Lençóis cor-de-rosa e olhos ne



N/A: Oi! Como prometido, aí está o cap. 6, com apenas dois dias de intervalo! Agradeço a Carol, minha beta, que ficou ontem até tarde betando pra eu poder postar hoje; e a todos os leitores e comentários que me fazem sentir tão feliz e me dão cada vez mais vontade de continuar este sonho! Tá, chega de enrolar vocês, né? Espero que se divirtam...



Cap. 6 – Lençóis cor-de-rosa e olhos negros.



_ O que foi que ele disse Fineus?! – Repetiu a garota, desesperada pela falta de uma resposta imediata.

_ O Diretor Dumbledore disse que a senhorita irá se instalar e prestar serviços diversos à Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts a partir desta tarde até a noite de 30 de agosto, antevéspera do início das aulas. – Respondeu o senhor no conhecido tom de locutor de notícias radialistas.

_ Uhuuu! – Ela deu um pulo e abraçou Hermione rindo. – Eu vou pra Hogwarts!!! Mione, você acredita? Vou pra Hogwarts!

Hermione ria junto à amiga sem saber o que dizer. Certamente conhecia bem o sentimento e a euforia de Christine... Então, subitamente a morena soltou-se dela e virou-se de volta para o quadro na parede que também sorria, achando a cena interessantemente engraçada.

_ Como é que eu vou? – perguntou Christine, parecendo ainda mais histérica.

_ Hã? – O senhor pareceu não entender a pergunta.

_ Como é que vou chegar em Hogwarts? Trem, vassoura, lareira... Como?

_ O Diretor disse que irá mandar alguém de confiança para busca-la e leva-la até o castelo por aparatação. Ele deve chegar por volta...

_ Não se pode aparatar e desaparatar em Hogwarts! – cortou Hermione mais que depressa. – Eu li em “Hogwarts, uma história”!

Christine não pode evitar rir naquele momento. Ouvir de perto um dos comentários mais marcantes da personagem que agora era real... Fineus pigarreou e continuou falando, como se jamais tivesse sido interrompido:

_ Ele deverá chegar por volta das cinco horas da tarde, portanto esteja preparada no hall de entrada da casa. Um bom dia para as duas senhoritas, e até breve Srta. Hecatean!

Fineus deixou a moldura na parede, uma Christine sorridente de pé em frente ao quadro e uma Hermione confusa ainda sentada na cama. Depois de alguns segundos a garota apenas comentou:

_ Fineus parece outra pessoa quando tá dando recado, né? Fica todo formalzinho... não que ele não seja formal normalmente, mas... – e virando-se para Hermione percebeu que devia explicações. – Vou trabalhar em Hogwarts até o fim do mês!

_ Mas é estranho porque...Na verdade não faz sentido, realmente...

_ Mas o que é que não faz sentido? – agora Christine também parecia confusa.

Hermione estava pensativa com a mão sob o queixo, numa imitação perfeita de Dumbledore que ficou ainda melhor quando ela falou após um súbito “acordar” de seus devaneios.

_ Nada não, Chris... Mas me conta, quais são suas expectativas?

_ As melhores!!! – respondeu, quase gritando – Eu sempre quis conhecer Hogwarts!

O restante da manhã se passou com Christine especulando e Hermione descrevendo o clima e os detalhes do castelo, até que a Sra. Weasley bateu a porta para que as duas fossem almoçar.

O almoço também foi bem tranqüilo e por causa da discussão matinal Christine sentou-se o mais longe possível de Sirius, que também tomou o cuidado de não olhar para a garota ou se referir a ela durante a refeição.

A tarde definitivamente demorou a passar, deixando a ansiedade de Christine corroê-la enquanto ela tentava todo o tipo de coisa para passar o tempo: arrumou as malas (com as roupas que Tonks havia emprestado), tomou banho, limpou o quarto, tentou ler um livro emprestado por Hermione... Mas o relógio parecia ter se recusado a trabalhar. Quando finalmente faltavam 15 minutos para as cinco da tarde, Christine desceu até o hall de entrada e sentou-se no primeiro degrau da escada para esperar por quem quer que fosse chegar para lhe buscar.

