose? – Suas orelhas estavam ficando escarlates. Mau-sinal.



-É, com essa confusão toda eu acabei... deixando essa notícia de lado.



-E quando você pretendia me contar?



-Hum – Pigarreei alto – Um dia – falei baixinho.



-Um dia... – repetiu insatisfeito – E posso saber quem é o garoto?



-Sou eu, Sr.Weasley. – Disse Lestat, cheio de coragem.



Meu pai olhou para ele com aquela expressão de “cabeças irão rolar”, analisando-o até o último fio de cabelo. Depois virou-se para mim como se fosse para confirmar o que o garoto dissera.



-É pai. Lestat e eu...



-Espere um momento, quantos anos você tem, garoto; não acha que é velho demais para minha menina? – perguntou, rabugento.



-Hum, tenho 16 anos, senhor e Rose tem 15, não acho que seja uma diferença tão grande...



-Ah você não acha? Eu sei muito bem o que garotos da sua idade acham... E sei também o que acontece em relacionamentos desse tipo.



-Pai! – tentei protestar



-Rose, tudo bem. Seu pai tem o direito de falar o que pensa. Eu gostaria apenas me defender porque eu não quero me aproveitar da sua filha, Sr.Weasley. Eu gosto dela e a respeito, não faria nada contra a vontade dela...



-Rapaz, você acha que me engana com esse discursinho não é?



-De maneira nenhuma, eu só...



-Excelente. É bom que saiba que eu não caio nessa sua lábia e se minha filha caiu na sua conversa de bom moço é porque ela é muito inocente.



-Peloamordedeus! Pai, já chega!



-Querida, você sabe que é ingênua. Se não fosse, acha mesmo que estaria namorando alguém que anda com James?



-Wow! Obrigado pela confiança, hein tio... – disse James, fingindo-se de ofendido.Todo mundo sabia que ele não dava a mínima para o que pensavam sobre ele.



-Bem, eu confiei em você e veja só o que aconteceu.



-Bem, poderia ter sido pior se você não tivesse confiado em mim.



-Não acredito no que estou ouvindo! – disse revoltada.



-E você hein, senhor Hugh, não disse que era para ficar de olho nela?



-O QUE? QUE LOUCURA É ESSA? – Berrei. Era inacreditável, eles nem ao menos disfarçavam por eu estar ali.- Você mandou ele me vigiar?



-Claro que mandei. – falou como se fosse algo extremamente óbvio. E era mesmo, em se tratando de Rony Weasley.



-Eu achei que confiasse em mim. – falei tentando manter o tom ameno na minha voz.


 



-Eu finjo muito bem. – respondeu sério. – Ora Rose, eu confio em você. Não confio neles - e olhou furioso para Lestat e depois para James.



-Eu...eu...eu não consigo nem...aah!



-E eu não gosto do cabelo dele. – disse meu pai, de repente.



-Mas eu gosto! – repliquei.



-Se o problema é meu cabelo, hum, tudo bem, eu posso cortar... – disse Lestat



-NÃO! – protestei – Você não vai fazer isso. Meu pai só está procurando um motivo para implicar com você.



-Rose, o que você viu nele? Sabe, ele é velho demais para você, feio demais para você, anda com o James e tem esse...cabelo. – proferiu a última palavra com uma expressão enojada que me deu vontade de rir.



-Eu gosto dele! – disse



-Não acho que você esteja preparada para isso. – disse meu pai, muito sério.



-Ou talvez você não esteja preparado para isso, né Pai?



-É, pelo visto coloquei uma garota muito esperta no mundo. Eu não estou preparado para ver você tendo namorados, portanto não autorizo essa loucura que vocês estão tentando cometer.



-O QUÊ? – Lestat e eu gritamos ao mesmo tempo. - Não! Não, você não pode... Não!



-Posso sim.



-Quer saber? Eu...eu...eu...- eu estava me controlando pra não cuspir simplesmente as próximas palavras – eu ...eu te odeio! – tarde demais, praticamente vomitei aquilo em cima dele. - Você não confia em mim...não confia em ninguém e...e...e... mata pessoas!– prontofalei.



-Eu não mato pessoas, Rose. Não com freqüência, você sabe como é meu trabalho... – Não era dessas pessoas que eu falava. Estava falando de Malfoy. – E até onde me lembro, isso nunca foi um problema para você.



