Capítulo 10




10) Capítulo 10

Pela primeira vez, ele a viu suspender o rosto. Seus olhos ainda pareciam inexpressivos, porém, ela conseguiu fixar o olhar no de Harry. Então, seus lábios se moveram lentamente, e mesmo sua voz tendo sido quase um sussurro, ele a ouviu.

- Obrigada, Harry...

Ele ficou imóvel, a boca levemente aberta. Ela não disse mais nada, e era como se voltasse a ser a Hermione que ele encontra semanas atrás. Porém, ela havia falado. Ele tinha certeza de que havia a ouvido dizer “Obrigada, Harry”. Seus olhos brilharam, e por um momento ele pensou que talvez tivesse apenas imaginado. Então, olhou para Rose, que sorria.

- Você pretende ficar aí parado com essa cara de bobo até quando? – Rose perguntou, ficando de pé – Deixarei vocês à vontade. – ela pegou a bolsa e passou por Harry – Ela consegue nos entender, agora eu tenho certeza disso. Hermione pode reagir, só não permita que se esforce demais. Até logo.

A mulher saiu o apartamento, deixando os dois sozinhos. Harry percebeu que seu coração estava acelerado como a nunca não acontecia. “Ela consegue nos entender”. Algumas lágrimas escaparam de seus olhos, e quando deu por si, já estava abraçado à Hermione, chorando.

- Mione... Eu estou tão feliz. – ele dizia de joelhos, envolvendo a cintura da amiga que permanecia imóvel no sofá. Era como se nada tivesse mudado, entretanto, ele finalmente pôde sentir um alívio no peito por ter certeza de que realmente havia uma chance de salvar sua “Mione” – Você vai ficar boa, eu sei que vai. Eu farei qualquer coisa para te trazer de volta, eu prometo!

Harry se afastou apenas um pouco para olhá-la, suas bochechas coradas. “Ela consegue nos entender”. Ouviu novamente as palavras de Rose em sua mente. Sua expressão mudou, e ainda abraçado a ela, Harry baixou a cabeça.

- Você não deveria me agradecer. Ao contrário, você deveria brigar comigo. Foi tudo minha culpa. Eu... Jamais poderia me redimir pelo que fiz você passar... – suas palavras saíram carregadas de tristeza – Eu sinto tanto, Mione.

Ele colocou a cabeça no colo dela e chorou como um menino pequeno. Há muito tempo aquilo não acontecia. Desejava que sua culpa fosse levada pelas lágrimas, mas sabia que não era tão fácil assim. Então, sentiu um peso em sua cabeça. Na verdade, era uma carícia quase imperceptível. Hermione estava reagindo novamente.

- Mione... – sua voz saiu rouca, em meio a um sorriso.

- Não... Chora. – era impossível evitar as lágrimas, e ele se sentiu novamente um menino. Hermione estava daquela maneira, mas era ela quem o consolava. Como sentia falta dela...

- Mione? – ele estranhou quando a viu fechando a porta – O que está fazendo aqui?

- Boa noite para você também, Harry. – ela guardou a chave do apartamento de Harry que o amigo lhe dera quando se mudou para aquele prédio.

- Boa noite. – ele a viu se aproximar com uma sacola nas mãos.

- Rony me disse que você não estava bem.

- Aquele Rony... Mione, você não precisavav ir até aqui, eu sei que...

- Eu decidi que não vale a pena ficar em casa chorando por alguém que não merece. Se aquele idiota quis terminar comigo, paciência! Quem perdeu foi ele, não acha? – ela disse, enquanto se dirigia para a cozinha.

- Tem toda a razão. – Harry a olhou de longe, e embora quisesse acreditar naquelas palavras sabia o quanto Hermione estava magoada, podia ver que seus olhos estavam inchados. Ela realmente gostava do antigo namorado, mas estava tentando se fazer de forte. E até saíra de casa para vê-lo. Harry deu um pequeno sorriso – Ele é o maior idiota que existe!