_ Onde pensa que vai com essas malas?

Christine virou-se de súbito ao ouvir aquela voz grave atrás de si e sentindo o conhecido frio na boca do estômago viu que novamente seus sentidos não estavam enganados. Sirius estava parado alguns degraus acima e fitava-a inquisidoramente. Suas mãos tremiam e as pernas de imediato bambearam, mas ela decidiu que não iria simplesmente abaixar a cabeça e responder baixinho como das outras vezes... Olhou fundo nos olhos dele e respondeu com o máximo de ironia que conseguiu reunir:

_ Vou voltar para o Lorde das Trevas de contar-lhe tudo o que descobri sobre a Ordem da Fênix!

A garota levou um susto ainda maior quando o homem desceu rapidamente as escadas, levantou-a pelo braço com força e a pressionou no corrimão da escada.

_ Não brinque comigo, menina! Você não sabe do que eu sou capaz!

Christine tentou dar uma de suas famosas respostas atrevidas, mas não pôde. Aqueles olhos tão próximos aos dela, o toque da mão fria de Sirius em seu braço... Ela chegou a abrir a boca, mas nenhuma palavra saía. Na verdade ela só conseguia puxar o máximo de ar possível, antes que sufocasse.

_ Me...S-solta... – ela finalmente conseguiu dizer. Os olhos de Sirius faiscavam em sua direção e o cinza tornara-se quase vermelho.

E antes que ele pudesse dizer qualquer outra coisa, ouviu-se um craque, e ambos viraram-se para o hall, onde uma criaturinha pequena, de orelhas como as de um morcego, um nariz comprido e olhos azuis do tamanho de bolas de tênis fitava-os intrigado.

_ Dobby! – Christine aproveitou a oportunidade para desvencilhar-se rapidamente da mão do moreno e descer o último degrau para se juntar ao elfo.

_ A senhorita conhece Dobby? Dobby não se lembra de ter conhecido a senhorita... – ele coçava a cabecinha, confuso.

_ Isso não importa agora! – Disse a garota num tom desesperado. – Vamos logo, Dumbledore me espera, lembra-se?

_ Como a senhorita quiser...

A morena olhou rapidamente para cima e viu um Sirius estático, que parecia estar lutando para tomar alguma atitude, mas não sabia como agir... Logo depois ouviu outro craque e tudo sumiu.

A sensação de desaparatar não era realmente agradável... Sentir-se como que espremida em um cano fininho fez Christine sentir os pés dormentes e um leve enjôo, era tudo meio claustrofóbico, mas foi muito rápido. E antes que ela pudesse raciocinar sobre a sensação (para poder descrevê-la com detalhes para Vick quando voltasse), tudo cessara e ela podia ver novamente. Estava em um corredor ladeado por janelas altas e paredes de pedra. Havia quadros nas paredes e ela pôde avistar ao longe, no fim do corredor, uma armadura que ficava sobre um pedestal. Olhando por uma das janelas Christine pôde avistar um gramado muito verde e um lago suficientemente grande para não permitir sua visão completa dali.

_ Sente-se bem, senhorita? – o elfo parecia preocupado.

_ Melhor impossível Dobby! – respondeu com um sorriso exageradamente eufórico. A expressão era quase psicótica, e assustou o elfo ainda mais.

_ Se me permite perguntar, senhorita... – ele parecia esperar uma aprovação da garota, que balançou a cabeça em sinal positivo. – Como é que a senhorita sabe o nome de Dobby?

Após uma pequena travada onde pensava em uma desculpa, Christine voltou a falar o que achou ser a resposta perfeita:

_ Harry me falou de você. – os olhos do elfo marejaram instantaneamente e ele suspirou antes de voltar a falar.