-É, mas passou a ser. – desde quando você matou meu super-herói particular. – Não entendo essa sua hipocrisia, para ser meu namorado o Lestat não serve, mas para ser seu cúmplice está tudo bem... – E lá estava eu, surtando de novo.



-Cúmplice? Do que você está falando? – perguntou Lestat, confuso.



-Você sabe do que eu to falando. – disse rispidamente.



-Rose, você anda bebendo? – Perguntou James



-Claro que não. E você também, não se faça de desentendido, você sabe muito bem do que estou falando.



-Não minha filha, ninguém sabe do que você está falando. – disse meu pai, impaciente.-A propósito, você está de castigo.



-Como é?- perguntei, quase engasgando com as palavras.



-Isso mesmo que você ouviu.Cas-ti-go! Ou pensou que sairia impune depois de invadir uma casa, entrar em uma briga e ainda por cima : arrumar um namorado? Eu seria muito generoso com você se a deixasse trancada em uma torre com um dragão de segurança... Mas eu sou muito mais que generoso e dispensei o dragão. Tudo bem, a torre também não faz parte do castigo. Mas você não pisa mais em Hogsmead esse ano.



-Ótimo! Excelente! – Gritei, à beira das lágrimas. Mas não estava assim pelo castigo; simplesmente não conseguia tirar Malfoy da cabeça. – Você tem noção de que tirou tudo de mim hoje, não tem? – Sim, eu estava chorando. Chorando e pensando que de todas as coisas que havia perdido naquele domingo só havia uma que deixava realmente um rombo no meu coração.



O silêncio pairou sobre o corredor. Meu pai não falou mais nada depois do meu ataque. Talvez eu tivesse exagerado. Exagerei tanto que acabei cavando minha própria cova. Cavei e me arremessei de cabeça dentro dela e Malfoy nem ao menos estava lá para me segurar quando visse que ia me machucar ao bater no chão. Teria de me acostumar. Ele não estaria mais em lugar algum.



-Goleira, não pense assim. Ele não me tirou de você, ninguém vai me tirar de você. Nada mudou. – Disso eu sabia, mas não foi de você que eu falei, tolinho.



-Não. Mudou sim. Mudou muito as coisas. – É, o fato de que você ajudou a dar cabo da vida de Scorpius mudou muito as coisas.



Antes que outra discussão começasse, dei as costas para todos e sai em direção à sala comunal. Parei ao inicio do corredor e chamei a atenção do meu pai. Era hora de uma pequena vingança de irmã para irmão.



-Hugh, por que você não conta ao papai como foi que aquele incêndio na aula de poções começou? Aproveita e conta como foi que o corredor do segundo andar ficou interditado por causa de algumas bombas-de-bosta. Mas se você preferir eu posso contar a ele sobre o incidente na aula de transfiguração, em que você transformou o colar de uma menina em uma cobra.



-Você o quê? – meu pai virou-se para encará-lo. Suas orelhas estavam muuuito vermelhas. Ótimo sinal... para mim, pelo menos.



-Rose, eu te odeio – meu irmão resmungou enquanto eu voltava a andar.



-Entra na fila, maninho. – Disse, sem olhar pra trás.



Fui para o dormitório e não falei com ninguém durante o resto do dia. Fiquei apenas deitada, de olhos fechados. Isso me ajudava a pensar. Pensar no meu pai-assassino e no meu recém descoberto sentimento por Malfoy.



Agora eu estava sem namorado, sem finais de semana de liberdade em Hogsmead e sem...sem ele. Doía ao lembrar que ele não estava mais aqui. Queria tanto ele de volta que era capaz de dar minha vida em troca da dele. Fiquei um pouco assustada ao me pegar pensando nisso. Eu nunca compreendi meus reais sentimentos em relação a ele, sempre andamos sobre a linha tênue entre o ódio e o amor. Estava confusa e desolada. Queria ter podido dizer a ele que apesar de todo o ódio eu...o amava.



***



N/A: Oláa^^
eu sei, eu sei...ficou enorme, chato e mal-escrito, mas perdoem este pobre ser que vos fala.Tenho tido bloqueios criativos nesses últimos capítulos -culpo a cafeína que ingeri em excesso de uns tempos pra cá e as insônias que isso me causou.
Huum...antes de me despedir, tenho um pedido a fazer: comentem, votem, reclamem, critiquem-positiva ou negativamente-muuuito, surtem...enfim, façam o que quiserem mas não deixem de ler! Eu preciso saber o que vocês estão achando pra poder continuar essa bagaça...
Até breve, meus caros!

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