- Concordo plenamente! – Hermione começou a preparar uma sopa – Vem aqui. – ele se aproximou e a morena colocou a mão na testa dele – Está um pouco febril. Vá deitar que eu já vou para lá.

- Está bem, mamãe. – ele piscou, brincando – Obrigado por vir aqui. – Harry a beijou de leve no pescoço, antes de sair.

- Eu sempre vou estar aqui para cuidar de você. – ela sorriu.


- Você nunca vai deixar de cuidar de mim, não é? – ele sussurrou, de olhos fechados, ainda sentido o carinho que recebia – Obrigado. Obrigado por estar viva, por ter voltado para mim, Mione... – Harry respirou fundo, e a encarou – Obrigado.

- Harr... – ela não chegou a completar o nome dele, pois seus olhos fecharam-se e seu corpo pendeu no sofá. Respirava rapidamente, como se tivesse feito uma longa corrido. Harry ficou de pé, imediatamente, sentando, agora, ao lado dela e a abraçando por trás.

- Shh... Não se esforce muito. Acho que por hoje chega, está bem? Não quero que se apresse. – ele afagou os cabelos dela, sentindo sua respiração se regularizar lentamente – Sempre estarei aqui ao seu lado.

Hermione permaneceu de olhos fechados, envolvida pelos braços dele. Não disse mais nada, tampouco se moveu. Harry queria continuar ouvindo a voz dela, sentindo o toque carinhoso daquelas mãos. Entretanto, temia forçá-la demais, e desta forma acabar prejudicando-a. Foi então que sentiu seu estômago reclamar, e lembrou que ainda não tinham jantado.

- Está com fome? O jantar está pronto, basta esquentar. Mas seria bom tomar um banh...

Ele corou completamente. “Ela consegue nos entender”. Engoliu em seco, recordando de todas as vezes que já havia banhado a amiga. Agora, seria realmente pior, pois sabia que Hermione tinha consciência do que ele vinha fazendo por ela. Afastou-se da morena e ficou de pé, porém, tinha o olhar fixo no chão.

- M-mione... Eu podia ter contratado uma enfermeira para cuidar melhor de você, mas eu tive medo de não encontrar alguém de confiança, e assim sua volta ser divulgada antes do tempo e sua vida correr perigo. – ele dizia bem rápido, como se temesse que ela se levantasse ofendida e o abandonasse a qualquer momento – T-talvez, eu tenha exagerado, porém, no fundo, eu sei que você faria o mesmo por mim, principalmente se soubesse que minha vida corria perigo.

Harry a tomou pela mão, deixando-a de pé. Hermione não o encarou, então, ele inclinou levemente o corpo para forçar o olhar dela encontrar o seu. Percebeu que a amiga estava ruborizada, e acabou sorrindo, nervosamente.

- Imagino que deva estar com vergonha, mas sinceramente não tem do que se envergonh... Quero dizer... Você é lind... Ou melhor... Eu jamais desrespeitaria você, Mione! – ele começou a suar, e se amaldiçoar mentalmente – Então... Tudo bem para você se eu continuar te dando banho?

- Sim.

Ela demorou quase um minuto para responder, e Harry percebeu seu esforço. Sorriu, aliviado, feliz por Hermione não ter recusado, ou ficado brava com ele. Gostava daqueles momentos mais íntimos com a amiga. Realmente jamais tentaria algo com ela, porém, aquela intimidade de alguma forma revitalizava o relacionamento entre eles. Era como se tivessem chegado ao mais alto grau de amizade, se é que isso existia.

- Vamos? – ele a guiou de mãos dadas, seguindo para o quarto da morena. Sem nem perceber seu coração voltou a acelerar, e Harry respirou fundo, tentando afastar aquele nervosismo infundado.