_ Harry Potter falou de Dobby para a senhorita? – Christine sorriu.

_ Falou sim! Disse que você é muito especial. É corajoso, inteligente e valente; e que é um dos poucos elfos-domésticos livres da Grã-Bretanha!

_ Harry Potter disse tudo isso de Dobby? – ele agora enxugava grossas lágrimas com a manga da camisa xadrez que usava.

_ Unhum. – confirmou a garota que estava encantada pela cena. Ficou ali, observando o elfo chorar de alegria e não pôde evitar pensar em si mesma... Teve vontade de chorar também. O coração ainda estava disparado pelo marcante encontro com Sirius e pela emoção de ver de perto aquelas paredes, aquele lago... Por mais incrível que pudesse parecer, Dobby foi quem mais rápido voltou a si.

_ Vamos, senhorita. Dobby vai levá-la até o diretor. – ele agora sorria para Christine com carinho, fungando o nariz pontudo.

_ Vamos sim. – respondeu a morena antes de seguir o elfo pelo corredor em direção oposta à armadura.

Após andarem o que pareceu um minuto por corredores e escadas, os dois finalmente chegaram à já conhecida gárgula que Christine vira descrita em seus livros favoritos. Parou para esperar que Dobby dissesse a senha, que provavelmente seria alguma guloseima bruxa da preferência do diretor.

_ Cerveja Amanteigada. – disse o elfo, e logo depois a gárgula abriu passagem para a escada rolante de pedra, que levaria ao escritório de Dumbledore.

Christine subiu no primeiro degrau ao lado de Dobby e sentiu seu coração disparar à medida que a escada em espiral ia subindo em direção à sala do diretor, que não tardou a chegar.

O elfo bateu na porta, na altura da maçaneta, e depois de ouvir o “entre” do diretor, abriu-a fazendo em seguida uma pomposa reverência a ele.

_ Dobby trouxe Christine Hecatean, como o senhor pediu, senhor.

_ Obrigado Dobby. – respondeu o diretor sutilmente. – Agora se me permite, gostaria de ficar a sós com a Srta. Hecatean... Eu o chamarei novamente mais tarde para que a acompanhe até seus aposentos.

_ Como quiser, senhor. Dobby irá voltar a seus afazeres na cozinha, senhor. Com licença, senhor... – a cada frase Dobby fazia nova reverência e ao se afastar em direção à porta que ele mesmo fechou após passar por ela, o elfo quase desceu rolando escada abaixo depois de uma ultima reverência. Dumbledore chamou novamente a atenção da garota, perdida no quase despencar do elfo:

_ Sente-se, Christine. – o diretor apontava com a mão direita a cadeira de frente para ele em sua mesa.

À medida que ia andando, Christine não pôde deixar de reparar nos detalhes do gabinete do diretor que vira antes descritos em seus livros: os ex-diretores cochilando nos retratos pregados nas paredes (viu Fineus fechar rapidamente os olhos fingindo dormir também assim que ela o fitou), os objetos prateados sobre mesinhas e banquinhos nos cantos da sala, o armário no fundo dela, a maravilhosa fênix, Fawkes, em seu poleiro (essa ela teve que parar alguns segundos para prestar um pouco mais de atenção, estava ainda mais fascinada!)... Mas a cadeira chegou e Christine teve de se sentar e virar-se para encarar os olhos azuis de Dumbledore. Ficaram assim por alguns segundos... Apesar de realmente parecer que o diretor podia esquadrinhar todos os seus pensamentos e sentimentos quando olhava fundo em seus olhos (como Harry tantas vezes descrevera), era também uma sensação que dava segurança e paz à garota. Mas com o tempo o silêncio tornou-se constrangedor e Christine achou melhor tomar a iniciativa pelo diálogo:

_ Obrigada pelo emprego, professor Dumbledore!

Silêncio... O diretor continuava a fitá-la, intrigado. Ela tentou cortar o clima constrangedor novamente, dessa vez virando-se para a porta e desfazendo o contato visual.

_ O Dobby é muito fofo! E foi emocionante aparatar e desaparatar!

Virou-se novamente e o diretor continuava na mesma posição... Ela conteve o impulso de balançar a mão na frente de seu rosto, porque ele parecia realmente estar fora de órbita... Então resolveu tentar começar novamente o diálogo:

_ Ah... Bom, mas e então... Vou trabalhar no quê? – perguntou com um sorriso forçado.

O diretor continuava a olhar fixamente para ela sem sequer fazer um movimento que a induzisse a pensar que ele iria se manifestar... Parecia estar pensando no que dizer... Ela decidiu fazer sua última tentativa:

_ É... Tem alguma coisa que o senhor queira me dizer?

Ele suspirou, e finalmente respondeu à morena:

_ E você, Christine? Tem alguma coisa que você queira me dizer? – retrucou ainda olhando fundo em seus olhos.

_ Como assim? – questionou a garota. – Não!

_ Qual a razão dessa fuga desesperada? – perguntou o diretor novamente, sorrindo como quem comenta o clima.

_ Não foi fuga! – a menina se virou bruscamente, pronta para esganar Fineus por tê-la “dedurado”, mas ele continuava fingindo dormir... – Fineus falou do Sirius, né? Mas eu tô aqui pelo salário mesmo! Eu falei pra Tonks que não ia aceitar seu dinheiro desde o começo, pergunte pra ela! Além do mais, sempre foi meu sonho conhecer Hogwarts! – a menina respirou fundo após terminar os argumentos.

Dumbledore voltou a ficar sério e simplesmente colocou as mãos cruzadas sobre a mesa, brincando com os polegares. Aquilo a estava enlouquecendo! Que diabos ele queria dela? Ele continuava a fitá-la, com um olhar de quem espera uma resposta... Mas ela já havia dado uma resposta! O coração da garota voltou a disparar, ela começou a se sentir incomodada, queria sair dali... Correndo se possível! Parecia mais o Tribunal da Inquisição!

_ Então... Eu posso ir? – Ir pra onde? Pensou a garota. Ele não havia falado onde iria dormir, no que iria trabalhar...

_ Se você assim desejar... – respondeu o diretor singelamente. – Chamarei Dobby para acompanhá-la até seus aposentos.

Christine teve uma súbita idéia, distraindo-a completamente do desespero anterior:

_ Posso dormir nos dormitórios de alguma casa? – o coração bateu ainda mais forte. Mas agora era por pura ansiedade.

_ Sinto dizer que não. – respondeu o diretor com sincero pesar.

A garota despencou de uns 20 metros... O diretor prosseguiu:

_ Para que você se instalasse num dormitório ou sala comunal de alguma casa, você teria que passar pelo sorteio do Chapéu Seletor, e isso não é possível, já que...

_ Eu sou trouxa. – completou a morena, abaixando os olhos para fitar os pés. – Tudo bem. – continuou após alguns segundos, levantando a cabeça e forçando um sorriso. – Já é suficientemente extraordinário estar aqui!

Dumbledore não demonstrou emoção alguma com a frase da garota, apenas estalou os dedos e Dobby estava novamente parado próximo à porta.

_ Dobby, por favor, instale a Srta. Hecatean e peça a algum elfo que sirva seu jantar no quarto. – disse friamente o diretor.

_ Para onde Dobby deve levar a Srta. Christine, senhor?

_ Leve-a para um dos quartos de hóspedes no primeiro andar, por favor, Dobby.

_ Como o senhor quiser, senhor! – respondeu o elfo, virando-se em seguida para a garota. – Vamos, senhorita?

Christine se levantou, e após dizer um “Muito obrigada” ao diretor, caminhou em direção ao elfo, que aguardava sorridente.

Quando ia saindo pela porta seguindo Dobby, ouviu um último pronunciamento do diretor:

_ A determinação revela os maiores tesouros... – Ela virou-se para fitá-lo. Ele permanecia a brincar com os polegares, agora olhando profundamente para eles, sem encarar a garota. – O conformismo os esconde ainda mais. Boa noite Christine.