Já fizera aquilo diversas vezes nas últimas semanas, por que agora parecia diferente? “Ela consegue nos entender”. Talvez, ela sempre o compreendesse. Ainda assim, saber aquilo o inquietava. Deixou-a sentada na cama, e dirigiu-se para o banheiro, a fim de encher a banheira. Depois, ao retornar para o quarto, escolheu uma roupa no guarda-roupa. Voltou-se para Hermione, e lentamente começou a despi-la. Nada havia mudado, ela tinha o mesmo olhar sem vida, as mesmas expressões vazias. Por que, então, ele estava ruborizando?

“Por Merlim, Harry! Você acabou de dizer que nunca a desrespeitaria... Por que esses pensamentos estranhos agora? Eu não devo ter pensamentos assim com a Mione! Não devo ter pensamentos assim com a Mione...”. Ele repetiu aquela frase, mas nem por isso seu nervosismo desaparecera. Após deixá-la apenas com as roupas íntimas, e guiou até o banheiro.

- E-eu vou terminar de despi-la agora. – ele disse, mas arrependeu-se de imediato. “Eu já fiz isso dezenas de vezes. Por nunca pareceu tão sensual antes? Eu sou o pior ser humano da face da Terra....”. Harry suspirou, antes de retirar o sutiã da amiga. Evitou desesperadamente olhá-la, enquanto sentia sua face queimar.

Quando terminou de despi-la, a ajudou a entrar na banheira. Respirou aliviado pela espuma impedir que visse qualquer parte do corpo da amiga. Pegou a bucha e começou a passá-la nas costas de Hermione lentamente.

- Apesar de eu nunca ter te banhado assim antes, nós costumávamos conversar quando eu estava no banho. Você lembra, Mione? Realmente não era justo você ser a única a me ver na banheira... – ele riu, ainda um pouco tenso - Então... Você sempre me compreendia? Aposto que deve ter sido tedioso, às vezes, me ouvir, não é? – ele começou a se acalmar, e aos poucos, aquele momento voltou a ser natural como das outras vezes – Sinto saudades de nossas conversas...

- Harry! Que bom que voltou! Não está ferido, não é? – ela abriu a porta sem cerimônias e o susto dele foi tão grande que acabou afundando na banheira, e engolindo um pouco de água.

- V-você... Cof... Não sabe... Cof... Bater na porta antes de entrar? – ele balançou a cabeça, olhando feio para a amiga.

- Se realmente te incomodasse eu entrar aqui quando está no banho, você trancaria a porta!

- Talvez eu não precise trancar a porta por que estou em minha casa!

- E daí? Você deu a chave para a sua melhor amiga, mas como você não me vê como uma mulher, não deveria ficar envergonhado... Não é como se eu fosse te violentar. – Harry revirou os olhos.

- E por que você tranca a porta do banheiro quando está no banho? – Hermione corou, e não respondeu – Por que, Mione?

- P-porque... Eu não devo ser tão bonita quanto essas mulheres que você costuma sair. – ela deu de ombros e se olhou no espelho embaçado do banheiro.

- Ah... Que nada. Eu não deixaria de gostar de você por isso. – Harry sorriu – Eu te amo do jeito que você é... Talvez se você tivesse um pouco mais de...

- Seu... – ela empurrou a cabeça dele dentro da água por uns instantes – Bobo!

- Hermione! – ele olhou feio para a amiga, respirando rapidamente. A moça riu, sentando na tampa do vaso. Harry ergueu a sobrancelha – Vai ficar aí?

- Sim. Vim saber como foi a missão... E também, vim avisar que o senhor está proibido de pegar qualquer caso por pelo menos uma semana e...

- Amanhã eu viajo.

- Mas Harry... Você acabou de chegar! Você merece descansar! – ela o reclamou, fazendo-o sorrir.

- Não posso recusar os casos que me enviam. – ela revirou os olhos.

- Claro que pode! Existem outros aurores no Ministério!

- Não vamos falar sobre isso... Vamos aproveitar que eu estou aqui, agora. – Harry falou, erguendo a mão para a morena.

- Está bem. Eu não sei o que faço com você... – ela aceitou a mão dele, e sorriu quando o amigo a beijou.