***



O quarto que fora preparado para ela era muito espaçoso e confortável, mas isso não ajudou em nada no sono da garota... Após o jantar, que fora levado ao quarto por um outro elfo, Chris deitara-se na enorme cama com lindos lençóis cor-de-rosa e tentou incessantemente dormir, virando-se de um lado para o outro de 15 em 15 segundos... Mas não conseguiu. Não sabia ao certo o que estava acontecendo, mas definitivamente não estava bem. Perdia-se em lembranças do conturbado encontro com Sirius e em questionamentos do que poderia ser que Dumbledore tanto queria escutar dela naquela conversa de horas antes. E a última frase do diretor não saía de sua cabeça: “A determinação revela os maiores tesouros, o conformismo os esconde ainda mais”... O que ele estaria querendo dizer com aquilo?

Cansada de fitar o teto, a lareira do lado direito, o enorme guarda-roupa do lado esquerdo... Christine sentou-se bruscamente, abraçando os joelhos e enterrando a cabeça entre eles. Desde que chegara ao “mundo de Harry Potter” não dormira bem sequer uma noite, mas aquela insônia era diferente das outras... Não era euforia o que a garota sentia, era confusão. Dúvidas incessantes em sua cabeça. Agora entendia bem como as palavras inexatas do diretor faziam Harry se sentir...

Puxando com força o edredom florido ela se levantou. Vestiu o casaco que fora emprestado por Tonks e decidiu que não passaria aquela noite rolando na cama, tentando desvendar a mente misteriosa de Dumbledore, tinha que sair! Até porque, teria muito com o que se distrair naquele enorme castelo que povoara seus sonhos por anos e agora estava bem ali, do outro lado de sua porta.

Christine andou pelos corredores do primeiro andar e pensou subitamente no primeiro lugar que gostaria de ver, mas não sabia como chegar lá! Parou então no corredor em que estava e olhou para os dois lados, tentando escolher que caminho seguir... Olhou pela janela e o céu escuro e sem estrelas lá fora fez uma forte melancolia apoderar-se dela. Sentiu-se tão perdida! Como se tivesse vivido naquele lugar por anos e agora não mais pertencesse a ele. Uma lágrima rolou por seu rosto e depois várias outras a sucederam... Quando deu por si estava sentada aos soluços, encolhida num canto da parede, chorando compulsivamente por algo que não conseguia compreender. Mas isso não era estranho para ela. Quantas vezes em sua vida, trancara-se em seu quarto, o rádio no último volume para abafar os soluços de um choro sem motivo concreto... Um vazio, uma solidão que jamais compreendera! Mas não havia som algum para disfarçar os soluços da garota dessa vez e eles acabaram sendo ouvidos...

_ A criancinha se perdeu? – a voz cortante e cheia de cinismo fez Christine se assustar tanto que quase gritou.

Teve que enxugar os olhos para que pudesse reconhecer quem estava fitando-a de cima poucos metros a sua direita, apesar de saber que aquela voz só poderia pertencer a uma pessoa...

Snape estava parado e um sorriso de satisfação formou-se em seu rosto quando a garota abriu a boca para falar e nenhuma palavra se formou. Se fosse alguém menos intimidador, ainda assim ela não saberia como explicar-se, mas aquele homem de cabelos e olhos tão negros como o céu daquela noite fazia-a sentir no mínimo medo.

_ Está com saudades da mamãe, está? – suas sobrancelhas erguidas, ele parecia estar se divertindo muito com o constrangimento da morena.

Ela fechou os olhos e desejou por tudo no mundo que aquilo fosse um sonho! Mas ao abri-los novamente ainda estava sentada no corredor que definitivamente tornara-se mais frio desde a chegada do professor. Ele parecia ter um quê de dementador... Talvez sua aproximação fora o que trouxe toda aquela melancolia... Ele tão alto e com aquela capa preta que parecia esvoaçar naturalmente fez a garota acabar rindo da comparação que se formara em sua mente. Ele pareceu não gostar nada do sinal de alegria no rosto dela.

_ Está rindo do quê?

Ela não respondeu. Apenas se levantou e começou a caminhar pelo corredor para o lado oposto ao dele. Se este seria mais um encontro como o que tivera com ele no largo Grimmauld, dessa vez ela sairia ganhando, ela o deixaria sem palavras.

_ Volte aqui! – gritou o homem, já perdendo a paciência.

Christine simplesmente se virou para ele, reuniu coragem mal sabendo de onde e sorriu novamente.

_ Eu sei que você não é mau. Esse seu jeito não me assusta. – ainda bem que conseguia mentir... Afinal, já havia se mostrado frágil demais para ele naquela noite, não ia deixar que ele se aproveitasse disso.

Ela foi andando decidida na direção dele, ainda olhando fixamente em seus olhos. Ele pareceu incomodado com a súbita coragem da garota e recuou levemente.

_ Tá na cara que você usa toda essa marra pra esconder o que tá aí dentro... – disse ela, colocando o dedo indicador na própria têmpora.

E quando seus narizes estavam a um palmo de distância um do outro, Christine mal acreditando em sua coragem, terminou sua frase franzindo a testa, externando algo que penetrara fundo seus pensamentos, um desejo incontrolável de descobrir...

_ Eu só queria saber o que tanto você tenta esconder...

O professor estremeceu, mas logo depois disso tudo desapareceu do campo de visão da garota. Ela não mais via Snape, a janela a seu lado ou o corredor à frente. Sua mente fora invadida por muitas imagens de cenas vividas por um garoto de cabelos negros e nariz em forma de gancho. Ela não sabia o que estava acontecendo, mas assistiu a tudo aquilo com muita atenção e foi compreendendo lentamente...

Quando o que a garota não saberia dizer se segundos ou horas se passaram, ela piscou os olhos com força e o rosto de Snape voltou a se materializar em sua frente. Os olhos do professor estavam arregalados, ele suava e sua boca estava aberta, como um menino que acaba de acordar de um pesadelo terrível. Christine se afastou e tampou a boca com a mão direita, mal acreditando que houvesse mesmo acontecido o que ela pensava que havia acontecido!

_ E-era você... – disse por fim. Não menos assustada, sua voz abafada pela mão ainda pousada sobre a boca. – Quer dizer... Era real, você era mesmo... Meu Deus! Então... Agora tudo faz sentido! Você era...

_ CALE-SE! – gritou o homem insanamente. Ele segurou os dois braços da garota com muita força, balançando-a para frente e para trás quando voltou a gritar. – COMO-FOI-QUE-VOCÊ-FEZ-ISSO?

_ Eu não...ai! – seu braço queimava ainda mais à medida que o professor extravasava sua raiva. – Eu n-não fiz nada! Me solta!

A garota estava desesperada! Ele soltou uma das mãos de seu braço e com ela tirou rapidamente das vestes sua varinha, apertando-a com força contra o pescoço da garota... Iria matá-la! Mas ela nada fizera! Também não entendia como conseguira ver as memórias do professor... Porém ele não a deixaria se explicar. Seus olhos marejaram. Ela os fechou com força, estava assustada demais para continuar olhando para o rosto do homem, deformado pelo ódio. O que restava a ela era aguardar até o momento em que ele tiraria sua vida, nada mais poderia fazer, não tinha como enfrentá-lo!

De repente ela ouviu passos atrás de si e o aperto em seu braço cessou rapidamente, bem como a pressão em seu pescoço. A voz que veio a seguir trouxe ar novamente aos pulmões da garota, mas não parecia sutil como das outras vezes. Ela agora parecia mais assustadora e perigosa que os olhos negros que fitavam-na segundos antes.

_ Severus, o que está acontecendo aqui?