- Continue sendo sempre a minha Mione.

- Eu prometo, seu possessivo. – ela disse sorrindo.


-Teremos momentos como aqueles novamente, Mione. – ele disse, confiante – Agora... Vou secar você, e tomar um banho também.

Harry, então, a levou de volta para o quarto, e após vesti-la, a sentou na cama. Beijou-lhe levemente a testa e seguiu para seu próprio quarto. Há muito tempo não se sentia tão feliz. Dirigiu-se para seu banheiro, e após despir-se, sentiu a ducha quente em seu corpo. Não demorou muito, pois não queria deixar Hermione esperando. Poucos minutos depois, estavam juntos na cozinha, jantando.

- Imagine a cara do Rony quando eu contar sobre sua evolução. – Harry disse tomando um pouco de suco. Hermione não respondeu, apenas continuou lentamente sua refeição, como se não tivesse ouvido – Lupin, os Weasleys... Todos ficaram encantados! Kathe... Ela certamente ficará feliz tamb...

Hermione soltou o garfo que bateu contra a mesa, espalhando um pouco de comida. O moreno parou de falar e imediatamente buscou um pano para limpar a mesa, ao mesmo tempo em que, gentilmente, dizia à amiga que não precisava se preocupar com o que acontecera. Não notou a sutil tristeza expressa nos olhos dela.

- Pronto. – ele sorriu – Como eu estava dizendo, Kathe vai adorar essa notícia. Eu tenho certeza de que em breve vocês terão muito o que conversar, Mione, pois ela é uma mulher muito inteligente, assim como você. E como estou confiante de que tudo vai dar certo, você ainda poderá nos ajudar nos preparativos do casamento! Isso não será maravilhoso?

Ela não emitiu nenhum som, mas Harry não ficou triste. Imaginou que a amiga já tivesse se esforçado demais para um único dia. Nada conseguiria apagar seu sorriso, sua felicidade. Talvez, apenas se soubesse como as suas últimas palavras haviam afetado Hermione. Ele começou a retirar os pratos quando a campainha soou.

- Só um minuto, Mione. – Harry disse, e dirigiu-se para a entrada do apartamento.

- Boa noite, Harry... Desculpa vir sem avisar...

- Rony. Pensei em você agora a pouco. – ele fechou a porta assim que o ruivo adentrou.

- O que houve? A Mione está bem? – o moreno sorriu.

- Mais que bem. Ela falou comigo, Rony!

- Falou? – ele piscou, numa mistura de surpresa e alegria.

- Sim. Há alguns dias a Dra. Rose tem trabalhado com a Mione, mas só hoje ela conseguiu falar algumas coisas.

- Nossa... Eu realmente estou muito feliz. Onde ela está?

- Na cozinha. Vamos, talvez ela fale com você também.

- Antes disso, eu preciso falar com você... – Rony olhou seriamente para o amigo – Eu o encontrei.

- Walter Drake? – o olhar de Harry escureceu, e naquele momento, o ruivo teve medo do amigo. Ele não desejava estar no lugar de Walter.

- Sim. Ele reside em uma cidade rural próximo à York, e agora é apenas dono de uma pequena mercearia.

- Rony... – o moreno o olhou bem nos olhos – Acha que Luna pode ficar com a Mione amanhã?

- Sim, ela vai adorar.

- Você precisa ir comigo encontrá-lo.

- Claro que sim, Harry e...

- Que bom. Eu preciso mesmo de alguém para evitar que eu o mate antes de obter as informações que preciso. – sua voz saiu fria e carregada de ódio.

N/A: Bom... Eu seiii que demorei, , mil perdões, mas realmente estava cheia de coisas para estudar esses dias!! Contudo, aqui está mais um cap, e em breve eu volto com mais atualização!! Espero que curtam!! Desculpemmmm!! =) E obrigada a todos que leram, comentaram e votaram!! Um beijo enorme!! Pink_Potter : )

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