Christine se virou para encarar um Dumbledore até então desconhecido por ela: sério, perigoso, a varinha em punho, pronto para lutar. Uma aura brilhante ao seu redor, como se emanasse poder... Snape pareceu ainda mais assustado e surpreso que ela. Tremia indisfarçavelmente quando falou:

_ E-ela... Ela descobriu meu segredo. Invadiu minha mente, Dumbledore, Black estava certo, ela é perigosa! Temos que elimina-la antes que...

_ Chega, Severus! – sobressaiu-se o diretor como quem dá por encerrado um assunto. Aliás, naquele tom, ninguém ousaria discutir...e Snape não o fez. – Me espere no meu escritório, vou levar a senhorita Christine de volta a seus aposentos e voltarei para que possamos conversar com mais calma. Vamos Christine.

A morena viu Snape virar-se e desaparecer andando depressa pelas sombras do castelo. Dumbledore também se virou, na direção oposta à tomada pelo professor e Christine soube que deveria segui-lo. Suas pernas tremiam e ela não sabia até quando conseguiria se manter de pé. O que fizera parecia mesmo muito grave e ela sentiu que temia mais o atual Dumbledore do que jamais temera Snape.

Quando deu por si já estava no corredor de onde havia saído mais cedo, e o diretor segurava firmemente a porta de seu quarto, aberta para que ela entrasse. Lágrimas silenciosas corriam pelo rosto baixo da garota; estava assustada, aterrorizada! Será que o diretor a eliminaria mesmo, como Snape havia sugerido? Pensaria ele também que ela era uma ameaça?

Mas quando olhou para seu rosto, ele já não mais parecia perigoso como antes... Dumbledore tinha o mesmo olhar sutil e bondoso que tivera em seus outros encontros, e ele tinha um tom paternal quando se dirigiu à garota:

_ Acalme-se, vai ficar tudo bem agora. Tente descansar, amanhã conversaremos, está bem?

Ela apenas balançou a cabeça em sinal afirmativo, a voz embargada pelas lágrimas.

_ Boa noite, menina! – ele disse depois que ela entrou no quarto. E fechando a porta, deixou-a sozinha novamente, com sentimentos fortes e diversos demais para permiti-la pensar.

***



N/B: Nossaaaaaaaa, será q Christine é na verdade uma bruxa e sua vida no mundo real q foi toda um sonho????

Ou será que ela tem o mesmo poder de ”Jeanne é um gênio”, que ao colocar o dedinho na têmpora realiza seus desejos?????

Ou será q ela tem uma ligação com snape, desconhecida até então, vai ver na verdade ela ama o snape e não sirius!!! Será????

Ou será q eu estou com sono e estou sem mais idéias pros SERÁS????



N/A: Ai, meu Deus, será??? Nuss, agora até eu tô confusa! O.o



Nina.Potter: Obrigada! Pois é, Sirius malvado! Mas que bom que você também entende as razões dele... Tomara que a Chris não desista, né? Ela agradece a força. E eu também! ;D Bjuu

carol: Obrigadinha, Carol! Por entregar o “betamento” tão rápido e por ser tão paciente com essa sua amiga chata... T amuuu =*

Kammy Engels Black: Também acho! Mas esse cachorrinho é muuuito cabeça dura! Vamo ver se essa “fuga” da Chris acalma um pouco os ânimos... É, acho que não acalmou não, né?rs. Ah, passei em 2 das suas fics: “Amor, Tempo e Destino: três coisas que podem mudar uma vida” e “My Immortal – Song”. Comentei lá, mas quero dizer aqui também que AMEI as fics, e que a segunda me fez chorar horrores! Portanto recomendo, viu gente! São muuuuito boas mesmo! A autora escreve muito bem e tem um ótimo gosto musical! =D Bjuu, Kammy! Certamente passarei nas outras!



Bom, é isso. Bjão pra todos vocês, obrigada e boa semana! Até o próximo capítulo!

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